Por Dércio Alcântara
Como marqueteiro, venci 12 das 14 campanhas eleitorais de prefeitos nessa última eleição. E numa delas, meu hiper foco concentrou a estratégia em rotular o candidato adversário como Neném…
Com apenas três spots de rádio, mandei repetir à exaustão a tese de que o adversário do meu cliente nem trabalhava, nem estudava. Era o candidato Nem-Nem.
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No guia eleitoral, o locutor já abria perguntando se o eleitor votaria em um candidato que nunca administrou nem um bazar de fogos. Perguntava também se a mãe do eleitor fosse se submeter a uma cirurgia, ele deixaria se soubesse que o médico nunca operou ninguém.
É que o meu cliente era testado, experiente, e o adversário completamente neófito e virgem na missão de administrar o patrimônio público. Ao perceber que o bicho estava pegando e reverberando nas ruas o apelido de Candidato Nem-Nem, a mãe do Nem-Nem pediu ao jurídico que ingressasse com uma ação pedindo ao juiz eleitoral a proibição do apelido e a retirada dos spots.
Convenhamos, uma petição que precisava de verificação e provas em contrário, como na defesa de toda acusação. O jurídico do meu cliente, então, com muita astúcia sustentou a qualificação do opositor e apresentou provas.
Aí o juiz despachou aceitando a procedência das evidências e não retirou o material das inserções e do guia, pois realmente o candidato nem trabalhava e nem estudava. A coligação não conseguiu matrícula de uma escola ou universidade, diploma ou carteira de trabalho com ocupação.
E isso me fez lembrar daquele marqueteiro do livro de Duda Mendonça, cujo nome do cliente era Nem e ele sapecou o slogan Nem Fez, Nem Faz. E assim, obviamente, derrotou o coitado.
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