Por Marlos Porto*
Li críticas muito sensatas de Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA, veiculadas no UOL, sobre o anúncio das tarifas de Trump (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/07/09/lula-se-precipitou-ao-responder-a-trump-antes-de-tarifa-diz-ex-embaixador.htm).
Ele afirma: “O Brasil não tem peso no comércio exterior americano, mas para nós os EUA são o segundo parceiro comercial. Eu acho que é uma situação muito delicada. (…) Eu acho que o Brasil tem que reagir com cautela, porque se reagirem ideologicamente, eles não vão ceder em nada desses 50%”.
Leia maisCurioso que William Bonner, no JN da TV Globo, falou algo sobre “motivos ideológicos” de Trump. Mas o que temos visto nas reações de Lula tem sido também um discurso ideológico.
A aposta no estrangulamento eleitoral da oposição, com até a possibilidade do legítimo mecanismo da anistia sendo atacada por integrantes do governo, que silencia diante de abusos do STF (como o inquérito das Fake News, que perdura desde 2019, com censura de revista e bloqueio de perfis em redes sociais, para citar o caso mais notório) é de fato algo de que deveríamos nos envergonhar coletivamente e, sem meias palavras, não é condizente com as nossas aspirações democráticas.
Um líder que foi eleito após ter sofrido o que chamou de “lawfare” por parte da Lava-Jato, deveria ser o PRIMEIRO a dizer: “DEIXEM BOLSONARO EM PAZ”. E complementar, se quisesse: “quero derrotá-lo de novo nas urnas em 2026”.
Lula respondeu um tuíte de Trump usando a tribuna dos BRICS, de forma precipitada e mesmo assustada, eu diria. Ora, que respondesse na mesma rede social ou em outra. Mas não. Hipervalorizou a postagem inicial e incitou uma resposta ainda mais dura.
Se a oposição e o centro são maioria no Congresso Nacional e querem anistia, que tenhamos anistia, oras! Precisava esperar Donald Trump ter a “brilhante” ideia de usar isso como pretexto para impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros?
Agora é esfriar a cabeça e jogar menos para a plateia. Ouvir vozes mais equilibradas, como a de Rubens Barbosa, e agir com maturidade e responsabilidade.
*Marlos Porto é bacharel em Direito
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