Anunciada ontem para comandar o Ministério da Cultura no governo Lula (PT), a cantora Margareth Menezes falou sobre seus projetos sociais – a Fábrica Cultural e o Mercado Iaô – em entrevista ao editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no programa Nova Manhã da rádio Nova Brasil FM, que foi veiculada em 28 de outubro de 2021.
Na ocasião, a cantora e compositora baiana havia sido reconhecida pela MIPAD, instituição chancelada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que a homenageou como uma das pessoas mais influentes entre os descentes de africanos, colocando-a entre as ‘100 mais’ neste segmento no mundo em 2021.
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Na entrevista, Maga revelou estar “surpresa” pelo reconhecimento, sobretudo por não achar que as pessoas estavam acompanhando sua atuação fora dos palcos.
“Foi surpreendente. A gente não acha que tem alguém nos observando neste sentido, acompanhando o trabalho, a nossa carreira, porque tem coisas que existem e são feitas que não são populares, que a grande maioria das pessoas não sabe”, afirmou.
Parte dessa atuação fora dos palcos se dá pelo trabalho desenvolvido na Fábrica Cultural, organização social fundada em 2004, em Salvador, que tem como eixos estratégicos educação, cultura e sustentabilidade. A Fábrica também fomenta o trabalho de empreendimentos negros baianos por meio do apoio, qualificação e aceleração dos negócios criativos.
“São quase 17 anos em que criamos vários projetos de apoio ao empreendedorismo, que vieram beneficiar o jovem. Para as mulheres, criamos reciclagem com tecido, com lona, tivemos o ‘metacentro’, onde criamos reciclagem do lixo eletrônico, que foi um curso muito bacana”, lembrou a ativista.
A cantora também ressaltou que o trabalho com os jovens sempre teve o objetivo de trazer qualificação. “Não é como se fosse uma esmola, mas trazendo ferramentas, fazendo uma conexão onde as pessoas que precisam tenham acesso às ferramentas de transformação ligadas à educação e uma formação profissional, e isso a Fábrica Cultural faz o tempo todo. Então, esse movimento, esse pensamento sempre foi muito positivo para a comunidade”, pontuou.
Já o Mercado Iaô reúne afroempreendedores nas áreas de gastronomia, moda, artesanato e serviços criativos. Segundo a cantora, a iniciativa “foi uma ideia e um projeto de empreendedorismo”.
“Pensamos para dinamizar aquele espaço, onde a Fábrica Cultural está instalada. Era um espaço que estava abandonado e que há seis anos, a gente faz o Mercado Iaô, com exposição de culinária, apresentações, sempre das 10h às 20h. Nós fizemos cinco edições, e em 2020 teve a pandemia, fizemos uma versão digital, que culminou na Rede Iaô, que é de artesãos”, disse na época.
Margareth também destacou que o trabalho desenvolvido em ambos os projetos tem o objetivo de oferecer um retorno à sua comunidade, na Península de Itapagipe.
“Eu venho de lá, sou daquela comunidade, e é algo que tem sido importante, porque posso retornar para a minha comunidade, algo do que recebi com esse protagonismo e importância artística, trazer algum retorno para minha comunidade. Foi algo que veio naturalmente na minha carreira, que não foi fácil. Aqui na Bahia não foi fácil, como artista negra, por mais títulos, reconhecimento internacional e nacional, isso pra mim também é algo que questiono, mas não foi algo que me freou, e sempre procurei estar criando”, concluiu.
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