Por Armando Dantas (Armandinho)*
No mundo político, é essencial que os governantes exerçam a transparência em suas ações, principalmente quando se trata do uso do dinheiro público. Infelizmente, nem sempre essa transparência é garantida, e exemplos disso estão presentes em várias esferas do poder. Ontem, a Prefeitura de Caruaru realizou um empréstimo de 100 milhões de reais junto à Caixa Econômica Federal, porém, não houve uma divulgação clara sobre quais serão os projetos, bairros e valores utilizados, bem como o prazo de execução das obras.
Após uma intensa busca em várias matérias divulgadas na imprensa, o que encontramos foi: “O empréstimo será voltado para ações de saneamento, drenagem e infraestrutura”. Essa falta de transparência levanta questionamentos e suspeitas sobre a real intenção por trás dessa decisão.
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No Recife, o prefeito João Campos anunciou, no último domingo, um pacote com 24 obras, totalizando 36.7 milhões de reais em investimentos. Entretanto, foi apresentado o seguinte detalhamento na imprensa e nas redes sociais do prefeito: “Esse pacote representa um investimento de R$ 36,7 milhões em áreas onde existem barreiras com risco de deslizamento. A iniciativa deve beneficiar 500 famílias, protegendo diretamente mais 2 mil pessoas. Das 24 obras, oito vão começar já no mês de junho e as demais serão iniciadas em até 60 dias. Além disso, estão em andamento outras 44 obras de contenção definitiva de encostas. O pacote anunciado neste domingo irá contemplar áreas de encostas no Córrego do Jenipapo, Ibura, Guabiraba, Jordão, Água Fria, Dois Unidos, Nova Descoberta, Alto José Bonifácio, Vasco da Gama, Passarinho, Vila dos Milagres e Linha do Tiro.No Córrego do Sargento, a obra de contenção, drenagem e estabilização de encosta já está em andamento, com investimento de R$ 8,6 milhões para beneficiar 230 famílias. Estão sendo construídos dois muros de arrimo, com um volume total de 5.656 m³. Além disso, o projeto inclui a instalação de 7.335,65 m² de tela argamassada, 78 metros de escadaria e 192 metros de corrimão”.
A população de Caruaru merece ser informada de maneira clara e detalhada sobre como o dinheiro do empréstimo será utilizado. No entanto, até o momento, a Prefeitura não forneceu informações específicas sobre os projetos que serão realizados, os bairros que serão beneficiados e os valores alocados para cada empreendimento.
A transparência na gestão pública é um princípio fundamental para garantir a confiança dos cidadãos e evitar possíveis desvios ou uso inadequado dos recursos públicos. Ao analisarmos o contexto político atual, é importante considerar que o ano de 2024 se aproxima, trazendo consigo eleições municipais. Nesse sentido, a falta de transparência sobre o empréstimo pode ser interpretada como uma estratégia política velada. Ao realizar obras sem apresentar os detalhes necessários, a atual gestão pode buscar ganhos eleitorais, enquanto o prejuízo financeiro e as dificuldades de execução podem ser transferidos para as futuras administrações.
Essa falta de transparência pode trazer consequências graves para as futuras gestões da Prefeitura de Caruaru. Se os projetos não forem bem planejados, se os recursos forem mal distribuídos e se o prazo de execução das obras não for devidamente estabelecido, as próximas administrações podem enfrentar dificuldades para gerenciar o legado deixado pelo empréstimo milionário.
A falta de transparência no empréstimo de 100 milhões realizado pela Prefeitura de Caruaru é uma preocupação legítima que deve ser abordada. Os cidadãos têm o direito de saber como o dinheiro público está sendo utilizado e quais projetos serão realizados em sua cidade. É fundamental que os cidadãos de Caruaru exijam transparência e cobrem da Prefeitura as informações necessárias sobre o empréstimo e seus projetos. A participação ativa da sociedade civil é essencial para garantir a responsabilidade dos governantes e para evitar que estratégias políticas veladas se sobreponham aos interesses da população.
Vamos refletir? Você está sabendo onde serão aplicados esses 100 milhões? Em sua opinião onde estão as prioridades para aplicação desse milionário recurso? Você foi consultado (a)?
*Professor, Pós-Doutor (PhD) em Ciências da Educação pela Universidade do Porto – Portugal, Doutor em Educação pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Mestre em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas pela UFPB.
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