Lewandowski diz que a polícia ‘prende mal’ e o Judiciário é ‘obrigado a soltar’ os presos

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou, ontem, que o Judiciário é obrigado a soltar detentos que tiveram suas prisões conduzidas de forma errada pela polícia. Segundo ele, “a polícia tem que prender melhor”. As informações são do portal Estadão.

“É um jargão que foi adotado pela população, que a polícia prende e o Judiciário solta. Eu vou dizer o seguinte: a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”, afirmou Lewandowski durante abertura da reunião do Conselho Deliberativo da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), em Brasília.

Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Lewandowski destacou que, em muitos casos, a falta de provas concretas ou de um processo bem instruído inviabiliza a permanência dos suspeitos na prisão. Para ele, os detentos não seriam soltos se as prisões ocorressem de forma correta, com apresentação de indícios probatórios aos juízes, já que nenhum magistrado “soltará um criminoso”.

Durante o evento, Lewandowski também defendeu a PEC da Segurança Pública como instrumento para combate à criminalidade. A proposta tem enfrentado forte resistência entre governadores e parlamentares.

Na última semana, após anunciar que o governo federal chegou a um consenso em relação à PEC, Lewandowski disse que a proposta pretende “em linhas gerais, criar um SUS da Segurança Pública”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que o governo enviará a PEC ao Congresso para dizer que o “Estado é mais forte que os bandidos”. Segundo o petista, a gestão federal não vai permitir que a “república de ladrões de celular” assuste as pessoas nas ruas.

Desgoverno e tropeços verbais    

Quando Lula fechou o ano de 2024 reprovado pela grande massa do eleitorado brasileiro, conforme números de diversos institutos de pesquisa, jogou a culpa na comunicação. Presidentes e governadores, quando não estão em sintonia com a população, costumam colocar o problema no colo de quem cuida da imagem da gestão junto aos meios de comunicação.

O que era de se esperar aconteceu: a degola do ministro Paulo Pimenta, da Secom, a Secretaria de Comunicação. O novo titular, Sidônio Palmeira, reformulou a estratégia e decidiu que seria bom o presidente falar mais. A ideia era que o próprio Lula divulgasse o que considera realizações do governo, mas, até agora, esse método não se revelou eficaz.

Tudo porque, ao ir para a linha de frente, Lula achou que os tempos de hoje, com mídias amplas e redes sociais, eram iguais aos de seus dois governos anteriores, quando a Globo monopolizava tudo e a sociedade era mais engessada. Se deu mal. Botou os pés pelas mãos. Acabou cometendo mais gafes, com frases consideradas extremamente preconceituosas em alguns casos, especialmente quando se referiu às mulheres.

Apesar disso, a avaliação do Planalto é que o prejuízo com as controvérsias é compensado pelos resultados positivos da exposição de Lula. No entanto, os números da nova pesquisa do PoderData, divulgada ontem pelo site Poder360, mostram o contrário: 53% de reprovação e 47% de aprovação. Diferentemente do que pensa o Planalto, as derrapadas verbais de Lula podem estar pesando na avaliação que o eleitorado faz do governo e do próprio presidente.

Sem contar a inflação, um problema longe de ser solucionado. Os recortes demográficos do levantamento indicam que o presidente tem perdido apoio em grupos que foram alvo de algumas de suas falas ambíguas e controversas. Ao falar sobre a alta nos preços dos alimentos, Lula declarou que uma forma de frear a carestia seria a população deixar de comprar o que está caro. Eleito com o apoio da população mais pobre, o petista tem perdido respaldo nesse estrato social.

Recentemente, afirmou que colocou uma “mulher bonita” na articulação política e chamou o líder do governo na Câmara de “cabeçudão do Ceará”. A avaliação positiva do trabalho pessoal do presidente entre as mulheres despencou de 45% em janeiro de 2023 para 21% agora.

No Nordeste, considerado reduto eleitoral histórico do petista, a distância entre os que apoiam e os que rejeitam o presidente, que era de 20 pontos percentuais em 2023, caiu para 4 pontos percentuais nesta rodada. Todos os sinais são de alerta. Lula quer estancar a queda de sua popularidade, mas ainda não encontrou uma fórmula que funcione. Está entrando em desespero!

REPROVADO ENTRE AS MULHERES – A avaliação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre as mulheres chegou ao pior nível desde o início de seu terceiro mandato. O percentual de eleitoras que consideram o trabalho do petista ótimo/bom caiu de 45% em janeiro de 2023 para 21% agora – uma diferença de 24 pontos percentuais em pouco mais de dois anos. Os dados são da pesquisa PoderData, realizada de 15 a 17 de março de 2025 e divulgada ontem. Hoje, o percentual de mulheres que avaliam o trabalho de Lula como ruim/péssimo é de 37%. Esse também é o percentual das que escolhem “regular” como resposta.

Pior que Bolsonaro – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado “pior” que o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por 44% dos eleitores. A taxa oscilou dois pontos percentuais desde janeiro e atingiu o maior patamar já registrado pelo PoderData desde o início deste terceiro mandato de Lula. Os dados da pesquisa PoderData, realizada de 15 a 17 de março de 2025, mostram ainda que a taxa dos que preferem a atual gestão variou negativamente um ponto percentual em dois meses, caindo para 32%. Desde a posse, esse índice já caiu 14 pontos percentuais. É a quarta vez desde o início do mandato que Lula fica atrás de Bolsonaro.

Aposta no Congresso – João Campos prestigiou ontem no evento de posse do novo comando da Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco), agora presidida pelo ex-prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia. E, como todo gestor municipal, revelou sua apreensão com o alerta da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) sobre a isenção do Imposto de Renda para pessoa física até R$ 7 mil, que deve retirar R$ 12,5 bilhões dos municípios via FPM, o Fundo de Participação dos Municípios. Ele aposta que a mobilização dos prefeitos em Brasília, no próximo mês, garantirá que o governo tome medidas para minimizar os impactos da proposta. “Caberá ao Congresso fazer os arranjos necessários”, disse.

Pé na estrada de 2026 – Por falar em João, ele já começa a intensificar sua agenda de olho nas eleições de 2026. O prefeito confirmou sua presença no seminário regional que o PSB promoverá em Afogados da Ingazeira, no próximo dia 30. O evento contará com a presença de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e lideranças do PSB dos 17 municípios do Sertão do Pajeú, uma região que, historicamente, concedeu vitórias expressivas ao seu pai, Eduardo Campos, e ao seu bisavô, Miguel Arraes. Por lá, as pesquisas mostram João com uma grande dianteira frente a Raquel – 57% a 12%.

Eduardo da Fonte controla nova federação – A federação partidária entre o PP e o União Brasil, que deve ser confirmada nos próximos dias, atrapalha os planos do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, atual presidente estadual do União Brasil, com vistas às eleições de 2026. Pelo que ficou acertado entre as cúpulas das duas legendas, o comando da federação em Pernambuco será entregue ao deputado federal Eduardo da Fonte, que, assim como Miguel, é pré-candidato ao Senado. A situação cria uma equação complicada para o grupo Coelho, hoje próximo de João Campos, enquanto Da Fonte está alinhado a Raquel.

CURTAS

CARUARU 1 –  O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB), anunciou ontem as principais atrações do São João. A programação contará com mais de 1,4 mil atrações distribuídas em 27 polos, incluindo grandes nomes como Ivete Sangalo, Azulinho, Xand Avião, João Gomes e Matheus & Kauan. O evento terá início no dia 25 de abril, no Sítio Lajes, com o São João na Roça, que contará com apresentações de Trio Fole de Ouro, Geraldinho Lins e Assisão.

CARUARU 2 – “Temos um time preparado e uma estrutura pronta para atender às expectativas do nosso público. Este será o maior São João que Caruaru já viu”, disse Pinheiro. Ao lado da vice-prefeita Daisy Silva e de Anderson, presidente do Comitê Gestor do São João 2025, Pinheiro ressaltou que a festa movimenta não apenas a cultura, mas também a economia da região.

EXCLUÍDO – Em Pernambuco, pelo menos por enquanto, não há previsão oficial de concessões de trechos da BR-101, anunciados pelo Governo Federal, ao longo de 500 km. A única concessão rodoviária prevista é o trecho da BR-116, que ligará o anel rodoviário de Feira de Santana, na Bahia, a Salgueiro, município do Sertão pernambucano. O leilão está previsto para acontecer no dia 26 de junho e, no pacote, estão estimados R$ 10 bilhões em investimentos privados.

Perguntar não ofende: Por que Pernambuco ficou fora do pacote de concessões à iniciativa privada nos 500 km da BR-101?