Por Eduarda Feitosa*
Era domingo (09), quase 22h, quando o celular notificou mensagens do amigo Magno Martins, trazendo os áudios do seu programa Sextou, que fará uma homenagem a Vital Farias, o poeta paraibano que nos deixou na última semana. Respondi dizendo que seria minha companhia para o treino desta segunda-feira.
Confesso que vi as manchetes sobre a morte de Vital, mas não me atentei para a grandiosidade da sua obra. Enquanto fazia meus 30 minutos de esteira, ouvi a introdução do programa e seu segundo bloco. Já nos primeiros 15 minutos, Magno presenteia o ouvinte com uma verdadeira aula sobre esse gênio da cultura popular.
Leia maisTalvez você, assim como eu, não conhecesse tão bem esse tal Vital, mas certamente já ouviu: “Não se admire se um dia um beija-flor invadir a porta da tua casa, te der um beijo e partir”. Essa música embalou um grande amor que vivi anos atrás, quando o então amado partia para trabalhar em outras cidades.
E quem nunca se emocionou com “Veja você, arco-íris já mudou de cor, uma rosa nunca mais desabrochou, e eu não quero ver você”, escrita por Vital em 1975 e eternizada por Geraldo Azevedo? Que presente! Meu treino nunca foi tão leve, embalado por essa riqueza da cultura popular.
“Eu nasci num lugar muito humilde, de muita ignorância intelectual”, disse o poeta em uma entrevista a Jessier Quirino, em trechos reproduzidos pelo programa de Magno. Em quase uma hora, mergulhei profundamente nessa história, nessa sensibilidade e no que considero ser o mais valioso no ser humano: boas histórias para contar.
Nasci e passei parte da minha vida em Caruaru. Meu pai, radialista, sempre celebrava aniversários ao lado de nomes como o poeta Petrúcio Amorim. O gosto pela cultura popular floresceu ainda mais quando produzi um programa de rádio chamado Pernambuco Cultural para a agência de notícias do Governo do Estado, na primeira gestão do ex-governador Paulo Câmara.
Desde então, me emociono, me encanto e sinto cada palavra das músicas porque são elas que eternizam momentos. Com o Sextou, voltado para a música, Magno presta mais um grande serviço aos ouvintes, especialmente ao enaltecer os grandes talentos do Nordeste, tanto da velha guarda quanto da nova geração, que não deixa a cultura popular morrer.
Torço para que minha geração, que se aproxima dos 40, continue a valorizar o que temos de mais rico, e rezo para que os mais jovens, como meus irmãos adolescentes, cresçam entendendo a importância de preservar nossas raízes.
Por fim, convido vocês a ouvirem esse programa belíssimo, que vai ao ar na próxima sexta-feira (14/02), pela Rede Nordeste de Rádio, formada por 44 emissoras, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha (FM 96,7), no Recife.
Entre as emissoras que transmitem está a Rádio Cidade (FM 99,7), em minha Caruaru, além de outras emissoras do Estado e de regiões vizinhas como Paraíba, Alagoas e Bahia.
*Jornalista
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