Por Isabel Cesse
O ministro Cristiano Zanin Martins, do Supremo Tribunal Federal (STF), autor das petições que autorizaram a Operação Sisamnes — que cumpriu um mandado de prisão preventiva e outros 20 de busca e apreensão no começo da semana — afirmou nos autos que, durante a análise dos casos já investigados, viu indícios de “espúrias negociações” envolvendo decisões judiciais em um esquema que envolve tribunais superiores e tribunais de Justiça do país
A Operação Sisamnes investiga a venda de decisões judiciais no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e tribunais de Justiça e terá novos desdobramentos, a partir da análise do material recolhido pela Polícia Federal na busca e apreensão nas casas e escritórios dos alvos.
Segundo fontes do Judiciário, outros servidores desses tribunais poderão ser implicados com base em informações colhidas nessas buscas.
Leia maisMaterialidade
O ministro Cristiano Zanin é relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF) e o processo corre em segredo de Justiça. Porém, pelo que pode ser acessado a partir das petições, o magistrado afirmou que “as provas produzidas trouxeram indícios concretos de materialidade e autoria de crimes”.
Na terça-feira, a PF cumpriu um mandado de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal.
Na peça jurídica, Martins afirmou que a análise do aparelho celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em Cuiabá (MT) um ano atrás, “produziu amplo arcabouço de diálogos e conversações entre os sujeitos que, segundo o conjunto de hipóteses criminais trazidas, intermediavam as espúrias negociações”. A seu ver, “os diálogos e documentos colhidos pelos órgãos de investigação descortinaram um esquema de intermediação envolvendo empresários e servidores do Poder Judiciário”.
Zanin Martins destacou, ainda, que durante as investigações, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) compartilhou com a Polícia Federal relatório de inteligência financeira contendo informações que poderiam apontar o envolvimento de pessoa detentora de foro por prerrogativa de função no Supremo. Com isso, os autos foram encaminhados ao STF.
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