O cenário é o mesmo. Nada mudou!
Praticamente nada mudou no cenário ainda amplamente desfavorável para a governadora Raquel Lyra (PSD) emplacar a reeleição nas eleições que se aproximam. Para fechar o calendário eleitoral de 2026 falta menos de um ano, mas a vantagem do pré-candidato do PSB, João Campos, se mantém no mesmo patamar. Na soma total, 31 pontos.
Mas quando se comparam os números por região, a dor de cabeça da governadora aumenta. Na Região Metropolitana do Recife, por exemplo, onde se concentra 46% do eleitorado do Estado, a diferença é discrepante: 46 pontos percentuais, 61% para 15%. Como tirar tamanha diferença no Interior, se nas cidades só existem duas forças antagônicas, e uma delas estará no palanque de João?
Leia maisIlustro com o caso de Caruaru, terra em que a governadora foi prefeita. Com apoio do prefeito Rodrigo Pinheiro (PSD), ela tende a ser majoritária, mas as oposições transferem, no mínimo, 30% dos votos para o adversário de Raquel, que terá no seu palanque lideranças como os ex-prefeitos Zé Queiroz e Tony Gel.
Isso sem contar que João tem ainda o chamado voto da gratidão, daquele eleitor que admirava Arraes, bisavô dele, e o pai Eduardo. Perfil de eleitor que sempre votou em candidatos de esquerda e que enxerga João com as legítimas credenciais para dar continuidade aos legados de Arraes e Eduardo.
Há ainda o fator Lula. Pernambuco é um Estado extremamente lulista. Sempre foi e não será diferente na eleição que se aproxima, levando-se em consideração que o presidente está recuperando a sua popularidade, apontado em todas as pesquisas como franco favorito a conquistar o seu quarto mandato.
Pelo andar da carruagem, um palanque dois para Lula em Pernambuco, armado por Raquel, está descartado. A não ser, como disse o senador Humberto Costa, que a governadora saía do muro e assuma que seu candidato será Lula. Raquel está filiada ao PSD, de Gilberto Kassab, que já lançou a candidatura do governador do Paraná, Ratinho Júnior.
Mas não deve assumir também o candidato do seu partido. Orientada pelos seus marqueteiros, a governadora tende a adotar o muro na disputa presidencial, como fez na eleição passada. Teve votos de lulistas e bolsonaristas que não queriam Marília Arraes governadora. Deu certo, mas em política a história só se repete na primeira vez como tragédia. Na segunda, como farsa.
SEM RESULTADO – Há um ano, exatamente quando viu João Campos despontando em todas as pesquisas, a governadora Raquel Lyra inverteu as suas prioridades e também mudou a agenda, concentrando-se no Interior. Tudo porque percebeu que a Região Metropolitana, onde o adversário reina absoluto, está minada. Mais movimentos que pudessem refletir nas pesquisas e contagiar o humor sairiam do interior para a capital. Pelo menos até agora, segundo os números da pesquisa do Opinião, a estratégia não deu em nada. A não ser que Raquel imagine que adesão de prefeito resolve eleição.

Um clássico que depende do tempo – Mesmo sem reagir, a governadora Raquel Lyra e o prefeito João Campos tendem a travar o duelo do século, segundo analistas políticos dos mais variados perfis. Tudo porque, segundo eles, Raquel está com a máquina nas mãos, dinheiro em caixa sobrando, contraído por meio de empréstimos e obras em andamento que podem lhe dar visibilidade. A pedra no meio do caminho da gestora se chama tempo. O ano praticamente acabou e Raquel só pode participar de inauguração de obras até abril, espaço muito exíguo, até pelos atropelos que vem tendo com licitações no Tribunal de Contas.
O estilo atrapalha – Em reserva, até os próprios aliados da governadora reclamam do seu estilo de governar, sem ouvir ninguém, sem dar autonomia aos secretários e sem fazer nenhum tipo de esforço na relação com os políticos no dia a dia, especialmente os deputados estaduais. “Ela é inflexível, só faz o que passa pela sua cabeça”, revela um deputado da própria base do Governo na Alepe. Para ele, João é simpatia, Raquel antipatia. “Até quando quer ser simpática, não consegue convencer e agradar”, resume o mesmo parlamentar.
Raquelzista juramentado – O deputado Luciano Duque, do Solidariedade, partido de Marília Arraes, virou um raquelzista empedernido. Subiu à tribuna ontem para fazer um discurso batendo na oposição. “É incompreensível que nós temos uma Assembleia Legislativa onde estamos há mais de 100 dias para votar um empréstimo quando a Câmara de Vereadores do Recife passou uma semana”, disse, referindo-se a mais um pedido de autorização de empréstimo à Casa feito por Raquel.

O amor é lindo – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), disse, ontem, após a videoconferência com o presidente Lula, que pode vir ao Brasil no futuro. A declaração foi dada a jornalistas na Casa Branca depois de ser questionado sobre a conversa sobre o tarifaço que teve pela manhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Em algum momento, eu irei [ao Brasil]”, afirmou Trump. Segundo o republicano, Lula também concordou em visitá-lo nos EUA. A princípio, a próxima oportunidade de encontro entre os líderes será na Malásia, às margens da cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), no final deste mês, sugestão dada por Lula.
CURTAS
JOGOU A TOALHA – Aliado de primeira hora da governadora, Danilo Simões, filho da ex-prefeita de Afogados da Ingazeira, Gisa Simões, entregou, ontem, de forma irreversível, a sinecura que ganhou de Raquel depois de perder a eleição de prefeito. Tantos quanto ele surrupiam o erário sem dar uma hora de trabalho.
REELEIÇÃO COMPLICADA – O que corre nos bastidores da política no Piauí é que o senador Ciro Nogueira (PP) teria um cenário sombrio para a reeleição, daí a razão de passar a ser o maior defensor da candidatura de Tarcísio de Freitas para presidente, sonhando em ser o seu vice. Ronaldo Caiado, concorrente de Tarcísio no bloco da direita, disse que Ciro sofre de ansiedade vergonhosa.
UMA BAGATELA- O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reservou R$ 6,5 bilhões para pagamento de emendas ao Congresso nas últimas duas semanas. Nesse período, foi articulada a votação na Câmara da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 por mês. O projeto foi aprovado de forma unânime na Casa na quarta-feira passada com o apoio de todos os deputados presentes. A liberação das emendas voltou a acelerar no fim de setembro, depois de ficar quase estagnada em agosto.
Perguntar não ofende: Trump vai suspender o tarifaço de 50% depois do balacobaco com Lula?
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