Por José Nivaldo Júnior – Jornal O Poder
A verdadeira razão nunca está nos comunicados e versões oficiais. Como é comum na política, as palavras oficiais camuflam mais do que revelam. O fato: caiu ontem o secretário da Fazenda do Governo de Pernambuco. Considerou cumprida sua missão, mesmo estando pela metade. Só que o gatilho da demissão vinha sendo armado há tempo.
A notícia não é nova, mas esta semana ganhou repercussão nacional. A vice-governadora, na soma dos períodos em que substituiu a governadora de Pernambuco, ordenou movimentações financeiras atípicas no orçamento da Saúde, que alcançam um total até agora sabido de R$ 102 milhões de reais. A reportagem chegou a esse montante usando uma simples calculadora. A governadora já sabia que a vice tinha aproveitado interinidades anteriores para beneficiar a empresa da família, entidade localizada em Garanhuns, no Agreste pernambucano. Até porque o assunto já tinha sido tratado pela imprensa lá atrás.
Leia maisA novidade da semana foi a revelação do Portal Vero Notícias de que, na sua interinidade em março deste ano, a vice-governadora remanejou recursos e fez transferências disfarçadas em mais de vinte parcelas, que somadas alcançaram cerca de R$ 3 milhões em março. A repercussão negativa incomodou o Palácio. O Campo das Princesas tremeu. Como a vice não pode ser demitida e tem forte parceria administrativa e política com a governadora, acabou sobrando para o Secretário da Fazenda, demitido ontem.
A governadora Raquel Lyra (PSD) anunciou, ontem, por meio de nota oficial, a troca no comando da Secretaria da Fazenda. A mudança ocorre dias após revelação de que o hospital ligado à família da vice-governadora, Priscila Krause (PSD), recebeu R$ 3 milhões durante período em que esteve interinamente no governo.
Uma das características do governo Raquel Lyra é a altíssima rotatividade do primeiro escalão. A grande maioria das 21 trocas de Secretários ocorridas até agora, têm ligação com a resistência dos titulares em cumprir ordens da governadora com a qual não concordam. Foi o caso de ontem.
Segundo fontes dos bastidores, a saída do secretário Wilson de Paula teria ocorrido após ele alertar o governo estadual sobre a dificuldade em justificar os repasses feitos à Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Antes de trabalhar em Pernambuco, Wilson de Paula, o antecessor, comandou a economia do GDF durante a gestão de Rodrigo Rollemberg. É considerado no meio um técnico sério e competente. Vinha fazendo um bom trabalho, segundo especialistas do setor. Discordou, dançou.
É isso. Como é regra aqui em O Poder, todas as versões dos citados serão acolhidas de imediato e com o mesmo destaque.
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