Por Lucas Ferraz e Gabriela Guido*
Num encontro inusitado que surpreendeu aliados, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol) debateu nas redes sociais, nesta sexta-feira (25), com o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com 28%, e não passou para o segundo turno. Marçal, em busca de visibilidade, organizou o debate num formato de “entrevista de emprego” e também convidou o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que disputa o segundo turno com Boulos. O emedebista, contudo, não aceitou o convite.
Na abertura, Marçal, que está em Roma, na Itália, disse ter ligado e enviado mensagens para o prefeito, que visualizou mas não respondeu. Sobre Boulos, o influenciador elogiou pela coragem de participar do evento digital.
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“Eu, se fosse levar para o lado pessoal, não aceitaria o convite para estar aqui pelos ataques que recebi de sua candidatura. Mas não me movo por mágoa. Goste ou não, você teve mais de um milhão e 700 votos de paulistanos”, disse o candidato do Psol. Boulos se referia ao laudo falso divulgado por Marçal na véspera do primeiro turno que o acusava de consumo de drogas. Atrás nas pesquisas de intenção de voto, o deputado federal tenta nesse segundo turno conquistar eleitores de Marçal. Para isso, sua campanha reforçou propostas voltadas para temas como o empreendedorismo e para os profissionais autônomos.
Marçal quis saber se Boulos o estava copiando nesse segundo turno ao fazer esses acenos ao seu eleitorado. O deputado federal disse ter assimilado as boas ideias.
“Teve uma ideia sua que admiti publicamente, que foi a história das escolas olímpicas. Ricardo Nunes também acertou com a ideia da faixa azul para motocicleta. Falei que vou manter e ampliar. Não vou ficar com birrinha porque é coisa do adversário”, respondeu Boulos.
A conversa nesta sexta (25) entre Boulos e Marçal destoava do tom visto na campanha eleitoral. O influenciador se notabilizou no primeiro turno por chamar o rival de “Boules”, referência à linguagem neutra defendida por parte da esquerda. No debate virtual, Marçal se referia ao ex-adversário como “Guilherme” ou “Guilherme Boulos”.
O psolista, que no primeiro turno chegou a chamar Marçal de “criminoso” e pediu sua prisão pela divulgação do laudo falso, se referia a ele, na maior parte das vezes, de “cara” ou simplesmente “Marçal”.
Questionado por que rotula Nunes como “fujão” de debates mesmo tendo faltado ao promovido pela revista “Veja” – junto do prefeito e de José Luiz Datena –, o deputado afirmou que não houve um acordo das regras da organização com as três campanhas, e que essa falta de concordância se deu pelo não endurecimento de regras para conter os comportamentos agressivos de Marçal.
Na quarta-feira (23), Marçal publicou em seu Instagram a proposta de uma sabatina como um “desafio” aos candidatos que concorrem ao segundo turno em São Paulo. Boulos comentou no post dizendo que “topava” a entrevista e questionou se Nunes participaria ou se “fugiria” do encontro on-line. Em coletiva de imprensa no mesmo dia, o prefeito disse que teria “zero chance” de aceitar o convite e criticou a participação do concorrente.
Em nota divulgada pela sua assessoria, a equipe do influenciador prometeu que a “sabatina” seria “imparcial e justa” e aconteceria mesmo se somente um dos candidatos entrasse na live.
*Jornalistas do Valor Econômico
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