Pais e mães de alunos da rede municipal de ensino de Arcoverde enfrentaram cenas de desrespeito e humilhação durante a entrega dos fardamentos escolares promovida pela gestão do prefeito Zeca Cavalcanti. Sob o sol forte, centenas de pessoas se aglomeraram em filas desorganizadas na tentativa de garantir o direito básico de seus filhos: o uniforme escolar. A situação gerou revolta, críticas nas redes sociais e o sentimento de indignação por parte da população.
A entrega do material, que deveria ocorrer de forma planejada e humanizada, nas próprias escolas, acabou se tornando palco de tumulto e descaso. Crianças foram vistas no meio da multidão, espremidas entre adultos, em um ambiente sem estrutura adequada, sem sombra e sem respeito à dignidade dos presentes. “É desumano ver uma mãe com uma criança no colo debaixo daquele sol, disputando espaço para conseguir o uniforme. Isso é um absurdo”, comentou uma moradora em rede social.
Segundo informações, mais de R$ 5 milhões foram investidos pela Prefeitura para a aquisição dos kits escolares, mas a entrega só ocorreu sete meses após o início do ano letivo, o que gerou ainda mais críticas à gestão municipal. “Depois de tanto tempo de espera, ainda temos que passar por essa vergonha? Isso é brincar com a cara da gente”, desabafou um pai.
Nas redes sociais, os comentários se multiplicaram, evidenciando a insatisfação geral. “Nem para organizar por escola ou por turno… parecia distribuição de comida em tempos de guerra”, disse outra internauta, referindo-se ao caos instalado durante a ação.
Desabafos nas redes sociais
A internauta Gennyffer Lima relatou o sofrimento enfrentado ao participar da entrega: “Uma palhaçada totalmente sem necessidade. Cheguei doente em casa esperando lá de 4 horas da tarde no sol numa fila, ainda tendo que esperar o prefeito e toda sua equipe de vereadores chegar, subir no palanque e dar seu discurso. Quando vieram entregar os kits já era quase 18:00. Isso é um absurdo! Gente que saiu de longe da Ipojuca, das Caraíbas… Mais de 7 mil pessoas num espaço pequeno tendo que rodar tenda por tenda procurando a da escola do seu filho. Fora as mães que têm mais de um filho, cada um em escola diferente. Minha gente, Zeca, meu prefeito, gosto muito de você, votei em você, mas não precisava essa encenação. Você já é querido pelo povo sem precisar de tanta mídia”.

Já a usuária Juliana Souza fez críticas ao uso político da ação: “Elegemos o prefeito justamente para fazer o seu papel, e estar exercendo sua função. Poderia ter feito essa entrega nas escolas, na sala do aluno. Mas o prefeito tem que aproveitar, né? Fazer do direito do cidadão um Carnaval pra ele. Não é sobre as entregas, é sobre ele ganhar a mídia por politicagem para ganhar o povo novamente. Estava tudo um caos lá, desorganização total, mas temos que agradecer né? Obrigado, prefeito”.

A indignação também foi expressa por Kari Cavalcante, que passou mais de uma hora no local sem sequer ser atendida: “Uma palhaçada essa entrega de fardamento! Desorganização total, tumulto, aos pais que trabalham foi perda de tempo! Pessoas gestantes, crianças pequenas, idosos… Cheguei 3:15, saí agora às 4:30 e nem as entregas foram iniciadas. Falaram que os pais que não pegassem hoje poderiam pegar na escola. Por que não foi dito isso antes? Larguei meu expediente de trabalho, passei mal e ainda voltei de mãos vazias. Se isso foi tudo por mídia, parabéns aos envolvidos. Foi um horror”.

Para a usuária Michela Araujo, o evento foi ainda mais traumático: “Saí de lá com meu filho chorando por conta do barulho e dos empurrões. Ele tem transtorno e não tinha uma fila para pessoas especiais. Tava de bolo. Se não tem como fazer um evento organizado e que dê condições humanizadas para atender, é melhor não inventar”.

A gestão, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre a desorganização. Para muitos, o episódio simboliza o despreparo da administração municipal em lidar com demandas básicas da educação e com o respeito que deve ser dado às famílias arcoverdenses.
O sentimento geral é de revolta. O que deveria ser motivo de orgulho — o direito ao fardamento escolar — acabou se tornando uma cena lamentável, marcada pelo improviso, pelo calor e pela vergonha. Um retrato claro de que investimentos não garantem dignidade quando faltam planejamento e respeito.
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