Paulo Câmara, o candidato de Lula
Ouvi em Brasília, nos últimos dias, que a sucessão da governadora Raquel Lyra (PSDB), em 2026, pode ter um ingrediente novo e explosivo: o PT fora do palanque de João Campos, natural e provável candidato a governador pelo PSB.
A legenda petista, segundo o que foi soprado nos meus ouvidos, lançaria uma candidatura própria – o ex-governador Paulo Câmara, hoje na presidência do Banco do Nordeste, em Fortaleza, por delegação pessoal do presidente Lula.
Leia maisPrincipal liderança do PT no Estado, o senador Humberto Costa iria à reeleição na chapa de Paulo Câmara, que seria, naturalmente, o palanque de Lula em Pernambuco. A tese, que a princípio pode parecer uma maluquice, é baseada no fato de que nem João nem Raquel estariam dispostos a bancar o palanque de Lula.
Tudo em razão do Governo Federal, sob o comando de Lula pela terceira vez, não ter encontrado ressonância na sociedade brasileira. Os mesmos que me sopraram a notícia ressaltam que João já não assumiu Lula na campanha da sua reeleição no Recife, o que teria irritado profundamente as forças mais lulistas no Estado.
Quanto à Raquel, a governadora está buscando a travessia para o PSD, partido aliado ao Planalto, em busca de construir um palanque lulista no Estado, iludida com a tese de que o presidente teria dois palanques no Estado. Acontece que se a tucana andar por esse caminho, perderá os votos dos bolsonaristas.
Sendo assim, sua reeleição ficaria mais difícil ainda. Em 2022, na eleição de segundo turno contra Marília Arraes (SD), a quem derrotou, Raquel não assumiu lado na corrida presidencial – nem no palanque de Lula nem tampouco o de Bolsonaro. Ganhou fácil pela adesão em massa dos bolsonaristas.
Mas 2026 abre um cenário bem diferente. Na política, a história não se repete. Raquel pode até fazer a travessia do PSDB para o PSD, mas o palanque de Lula no Estado, com a possibilidade de não ser o de João Campos, será único – o do ex-governador Paulo Câmara, que irá se filiar ao PT.
SILVIO FILHO NA CHAPA DE CÂMARA – Se o fato novo Paulo Câmara for uma realidade, o Republicanos, do ministro Sílvio Costa Filho, ficaria na chapa de João Campos? O que se diz em Brasília aponta na direção contrária. Silvinho, como é mais conhecido e que sonha em disputar uma das vagas ao Senado, seria o segundo candidato na chapa de Câmara, ao lado de Humberto, por determinação e exigência do presidente Lula.
Desgaste e saudade – Aos que porventura acharem essa alternativa Paulo Câmara um sonho de verão: diante do desgaste da governadora Raquel Lyra, cuja gestão é reprovada por 57% dos pernambucanos, segundo pesquisa recente do instituto Opinião, a população já estaria com saudade dele, achando que, em comparação ao Governo tucano, fez uma gestão por excelência. E mais do que isso, chegaria com o apoio e respaldo do presidente Lula em sua inteireza.
Estado arrumado – Aliados do ex-governador Paulo Câmara exibem pesquisas internas de que seu maior feito foi o ajuste fiscal do Estado, mesmo depois de encontrar as finanças em frangalhos, herança do Governo gastador de Eduardo Campos. Dizem que Câmara fez tão bem o dever de casa nas finanças que Raquel se deparou com o Estado extremamente equilibrado de caixa, com tamanha capacidade de endividamento que a tucana já assinou dois empréstimos, sendo o último, de R$ 3,4 bilhões, aprovada no início desta semana pela Assembleia Legislativa.
Cid volta a ser ouvido – Não há outro assunto em Brasília, a não ser a trama de quatro militares malucos para eliminar o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). O tenente-coronel Mauro Cid presta depoimento hoje à tarde ao ministro Alexandre de Moraes, outro alvo. O magistrado vai decidir se Cid deve ser punido por, segundo a Polícia Federal, ter omitido em seus depoimentos o plano para assassinar autoridades, como o próprio Moraes, o presidente Lula (PT) e o seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), no fim de 2022, antes da posse deles.
Cara a cara com Moraes – O ministro Alexandre de Moraes, contrariando o que é de praxe na Corte, não nomeou um juiz-auxiliar para conduzir o depoimento e tomou para si a responsabilidade. Ele ficará frente a frente com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O depoimento foi marcado após a PF revelar novos detalhes da investigação sobre golpe de Estado nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro (PL).
CURTAS
RELATÓRIO – Os capítulos narrados pela corporação em relatório que motivou novas prisões na última terça comprometem outros nomes importantes — entre eles o do próprio ex-presidente — e dão gás para que a apuração lance luz sobre mais detalhes da suposta trama golpista que era discutida nos gabinetes do antigo governo.
NEGOU – Ao acessar aparelhos eletrônicos apreendidos em operação anterior, a PF encontrou um plano golpista nomeado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria de autoria do general da reserva com cargo no governo. Entre as tarefas elencadas estava o assassinato dos candidatos eleitos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), além do próprio ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Cid negou, ainda na terça, saber do plano.
DOCUMENTO – Os investigadores ainda constataram que o documento foi impresso no Palácio do Planalto, em dezembro de 2022, quando o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro estavam no local. Somado a isso, a PF descobriu que havia o plano de prender e até matar o ministro Alexandre de Moraes em 15 de dezembro de 2022.
Perguntar não ofende: Paulo Câmara vai voltar?
Leia menos