A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) presta depoimento nesta quarta-feira (24) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, em processo que pode levar à cassação de seu mandato.
Participando de forma remota, por videoconferência, Zambelli falou acompanhada do advogado Fábio Pagnozzi, enquanto segue detida na Itália, aguardando decisão sobre o pedido de extradição feito pelo Brasil. As informações são da CNN.
Leia maisDurante sua fala de defesa, Zambelli voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que acredita que será libertada em breve.
“Eu não estou foragida, estou exilada. Estou em prisão administrativa, não por um crime que cometi aqui na Itália. Respondo a um processo para saber se foi justo ou injusto, assim como a CCJ está fazendo agora. (…) Estou tranquila por saber que em breve não estarei mais presa, estarei em liberdade”, disse a deputada, alegando que o mandado de prisão assinado por Moraes é tratado como “broma” pelas autoridades italianas.
Zambelli também afirmou que o ministro tem uma “obsessão” por ela e reforçou sua confiança na Justiça italiana: “Eu confio na justiça italiana. A Itália é minha esperança agora. Vim para um lugar onde eu sei que eu sou cidadã italiana e não tem porque eu fugir.”
A deputada foi condenada pelo STF por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com auxílio do hacker Walter Delgatti.
Segundo a acusação, ela buscava adulterar documentos oficiais, incluindo a emissão de um falso mandado de prisão contra Moraes.
Após a condenação, o Supremo enviou à Câmara o pedido de perda de mandato da parlamentar.
Ao ser questionada sobre o relatório da Polícia Federal que trata dos dispositivos eletrônicos usados no esquema, Zambelli respondeu que “não se recorda”.
Ela também negou ter financiado diretamente Delgatti: “Dentro do processo e do relatório da Polícia Federal, está muito claro que eu não dei dinheiro nenhum a ele. O único valor que, indireta e teoricamente, ele teria recebido de mim foi de 3 mil reais, porque, na verdade, eu contratava uma empresa de divulgação de mandato, como vários dos senhores devem fazer, e ele, o Jean, subcontratou o Walter Delgatti para poder fazer esse link do site com as redes sociais. Então, eu não tive nenhuma contratação direta com o Walter Delgatti.”
Segundo Zambelli, o contrato previa pagamento de R$ 10 mil, mas apenas R$ 3 mil foram pagos porque Delgatti não teria cumprido o serviço.
“Tentei dar a ele uma oportunidade. Se vocês forem ver, isso era uma oportunidade de trabalho, mas ele não cumpriu. Ele teve acesso às minhas senhas para poder tentar fazer isso com o site, mas ele não cumpriu. E, por não cumprir — o contrato era de 10 mil reais —, por isso, não foram pagos os outros 7 mil reais”, disse Zambelli.
O processo na CCJ está sob relatoria do deputado Diego Garcia (Republicanos-PR). Antes de Zambelli, o colegiado já ouviu Walter Delgatti e o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Após o depoimento da deputada, o relator deve apresentar parecer, que será votado na comissão e, posteriormente, submetido ao plenário da Câmara.
Zambelli está licenciada do mandato desde que obteve autorização de 127 dias concedida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Sua vaga é ocupada temporariamente pelo suplente Coronel Tadeu (PL-SP).
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