Pacheco diz que governo concorda em manter desoneração e discutir mudanças em projeto

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, hoje, em pronunciamento no Salão Azul, que o governo concordou em manter a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores que mais geram empregos. Eventuais mudanças a essa regra, segundo Pacheco, serão discutidas por meio de um projeto de lei que ainda será enviado ao parlamento pelo governo.

O Congresso aprovou em outubro do ano passado que a desoneração valerá até 2027. Depois, em dezembro, a Presidência da República revogou o texto por meio de medida provisória (MP). As informações são do portal G1.

“A desoneração da folha dos 17 setores está mantida, assim será e eventuais alterações serão então amadurecidas por projeto de lei e não por medida provisória. A construção política está feita. O governo já concordou com essa premissa. Nós ajustamos isso. O governo pode propor alterações, mas o fará por projeto de lei sem eficácia imediata”, disse Pacheco.

A declaração foi dada horas depois de Pacheco ter se reunido com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Também participaram os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) e no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP).

Após o pronunciamento de Pacheco, em entrevista a jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda, Haddad confirmou que governo enviará projeto de lei sobre a desoneração. “Pacheco propôs a Lula em relação ao fato de que temas que foram deliberados pelo Congresso deveriam ser encaminhados por PL [projeto de lei], isso que vamos fazer”, respondeu.

A MP editada pelo governo reonera a folha de pagamento de 17 setores da economia, limita o uso de créditos tributários e revisa o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

A parte da desoneração, na medida provisória, só começa a valer em abril. Por isso, parlamentares e equipe econômica ainda têm tempo para negociar. Outro ponto que, segundo Pacheco, sairá da MP e vai ser discutido por projeto de lei no Congresso é a redução de 20% para 8% a alíquota da contribuição previdenciária patronal, que incide sobre os salários dos funcionários, paga pelos pequenos municípios.

A regra valerá para as cidades com menos de 142.633 habitantes, que não recebem a cota reserva do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A medida deve atingir mais de 3.000 municípios.

Hoje, Pacheco afirmou que voltar a cobrar das empresas uma alíquota mais alta de imposto, “ofenderia” a decisão tomada pelo Congresso. “Uma reoneração desses setores seria, primeiro, algo que ofenderia aquilo que o Legislativo decidiu ao final do ano passado e, segundo, algo que é prejudicial para a economia do Brasil neste momento”, pontuou.

Em janeiro, quatro entidades do setor produtivo emitiram uma nota contrária à MP do Executivo, afirmando que as medidas “aumentam o ônus tributário que recai sobre o setor produtivo, principal e fundamental gerador de riquezas e empregos que levam ao desenvolvimento econômico e social sustentável”.

O comunicado é assinado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Veja outras postagens

Paris vai se mostrar para o mundo enquanto esconde um de seus maiores problemas. Nesta sexta-feira (26), na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos, enquanto a capital francesa levou milhões de espectadores pelo Rio Sena, milhares de pessoas em situação de rua foram retiradas da cidade.

A “limpeza social” tem sido denunciada pelo coletivo Le Reverse de la Médaille (O outro lado da medalha, em português), que reúne movimentos sociais para dar visibilidade à exclusão de moradores.

A maioria dos afetados é de imigrantes de origem africana, originários de alguns dos países mais pobres do mundo, como Sudão e Chade. De acordo com as denúncias, eles foram retirados de ruas e pontes da região de Paris e levados, contra a sua vontade, para abrigos em cidades como Lyon e Marselha.

Os registros de retiradas de moradores começaram no ano passado. Em um relatório publicado em sua página oficial, o coletivo detalha o perfil dos afetados: no período entre 1º de maio de 2023 e 30 de abril deste ano, 12.545 pessoas foram retiradas, sendo 3.434 menores de idade.

“Há um grande número de indicadores que sugerem que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos estão acelerando a dispersão e a remoção de pessoas em situação vulnerável”, afirma o coletivo no documento.

As cifras já aumentaram: na semana passada, 470 pessoas foram retiradas do Canal de l`Ourcq, dias antes da passagem da tocha olímpica. Outro grupo foi retirado do canal de St Denis, na altura de Aubervilliers. Na quinta-feira, grupos de apoio aos excluídos olímpicos foram ao local.

Também na quinta-feira, 24 horas antes da cerimônia de abertura, grupos organizados pelo Le Reverse de la Médaille reuniram-se na Place de la Révolution. Além das reivindicações contra a retirada dos moradores, houve críticas às promessas não cumpridas pelo poder público e pela organização.

“Essas operações nada têm a ver com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Essa limpeza social não existe”, disse a ministra do Esporte da França, Amélie Oudéa-Castér ao ser perguntada sobre a situação em uma entrevista coletiva.

Em junho, o jornal L’Équipe teve acesso a um e-mail de um funcionário do governo, em que era recomendado “identificar pessoas em situação de rua nas proximidades de locais de competição olímpicos para removê-las”.

Rio também passou por limpeza

Os Jogos Olímpicos de Paris não são pioneiros na limpeza social. Há relatos de dispositivos para excluir moradores “indesejados” desde Atlanta, em 1996.

Em agosto de 2016, durante a Olimpíada realizada na cidade, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro classificou ações do governo nos meses anteriores ao evento como “higienistas”.

O modus operandi era parecido: retirada compulsória de moradores em situação de rua que estivesse à vista para atletas, turistas e torcedores em seus deslocamentos pela cidade.

Do Uol

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

No Brasil, o que se assistiu, historicamente, foi troca de farpas entre presidentes da República, mas entre primeira e ex-primeira-dama nunca antes no quartel de Abrantes. Isso se instalou na era Lula III, pós-Bolsonaro. Lá atrás, Janja jogou pesado contra Michele e Bolsonaro, acusando-os pelo sumiço de móveis no Palácio da Alvorada.

Foi a justificativa para Lula comprar móveis no valor acima de R$ 400 mil, mas o sumiço era mentira e os móveis apareceram no depósito do Alvorada. Ontem, a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro criticou a primeira-dama Janja Lula da Silva por “viajar” e pela compra de móveis sem licitação para o Palácio do Alvorada.

A declaração foi dada em um evento do PL Mulher e compartilhada, ontem, nas redes sociais. “Infelizmente, algumas primeiras-damas têm vocação para trabalhar, mas outras têm vocação para viajar e articular compra de móveis sem licitação”, disse. Michelle falava sobre o programa Pátria Voluntária, criado em 2019 durante o governo Bolsonaro.

Era coordenado pela Casa Civil da Presidência da República e chefiado por ela. Tinha como objetivo incentivar o trabalho voluntário. A ex-primeira-dama criticou Janja por não dar continuidade à iniciativa. “Como presidente do Pátria Voluntária, nós ajudamos o Brasil inteiro. Em lugares mais remotos, a nossa ajuda chegou, nós incentivamos, fomentamos o voluntariado e estamos colhendo os frutos hoje […] Infelizmente, está parado o programa de governo”, declarou.

Umas ‘gastam’ a si mesmas para ajudar o próximo. Outras ‘gastam ‘o que é do próximo para ajudar a si mesmas. C’est la vie. La vie est belle [Isso é vida. A vida é bela]!”, completou Michelle na legenda da publicação.

Janja viajou para a França para acompanhar os Jogos Olímpicos. Recebeu credencial de chefe de Estado e representará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que resultou em críticas por parte da oposição. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) disse ter protocolado um pedido de esclarecimento ao Itamaraty sobre a viagem.

É comum que Janja acompanhe Lula em idas ao exterior. Essa não é a primeira vez que a passagem da primeira-dama por destinos internacionais é alvo de críticas da oposição. Em junho, o casal presidencial viajou para a Europa próximo ao Dia dos Namorados, o que foi comentado pela família Bolsonaro nas redes sociais.

Em 3 fevereiro de 2023, o governo publicou no DOU (Diário Oficial da União) um extrato da contratação para aquisição, sem licitação, de 11 móveis pelo valor total de R$ 379,4 mil. O mobiliário era voltado para a área íntima do palácio, como o quarto do presidente e da primeira-dama Janja, que ganhou 5 novos móveis e 1 colchão pelo valor de R$ 196,7 mil.

Na época da compra, o governo alegou que parte da mobília do palácio tinha sumido. Lula e Janja fizeram várias críticas à gestão de Bolsonaro. A primeira-dama chegou a levar uma equipe do Grupo Globo ao local para reclamar das condições deixadas por Bolsonaro. Já o petista disse que o ex-presidente teria levado os móveis do Alvorada. 

Em março de 2024, a Secom (Secretaria de Comunicação Social do governo) informou que a Presidência localizou os 261 móveis do Palácio da Alvorada que estavam desaparecidos. 

Na quarta-feira, o TCU (Tribunal de Contas da União) julgou improcedente representação que questionava possíveis irregularidades na compra dos novos móveis. O entendimento da Corte de Contas é que o processo de contratação, embora tenha sido realizado sem licitação, correu de forma legal.

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), com o apoio do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), realizou nesta sexta-feira (26), a 38ª Operação de Repressão Qualificada, denominada como “Operação Escroque”. Com o objetivo de combater crimes contra a administração pública municipal. Na ação, foi recomendado o afastamento das funções de dois vereadores da Câmara Municipal de Lagoa Grande, no Sertão do estado.

Esta etapa da operação apurou o desvio de valores referentes ao pagamento de diárias pela Câmara Municipal de Lagoa Grande. Segundo o MPPE, até o momento, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa a marca dos R$ 4 milhões. Também foram executados dez mandados de busca e apreensão, sequestro de bens, além do bloqueio de ativos financeiros. As informações são do G1.

As investigações foram iniciadas em março de 2023 pela PCPE, com o apoio do MPPE, onde se apurava o desvio de valores referentes ao pagamento de diárias pela Câmara Municipal de Lagoa Grande.

Na operação, foi identificado o desvio de dinheiro público por meio de contratos com locadoras e construtoras pela Câmara Municipal, as quais devolviam cerca de 25% do valor recebido para os investigados.

A terceira parcela do mês de julho do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) será creditada nas contas das prefeituras brasileiras na próxima terça-feira (30). O repasse é referente ao 3º decêndio do mês, no valor de R$ 4.268.907.936,56, já descontada a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Em valores brutos, incluindo o Fundeb, o montante é de R$ 5.336.134.920,70.

O levantamento dos Estudos Técnicos da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que, de acordo com os dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o 3º decêndio de julho de 2024, comparado com mesmo decêndio do ano anterior, apresentou um crescimento de 18,12% em termos nominais. O acumulado do mês, em relação ao mesmo período do ano anterior, teve crescimento de 11,20%.

A CNM ressalta que a arrecadação da base de cálculo do FPM subiu R$ 3,6 bilhões no terceiro decêndio de julho de 2024, passando de R$ 20 bilhões para R$ 23,7 bilhões. O fator preponderante para o aumento de 18,12% do FPM foi o crescimento de R$ 4 bilhões do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), nas modalidades de rendimento do trabalho e do capital, que explica quase integralmente a variação positiva do fundo no terceiro decêndio. Contribuíram negativamente o IRPF (-R$ 40 milhões), o IRPJ (-R$ 329 milhões) e o IPI (-R$ 104 milhões).

A despeito do elevado crescimento do FPM até este momento, a CNM orienta aos gestores municipais o uso dos repasses com cautela e atenção. “É de suma importância que o gestor tenha pleno controle das finanças da prefeitura, sobretudo no período final de mandato. A Confederação seguirá acompanhando de perto a evolução do FPM a fim de garantir a autonomia dos Municípios brasileiros”, diz.

Por Marcelo Tognozzi*

Aquele ano de 1980 começara quente. Bancas de jornais eram bombardeadas por grupos terroristas de direita. Em 10 de junho, operários trabalhavam na demolição do antigo prédio da UNE (União Nacional dos Estudantes) na praia do Flamengo, 132, quando um grupo de mais de 1.000 estudantes começou a protestar. Queriam manter de pé o prédio condenado pelo governo do general João Figueiredo a ser riscado do mapa.

Dentro do prédio, Flavinho, fotógrafo cego de um olho, perdido num acidente com arpão, registrava a demolição. Foi preso pela polícia. Cercados por mais de 500 policiais, nós seguimos protestando e repetindo o velho slogan de guerra: “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz”.

A Lei da Anistia, sancionada em 28 de agosto de 1979, ainda não havia completado 1 ano de vida. O país vivia uma polarização entre os apoiadores do regime militar e seus adversários que pediam Diretas Já e Constituinte.

No meio daquela confusão, bombas de gás lacrimogêneo, bordoadas e gritaria, conseguimos fugir em direção à Glória, meu amigo Ricardo Lessa, mais uns 3 ou 4 amigos e eu. Lessa era um jornalista ligado ao MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) escrevia para o jornal Hora do Povo, em circulação desde 1979 e um dos ícones da chamada imprensa nanica, a qual explodiu em uma multiplicidade de títulos e estilos no fim dos anos 1970 e início dos 1980.

Lessa, nossos amigos e eu corremos muito. Escapamos da pancadaria, que naquela época era rotineira. Naquele Rio de Janeiro convulsionado, o tenente Martinelli da tropa de choque da PM era o terror de qualquer moleque que cruzasse seu caminho. Fui um dos poucos a escapar dele durante uma manifestação contra a posse do presidente Figueiredo em 15 de março de 1979, não sem antes levar umas borrachadas de cassetete e ficar 1 semana descadeirado.

Ricardo Lessa cresceu e amadureceu lutando contra o arbítrio. Por causa da sua militância política foi mandado para a cadeia, mesmo depois da Lei da Anistia, e ficou preso no quartel dos Bombeiros da rua Humaitá, onde nós íamos visitá-lo. Era tratado com toda dignidade e ainda por cima teve a sorte de ficar preso perto da casa da sua mãe, o que era, no mínimo, a garantia de mimos. Saiu daquela cadeia bem mais gordo do que quando entrou.

Dono de um texto leve e ágil, ele acaba de publicar “O Primeiro Golpe do Brasil”. Lessa dá um mergulho na nossa História e volta ao ano de 1823, quando d. Pedro 1º mandou fechar a Constituinte e decidiu ele mesmo escrever a Constituição do Império, a qual sobreviveria até 1891, quando o Brasil republicano elaborou uma nova Carta.

O livro é uma delícia. Mostra um imperador muito mais preocupado com a manutenção dos seus poderes absolutistas do que com o futuro da nação que ele acabara de tornar independente de Portugal. Expõe as raízes do autoritarismo brasileiro, seja de pequena ou grande monta, cuja síntese é o manda quem pode e obedece quem tem juízo.

D. Pedro desmanchou a Constituinte na porrada, com soldados comandados por portugueses, seus homens de confiança. E o fez convencido de que deputados queriam transformar o Brasil numa monarquia constitucional nos moldes daquelas que hoje funcionam na Europa, onde o rei reina, porém, não governa.

Oriundo de uma linhagem real acostumada a ser a personificação da lei, D. Pedro não poderia escolher outro caminho. Fez aquilo que Getúlio Vargas repetiu em 1937 ao produzir ele próprio uma Constituição capaz de dar respaldo jurídico à ditadura do poder absoluto.

O livro exibe sem retoques uma sociedade escravagista, comandada por burocratas pagos regiamente com dinheiro público, mas que ao mesmo tempo faziam negócios e mais negócios. Um Rio de Janeiro cuja elite era formada por traficantes de escravos, contrabandistas e outros aventureiros. O próprio imperador vendia cavalos e seus amigos e assessores vendiam prestígio e até títulos de nobreza.

O governo de D. Pedro descrito no livro de Ricardo Lessa é o pai do jeitinho brasileiro. Olhar para o passado pelo texto de Lessa é entender um pouco das origens do poder no Brasil e sobre como ele continua sendo exercido.

O absolutismo de D. Pedro causou revoltas, como a Confederação do Equador (1824), cujo líder frei Caneca foi condenado à morte. Em 13 de janeiro de 1825, frei Caneca deveria ser enforcado. João Cabral de Melo Neto, no seu poema “O Auto do Frade”, narra a recusa dos carrascos em enforcar Joaquim do Amor Divino Rabelo. A solução foi fuzilar o padre pernambucano.

Pedro deixou o Brasil depois de abdicar em favor do seu filho, o futuro imperador D. Pedro 2º. Ficou 5 dias num navio fundeado na baía da Guanabara antes de partir para a Europa. Lessa narra a conversa do imperador com seu ex-ministro Francisco Vilela Barbosa, que implora para voltar a Portugal. “Já trago muita gente nas costas. Por que não roubou que nem o Barbacena (Felisberto Caldeira Brant, o marquês de Barbacena)?”, reagiu o imperador.

Roubar era o normal para quem mandava e a corrupção já era um meio de vida, digamos, aceitável. Deveria ser terrível viver naquele Brasil de 200 anos atrás com a roubalheira correndo solta e totalmente impune, com ladrões sendo cortejados e admirados. Desde sempre, esse gene faz parte do DNA nacional.

Aquele ano de 1831 pegou fogo. Havia protestos em várias partes do país. O próprio D. Pedro teve de ir à Minas conter uma revolta. O ponto alto dos conflitos se deu em 7 abril, na famosa noite das garrafadas, quando portugueses e brasileiros se enfrentaram quebrando garrafas uns nos outros.  Pedro partiu do Brasil em 13 de abril, praticamente expelido pela oposição. Tinha 33 anos.

Ricardo Lessa, adversário figadal do arbítrio, nos leva a desvendar um Brasil que não está nos livros escolares. Uma viagem ao passado para entender o presente, num país em que prédios como o da UNE não são mais destruídos. Agora, a força bruta reprime a liberdade de expressão, apoiada por uma grande imprensa conivente com a censura e o absolutismo que contaminou o Poder Judiciário.

Um Brasil que surpreende a todos nós, que apanhamos da polícia nas ruas lutando pelo direito de pensar, falar e votar. No fim de tudo, sobreviveu firme e forte a máxima do manda quem pode e obedece quem tem juízo. Exatamente como há 201 anos.

*Jornalista

Por Roberta Soares*

A empresa de ônibus Vera Cruz vai deixar o Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP). A empresa entregou todas as linhas que operava ao governo de Pernambuco no último dia 22/7 e aguarda, apenas, a efetivação do ato pelo Estado.

As linhas que ainda estavam sendo operadas pela empresa serão repassadas a outras operadoras do sistema, como Borborema, Empresa Metropolitana e São Judas Tadeu.

Por nota, a Vera Cruz questionou a informação de que teria sofrido uma nova sanção pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), com a transferência de mais 14 linhas nos próximos dias.

“A Vera Cruz informa que, diferentemente do que foi veiculado anteriormente na imprensa, a empresa não sofreu, sob qualquer hipótese, nenhuma sanção administrativa, tendo feito a entrega das linhas por livre e espontânea vontade. A empresa reitera também que será respeitado o cronograma de atividades, ainda a ser acordado com o CTM”, informou a Vera Cruz à Coluna Mobilidade.

Decisão de sair do sistema seria irrevogável

A empresa enviou, ainda, a carta protocolada no CTM no dia 23/7 e que comprova a efetivação da devolução das linhas. No documento, que tem como referência a desistência da operação de todas as linhas de transporte sob permissão da Vera Cruz, a operadora voltou a usar os mesmos argumentos que apresentou em abril, quando pediu para transferir e permutar parte da operação.

A empresa alega que a operação vem sendo deficitária sob o ponto de vista econômico-financeiro há anos, o que tem provocado “severos prejuízos” que comprometem a manutenção dos serviços regulares de transportes.

E segue afirmando que a decisão não tem volta. “Entendemos não ter mais sentido operar todas as nossas linhas de transporte por ser economicamente inviável. Assim, manifestamos formalmente a nossa desistência definitiva e encerramento das atividades operacionais, em caráter irrevogável, de forma amigável, a partir do dia 23 de julho”.

14 linhas da Vera Cruz passarão para Borborema e Metropolitana. Outras 12 já tinham sido transferidas

As linhas de ônibus da Vera Cruz serão transferidas para outras operadoras do sistema. Em abril, a Vera Cruz teve 12 linhas transferidas para outras operadoras depois de pedir ao governo de Pernambuco – gestor do sistema de ônibus na RMR – para devolver e transferir parte de sua operação.

Agora, serão outras 14 linhas de ônibus que terão a operação transferida para a Borborema e a Metropolitana, já consultadas oficialmente pelo CTM. Cada uma assumirá sete linhas. As duas já teriam confirmado o interesse e as condições operacionais para assumir a nova rede. 

Linhas a serem transferidas para a Empresa Borborema:

124 – VILA DO SESI/TI TANCREDO NEVES

125 – CÓRREGO DA GAMELEIRA/TI TANCREDO NEVES

151 – JARDIM JORDÃO/TI AEROPORTO

152 – JORDÃO BAIXO/TI AEROPORTO

153 – JORDÃO ALTO/TI AEROPORTO

154 – JORDÃO (BACURAU)

155 – JORDÃO BAIXO/BOA VIAGEM

Linhas a serem transferidas para a Empresa Metropolitana:

126 – UR-03/TI TANCREDO NEVES

131 – UR-02 (BACURAU)

132 – UR-02 (IBURA)/TI TANCREDO NEVES

134 – LAGOA ENCANTADA/TI TANCREDO NEVES

141- JARDIM MONTE VERDE/TI TANCREDO NEVES

143 – UR-06/TI TANCREDO NEVES

168 – TI TANCREDO NEVES (CDE. B. VISTA)

*Jornalista do Jornal do Commercio

Se Raquel agisse como Lula…

Embora no campo contrário ao de Lula em 2026, quando tentará a reeleição no palanque oposto, a governadora Raquel Lyra (PSDB) não tem do que reclamar do chefe da nação. Saiu ontem de Brasília com mais de R$ 1,5 bilhão que serão revertidos em obras do Novo Pac Seleções. O lançamento do programa ocorreu no Palácio do Planalto.

No seu bojo, 36 obras e projetos nas áreas de abastecimento de água urbana, esgotamento sanitário, mobilidade urbana e drenagem, que vão beneficiar 26 municípios pernambucanos. Nesta nova fase do PAC, as novas modalidades executadas pelo Ministério das Cidades somam R$ 41,7 bilhões em investimentos. As obras no Estado totalizam R$ 1,5 bilhão.

“Completando 50 viagens hoje a Brasília, a gente volta para Pernambuco com mais de R$ 1 bilhão em obras incluídas no PAC Seleções do governo federal. Os anúncios de hoje (ontem) dialogam com o futuro que queremos para Pernambuco, proporcionando mais desenvolvimento e melhor qualidade de vida para todos”, disse a governadora.

E completou: “Agradeço em nome do povo nordestino e do nosso Estado ao presidente Lula e ao seu governo, pelo trabalho que tem sido feito, garantindo recursos para obras que serão inauguradas até o fim de 2026. Na área da mobilidade urbana, Pernambuco foi contemplado com R$ 397,7 milhões em investimentos. Na Região Metropolitana do Recife, serão concluídas as obras dos Corredores de BRT Norte-Sul e Leste-Oeste.

A governadora bem que poderia tratar os prefeitos no campo oposto ao dela no Estado seguindo o exemplo de Lula. Longe disso! Age com o fígado, persegue, maltrata e exige até a volta de servidores estaduais à disposição dos municípios, como fez com quatro secretários do prefeito do Recife, João Campos (PSB), além de uma dezena de prefeitos pelo Interior.

A pequenez da governadora – Em Garanhuns, no ano passado, a governadora deu o exemplo exato da sua “amplitude e magnitude”. Excluiu o prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), da organização e execução do Festival de Inverno, há mais de 30 anos promovido pelo Estado em parceria com o município. Sivaldo só soube da data do evento pela mídia e não teve voz ativa sequer na escolha da grade dos artistas. Isso teve consequências: para se vingar ainda mais do socialista, criou este ano um festival para concorrer com o de Garanhuns.

Trabalho conjunto – Para o presidente Lula, os investimentos do Novo PAC Seleções tratam dos interesses de cada cidadão. “Esse lançamento é uma convocatória para que possamos trabalhar juntos. Esse é o último PAC Seleções que vamos fazer. No início do nosso governo, reunimos todos os governadores do País para que colocassem no papel todas as obras que eram prioridade em seu estado. E assim temos feito, atendendo aos anseios de cada região”, disse.

Barragens no Agreste – Na área hídrica, Lula contemplou a barragem de São Bento do Una, no Agreste Central, que terá o investimento de R$ 161 milhões financiado pelo Governo Federal. Também foram repassados investimentos para Sistemas de Abastecimento de Água em Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, todos os 27 estados serão atendidos nesse PAC Seleções, gerando 773 mil novos empregos de maneira direta e indireta ao longo das obras.

Tratamento de esgotos – Serão realizadas, ainda, obras de requalificação e ampliação de sistemas de coleta e tratamento de esgoto de municípios como Belo Jardim, Bezerros e Caruaru. “Quando a gente fala do PAC, as pessoas perguntam o que vai mudar. O PAC vai evitar que as pessoas fiquem embaixo d’água, vai tirar as comunidades do convívio com esgoto a céu aberto, além de levar água para quem precisa”, acrescentou o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Incrível como Lula promove Bolsonaro! – O presidente Lula reclamou que os governadores de oposição não vão aos eventos que ele convida por conta de uma visão “negativista” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A fala foi durante o anúncio de R$ 41,7 bilhões para obras do PAC em 707 cidades. “Alguns [governadores] não têm comparecido. Possivelmente ainda pela imagem negativista de um presidente da República que só viajava para o Estado que ele gostava, só viajava para atender amigos e não dava importância para aqueles que pensassem diferente dele. É uma coisa absurda”, afirmou. Impressionante, um político tão experiente e marqueteiro como Lula dedicar grande parte da sua agenda pública para ficar dando ressonância a Bolsonaro!

CURTAS

ARARIPINA – Em Araripina, principal colégio eleitoral do Araripe, quem faz a sua convenção, hoje, a partir das 9 horas, na Câmara de Vereadores, é o pré-candidato do PDT a prefeito, Evilásio Mateus, que entra no páreo depois de uma briga interna dentro da legenda com o prefeito Raimundo Pimentel.

JABOATÃO – Já o prefeito de Jaboatão e candidato à reeleição pelo PL, Mano Medeiros, também faz sua convenção hoje na Faculdade Guararapes a partir das 10 horas. A expectativa é que aproximadamente cinco mil pessoas atendam a convocação do prefeito para a festa democrática.

ARCOVERDE – Em Arcoverde, a ex-prefeita Madalena Britto, pré-candidata do PSB, e o ex-prefeito Zeca Cavalcanti, pré-candidato do Podemos, farão suas convenções no mesmo dia: 4 de agosto. A da socialista no espaço Fest Mix, a partir das 15 horas, e a de Zeca, no mesmo horário, no Esporte.

Perguntar não ofende: Qual a nota que os prefeitos do PSB em Pernambuco dão ao tratamento dado pela governadora?

A pré-candidata do Partido Liberal, Izabel Urquiza, convocou hoje os olindenses filiados ao PL a participarem da convenção no dia 1º de agosto, que homologará seu nome para disputar a prefeitura de Olinda. O evento será realizado no Clube Atlântico, a partir das 19h, e contará com a presença de todas as lideranças do partido.

O Ministério do Esporte fez uma postagem racista nesta sexta-feira (26) ao citar o barco da delegação do Brasil na abertura das Olimpíadas de Paris.

A conta oficial do ministério na rede social X postou a imagem de um chimpanzé dirigindo um barco com a mensagem: “Todo mundo aguardando o nosso barco”, com a bandeira do Brasil fechando a frase. As informações são do G1.

O conteúdo foi retirado do ar logo depois, mas ficou publicado tempo suficiente para que prints circulassem pela web. Com a repercussão negativa, o ministério divulgou uma nota para lamentar a postagem e admitiu que foi racista

“O Ministério do Esporte reconhece e lamenta profundamente o erro cometido ao publicar uma imagem inadequada em nossas redes sociais na data de hoje, antes da cerimônia de abertura das Olimpíadas. A publicação foi imediatamente retirada do ar, devido à sua conotação insensível e ofensiva”, disse a pasta.

O ministério afirmou ainda que a imagem é incompatível com os valores que defende. “Entendemos que a imagem carrega conotações racistas históricas e perpetua estereótipos prejudiciais. O Ministério do Esporte reconhece que essa publicação foi um erro grave e incompatível com os valores que defendemos. Lamentamos profundamente por qualquer ofensa causada e estamos empenhados em garantir que algo semelhante não ocorra novamente”, continuou a nota oficial.

O texto não informa, porém, se o responsável pela postagem foi demitido.

Confira a nota na íntegra

O Ministério do Esporte reconhece e lamenta profundamente o erro cometido ao publicar uma imagem inadequada em nossas redes sociais na data de hoje, antes da cerimônia de abertura das Olimpíadas. A publicação foi imediatamente retirada do ar, devido à sua conotação insensível e ofensiva.

Entendemos que a imagem carrega conotações racistas históricas e perpetua estereótipos prejudiciais. O Ministério do Esporte reconhece que essa publicação foi um erro grave e incompatível com os valores que defendemos. Lamentamos profundamente por qualquer ofensa causada e estamos empenhados em garantir que algo semelhante não ocorra novamente.

Reafirmamos nosso compromisso inabalável no combate ao racismo e a qualquer forma de preconceito. O Ministério está implementando medidas rigorosas para garantir que nossa comunicação institucional seja sempre guiada por princípios de respeito, inclusão e diversidade. Estamos revisando nossos processos internos e oferecendo treinamento contínuo a nossa equipe para garantir que todas as nossas comunicações futuras reflitam nosso compromisso com a justiça social e a igualdade.

Em Arcoverde, o pré-candidato do Podemos à Prefeitura, Zeca Cavalcanti, recebeu, há pouco, mais uma adesão de um vereador ligado ao prefeito Wellington Maciel (MDB), que desistiu da reeleição: Everaldo Lira, do PP. Ontem, o vereador Luciano Pacheco, eleito pelo MDB e principal aliado de Wellington, fez uma grande festa de adesão a Zeca. O que se diz em Arcoverde é que a próxima adesão será a do próprio Wellington.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta sexta-feira (26), ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) por injúria contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A denúncia ocorreu porque, no ano passado, Nikolas chamou Lula de “ladrão que deveria estar na prisão”.

A investigação foi aberta a partir de uma representação feita pelo próprio Lula ao Ministério da Justiça. A Polícia Federal (PF) solicitou ao STF, então, a abertura de um inquérito, o que foi autorizado pelo ministro Luiz Fux, relator do caso. As investigações são do O GLOBO.

Em junho, a PF concluiu a investigação e apontou que Nikolas cometeu injúria contra Lula, mas deixou de indiciar o deputado por se tratar de um “crime de menor potencial ofensivo”.

A declaração de Nikolas ocorreu em novembro do ano passado, durante evento realizado na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), mas sem relação com a entidade. Na fala, ele mencionou um suposto apoio a Lula da ativista ambiental Greta Thunberg e do ator Leonardo Di Caprio.

“Isso se encaixa perfeitamente com Greta e Leonardo Di Caprio, por exemplo, que apoiaram o nosso presidente socialista, chamado Lula, um ladrão que deveria estar na prisão”, disse.

Para o vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand Filho, a declaração não deve ser protegida pela imunidade parlamentar, porque não tinha relação com o mandato.

“Não havia, no contexto da referência depreciativa feita pelo denunciado ao presidente da República, nenhuma possível correlação com o exercício do mandato parlamentar. O que se evidenciou foi a clara intenção de macular a honra da vítima”, escreveu Chateaubriand Filho.

Proposta de acordo

Ao oferecer a denúncia, a PGR solicitou que seja designada uma audiência para negociação de um acordo de transação penal, quando o acusado aceita cumprir certas medidas, em troca do arquivamento do processo. Caso não haja acordo, a denúncia tramita normalmente.

O crime de injúria prevê pena de um a seis meses de detenção (quando não há regime fechado) ou multa. A PGR, no entanto, solicitou que sejam aplicados três agravantes de pena, pelo crime ter sido cometido contra o presidente da República, contra pessoa maior de 60 anos e por ter sido divulgado em redes sociais.

Deputado alegou ‘livre manifestação’

Em depoimento, em maio, Nikolas afirmou que estava “exercendo a livre manifestação do seu mandato” e que “a intenção não foi ofender, apenas se manifestar dentro dos direitos garantidos por sua imunidade parlamentar.

O parlamentar ainda acrescentou não se arrepender das palavras proferidas e que defende sua imunidade parlamentar. Também pontuou que “não pode se arrepender de um direito baseado na Constituição”.

Se o leitor não conseguiu acompanhar a entrevista do cantor e compositor Silvio Brito ao quadro “Sextou”, do programa Frente a Frente, ancorado por este blogueiro e exibido pela Rede Nordeste de Rádio, não se preocupe. Clique aqui e confira. Está incrível!