Novo embate à vista entre Governo e Câmara

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

Em paralelo às discussões sobre as mudanças no sistema tributário brasileiro, que devem avançar, hoje, no Senado, e para tentar se comprometer com a meta de reduzir o déficit fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pede celeridade para aprovação da MP 1185/23.

O texto, em vigor desde o início de setembro, altera as regras de tributação das subvenções concedidas pelo poder público para atrair empresas ou estimular empreendimentos já existentes, como os incentivos fiscais de ICMS dos estados e Distrito Federal. Mas depende da aprovação do Congresso para não perder a validade.

Porém, apesar de ter o potencial para gerar uma arrecadação de R$ 137 bilhões em quatro anos, sendo R$ 35 bilhões já em 2024, o texto está enfrentando críticas de deputados e empresários brasileiros. Isto porque, hoje, as subvenções recebidas pelas empresas para construir ou ampliar uma fábrica (investimento) ou pagar despesas do dia a dia (custeio) não entram na base de cálculos dos impostos federais, ficando, portanto, livres de tributação. Com a MP, essa sistemática muda.

Caso a MP de Haddad seja validada pelo Congresso, a partir de 2024, o contribuinte subvencionado terá direito a um “crédito fiscal”, equivalente à aplicação da alíquota do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) sobre as subvenções para investimento – para custeio não darão direito ao crédito. Desta forma, diferente do que ocorre atualmente, o crédito fiscal poderá compensar outros tributos da empresa ou ser ressarcido em dinheiro, mas somente após o investimento ser finalizado.

Sobre o tema, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse, ontem, que vai marcar uma reunião entre líderes partidários e a equipe econômica do governo para discutir a questão. “A discussão sobre a MP 1185 deverá se aprofundar nesta semana”, afirmou o presidente da Câmara. “Mas há resistências de parlamentares e de empresários das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, e não temos acordo sobre o mérito”, disse.

“Propus ao ministro Haddad que ele vá a uma reunião com o Colégio de Líderes, como fez na transição, como fez no novo arcabouço fiscal, como fez na reforma tributária, e, numa parceria franca, explique as propostas”, afirmou Arthur Lira.

De acordo com Lira, é preciso construir um texto que seja razoável, que dê ao governo o que ele precisa, mas sem sangrar o direito adquirido e sem prejudicar os estados e os empresários que fizeram investimentos.

Enem pode colocar Camilo Santana na berlinda

Por Juliana Albuquerque – repórter do Blog

A primeira edição do Enem sob o comando do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), pode se tornar uma pedra no sapato do político cearense. Isto porque a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados deve definir, em encontro marcado para a próxima quarta-feira (8), se vai convocar o ministro para dar explicações sobre o suposto vazamento do tema da prova do Enem, realizado no último domingo.

Ainda na tarde de domingo, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) acionou a Polícia Federal para investigar a imagem de uma prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, que já circulava nas redes sociais logo após o início do exame.

Ontem mesmo, o próprio Camilo Santana negou a existência da possibilidade de vazamento. Ao ser questionado sobre o assunto, foi categórico ao responder que “de forma alguma” isso teria ocorrido.

Ainda de acordo o ministro, o balanço geral do Enem foi, apesar de algumas ocorrências, positivo. Dados operacionais do painel do Ministério da Justiça mostraram que 15 pessoas foram presas, e houve apreensão de aparelhos celulares utilizados em fraudes. Além disso, 4 mil alunos foram desclassificados. “Portanto, consideramos que foi um dia positivo na realização da primeira etapa do Enem”, afirmou Camilo.

Como pode? Pelas regras do Enem, não é permitido o uso de eletrônicos no local de prova, nem postar fotos do exame durante a aplicação da prova. Os participantes flagrados tirando fotos das provas estão cometendo um crime e são, automaticamente, eliminados do Enem.  Sendo assim, é preciso que seja explicado como em pouco tempo após o início do exame, a imagem da página 19 do caderno de prova tipo 3 terminou circulando.

A imagem – A fotografia que circulou na internet após o início do Enem mostra o tema da redação: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, bem como instruções aos candidatos para redigirem a dissertação. A imagem ainda mostra ainda quatro textos de apoio relacionados ao tema proposto.

Operação padrão – Amanhã, o Fórum dos Servidores da Segurança Pública de Pernambuco realiza uma Assembleia Geral onde pode ser adotada uma operação padrão em toda a segurança pública de Pernambuco. O encontro ocorre na sede do Sindicato dos Policiais Civis do Estado, em Santo Amaro, às 18h.

Ponto eletrônico – Desde o começo de outubro, os servidores concursados da Prefeitura do Recife têm que registrar, por ponto eletrônico, a frequência no serviço sob pena de descontos no fim do mês. A regra, contudo, é válida apenas para os servidores efetivos, enquanto os cargos comissionados continuam sem a obrigação.

PL alega Desinformação – O PL acionou o STF para que a Corte declare inconstitucional o decreto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que reestruturou a Advocacia-Geral da União (AGU) e criou um setor responsável pelo enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas. Para a legenda, a única forma de avaliar se uma ideia é errônea e identificar descrições que não se adequem à realidade é a troca livre, ampla e democrática de opiniões e informações.

CURTAS

OBRAS INACABADAS – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que institui o Pacto Nacional pela Retomada de Obras Inacabadas. A lei cria um arcabouço normativo para a continuidade de obras e serviços de infraestrutura que hoje estão paralisados ou inacabados. De acordo com o governo, a previsão é restabelecer o ritmo de 5,6 mil obras na área da educação e 5,5 mil na de saúde.

REFORMA – A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve discutir e votar, hoje, a reforma tributária. A expectativa é que o relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) seja aprovado e enviado ao Plenário para ser analisado na quarta-feira (8), conforme já consta na pauta montada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Perguntar não ofende: Houve ou não vazamento no Enem?