O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto de lei da Dosimetria, que deve reduzir as penas de envolvidos em atos golpistas, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou que espera ter o projeto votado na terça-feira da próxima semana. Ele se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta terça-feira e disse que há um avanço para um acordo sobre o relatório.
— Estive com o Hugo, conversamos, vamos fazer o texto até amanhã (quarta). Falamos sobre vários pontos do texto, que vai passar por ajustes. Podemos apresentar amanhã à noite ou na próxima segunda-feira, e aí votaríamos na terça — afirmou o relator. As informações são do jornal O GLOBO.
Leia maisA iniciativa articulada por Paulinho vem perdendo fôlego. No dia 17 de setembro, quando a urgência foi aprovada na Câmara, possibilitando uma análise diretamente em plenário, o texto tratava de uma anistia ampla e irrestrita.
A possibilidade de perdão total a condenados pela tentativa de golpe de Estado, caso de Jair Bolsonaro e aliados, gerou reações. Ao assumir a relatoria, no dia seguinte, o deputado Paulinho da Força disse que o debate sobre anistia ampla tinha ficado para trás e renomeou a proposta como PL da Dosimetria, focada na redução de penas.
Um dos motivos de o projeto da Dosimetria enfrentar dificuldades é a desconfiança momentânea entre a deputados e o Senado, que rejeitou a PEC da Blindagem aprovada pela Casa ao lado. O texto aumentava a proteção de parlamentares que são alvos de ações na Justiça Parlamentares que negociam o projeto de redução de penas afirmam que a falta de interlocução do relator com Alcolumbre tem travado o avanço da medida.
Deputados relatam que, sem um aceno do senador, a Câmara não pretende votar o texto sobre a dosimetria para não repetir o desgaste. Mesmo com a posição contrária do partido de Bolsonaro, aliados do relator também contam com os votos de uma parte da bancada do PL para o parecer.
Ainda que o bolsonarismo insista em uma anistia, o relator do texto conseguiu dialogar com nomes da oposição, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e os presidentes do PL, Valdemar Costa Neto, e do PP, senador Ciro Nogueira (PI).
Paulinho já disse que a sua versão da proposta vai ser o suficiente para tirar todos que hoje estão presos por estarem nos atos do 8 de janeiro de 2023, além de beneficiar também Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar a trama golpista.
De acordo com deputados, uma das versões do texto, que ainda não é definitiva porque o relatório não foi protocolado, reduz as penas e unifica os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de Direito, além de reduzir os crimes de dano qualificado e de deterioração de patrimônio tombado. Com isso, a pena de Bolsonaro teria uma redução que poderia ser de 7 a 11 anos.
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