Estadão
“A natureza escolheu, infelizmente, tragicamente, o Rio Grande do Sul (RS) para ser um grande alerta de que há um problema grave e urgente ocorrendo no mundo e que nós precisamos enfrentar”. Dita hoje, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, a fala fez parte do fechamento do discurso do ministro no 167° Período Ordinário de Sessões da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Segundo o magistrado, a mudança climática e a proteção ambiental são possivelmente algumas das “grandes questões definidoras do nosso tempo”. Ele alega que as principais dificuldades para enfrentar desafios ligados ao clima são três, sendo a primeira o negacionismo científico.
Leia mais“Ainda existem um grau relevante de ignorância e negacionismo, apesar de quase totalidade dos cientistas testemunharem que é a ação do homem na terra que está provando esse conjunto de fenômenos que vem abalando as condições de vida entre nós”, afirmou.
A segunda causa está ligada à dificuldade de visualizar os efeitos da destruição ambiental, que, de acordo com o ministro, só são observáveis após cerca de vinte anos. “Os comportamentos lesivos ao meio ambiente que se praticam hoje só vão efetivamente produzir suas consequências para a próxima geração” e é de prática da política ser imediatista, pensar em políticas que atendam ao presente, explicou.
Em último lugar, Barroso pontua que “nenhum país tem condições de, isoladamente, equacionar a questão climática”, por isso, é necessário pensar em soluções mundiais e conjuntas.
De acordo com a última atualização da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, postada às 12h02min desta segunda, 20, 463 municípios foram afetados pelas fortes chuvas que vêm causando enchentes no Estado. As pessoas afetadas somam 2.339.508, sendo que 76.188 estão abrigos, 581.633 desalojados. 157 mortes foram confirmadas e 88 pessoas estão desaparecidas.
Barroso ressalta as ações feitas pela Justiça brasileira. “Nós temos também feito, a partir do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça, os maiores esforços possíveis para ajudar naquilo que esteja na competência do Poder Judiciário”, diz o ministro. Até momento, órgãos mencionados suspenderam os prazos processuais dos tribunais superiores que envolvem o RS e os processos ligados a advogados registrados na OAB do Estado, além de enviarem mais de R$ 100 milhões à Defesa Civil do Estado.
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