Por José Adalbertovsky Ribeiro*
Dedico este artigo ao meu colega o gênio Charles Darwin, que não macetava a involução social neste reino de Pindorama
MONTANHAS DA JAQUEIRA – O Governo federal está ruminando a ideia de desencarceramento para presidiários que cometeram delitos de menor gravidade. Esta é uma questão da máxima complexidade, mas seja dito que a ideia central é positiva. As estatísticas são desencontradas. Os números falam em mais de 800 mil ou mais de 900 mil. Falar em ressocialização é devaneio ou hipocrisia.
O sistema penitenciário brasileiro está em apocalipse desde os primórdios. Chamem Ivete do Galo! Chamem Baby Consuelo! Impossível macetar as superlotações, a besta fera das facções criminosas, as condições degradantes.
Leia maisDesencarcerar é macetar. Macetar é anistiar. Anistiadas, as grandes lobas do apocalipse do Petrolão estão macetando as multas bilionárias das colaborações premiadas. Os que cometeram pequenos delitos poderiam ser desencarcerados. Quem quebrou uma vidraça num protesto chamado de antidemocrático, estes nunca jamais serão anistiados, nem mortos, segundo a ordem em vigor.
Mas, sem ilusão de ótica. A sociedade já incorporou a cultura de encarcerar os pés-rapados. É mais fácil um camelô passar pelo fundo de uma agulha que o Governo e o Congresso Nacional aprovarem um projeto para tirar da cadeia 100 mil ou 200 mil presos, mesmo os que tenham cometidos pequenos delitos e sem indicativos de maior periculosidade. Eles servem como escudos humanos para a impunidade dos bandoleiros de posses”. O guru da seita vermelha citou a lorota do cara que rouba um celular para tomar uma cervejinha da Ambev. E não se fala mais nisso.
Ao visitar esta Terra de Vera Cruz, a terra da verdadeira Cruz, em 1832, o naturalista inglês Charles Darwin ficou encantado com a exuberância de nossa fauna e nossa flora tropical e ficou horrorizado com os macetes da involução social. “Não importa o tamanho das acusações que possam existir contra um homem de posses, é seguro que, em pouco tempo, ele estará livre. Todos aqui podem ser subornados”. Está escrito. Quem falou foi o pai da teoria da evolução das espécies, modéstia à parte. Desde então a indústria da impunidade modernizou-se e evoluiu para pior.
As infâmias cometidas pelos bandoleiros de posses eram ou continuam a ser macetadas.
Os vereadores do município de Maçaranduba dos Grudes reclamam que estão ganhando uma ninharia. O macete é dobrar os vencimentos. Há sempre um mutretorum em forma de lei para legalizar a comilança. O povaréu paga a conta. As castas dos poderes republicanos são sócias dos cofres públicos e a sociedade trabalha para elas.
A anistia política de 1979 aconteceu quando o governo autoritário se exauriu. Os tímidos sussurros que falam hoje em anistia aos opositores do regime são abafados pela hegemonia do sistema.
Os regimes de ultraesquerda – na Venezuela, Cuba, Coreia do Norte e Nicarágua – estão falidos em todas as latitudes planetárias, e mesmo assim os ditadores continuam macetando o apocalipse vermelho.
*Periodista, escritor e quase poeta
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