Por José Adalbertovsky Ribeiro, periodista, escritor e quase poeta*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Na temporada de 1998 aconteceu um festival de sofrência no reino de Pindorama. Venceu a cantiga “Eu não presto, mas eu te amo”, interpretada pelo “Dinossauro Vermelho”. O “Lobo Mau” ficou em segundo lugar. O Dinossauro e o Lobo Mau trabalham com a mesma moeda, a cara e a coroa da polarização. Eles se amam pelo avesso, nos tapetes dos poderes.
Eles combinaram: “Eu falo mal de você e você fala mal de mim. Assim vamos continuar na vitrine sem dar vez a ninguém, até os tempos infindos. Se o Dinossauro ficar gagá feito Biden será substituído por um poste tipo o Radar. Se o Lobo Mau for impedido pela arbitragem, haverá uma marionete. Assim tá combinado, do jeito que o diabo gosta.
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A torcida organizada do Dinossauro é comandada pelos devotos da seita vermelha. O Lobo Mau lidera os rebanhos da seita do gado. Quando as duas torcidas se encontram, o pau canta, barbaramente ou democraticamente. Ao lembrar a Grécia Antiga, os bárbaros juram por Zeus que frequentavam a escolinha do Professor Platão e aprenderam as lições sobre democracia relativa e regulamentação das redes sociais.
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Um parêntese: sexta maior população do mundo, quinta maior extensão territorial do planeta e nona ou oitava economia no ranking internacional, o Brazil, considerado emergente, é polo geopolítico estratégico nos cenários globalizados, noves fora todas as mazelas que infelicitam a nossa Nação. “Gigante pela própria natureza”, este é apenas um refrão ufanista.
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Há décadas e décadas o Brazil vive patinando com um crescimento econômico medíocre e em meio a bate-bocas ideológicos. Nos anos 1980 transcorreu a década perdida da estagnação econômica, sufocada pela inflação, desagregação social, aumento da pobreza e favelização, disseminação do populismo e das demagogias políticas.
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Naquela época os “Tigres Asiáticos” — Cingapura, Coréia do Sul, Hong Kong e Taiwan — davam curso ao grande salto desenvolvimentista iniciado na década de 1960, com crescimento na faixa de 10 % ao ano, na base de políticas econômicas liberais, educação, disciplina, baixos impostos e estado de bem estar social.
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Na mesma região na Ásia e com territórios mais ou menos equivalentes, a Coréia do Sul, democracia capitalista, exibe um PIB de 1,6 trilhão de dólares, e a Coréia do Norte, ditadura comunista, tem um Pibizinho de menos de 100 bilhões de dólares. Os comunistas coreanos fabricam bombas atômicas para ameaçar os capitalistas, mas são incapazes de fabricar geladeiras para os 26 milhões de habitantes. Geladeiras e rock ‘n’ roll são artefatos subversivos.
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Por que o Brazil não decola? Não decola porque não é passarinho nem avião. Os tigres asiáticos decolaram pelo impulso da livre iniciativa, planos de voo de estabilidade institucional, honestidade nas relações de mercado, mão-de-obra competente e bem remunerada.
O Brazil também não decola por conta da corrupção nos ares e em todos os andares, engrenagens dos poderes montadas para favorecer a concentração de renda nas mãos das elites e das castas parasitárias, penalidades para quem produz e sustenta os sanguessugas do poder.
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No ritmo da inércia, este reino de Pindorama vai continuar patinando com voo de galinha e as próximas gerações vão continuar dançando punk, discutindo teologias socialistas e fazendo passeatas de protesto. Comunista-raiz detesta o rock, por ser um ritmo imperialista. Se você gostar de Elvis Presley, será chamado de reacionário da direita. Se adorar a musa Madonna, nem pensar, será um bicho da ultradireita nos caminhos da perdição. Arriba, galera! Até breve!
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