Passado o feriado de Carnaval, o Congresso Nacional deve retomar o ritmo dos trabalhos legislativos a partir desta segunda-feira (19). Com isso, segundo interlocutores, o Palácio do Planalto espera um “clima tranquilo” para conseguir aprovar as matérias de interesse.
As relações com o Parlamento estavam estremecidas desde o ano passado, quando o governo enfrentou dificuldades na articulação. A relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava mais acirrada com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). As informações são da CNN.
Durante a abertura do ano Legislativo, no início do mês, Lira subiu o tom e, em recado ao Planalto, disse que os parlamentares “não foram eleitos para serem carimbadores” das propostas do Executivo e que o Orçamento da União deve ser construído em contribuição com o Legislativo.
Em 9 de fevereiro, Lula e Lira se reuniram para acertar os pontos. Após o encontro, assessores palacianos acreditam que está tudo “zerado” entre os dois.
Do lado da Câmara, porém, deputados condicionam uma boa relação desde que o governo cumpra os acordos propostos, principalmente os relacionados à liberação e ao pagamento de emendas.
Um dos maiores embates entre Executivo e Legislativo tem relação com o veto de Lula de R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão do Orçamento de 2024. Os recursos são destinados à Câmara e ao Senado.
Nos próximos dias, Lula deve se reunir com lideranças do Congresso e sua equipe de coordenação política para discutir a pauta e outros assuntos de interesse do Planalto.
Parlamentares ainda lembram que, por conta das eleições municipais de outubro, o ano dentro do Congresso será mais curto. Com isso, as votações parlamentares devem se concentrar no primeiro semestre, o que deve demandar um esforço maior do governo para articular com deputados e senadores.
Reoneração da folha
Do lado do Senado, é esperado que o governo revogue a medida provisória que trata da reoneração da folha de pagamento. A MP foi editada no fim do ano passado, poucas semanas após deputados e senadores decidirem pela prorrogação da desoneração da folha de 17 setores.
Parlamentares veem o texto como uma afronta à decisão do Congresso e defendem a devolução da matéria ao Palácio do Planalto. O governo, por outro lado, tenta articular uma saída. As conversas tiveram início nos primeiros dias do ano e seguem na pauta nas próximas semanas.
A proposta que mais ganha força no momento é a de manter a medida provisória no Congresso, sem revogá-la, mas enviar um projeto de lei com o mesmo tema.
A ideia, segundo interlocutores, é que o texto do projeto tramite ainda durante a vigência da MP e seja aprovado até o dia 1º de abril, quando as regras da medida editada pelo governo no ano passado começam a valer.
A jornalista Jô Mazzarolo foi escolhida, por unanimidade, para ocupar a cadeira 14 da Academia Pernambucana de Letras (APL), vaga deixada após o falecimento da pianista Elyanna Caldas. A eleição ocorreu na última segunda-feira e reuniu 30 votantes, todos favoráveis ao nome da comunicadora, que passa a integrar oficialmente o quadro de imortais da instituição.
Com carreira consolidada no jornalismo brasileiro, Jô Mazzarolo nasceu em Veranópolis, no Rio Grande do Sul, em janeiro de 1960, e iniciou sua atuação profissional na RBS, afiliada da Globo, em 1984. Ao longo das décadas seguintes, esteve envolvida em algumas das principais transformações das redações da emissora, ocupando funções de liderança em telejornais de grande alcance.
Foi editora do Jornal Hoje e chefe de produção tanto do Jornal Nacional quanto do Jornal da Globo, além de ter comandado por 23 anos a diretoria de jornalismo da Globo Recife. Em sua produção autoral, Jô reúne parte dessa experiência no livro “Mude o conceito – Quando inovação não é opção”, obra em que discute os desafios contemporâneos da comunicação e o impacto da inovação no fazer jornalístico. A data da cerimônia de posse será divulgada posteriormente pela Academia.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu, hoje, que apenas a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode denunciar ministros da Corte ao Senado por eventuais crimes de responsabilidade – motivo que pode levar ao impeachment.
Conforme a decisão, “somente o Procurador-Geral da República pode formular denúncia em face de membros do Poder Judiciário pela prática de crimes de responsabilidade”. Antes, a lei permitia que essa fosse uma prerrogativa de “todo cidadão”.
“A intimidação do Poder Judiciário por meio do impeachment abusivo cria um ambiente de insegurança jurídica, buscando o enfraquecimento desse poder, o que, ao final, pode abalar a sua capacidade de atuação firme e independente”, diz Gilmar Mendes, na decisão.
Segundo o ministro, isso se justifica porque, “os juízes, temendo represálias, podem se ver pressionados a adotar posturas mais alinhadas aos interesses políticos momentâneos, em vez de garantirem a interpretação imparcial da Constituição e a preservação dos direitos fundamentais”.
Na prática, isso promove uma trava a pedidos de abertura de processos contra ministros do Supremo. A decisão foi tomada pelo ministro de forma monocrática (sozinho), e ainda precisa ser referendada pelos demais ministros da Corte. A decisão restringe a atuação política e parlamentar contra ministros do STF. Deputados e senadores não podem mais formalizar denúncias contra ministros. Ainda cabe aos senadores, porém, julgá-los.
A norma também prevê que o entendimento dos ministros sobre algum processo específico não pode ser argumento para alegar que houve crime de responsabilidade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, hoje, o impasse com o Legislativo em relação à indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). “Sinceramente, eu não entendo o porquê da polêmica, não é o primeiro ministro que eu indico”, disse Lula. “Eu não sei por que foi transformado num problema político dessa monta, eu espero que seja resolvido”, afirmou. As informações são do portal G1.
O presidente indicou Jorge Messias para assumir a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso – que pediu aposentadoria antecipada da Corte – em 20 de novembro, horas antes de embarcar para uma viagem internacional. O anúncio gerou mal-estar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Ele disse não ter sido avisado previamente que seria feita a indicação. Alcolumbre defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga.
Dias depois, o presidente do Senado marcou a sabatina de Messias para 10 de dezembro, pouco tempo após o anúncio. Lula, no entanto, ainda não enviou uma carta oficial ao Congresso, formalizando a escolha. Sem a comunicação oficial, não é possível realizar a sabatina. A preocupação do governo era que Messias não tivesse tempo hábil para conversar com parlamentares, e não tivesse o número de votos necessários para a aprovação: 41 dos 80 senadores. Com a demora no envio da carta, Alcolumbre cancelou a sabatina nessa terça-feira (2).
Questionado sobre a questão política, Lula disse “não entender o porquê da polêmica em torno da escolha”. “Não é o primeiro ministro que eu indico. Eu já indiquei oito ministros. Eu simplesmente escolho uma pessoa, mando para o Senado, e o Senado, então, faz um julgamento para saber se a pessoa está qualificada ou não”, disse Lula.
“Eu estou muito tranquilo com relação a isso, eu cumpri com o meu papel, mandei um nome que entendo que tem qualificação profissional para ser ministro da Suprema Corte. Qualificação comprovada”, prosseguiu o presidente. O presidente deu a declaração em entrevista à TV Verdes Mares, de Fortaleza, afiliada da TV Globo.
O cancelamento da sabatina de Jorge Messias pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), abriu um intervalo político crucial para o governo, mas também expôs com mais nitidez o mal-estar gerado pela escolha do advogado-geral da União, Jorge Messias, em detrimento do nome preferido pela maioria dos senadores: Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A decisão de suspender o calendário, antes visto como rígido e final, permite ao Palácio do Planalto ganhar dias decisivos para tentar consolidar votos. A avaliação interna, porém, é que qualquer adiamento que empurre a sabatina para perto da eleição de 2026 aumenta o risco de contaminação eleitoral e pode comprometer a própria viabilidade da indicação.
O relator da indicação de Messias, o senador Weverton Rocha (PDT-MA), por exemplo, chegou a falar que seria melhor para o governo resolver o assunto antes de acabar o ano. A avaliação é que deixar para o ano que vem deixará o cenário mais nebuloso e suscetível às disputas políticas que vão se avolumar com a proximidade do calendário eleitoral.
Senadores alertam que é preciso calibrar o processo. Isso porque uma negociação arrastada pode se tornar mais difícil. A eleição para renovar o comando do Senado – na qual Pacheco desponta como peça central – coloca uma camada adicional de tensão no tabuleiro.
Para parte da Casa, qualquer votação de indicação ao STF durante o ano eleitoral tende a ser atravessada por disputas internas, alianças em mutação e cálculos de sobrevivência política. A percepção geral é que o Planalto ganhou tempo – mas não necessariamente terreno. E, quanto mais o relógio avançar em direção a 2026, mais caro custará cada voto.
Alcolumbre justificou o cancelamento alegando “interferência no cronograma” por parte do Executivo. Segundo ele, o Senado foi surpreendido pela ausência da mensagem presidencial que formaliza o nome de Messias, documento indispensável para que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) abra o processo. A nota enviada aos senadores elevou o tom.
“A omissão, de responsabilidade exclusiva do Poder Executivo, é grave e sem precedentes. É uma interferência no cronograma da sabatina, prerrogativa do Legislativo”, escreveu o presidente do Senado, acrescentando que o calendário inicial buscava garantir a votação ainda em 2025, evitando arrastar o tema para o próximo ano.
Apesar do alívio momentâneo para o Planalto, cresce no Senado a preocupação de que o governo esteja ganhando tempo sem uma estratégia clara de consolidação de votos.
A falta de votos para a aprovação de Messias era admitida até por aliados de primeira linha do Planalto, que viram no cancelamento um “freio técnico” com função política: segurar o processo até que Messias consiga reconstruir pontes e desfazer resistências, sobretudo entre os aliados de Pacheco.
Esse movimento ficou ainda mais evidente no momento do anúncio. A leitura do cancelamento ocorreu enquanto Messias visitava o gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM). Aziz relatou que o AGU ouviu o comunicado sem reagir – e descreveu a conversa que havia tido minutos antes:
“Eu disse para ele: “Não tenho nada contra você, Jorge. Acontece que houve uma frustração dos senadores na não indicação do Rodrigo Pacheco, isso aí houve”. Falei para ele e é verdade, havia uma expectativa de que o Rodrigo fosse indicado, agora quem indica é o presidente (Lula). Ele (Messias) falou que não tem nada, que ele não se articulou politicamente para isso”, declarou Aziz.
O senador contou também que Alcolumbre já havia antecipado a decisão, em conversa reservada pela manhã. “O Davi já tinha conversado comigo pela manhã, nós falamos sobre isso, e a decisão estava tomada”, disse. Para Aziz, o adiamento abre espaço para articulação mais cuidadosa. “O adiamento dá a ele mais tempo para conversar com todos os senadores. A mensagem ainda não chegou, então agora ele tem tempo para fazer essas conversas”, afirmou.
O Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE) iniciou, ontem, uma intervenção no quilômetro 34 da BR-232, entre o distrito de Bonança, em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, e Moreno, na Região Metropolitana do Recife. O serviço é feito no sentido capital-interior da rodovia.
Por causa da interdição, os motoristas que trafegam pela BR estão sofrendo com congestionamentos de mais de 1h, causando atrasos em seus compromissos. A obra tem como finalidade recuperar 83 placas de concreto do pavimento rodoviário. Os serviços têm previsão de duração total de 30 dias consecutivos.
Durante a intervenção, um desvio temporário estará em funcionamento entre os quilômetros 34 e 34,5. A alteração no tráfego deve permanecer ao longo de todo o dia e da noite. A intervenção também deve impactar diretamente as viagens de Natal e Réveillon, períodos de fluxo intenso na rodovia. Motoristas que seguem para o interior poderão enfrentar atrasos ainda maiores e aumento no tempo de deslocamento.
A capa do meu mais novo livro traz uma cadeira vazia. Uma cadeira simples, gasta e solitária – como as que tantas vezes encontrei nas salas das escolas municipais do Brasil. Essa cadeira vazia simboliza décadas de atraso: crianças sem diagnóstico, professoras sem apoio, famílias exaustas, políticas improvisadas e um Estado que sempre chega tarde.
É o retrato cru do “antes”, daquilo que a inclusão nunca conseguiu ser. A cadeira vazia revela omissão, distância e invisibilidade. Ela denuncia, em silêncio, um país que fingiu não ver o óbvio: milhões de crianças esperando por aquilo que sempre lhes foi direito.
Mas o meu livro, Crianças Invisíveis: Quando a inclusão bate à porta da prefeitura, que será publicado pela Editora IGEDUC, não se limita a denunciar. Ele apresenta o caminho possível. Pela primeira vez, organizamos quarenta protocolos oficiais de inclusão educacional e quarenta ferramentas operacionais que substituem improviso por método, dúvida por clareza e medo por segurança.
Entre esses instrumentos estão o Plano Pedagógico Individualizado, que documenta o primeiro olhar técnico da escola; o Protocolo de Avaliação Inicial, que identifica as necessidades reais da criança; e o Plano Educacional Individualizado da Criança, que reúne metas, estratégias e adaptações para garantir aprendizagem real.
A eles se somam o Registro de Ocorrência Protetiva, que dá segurança jurídica e pedagógica; o Mapa de Regulação Emocional, que prevê crises antes que aconteçam; a Matriz Técnica de Apoios Pedagógicos, que define adaptações concretas; e a Matriz Técnica de Apoios Humanos, que determina, com responsabilidade, a necessidade e a carga horária de cuidador, monitor ou mediador.
Essas ferramentas existem porque não podemos mais pedir a professoras que façam sozinhas o impossível. Não existe inclusão verdadeira em escola que trabalha sem diagnóstico, sem formação, sem apoio emocional e sem proteção institucional. O país precisa admitir que não fracassou por falta de leis, mas por falta de estrutura. A inclusão não se sustenta em frases de efeito. Sustenta-se em método, rotina, registro, responsabilidade e coragem.
Essa arquitetura também foi criada porque os municípios carregam o Brasil nas costas. A União legisla, promete, publica documentos técnicos e discursos generosos, mas não entrega equipes multiprofissionais, não garante financiamento contínuo, não fornece sistemas de diagnóstico precoce, não sustenta o Atendimento Educacional Especializado e não acompanha a realidade concreta das escolas. Quem acolhe a criança é o município. Quem escuta a família é o município. Quem enfrenta a crise é o município. Quem responde ao Ministério Público é o município. Quem ampara professores é o município. Quem sustenta a inclusão é o prefeito, a prefeita, a diretora, a professora e o cuidador.
Por isso, defendo prefeitos e prefeitas. Eles não são culpados pelo que falta; são heróis silenciosos pelo que fazem. Eles não erram por negligência; erram tentando acertar sem apoio. Eles não falham por incapacidade; falham porque a estrutura federativa brasileira empurra tudo para o nível municipal sem entregar condições mínimas. É por conhecer essa verdade que escrevi este livro. E é por isso que o Instituto IGEDUC – que não lança apenas um livro, mas um movimento – decidiu entregar ao país uma nova imagem: a cadeira colorida e honrada do Prêmio Município Amigo da Inclusão Educacional (TEA e TDAHs).
Essa cadeira – a do prêmio – simboliza o “depois”. Ela é o oposto da cadeira vazia da capa. Não está gasta: está viva. Não está esquecida: está celebrada. Não está abandonada: está elevada. Ela não denuncia ausência; ela anuncia compromisso. A cadeira da capa mostra o problema; a cadeira do prêmio mostra a resposta. A primeira pergunta “por que ninguém está aqui?”. A segunda pergunta “quem terá coragem de ocupar este lugar?”. A transição de uma cadeira para a outra representa mais do que metáfora visual: representa a travessia do Brasil entre o abandono e a ação.
E o país precisa dessa travessia. Para isso, precisamos sensibilizar a classe política, que deve compreender que inclusão não é marketing, é método. Sensibilizar os Tribunais de Contas dos Estados, que precisam abandonar a leitura meramente formal e compreender o impacto humano das decisões. Sensibilizar os Ministérios Públicos, que não podem atuar apenas na emergência judicial, mas também na construção de políticas duradouras. Sensibilizar as famílias de crianças com TEA e TDAH, que tantas vezes choraram sozinhas, sem saber se estavam errando ou acertando.
Sensibilizar os governos estaduais e o governo federal, que historicamente deixaram os municípios sozinhos. Sensibilizar o Legislativo, que pode transformar boas práticas em políticas de Estado. Sensibilizar o Judiciário, para que decisões bem-intencionadas não sobrecarreguem as escolas. Sensibilizar a OAB/PE, que tem papel decisivo na defesa dos direitos das crianças. Sensibilizar a imprensa, que pode romper o ciclo de silêncio. Sensibilizar a sociedade, porque inclusão não é caridade – é justiça.
É também urgente sensibilizar os professores. Não existe inclusão verdadeira sem professor protegido, formado e emocionalmente seguro. Todo professor precisa ter clareza de que não está só. Inclusão não pode ser uma exigência, mas uma parceria real entre gestão, equipe técnica, família e território. O professor não deve carregar sozinho a responsabilidade do Estado.
E, ao final, sensibilizar o país para uma verdade simples e inegável: quando o município ocupa seu lugar, a inclusão ocupa o país.
E quem disse que seria fácil? Incluir nunca foi fácil. Reconstruir nunca foi fácil. Transformar nunca foi fácil. Mas está acontecendo. E ninguém poderá alegar desconhecimento: o Brasil não aceitará mais cadeiras vazias. As cadeiras que prefeitos e prefeitas precisam ocupar já estão diante deles. As cadeiras que o Estado brasileiro precisa assumir já estão prontas. As cadeiras que nossas crianças merecem já estão preparadas. Agora é unir forças, ampliar vozes e convocar consciências.
Se existe um legado que desejo deixar com este livro e com esta cadeira é este: nunca mais permitir que uma criança fique de pé, invisível, aguardando que alguém assuma a responsabilidade que sempre foi de todos nós. O Brasil não precisa ser perfeito; precisa ser valente. E valentes são aqueles que ocupam as cadeiras certas, no momento certo, pelo motivo certo: nossas crianças.
Nenhuma cadeira vazia. Nenhuma criança invisível.
*Advogado, mestre em Educação pela UFPE, fundador do Instituto IGEDUC e presidente do ICE – Instituto Confraria da Educação
O discurso de vitimização adotado, mais uma vez, pela governadora Raquel Lyra (PSD) na inauguração da barragem de Panelas, em Cupira, ontem, não encontra respaldo nem mesmo na dinâmica recente da política local. Basta lembrar que o ex-governador Paulo Câmara enfrentou vaias em diversos eventos nos quais esteve ao lado do presidente Lula – episódios públicos e amplamente noticiados.
Ou seja, pressão, desgaste e cobrança não são fenômenos exclusivos, muito menos dirigidos a ela por alguma condição pessoal. Fazem parte do jogo político e tratá-los como prova de perseguição acaba soando mais como um recurso retórico do que como uma análise honesta do cenário.
Nesse sentido, transformar essa narrativa em uma muleta para se apoiar no discurso da diversidade pode soar desproporcional. A pauta é séria, necessária e legítima, mas perde força quando usada como escudo para críticas que, na verdade, dizem respeito a gestão, decisões e rumos políticos – dimensões que qualquer governante, homem ou mulher, precisa enfrentar.
Além disso, causa certo estranhamento a forma como a própria governadora se coloca, no mesmo discurso, como uma “referência” para as mulheres. Autoelogios raramente produzem boa impressão; soam calculados, artificiais e até desconectados da percepção pública.
Referência é algo que se conquista pelo conjunto das ações, e não pela autodeclaração. Quando um líder precisa afirmar isso sobre si mesmo, cria-se quase sempre o efeito inverso: o público tende a receber a mensagem com desconfiança.
Por exemplo, ela não foi referência para as mulheres quando, nas duas oportunidades que teve de indicar uma desembargadora mulher para o Tribunal de Justiça de Pernambuco, seguiu o caminho oposto.
Em vez de buscar abrigo em narrativas vitimistas ou em autopromoções, seria mais eficaz enfrentar diretamente as críticas e apresentar resultados concretos. É isso, no fim, que consolida liderança – especialmente para quem deseja, de fato, ser visto como exemplo.
Daqui a pouco, a partir das 9 horas, participo da última assembleia do ano do ComagSul, o consórcio de prefeitos da Mata e do Agreste de Pernambuco. A convite do presidente da instituição, Josué Mendes (PSB), prefeito de Agrestina, farei uma apresentação do meu livro ‘Os Leões do Norte’, que está sendo difundido em todas as escolas do Estado como manual de pesquisa.
Amanhã, às 10h, será a vez de Bonito receber ‘Os Leões do Norte’, o evento acontece no colégio Paulo Viana de Queiroz, com apoio do prefeito Rui Barbosa (PSB). Na sexta-feira, enfim, encerro o agendão em Catende, às 10h, na quadra da escola Álvaro do Rêgo Barros, com apoio da prefeita Dona Graça.
‘Os Leões do Norte’ é resultado de uma extensa pesquisa jornalística e historiográfica, envolvendo 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco, que exerceram mandatos entre 1930 e 2022. Trata-se de uma contribuição essencial para a preservação da memória política e institucional do Estado, destacando o papel de Pernambuco como berço de lideranças que marcaram a história nacional.
O livro ainda conta com design gráfico, capa e caricaturas de Samuca Andrade, além de ilustrações de Greg. ‘Os Leões do Norte’ homenageia os líderes que ocuparam o Palácio do Campo das Princesas e também promove o debate sobre seus legados, suas contradições e o impacto de suas gestões.
“Até 2030, o trecho pernambucano da Transnordestina deve estar pronto”, diz Alex Azevedo
Por Larissa Rodrigues – repórter do Blog
Entusiasta dos investimentos em ferrovias, o advogado e engenheiro Alex Azevedo, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), desde setembro deste ano, garantiu que o trecho da Transnordestina que beneficia Pernambuco deverá ficar pronto nos próximos cinco anos. A obra é uma das principais sob fiscalização da Agência e foi paralisada no Governo Bolsonaro (PL). Mas o edital de licitação da retomada no trecho a partir de Salgueiro, no Sertão, já foi publicado.
Alex Azevedo foi o entrevistado de ontem (2) do podcast ‘Direto de Brasília’, comandado pelo titular deste blog, em parceria com a Folha de Pernambuco. Para ele, investir em ferrovias é caro, mas necessário. Quando assumiu o comando da ANTT, Alex se comprometeu com a Transnordestina.
“É uma obra de décadas que começa a se concretizar. São 680 quilômetros e a ANTT tem papel central em garantir que ela cumpra sua função de integrar a região e abrir novas oportunidades de desenvolvimento. Esse será um dos nossos grandes focos”, enfatizou, no discurso de posse.
Ontem, destacou a necessidade de ampliar a malha ferroviária brasileira. “Um país como o nosso, com o potencial que temos, a riqueza que produzimos, do agro, as exportações que temos, tudo que somos e queremos ser ainda. Então, temos que ter uma malha ferroviária que transporte essa riqueza”, asseverou Alex.
De acordo com o diretor, o trecho de Salgueiro até Suape está na Infra s/a, uma empresa que juntou a Valec Engenharia com a EPL, de planejamento e logística. “Ela está também sob o guarda-chuva do Ministério dos Transportes e é a maior empresa de logística e de projetos do país. Ela vai licitar a obra”, relatou, destacando que os recursos serão do Orçamento Geral da União.
Ainda segundo o diretor, já há R$ 3 bilhões para o início das obras em Pernambuco. O total da ferrovia na região está orçado em R$ 15 bilhões, dinheiro, de acordo com Alex, que vem do Fundo Nacional do Desenvolvimento do Nordeste e da Sudene, além do Orçamento Geral da União. “Posteriormente, esse trecho também será concedido”, destacou.
Decisão equivocada – Paralisar as obras da Transnordestina em Pernambuco foi uma “decisão equivocada” de Bolsonaro, segundo Azevedo. “A Transnordestina são 1.700 quilômetros. O projeto original começa em Eliseu Martins, no Piauí, vai até Salgueiro, sobe até Pecém, no Ceará, e vai de Salgueiro até Suape, no Porto de Pernambuco. O governo passado, penso que numa decisão equivocada, determinou que o trecho entre Salgueiro e Suape inviabilizaria economicamente o trecho do Piauí até o Ceará. O governo atual, sensível às reivindicações, não só de Pernambuco, assumiu o compromisso (de retomar)”, explicou Alex.
Sabatina adiada – Em guerra com o Planalto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciou, ontem (2), o cancelamento da sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, escolhido pelo presidente Lula (PT) para substituir Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). A sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e a votação da indicação no plenário do Senado estavam previstas para o dia 10 de dezembro.
Estratégia – Para ganhar tempo e viabilizar reuniões de Messias com senadores, o Governo Lula não enviou ao Senado a mensagem que formaliza a indicação de Messias. Sem isso, a Casa Alta não consegue analisar a indicação no cronograma anunciado por Alcolumbre e pelo presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA). As informações são do portal G1. Em comunicado a senadores, o presidente do Senado classificou a demora do Governo Lula em formalizar a indicação com o envio da mensagem como “grave e sem precedentes”.
Centro Debate – Quarenta anos depois da histórica eleição municipal do Recife, o Centro Debate, escritório político do ex-governador e ex-senador Jarbas Vasconcelos, promoverá um grande encontro para celebrar a disputa de 1985 – ano que marcou o retorno do voto direto e a eleição de Jarbas como prefeito da capital. O evento será realizado hoje, às 17h. Com o tema “Esse cara é a cara da democracia”, o encontro reunirá antigos colaboradores, lideranças políticas e personalidades que participaram ativamente da reconstrução democrática em Pernambuco.
Lula com as mulheres – Em visita a Pernambuco, ontem, o presidente Lula emocionou o público do evento em Ipojuca, no Grande Recife, ao fazer um discurso poderoso em favor das mulheres e contra a violência doméstica. Lula usou o poder da sua voz como presidente para chamar os homens à responsabilidade, diante das atrocidades que acontecem todos os dias com mulheres e meninas no Brasil. O presidente convocou os homens para um movimento nacional de combate à violência contra as mulheres. “Cada um de nós homens precisamos ser um professor do outro homem. Cada um de nós temos que educar os nossos filhos. É preciso que haja o movimento nacional dos homens. Estamos precisando de caráter, de dignidade, educação, respeito às nossas companheiras, às mulheres, que se não fossem elas a gente nem existia”, enfatizou Lula.
CURTAS
SILVINHO ALINHADO COM LULA – O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (RP), também estava em Ipojuca e fez questão de ressaltar que o presidente Lula não tem faltado com Pernambuco. Ele lembrou ações estruturantes nas BRs 104, 232 e 423, a construção de barragens, adutoras e institutos federais, além da ampliação de programas sociais já consolidados, como o Bolsa Família, o Luz para Todos e o Minha Casa, Minha Vida. “O presidente Lula está promovendo, em Pernambuco, o maior volume de investimentos da história”, declarou Costa Filho.
JANJA TAMBÉM ESTAVA EM PE – O Ministério da Saúde e o Ministério da Pesca e Aquicultura lançaram a estratégia Mais Saúde para as Mulheres das Águas, para fortalecer o cuidado e o acesso à saúde de pescadoras artesanais, ribeirinhas e populações costeiras e marítimas. O lançamento aconteceu ontem, em Itapissuma, no litoral norte de Pernambuco, com a presença da primeira-dama, Janja Lula da Silva, do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e do ministro da Pesca, André de Paula (PSD).
LULA NO CEARÁ – Depois dos compromissos em Pernambuco, o presidente Lula seguiu para Fortaleza (CE), onde, hoje (3), participará da cerimônia de entrega das CNDBs (Carteiras Nacionais Docentes do Brasil) e de equipamentos do Programa Mais Professores. As passagens pelo Nordeste são sempre importantes para manter aquecido o capital político de Lula na região.
Perguntar não ofende: “O Código Penal Brasileiro tem pena para fazer justiça a um animal irracional como esse?”, questionou Lula, sobre homens que matam e violentam mulheres.
O município de Goiana, na Zona da Mata Norte, sediou, há pouco, a palestra seguida da sessão de autógrafos do meu livro ‘Os Leões do Norte’, pela editora Eu Escrevo. O encontro foi realizado no auditório da Fadimab e contou com o apoio do prefeito Marcílio Régio (PP) e a presença de diversas autoridades.
Os secretários de Comunicação, Fernando Veloso, e de Educação, Carlos Viegas.
Estiveram presentes no evento o secretário de Comunicação, Fernando Veloso, o secretário de Educação e Inovação, Carlos Viegas Junior, a assessora Técnica Especial da Secretaria de Educação, Joana Botelho, o assessor Especial da Presidência da Autarquia Municipal do Ensino Superior de Goiana, Carlos Botelho, o professor e pesquisador, Marcos Paulo, e Fred Mocok, representante do Conselho Estadual de Administração. Também marcou presença o marqueteiro René Bensoussan.
O representante do Conselho Estadual de Administração, Fred Mocok.
‘Os Leões do Norte’ é resultado de uma extensa pesquisa jornalística e historiográfica, envolvendo 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco, que exerceram mandatos entre 1930 e 2022. Trata-se de uma contribuição essencial para a preservação da memória política e institucional do Estado, destacando o papel de Pernambuco como berço de lideranças que marcaram a história nacional.
O cerimonialista, professor e pesquisador Marcos Paulo.
O livro ainda conta com design gráfico, capa e caricaturas de Samuca Andrade, além de ilustrações de Greg. ‘Os Leões do Norte’ homenageia os líderes que ocuparam o Palácio do Campo das Princesas e também promove o debate sobre seus legados, suas contradições e o impacto de suas gestões.
O marqueteiro René Bensoussan.Gilson Neves, da Rádio Nova FM de Goiana.Kito Nogueira, âncora da Goiana FM
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Recentemente, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, se reuniu com diretores de diversas agências reguladoras. Uma das reivindicações em comum das referidas cúpulas é a autonomia financeira. Ainda no primeiro semestre, as reguladoras foram profundamente afetadas com um decreto do governo federal que impôs o contingenciamento das despesas, com cortes que chegaram a mais de 30% em algumas estatais.
Para o diretor da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), Alex Azevedo, é importante que o grupo tenha articulação com o Parlamento para cumprir seu papel e atuar em benefício do consumidor. “É importante que as agências reguladoras tenham sempre essa interlocução com o Parlamento, principalmente o Senado, onde todos fomos sabatinados. Nós estamos com a reivindicação, assim como todas as áreas reguladoras, de ter uma autonomia financeira. Nós da ANTT colocamos R$ 1,2 bilhões por ano no Orçamento da União, e esse ano tivemos grandes problemas no corte do orçamento”, afirmou Alex, em entrevista ao podcast Direto de Brasília.
Os cortes, segundo ele, vieram em um momento em que a ANTT vem “alargando seu portfólio” de concessões. “O Brasil tem 75 mil quilômetros de estradas federais, e nós podemos chegar, com as concessões que serão finalizadas até 2026, a 25 mil quilômetros de estradas concessionadas, sob fiscalização da ANTT. É um terço. O resto fica sob os investimentos do DNIT. Fora as ferrovias, então isso nos dá uma responsabilidade muito grande, e precisamos de mão de obra, de mais tecnologia, de investimentos nessa área, porque é assim que a gente vai entregar um serviço. Por isso estamos pleiteando essa autonomia financeira e orçamentária”, justificou o diretor.
O atraso nas obras do trecho da Ferrovia Transnordestina para Pernambuco foi causado por uma “decisão equivocada” do Governo Bolsonaro. Essa é a avaliação do diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Alex Azevedo. Em entrevista ao podcast ‘Direto de Brasília’, ele avaliou que a obra foi retomada pelo Governo Lula, e deverá evoluir nos próximos anos, enquanto outros trechos, como o que vai até o Porto de Pecém, no Ceará, estão quase concluídos.
“A Transnordestina são 1.700 quilômetros. O projeto original começa em Eliseu Martins, no Piauí, vai até Salgueiro, sobe até Pecém, no Ceará, e vai de Salgueiro até Suape, no Porto de Pernambuco. O governo passado, penso que numa decisão equivocada, determinou que o trecho entre Salgueiro e Suape inviabilizaria economicamente o trecho do Piauí até o Ceará. O governo atual, sensível às reivindicações, não só de Pernambuco, assumiu o compromisso (de retomar)”, ressaltou Alex.
Segundo o diretor da ANTT, o trecho de Salgueiro compõe nove lotes, e apenas os três primeiros estão prontos. “No início do mês, foi lançado um edital para o lote 4, que tem 35% das obras prontas. O lote 5 tem 27%. E aí tem o restante dos lotes, e no caso o 8 e o 9, que já são chegando no perímetro do porto, não existe nada. A Infra s/a fez o projeto, que já está pronto, já foi lançado o primeiro edital e a obra vai ser reiniciada. Nós temos R$ 3 bilhões para o início das obras. A obra no planejamento total, dos 1.700 quilômetros, são R$ 15 bilhões”, completou.
Esse dinheiro, segundo Alex, vem do Fundo Nacional do Desenvolvimento do Nordeste e da Sudene, além do Orçamento Geral da União. “Posteriormente, esse trecho também será concedido”, concluiu.