Por Tales Faria – Correio da Manhã
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), nem tenta criar suspense sobre a votação de hoje. A Proposta de Emenda Constitucional conhecida como PEC da Blindagem, será derrubada por ampla maioria de votos.
“Dezessete dos 27 membros da comissão já se pronunciaram publicamente contra, inclusive o relator, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE). Não há hipótese de passar”, disse Otto à coluna.
Leia maisEle não leva em conta nem mesmo a tentativa de aprovação de um substitutivo mais brando, cuja apresentação foi anunciada pelos senadores Ciro Nogueira (PP-PI), e Sergio Moro (PL-PR):
“Eles estão procurando uma saída honrosa. Se aprovassem o substitutivo diriam que chegaram a um texto pretensamente melhor. Aí o projeto volta para Câmara e, lá, a turma espera o momento apropriado para retomar o texto original. Temos que enterrar essa PEC aqui no Senado.”
O senador faz galhofa dos deputados que aprovaram a PEC na Câmara e se disseram arrependidos, ou que se enganaram: “Não sabiam no que estavam votando? Essa turma, então, tem que voltar para o Jardim de Infância.”
Otto Alencar avisa que a sessão começa às 9h e que colocará a “derrubada” da PEC da Blindagem como o primeiro item da pauta. “É hora de acabarmos com o mau cheiro dessas propostas”, afirma, apontando para a mudança de ares no ambiente político com o enfraquecimento do bolsonarismo.
De fato, mudaram os ventos no Congresso. Desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, impulsionado pelo clã Bolsonaro, aplicou um tarifaço contra as empresas brasileiras, a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só fez aumentar.
O centrão, que é a maior força no Congresso, passou a se sentir prejudicado pelo bolsonarismo, especialmente pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Os partidos do centrão concluíram que Eduardo e o ex-presidente Jair Bolsonaro foram longe demais. Passaram a considerar “tóxicas” a insistência do clã em aprovar uma anistia que atenda ao ex-presidente, atrapalhando a aprovação da proposta de redução de penas para a chamada “raia miúda”, ou seja, os condenados pela invasão das sedes dos Três Poderes.
A reação da opinião púbica contra a blindagem e as manifestações de rua afastaram o centrão. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), revelou que o vento agora sopra contra os bolsonaristas: proibiu Eduardo de assumir como líder da Minoria. Autoexilado nos EUA, o deputado agora corre sério risco de ser cassado.
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