Lucas Ramos se posiciona contra extinção da Funasa

O deputado federal Lucas Ramos entrou na linha de frente contra a extinção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) pelo Governo Federal. O parlamentar defende um debate mais aprofundado sobre o processo, envolvendo de forma ativa o Congresso Nacional e as prefeituras brasileiras, para que não coloque em risco a manutenção de importantes projetos de saneamento básico e saúde ambiental que hoje são desenvolvidos pela entidade junto aos municípios.

“Hoje, a Funasa é a única responsável por atender o saneamento rural e a demanda de pequenos municípios, com menos de 50 mil habitantes. Simplesmente extinguir a Fundação e remanejar seus servidores não se apresenta como melhor solução para o desafio que é justamente ampliar essas ações, uma vez que ainda temos mais de 100 milhões de brasileiros sem acesso à coleta de esgoto”, sustenta Lucas.

“Outro ponto fundamental é discutir com clareza e transparência a situação dos servidores efetivos e terceirizados da Funasa. Serão apenas relocados para outros órgãos? Perderão direitos adquiridos ao longo de suas carreiras? Estão tendo suas competências e experiências avaliadas no processo de remanejamento? Questionamentos importantes que reforçam a importância de dedicarmos uma maior atenção a esse debate. Com as poucas informações que nos foram apresentadas até então, não há elementos suficientes para sermos favoráveis ao processo de extinção”, reforçou.

A Medida Provisória n° 1156/2023, encaminhada pelo Governo Federal ao Congresso no início de janeiro, precisa ser votada no Congresso Nacional ainda no primeiro trimestre. No entanto, apesar da necessidade de apreciação pelo Legislativo, encontra-se em ritmo acelerado a dissolução das 26 unidades estaduais da Funasa, assim como a transferência de todos os convênios em andamento para serem administrados pela Caixa Econômica Federal. O Ministério das Cidades foi indicado pelo Governo Federal como o que concentrará a maior parte dos projetos.

A comissão formada por servidores da Funasa, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e as principais entidades do setor de saneamento do país também se posicionaram de forma contrária à forma como vem sendo conduzida a extinção.

“Acreditamos que é necessário, sim, melhorar a eficiência da gestão na Funasa, assim como avaliar quais iniciativas podem ser melhor desenvolvidas por outros Ministérios. Isso pode ser feito com um choque de gestão, sem provocar uma ruptura nos importantes projetos em andamento para atendimento das demandas das cidades, gerando atrasos nas obras e forte impacto negativo na geração de emprego e renda local por conta da desmobilização dos canteiros”, conclui Lucas Ramos.

Por Maurício Rands*

Em seu último livro (“The crisis of democratic capitalism”, 2023), o editor de economia do Financial Times, Martin Wolf, brinda-nos com uma análise dos riscos que hoje pesam sobre o futuro do planeta. Começa por analisar a combinação histórica entre a economia de mercado e a democracia que forjou a nossa época. A partir daí, baseado em bom lastro teórico e evidências sérias, ele analisa a crise em que mergulhamos.

Para entender as razões dessa crise da democracia e da sociedade de mercado, ele mostra como as mudanças econômicas de longo termo deterioraram substancialmente a situação econômica e social de expressivos setores. Sobretudo nos países ricos, mas também em emergentes como Brasil, Turquia e Hungria. O fator detonador foi o aguçamento das perdas econômicas, os choques financeiros e o aumento da desigualdade. As decepções econômicas, em suma. E a isso se somou à angústia desses setores com as mudanças culturais em favor de antigas minorias, bem como a questão da imigração. Tudo erodiu a confiança no establishement e produziu a mudança política que hoje põe em dúvida a própria democracia.

Ele identifica a emergência de um capitalismo rentista com problemas que se somam. Financialização, má-governança corporativa, comportamento oportunista de acionistas e altos executivos, mercados monopolizados em que o vencedor fica com tudo, declínio da competição, evasão fiscal, rentismo e erosão de standards éticos. Essas são “falhas da liberalização”. O imenso e desproporcional crescimento das atividades financeiras é visto mais como instrumento de extração rentista do que do desenvolvimento produtivo. Seja pelo monopólio, seja pela exploração de brechas fiscais, a elaboração das leis e o funcionamento das instituições têm sido capturados por interesses poderosos. Tudo isso é agravado por problemas recentes: a queda do crescimento da produtividade, o impacto desbalanceado das novas tecnologias, as mudanças demográficas e a ascensão de países como a China.

Esse mal-estar estaria colocando o que ele chama de “capitalismo democrático” diante de duas versões autoritárias: um “capitalismo demagógico autoritário”, que pode ser identificado nos governos de Trump (EUA), Duterte (Filipinas), Erdogan (Turquia), Kaczynski (Polônia), Orban (Hungria), Putin (Rússia), Bolsonaro (Brasil) de Modi (Índia); e um “capitalismo burocrático autoritário” (China e Vietnã).

Na crise, surgem duas tribos incomunicáveis e intolerantes. Uma, a do “populismo demagógico autoritário”, com ideias extremistas impermeáveis às evidências, à ciência e ao pluralismo. A outra, a do “progressismo identitário”, com sua cultura de cancelamento, um misto de arrogância e intolerância, vendo como inaceitável o dissenso com os valores de sua tribo. Essas atitudes antidemocráticas alimentam a polarização que hoje vivemos.

Nesse quadro, Wolf dedica-se a avançar uma agenda de reformas sem as quais a democracia pode estar em perigo. Advoga uma reforma radical da economia capitalista, embora preservando o que nela é positivo. Buscando ser realista, ele defende ações incrementais. “Piecemeal social engineering”, na expressão de Karl Popper. Para as mudanças necessárias, a humanidade vai precisar de engajamento público e liderança política capazes de indicar direções e objetivos. Sempre informada por uma tecnocracia apta a prover as evidências e soluções a serem processadas democraticamente pela polis. Com foco em eliminar nossos problemas e males ele propõe que se garantam seguridade, oportunidade, prosperidade e dignidade a todos. E acrescenta que aos mais bem-sucedidos economicamente não pode ser permitido controlar o sistema político, manipular mercados, infligir danos como os ambientais, estabelecer oligarquias hereditárias ou evadir-se do dever de pagar tributos.

Esses objetivos representariam um novo “new deal” (atualizando o proposto por Roosevelt), num quadro de estado de direito e de economia social de mercado. Seriam concretizados através de um conjunto de reformas pontuais na direção de assegurar bem-estar aos povos e combatendo a concentração de poder econômico e político que distorce ao mesmo tempo o mercado e a democracia. Bem demonstrando a viabilidade das sugestões, ele desafia o leitor a pensar radical, sistemática, rigorosa e realisticamente. A pensar fora da caixa. A sair de suas bolhas. Trata-se de conseguir mobilizar as pessoas para deixar de lado as diferenças de visões globais de mundo. Se nos concentrássemos em medidas concretas como as que ele sugere, talvez lográssemos alguns consensos parciais para realizar reformas graduais que melhorariam a vida de milhões. E para gestar modelos de sociedades que sirvam a todos, não apenas a algumas minorias poderosas. No presente e no futuro. Para salvar a democracia e a sociedade aberta, ele propõe o objetivo de forjar modelos de sociedades em que a cidadania política e econômica seja estendida a todo o povo.

*Advogado formado pela FDR da UFPE, PhD pela Universidade Oxford

O carnaval lotou ruas de Petrolina, atraiu turistas e aqueceu a economia local, movimentando e impulsionando os setores de eventos, serviços, hotéis, bares, restaurantes e o comércio informal. Uma verdadeira festa de oportunidades e investimentos. De acordo com o balanço divulgado pela gestão municipal, neste domingo (26), foram injetados cerca de R$ 30 milhões na economia da capital sertaneja.

De vendedores ambulantes a produtores de fantasias, todos contribuíram para o sucesso e o recorde na movimentação da economia. No comércio, houve um crescimento de 18% nas vendas no período carnavalesco. No comparativo à última edição do evento, antes da pandemia, o aumento foi de 80%. 

A retomada do Carnaval de rua também abriu portas para trabalho e renda. O município registrou mais de 200 barraqueiros e ambulantes, impactando em aproximadamente 1.200 pessoas atuando no comércio informal durante os dias de festa. 

“O carnaval é responsável por gerar empregos e oportunidades para pequenos e grandes negócios. Então, está mais que provado que o carnaval não é só folia. É desenvolvimento econômico, oportunidade de crescimento para os negócios e geração de renda”, destacou o prefeito Simão Durando.

Turismo: Tradicionalmente, a festa ajuda a ampliar o potencial turístico e impulsiona empreendedores, que consideram o Carnaval uma das principais fontes de rendimento no primeiro trimestre. Aproximadamente 15 mil turistas visitaram Petrolina durante o carnaval. 

A rede hoteleira registrou uma ocupação de 95%, que além da festa, aqueceu e valorizou as potencialidades do Vale do São Francisco. Somente no período, foram incrementados mais de 10 voos extras partindo de São Paulo a Petrolina, uma movimentação de 6 mil pessoas no período. No terminal rodoviário da cidade, cerca de 7 mil pessoas desembarcaram no local.

“O Carnaval de Petrolina foi um verdadeiro sucesso e conseguiu atrair turistas de várias regiões. Visitar nossa cidade nesse período é uma experiência especial em dobro. Para além de uma festa mais tranquila, com famílias, crianças e idosos brincando nas ruas e as atrações artísticas, o período momesco também é uma oportunidade para que visitantes possam conhecer e explorar nosso potencial turístico”, concluiu o prefeito Simão.

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – A palavra Uber, no idioma alemão, significa super top. O aplicativo Uber de transporte alternativo move exércitos de 4 a 5 milhões de soldados no Brazil. São batalhões de artilharia, infantaria e cavalaria. Cada soldado pode ser multiplicado por três a quatro famílias. Eles transportam passageiros e também transportam uma bombinha atômica no peito.

Todos nós Sapiens somos portadores de bombinhas atômicas, de nêutrons, elétrons, prótons, hidrogênios e de oxigênios no cérebro e no coração “Meu coração tem catedrais imensas”, dizia o poeta Dos Anjos, Augusto. As bombas atômicas de nossos corações possuem milhões de megatons e são mais potentes que as ogivas nucleares dos senhores das guerras.

Corações são cavernas atômicas e vulcões onde acontecem terremotos, tsunamis, tempestades. Há dois anos, um raio da silibrina de 7.0 graus na escala Richter abalou as placas tectônicas do meu coração. Cardiologistas, anestesistas, bombeiros, rezadeiras e eletricistas foram acionados no RealCor do Hospital Português. Você foi acometido pela Takotsubo, a síndrome do coração partido, disseram. Aplicaram um raio laser no meu tutano, a benzedeira fez uma reza, os doutores apascentaram as placas tectônicas do meu coração. Pronto. Você agora será um novo Novinho de Pernambuco e da Paraíba, disseram as vozes abençoadas. Eu dei um pinote da cama e gritei: “Aleluia! Deus lhe pague!” Amém! E Amem!

Assim feito o Kaiser Vladimir Putin ao invadir o coração da Ucrânia, um imperador das tribos de pele vermelha imaginou decretar guerra contra os exércitos do Uber, a pretexto de modernização das leis trabalhistas. A Ucrânia é aqui, disse o bicho. O comissário de pele vermelha afirmou para o motorista do aplicativo: Eu quero que você seja feliz com todos os direitos trabalhistas pagos pelo Uber, férias, 13o, FGTS, INSS, Pis-Pasep, horas extras, vale-transporte, vale-tudo. Paga, não paga! Quero, não quero. Os motoristas de Uber são guerrilheiros do asfalto, são uns Zelensky na batalha contra o desemprego nestes tempos pós-modernos.

Eles não querem ser empregados do aplicativo, e vice-versa. Os guerrilheiros disseram para o governo: a gente não queremos ser empregados do Uber. O comissário de pele vermelha contou uma anedota muito engraçada. Disse que se o Uber for expulso ou fugir do Brazil, o governo vai convocar os Correios para funcionarem como aplicativo de transporte alternativo. Kkkkkrsrsrsrsrs.

Surreal é imaginar que os Correios assinariam a carteira de trabalho de 4 milhões de motoristas de aplicativos. Nesse caso eu tenho uma ideia mais genial: ressuscitar a frota de ônibus elétricos da CTU, ou os antigos bondes da Tramways em todo o Brazil.

Lutar contra o aplicativo Uber é a luta mais vã. Num cenário de milhões de desempregados e subempregados, esses guerrilheiros do asfalto mitigam o problema do desemprego e funcionam como exército da salvação nacional.

O governo está mais preocupado em defender o indefensável, tipo o financiamento do BNDES para o gasoduto da Vaca Morta na Argentina, com calote garantido de 680 milhões de dólares. Doações em favor de ditaduras comunistas falidas é uma das cláusulas pétreas do Foro de São Paulo, patrocinador dos regimes vermelhos na América Latina. O guru vermelho age de caso pensado, e essa mundiça da seita vermelha nunca me enganou.

Arriba, passageiros e motoristas de do Uber e demais aplicativos! Vrum-Vrum!

*Periodista e escritor

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco 

Já despachando ao lado do gabinete do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, vice-presidente Geraldo Alckmin, o novo secretário nacional de Micro, Pequenas Empresas e Empreendedorismo, Milton Coelho, vai procurar a governadora Raquel Lyra (PSDB), nos próximos dias, para discutir uma ação conjunta em favor das cadeias produtivas de Pernambuco.

Milton quer modernizar, por exemplo, as pequenas empresas que atuam no Polo de Confecções do Agreste, no miolo entre Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Milton assumiu o cargo há 20 dias na cota do PSB, partido que, supostamente, estaria na oposição ao seu Governo, mas que assume uma postura independente na Assembleia Legislativa.

O secretário nacional da Micro Empresa foi chefe de gabinete do governador Paulo Câmara, que não é bem visto no Polo de Confecções porque, em sua gestão, teria mais perseguido a categoria, na cobrança de impostos, do que ajudado. “Isso não é verdade. O que falta ao polo, e que Paulo não pôde dar, é crédito”, disse Milton, adiantando que uma das suas prioridades é conseguir linhas de crédito com juros baixos junto ao BNDES e ao Banco do Nordeste.

“Linhas de crédito para dar condições aos que produzem no polo a modernizar seu maquinário e também digitalizar suas empresas”, afirmou. Parceiro da pasta de Milton, segundo ele, será o Sebrae, braço importante para que os micros e pequenos empresários possam buscar meios para fortalecer seus negócios. O secretário disse que aguarda apenas a eleição da nova direção do Sebrae para fechar parcerias.

Quanto às cadeias produtivas do Estado, Milton citou também dois importantes segmentos: o gesseiro, no Sertão do Araripe, e o de artesanato, este espalhado em várias regiões do Estado. “O ministro quer ajudar as cadeias produtivas do Nordeste, que são grandes geradoras de renda e emprego”, assinalou. Segundo o secretário, Pernambuco está entre os Estados que sediam as maiores feiras de artesanato do País, ao lado do Ceará e Santa Catarina. “Esse pessoal precisa de ser ajudado e vamos criar as condições para isso”, afirmou.

Dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que, em 2022, foram abertas 626.883 micro e pequenas empresas em todo o País. Desse total, 535.126 eram microempresas (85%) e 91.757 (15%) eram empresas de pequeno porte. Os setores onde as microempresas abriram maior número de unidades em 2020 foram serviços combinados de escritório e apoio administrativo (20.398 empresas), comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (16.786) e restaurantes e similares (13.124).

Já os setores onde as pequenas empresas abriram mais estabelecimentos foram serviços combinados de escritório e apoio administrativo (3.108), construção de edifícios (2.617) e comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (2.469). De acordo com o Sebrae Nacional, o resultado evidencia a força do empreendedorismo no Brasil.

Com base em dados do Governo Federal, apurou-se que, em 2020, o País criou 3,4 milhões de novas empresas, alta de 6% em comparação a 2019, apesar da pandemia de covid-19. Ao final de 2020, o saldo positivo no país foi de 2,3 milhões de empresas abertas, com destaque para microempreendedores individuais.

Com eleição marcada para o próximo mês, a União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) deve ser objeto de mais uma disputa com muitos atores em jogo. No bloco da oposição, além do nome de Zé Raimundo, da bancada do PP na Câmara de Serra, o presidente da Câmara de Lajedo, no Agreste Meridional, Flaviano Quintino (MDB), está sendo estipulado a entrar na disputa também. Seu nome foi bastante comentado durante o encontro da categoria em Maceió, promovido no último fim de semana pela União dos Vereadores do Brasil e o Instituto Educar e Capacitar, presidido pelo jovem Mário Lucas Uchoa.

Hotéis para desabrigados

Em meio ao lamento e a comoção pela morte de mais de 50 almas vivas em São Paulo, decorrentes da enxurrada d’água sem piedade, chega, enfim, a melhor notícia: num gesto corajoso e inusitado, o governador paulista Tarcísio Freitas (Republicanos) reuniu donos de pousadas, hotéis e até colônias de férias nas áreas mais atingidas para discutir a acomodação dos desabrigados e, principalmente, dos que tiveram seus tetos levados pelas fortes correntezas.

O chefe do Executivo paulista já se reuniu com hoteleiros e propôs uma parceria, pela qual o Estado de São Paulo paga a hospedagem até que as casas que estão em construção para os desalojados sejam concluídas. “A gente vai fazer um levantamento e a ideia do Governo é comprar essas vagas na rede hoteleira”, disse o governador, falando cara a cara com os representantes da rede hoteleira.

Tarcísio, aliás, já autorizou integrantes do seu Governo a buscar pousadas, hotéis e colônias de férias para acomodar as famílias provisoriamente. Com isso, ao mesmo tempo que o Governo ameniza a dor e o sofrimento de uma gente desesperada, sem ter onde morar, libera para retomada das aulas as escolas da rede estadual e municipal de ensino que servem, no momento, para abrigo aos que perderam tudo, inclusive familiares.

O governador quer reabrir as escolas no próximo dia 6, prazo que deu aos donos de hotéis e pousadas para fechar a parceria. Pelos números oficiais há 3,5 mil pessoas desabrigadas e desalojadas. Nem todas perderam suas casas, o que implica num prazo menor de ocupação da rede hoteleira, mas os que tiveram seus tetos completamente destruídos ficariam em hotéis até o Governo entregar as casas em construção ou a serem construídas.

Em tempos tão bicudos de credibilidade no universo na gestão pública brasileira, do presidente da República ao mais simplório prefeito de uma cidade interiorana, uma decisão dessa natureza, a princípio, não é levada a sério pela população. Mas Tarcísio governa um Estado rico, tem credibilidade, foi o melhor ministro do Governo Bolsonaro, e não teria, a esta altura da sua vida pública, de ficar fazendo proselitismo em cima da desgraça alheia.

Ação prática – Até o Governo de São Paulo não construir casas para os desabrigados, a ideia é levantar casas temporárias para abrigar as famílias que vivem em áreas de risco. A construção será iniciada por meio de uma Vila de Passagem para abrigar imediatamente a população. “À medida que as edificações forem ficando prontas, a gente vai tirando as pessoas da Vila de Passagem e vai levando para as casas da CDHU”, afirmou Tarcísio. O esquema irá funcionar em sistema de rodízio. “Vamos tirar mais moradores de áreas em situação de risco e vamos colocá-los na Vila de Passagem, então iremos operar com esse sistema”, explicou.

Violência atinge até a Igreja – O maior desafio da governadora Raquel Lyra (PSDB) tem um capítulo à parte a ser escrito na área social: a crescente violência no Estado. Deixou de ser algo específico dos grandes centros na Região Metropolitana para se enraizar fortemente nos rincões. Sexta-feira passada, no então pacato distrito de Rajada, em Petrolina, Sertão do São Francisco, o padre Breno Gomes Paixão foi vítima de um atentado. Ele estava a caminho de um sítio quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram do seu veículo e efetuaram disparos de arma de fogo, um dos quais atingiu de raspão o pescoço dele, que chegou a ser socorrido e encaminhado a uma Unidade de Atendimento Multiprofissional Especializado (AME) de Rajada para receber os primeiros atendimentos.

Diocese se manifesta – Um inquérito policial foi instaurado pela Polícia Civil para investigar os autores e a motivação do crime. Ninguém foi preso. Padre Breno Gomes Paixão tem 43 anos e é administrador da quase paróquia de Nossa Senhora das Dores, no distrito de Rajada. Em nota, a Diocese de Petrolina informou que o sacerdote está consciente e “se encontra sob cuidados médicos, evoluindo satisfatoriamente no seu quadro clínico. Como restam fragmentos de bala na região do pescoço, a equipe que o acompanha realizará, nos próximos dias, novos exames e procedimentos”.

Fogo amigo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está sendo bombardeado pelo fogo amigo do PT. “Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, disse, em suas redes, a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann. Foi em resposta à entrevista do número dois de Haddad ao Estadão, Gabriel Galípolo, na qual ele defendeu a reoneração. Pela proximidade com Lula, o que Gleisi manifesta é lido na política como recado do próprio presidente. Num efeito cascata, o líder do PT na Câmara, o deputado Zeca Dirceu (PR), endossou a mensagem da presidente do PT. “A prorrogação da desoneração deve seguir na busca de não afetar o bolso da população”, afirmou também na rede social.

De volta – A governadora Raquel Lyra (PSDB) reassumiu, ontem, o comando do Governo do Estado depois de passar o Carnaval na Europa. Ela passou o cargo para a vice Priscila Krause na sexta-feira, dia oficial da abertura do reinado do momo. Apesar de não confirmado pela assessoria da tucana, Raquel passou a semana em Portugal com seus dois filhos, João e Nando, uma vez que ficou viúva há pouco mais de quatro meses e não estava em clima para Carnaval. O comando da operação do Carnaval ficou a cargo de Krause. No exercício de governadora, Priscila visitou várias cidades e focou na folia.

CURTAS

MENOR RENDA – Lula tem hoje, às 10h, no Palácio do Planalto, uma reunião com Fernando Haddad, o presidente da Petrobras e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Este último representa a ala política. Até agora, o chefe do Executivo assiste em silêncio à fritura de Haddad e de Jean Paul Prates promovida publicamente pelo PT.

ALA POLÍTICA – O estilo de deixar a divergência vir a público para que Lula arbitre é o mesmo que marcou os outros dois mandatos do petista. Desta vez, contudo, a agenda do presidente reforça que ele tem dado mais espaço para a ala política do governo.

Perguntar não ofende: Sai esta semana o restante do segundo escalão federal? 

Novo secretário nacional de Micros, Pequenas Empresas e Empreendedorismo, o ex-deputado federal Milton Coelho tem um plano para ampliar e modernizar as cadeias produtivas no País, especialmente em Pernambuco. Ele vai procurar a governadora Raquel Lyra para discutir sobre seu foco nesse sentido no Estado. Veja amanhã na Folha de Pernambuco.

Os riscos para a atividade econômica, o aumento da inadimplência e os sinais de maiores dificuldades financeiras enfrentadas por empresas devem desafiar a convicção do Banco Central sobre a manutenção do atual patamar de juros.

Para uma ala de economistas, os indícios mais recentes justificam uma reavaliação de cenário pelo BC, de forma a antecipar o corte de juros com o objetivo de estabilizar a atividade, mesmo com a inflação ainda longe da meta.

Para outros, porém, o risco fiscal —traduzido na expansão de despesas e na ausência de diretrizes concretas sobre o novo arcabouço de gastos— e a inflação resiliente ainda falam mais alto e inspiram cautela, justificando a manutenção da política monetária pelo BC. As informações são da Folha de S. Paulo.

Até pouco tempo atrás, o patamar de juros esteve na mira das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a defender publicamente um aumento na meta de inflação para abrir caminho à flexibilização do aperto monetário —a Selic está hoje em 13,75% ao ano— e ao crescimento da economia.

Nos últimos dias, o Ministério da Fazenda passou a emitir alertas mais contundentes sobre a possibilidade de uma crise de crédito no país.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que o governo e a equipe econômica estão focados em evitar uma crise de crédito e podem lançar mão de “políticas compensatórias”, sem detalhar quais.

O próprio BC tem feito considerações sobre a desaceleração das concessões de crédito e da atividade econômica e sobre a alta na inadimplência nas atas das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) desde outubro do ano passado.

Recentemente, o tema também surgiu em conversas de membros da instituição com integrantes do mercado financeiro.

O Comef (Comitê de Estabilidade Financeira), instância do BC focada na prevenção de riscos sistêmicos, também citou em relatório de novembro a existência de “incertezas a serem acompanhadas”.

“O endividamento e o comprometimento de renda das famílias têm aumentado. […]. No caso das pessoas jurídicas, observa-se o aumento dos ativos problemáticos nas empresas de menor porte. Assim, uma frustração substancial do desempenho da atividade econômica pode resultar em elevação do risco de crédito”, diz o documento.

A questão colocada por parte dos economistas é que, independentemente de eventual mudança na meta de inflação, a autoridade monetária pode ser levada a cortar os juros num cenário em que a piora da economia torna o “custo da desinflação” demasiadamente elevado.

Quem concorda com essa avaliação elenca alguns fatores, como a alta na inadimplência de pessoas físicas e de empresas, a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) e as dificuldades financeiras de companhias, algumas das quais recorreram à proteção judicial para conseguir negociar dívidas.

Segundo dados do BC, a inadimplência de pessoas físicas em operações com recursos livres passou de 4,4% no fim de 2021 para 5,9% em dezembro de 2022. No caso das pessoas jurídicas, o indicador saiu de 1,5% para 2,1% no mesmo período.

O caso Americanas, em que a descoberta de uma fraude contábil desnudou um montante de débitos bem maior do que se tinha conhecimento, também contribui ao ampliar a aversão dos bancos em conceder crédito.

“A forma como ele [Lula] abordou o assunto [dos juros] é ruim, mas no mérito talvez ele não esteja tão errado assim. É uma coisa nova, uma coisa que a gente está começando a enxergar e ficar preocupado”, afirma o economista Manoel Pires, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Pires lembra que, durante a pandemia, o próprio governo precisou estimular a tomada de crédito por empresas para que elas conseguissem ter caixa suficiente para honrar compromissos. Parte desses financiamentos foi tomada com Selic a 2% —11,75 pontos abaixo do patamar atual.

O aumento considerável do custo já havia levado o governo anterior a prorrogar o prazo de pagamento de linhas como o Pronampe, voltado a micro e pequenas empresas. Ainda assim, muitas estão sem fôlego para bancar o custo financeiro dessas dívidas.

“No começo do ano, começou a acender um sinalzinho de alerta de que talvez a gente esteja com juros um pouco alto demais e que, eventualmente, essa ideia de fazer um pouso suave, desinflacionar a economia desacelerando para um PIB de 0,5% a 1%, talvez não seja tão certa. Pode ser que comece a adentrar numa situação de retração mais significativa de atividade”, afirma Pires.

O Ibre/FGV projeta uma alta de 0,2% no PIB neste ano, mas isso considera o desempenho positivo da agropecuária. Sem esse impulso, já haveria uma recessão.

“Se isso for verdade, faz sentido discutir com o Banco Central alguma reavaliação do processo de desinflação para poder reduzir um pouco os juros”, diz o economista.

Em entrevista ao blog do CDPP (Centro de Debate de Políticas Públicas) no fim de janeiro, o economista Persio Arida, ex-presidente do BC, também disse acreditar em um movimento de corte nos juros.

“Diferentemente de outros analistas, penso que o próximo movimento do Banco Central deva ser na direção de iniciar um ciclo de baixa da taxa de juros. E por vários motivos: atividade econômica está fraquejando, temos uma crise de crédito latente e o real vem se valorizando”, afirmou.

Ao Brazil Journal, ele depois esclareceu que não tinha opinião sobre o momento mais propício para reduzir a Selic, mas reforçou a ideia central do argumento. “Os sinais de desaceleração econômica me parecem muito claros, e cabe ao Banco Central o papel de estabilizar a economia”, disse. Procurado pela Folha, Persio preferiu não fazer comentários adicionais.

Em relatório divulgado essa semana, a LCA Consultores diz que “contornar o risco de eclosão de uma crise de crédito demanda cuidadosa ação das autoridades econômicas e dos maiores ofertantes de crédito”. A instituição não descarta a possibilidade de o BC precisar recorrer a medidas emergenciais para ampliar a liquidez e irrigar os mercados, de forma a evitar um contágio da crise para o sistema financeiro.

“Uma contração aguda do crédito, ademais, poderia levar o Banco Central a antecipar um ciclo de redução da taxa básica Selic”, diz o documento. A LCA pondera, entretanto, que o timing do corte de juros, hoje previsto para o fim de 2023, dependerá também das perspectivas para as contas públicas e da eventual revisão das metas de inflação.

O economista Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, tem visão divergente. Ele não vê espaço para redução da Selic antes de 2024 diante da política de expansão fiscal adotada pelo governo Lula em meio a um cenário de inflação ainda resistente.

“O problema que nós temos é um desajuste da política macroeconômica. Também faz parte desse contexto a indefinição com a regra fiscal. O governo sequer tem convicção sobre voltar a tributar combustíveis”, afirma.

Na visão dele, o caso Americanas e o alerta sobre a crise de crédito no país se encaixam em um cenário microeconômico, no qual os efeitos se concentram em um segmento. Por isso, devem ser tratados a partir de medidas voltadas para o capital das instituições financeiras, como linhas emergenciais de financiamento.

“Não dá hoje para olhar episódios de crédito e dizer que a terapia para isso é a redução da taxa de juros”, diz Kawall. “A solução para esse problema não está em desarranjar a política monetária como um todo, porque vai afetar negativamente a economia como um todo.”

Faleceu, na tarde deste domingo (26), o empresário Cyro Ferreira da Costa, o terceiro descendente do português João Ferreira da Costa, nascido na freguesia de Campanhã, hoje um bairro da cidade do Porto, no Norte de Portugal.

Cyro tinha 92 anos e era considerado o responsável pelo novo modelo de negócios e de gestão que a tornaram a Ferreira Costa referência no setor no final do século passado. As informações são do colunista Fernando Castilho, do JC.

Ele foi também um pioneiro na adoção práticas de sustentabilidade ambiental, comerciais e respeito aos colaboradores, adotadas bem antes do conceito de ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês) começar a ser difundido no Brasil.

A contribuição de Cyro Ferreira da Costa à empresa virou uma referência no varejo moderno. Ele começou a trabalhar muito cedo, quando precisou ser emancipado aos 13 anos (ele nasceu em 1931) e assumir os negócios da família de comerciantes ao lado da mãe.

Isso aconteceu após a morte do pai João Ferreira da Costa Filho, em 1950, depois de uma longa batalha contra uma artrite que o levou aos Estados Unidos, em 1946, em busca de tratamento, na companhia de Cyro.

NOTA DA FERREIRA COSTA

É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento de Cyro Ferreira da Costa, hoje à tarde, em sua casa ao lado de sua família.

A dor é grande, mas fica a certeza de que ele deixou seu grande legado em vida.

O Grupo Ferreira Costa agradece a todos as mensagens de apoio nesse momento de luto.

Cyro Ferreira Costa era apaixonado pela educação e formação profissional de pessoas para o varejo. Ele fez questão de educar seus filhos para assumirem de forma moderna e os levou a ter experiências fora da empresa e adquirirem visão externa dos negócios. O seu filho Guilherme, por exemplo trabalhou na Arthur Andersen e seu irmão André Ferreira na PWC.

Os dois entraram na companhia depois de trabalharem como auditores nessas duas grandes empresas, estimulados pelo pai e empresário que se orgulha de seu inglês fluente e das viagens a diversos países na busca pela inovação.

Ele começou a organizar a Ferreira Costa procurando incorporar na pequena loja de 300 m² o que fosse possível de modernização, mantendo a tradição de comércio, que se iniciou em 1884 com seu avô João Ferreira da Costa, que escolheu Garanhuns para se fixar após a construção da ferrovia que ligou a cidade ao Recife, no prolongamento do trecho Recife-Catende.

Foi o pai de Cyro quem começou a estruturar a loja de secos e molhados, ferramentas e artigos diversos numa Garanhuns que era conhecida pela produção agrícola e dinamismo econômico. Especialmente pelo café, por ser um centro de negócios no chamado Agreste Meridional, e até pelo turismo devido ao clima frio em relação às cidades da microrregião.

Era apaixonado por contabilidade empresarial e em 1989 quando a loja de Garanhuns abriu já no formato de Home Center ela estava integralmente informatizada. Anos antes, em 1974, Cyro chegou a testar um “possante computador Olivetti de 2 kytes de memória” na contabilidade de loja, originando o atual CPD do grupo que dá suporte de Tecnologia da Informação às suas lojas.