O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou evento eleitoral, hoje, em São Paulo, para mais uma vez atacar o STF (Supremo Tribunal Federal) com declarações distorcidas. O presidente também aproveitou a fala para convidar seus apoiadores aos desfiles oficiais do 7 de Setembro, aos quais planeja transformar em atos bolsonaristas.
Bolsonaro disse que no 7 de Setembro estará em desfiles oficiais das Forças Armadas pela manhã, em Brasília, como é tradição, e também no Rio de Janeiro, à tarde, em uma inovação em relação aos anos anteriores, com tropas e tanques na praia de Copacabana. Em 2021, o 7 de Setembro teve falas golpistas de Bolsonaro em Brasília e em São Paulo. As informações são da Folha de S. Paulo.
Leia maisSegundo pesquisa Datafolha desta semana, a campanha golpista de Bolsonaro contra o sistema eleitoral e o Judiciário é vista com preocupação pela maioria dos brasileiros, que acreditam que as ameaças têm de ser levadas a sério pelas instituições. Ao mesmo tempo, o mesmo contingente não vê o presidente dando um golpe.
Nos últimos meses, Bolsonaro retomou com força sua carga contra as instituições, seja por convicção, seja pelo temor de derrota na eleição e possível exposição sua e de sua família à Justiça comum —as acusações contra o clã Bolsonaro se acumulam.
Bolsonaro convocou a população a ir às ruas novamente no 7 de Setembro deste ano criticando os “surdos de capa preta”, ou seja, ministros do Supremo e do TSE.
Isso ocorreu em 2021, quando acabou entregando o controle do governo ainda mais ao centrão devido ao risco de ruptura e eventual processo de impedimento.
Mais recentemente, em 18 de julho, ele também chamou embaixadores lotados em Brasília para expor suas mentiras acerca das urnas e do processo eleitoral, repetindo argumentos já descartados após sua exposição em uma live no ano passado.
Bolsonaro passou então a enfrentar uma forte reação à campanha. Manifestos que começaram com intelectuais e hoje abarcam todas as principais entidades empresariais do país foram redigidos em prol da democracia.
No dia 11 de agosto, eles serão lidos na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, palco histórico da defesa de princípios democráticos. Nesse segmento mais elitizado, há uma percepção maior tanto de que as ameaças são sérias quanto de que o presidente não dará um golpe.
Neste sábado, Bolsonaro discursou na convenção que confirmou a candidatura do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Governo de São Paulo.
“Me tiraram o direito de conduzir a pandemia. Foi tirado pelo Supremo. Mas eu não errei nenhuma das sugestões que eu dei para a população. Não conseguia dormir com o fechamento do comércio por todo o Brasil, e em especial aqui no estado de São Paulo.”
A afirmação, porém, é não é verdadeira. O STF apenas julgou ações e impediu que Bolsonaro interferisse em decisões e programas de estados e municípios de combate à pandemia, e não que o Palácio do Planalto fosse impedido de liderar ações coordenadas com os demais entes federados.
Na fala de improviso neste sábado, Bolsonaro fez mais uma adaptação sobre seu discurso acerca da corrupção em seu governo. Agora diz que não há “corrupção orgânica em nosso governo”.
Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, a percepção de que há corrupção na gestão Bolsonaro (PL) é disseminada: 73% dos brasileiros acreditam que ela ocorre no governo federal.
Ao iniciar seu discurso no evento de Tarcísio, dirigiu-se à “imprensa brasileira” ao afirma que que pede a Deus para que a população não experimente o que chamou de “dores do comunismo”.
Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas, 18 pontos atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no cenário de 1º turno, segundo a mais recentes pesquisa do Datafolha, realizada nesta semana. “Aquele cara quer voltar à cena do crime”, disse sobre Lula.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro também discursou no evento de Tarcísio. “Seja a primeira-dama mais maravilhosa do estado de SP”, disse Michelle à esposa de Tarcísio, Cristiane Freitas. “A missão é árdua. Mas Deus está com vocês.”
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