Poder 360
O presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), Jean Lima, pediu demissão nesta segunda- feira (4). A estatal é vinculada à Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), comandada por Sidônio Palmeira.
Lima assumiu a chefia da EBC em 2023, depois que seu antecessor, Helio Doyle, foi demitido por criticar quem apoiava Israel no contexto do conflito na Faixa de Gaza.
Em carta enviada à Secom, Lima faz um balanço de sua gestão na estatal, dizendo que conseguiu avanços em separar a comunicação pública da programação governamental. Afirmou que deixa a TV Brasil em 5º lugar de audiência no país.
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“É com um misto de emoção e gratidão que me dirijo ao senhor para comunicar minha decisão de renunciar ao cargo de Presidente da Empresa Brasil de Comunicação. Esta escolha é difícil, pois minha trajetória à frente da empresa foi marcada por momentos significativos e desafiadores”, escreveu Jean em carta de demissão a qual o Poder360 teve acesso.
No texto, ele ainda agradece a Sidônio e ao ex-ministro Paulo Pimenta, quem o indicou para o cargo inicialmente, e se diz honrado em ter “contribuído” com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em resposta, o chefe da Secom também escreveu uma carta, na qual ele expressa gratidão pelo trabalho e pela “contribuição relevante” dele para a evolução da EBC.
“A ampliação da Rede Nacional, o fortalecimento do jornalismo público, os prêmios conquistados e o crescimento da audiência são reflexo de um trabalho comprometido com a democracia e o interesse público”, escreveu.
Jean Lima é doutor em história econômica pela USP (Universidade de São Paulo), e mestre em história social pela UnB (Universidade de Brasília), onde também se graduou em história.
Ele chegou à presidência da EBC em outubro de 2023, de forma interina, sendo confirmado no cargo no fim daquele ano. Antes de assumir a diretoria-geral da empresa, ele foi consultor no governo federal durante a gestão de Dilma Rousseff, quando atuou na Secretaria de Relações Institucionais. Trabalhou na elaboração, execução e monitoramento de políticas públicas nas áreas da educação e alimentação escolar.
Já ocupou a presidência da Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal) e do IpeDF (Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal) e foi coordenador-adjunto de articulação intergovernamental, coordenador-executivo do CDES- DF (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do DF) e secretário-adjunto de governo, na Secretaria de Estado de Governo do Distrito Federal.
DIRETORA FEZ CRÍTICAS
Em junho deste ano, a então diretora administrativa, financeira e de gestão de pessoas da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) Sabrina Gabeto Soares pediu demissão em uma carta recheada de críticas a Sidônio.
Ela dizia que, desde a posse do marqueteiro baiano, se manteve esperançosa de que as coisas melhorariam no ministério, mas a empresa tem sido dirigida como “estorvo” e sem intenção de olhá-la com outro viés senão o de confirmação.
No texto, Sabrina disse ainda que era “difícil entender” que uma empresa pudesse ser mais engessada que o Executivo. “Difícil também aceitar que a necessidade de mudanças estruturais profundas eram incompatíveis com o cenário político legislativo que se impõe. As estatais dependentes são um modelo institucional tão peculiar e esdrúxulo que até o momento a solução encontrada para suplantar os problemas deste modelo é o seu fim”, disse. Ainda na carta, ela diz que ficou esperançosa com a chegada de Sidônio Palmeira em 2025, mas que nada melhorou.
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