No dia seguinte à megaoperação que mirou um esquema do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvendo postos de gasolina e lavagem de dinheiro por meio de fintechs, ao menos 22 carretas de empresas alvo da investigação, carregadas com combustível, foram abandonadas em Camaçari, na Bahia, ontem. As informações são do Metrópoles.
Um vídeo mostra os veículos estacionados em um posto de gasolina na cidade baiana. Veja:
De todos os conjuntos, 13 pertencem à G8Log, empresa de fachada usada para “ocultar e blindar a frota de veículos e para a lavagem de capitais”, segundo a investigação realizada pela Polícia Federal (PF), Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Receita Federal.
A G8Log pertence a Mohamad Hussein Mourad, apontado como “epicentro” das operações fraudulentas com combustíveis. Ele também é o verdadeiro dono da formuladora Copape e da distribuidora Aster, junto de Roberto Augusto Leme da Silva, indicado como outro “cabeça” do esquema.
Entenda esquema do PCC envolvendo combustíveis e fintechs
- A investigação, que resultou na megaoperação deflagrada na manhã desta quinta em oito estados brasileiros, aponta um complexo esquema de fraude em postos de combustíveis e fintechs.
- A estrutura criminosa tinha núcleos comandados pelo PCC.
- A fraude começava na importação irregular de metanol, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná.
- O produto, que era para ser entregue para empresas de química e biodiesel indicados nas notas fiscais, era desviado para postos de combustíveis.
- Nos postos de combustíveis, o metanol era adicionado à gasolina e vendido ao consumidor final.
- Segundo as autoridades, a fraude era tanto quantitativa, porque o consumidor recebia menos combustível do que pagava, quanto qualitativa, uma vez que o metanol está fora das especificações técnicas exigidas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
- Os lucros obtidos no esquema de fraude era realocado em uma complexa rede de “laranjas”, principalmente em shell companies, fundos de investimento e instituições de pagamento.
- As transações financeiras eram feitas por meio de fintechs controladas pelo PCC.
- Segundo a investigação, as fintechs operavam com contabilidade paralela, permitindo transferências entre empresas e pessoas físicas sem que os beneficiários finais fossem identificados.
- Segundo a Receita Federal, cerca de mil postos de combustíveis vinculados ao grupo movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
- Parte deste dinheiro foi usado pela facção para comprar usinas, distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis.
- De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, os donos de postos de gasolina venderam seus estabelecimentos para integrantes do PCC.
- Alguns deles não receberam os valores da transação e foram ameaçados de morte caso fizessem qualquer tipo de cobrança.