A corridinha diária de 8 km, hoje, foi na praia. Na areia, exige mais condicionamento e fiz o percurso em 55 minutos. Ao final, um banho de mar para restaurar o corpo e alma, sentindo cheiro de sargaço.
A corridinha diária de 8 km, hoje, foi na praia. Na areia, exige mais condicionamento e fiz o percurso em 55 minutos. Ao final, um banho de mar para restaurar o corpo e alma, sentindo cheiro de sargaço.
Por Américo Lopes, o Zé da Coruja*
Ofereço a Mary, minha mulher, meus filhos Tiago e Raquel, meus netos Bernardo e Duda, e minha nora Bárbara
Caríssimo Magno,
Suas crônicas domingueiras têm se transformado em refúgios de acolhimento e até mesmo de perdão (no meu caso, meu mistério), pois são permeadas por grande valor estético, literário e cristão. Esses elementos estão lá, e nem precisa usar lupa.
Afogados da Ingazeira, Riacho do Mel/Coruja, nosso Sertão de vidas secas, acabaram de pedir Aracataca/Macondo em casamento. A comemoração será no Riacho do Mel, desculpe aí, com os coronéis Lopes abrindo o champanhe. Até os bichos dos currais beberão.
Leia maisA impressão que dá, pelas maravilhosas manifestações dos seus internautas — entre os quais honrosamente me incluo —, é que essas suas crônicas domingueiras tornaram-se um legítimo acontecimento cultural em Pernambuco. Pode botar no calendário e festejar. Não tem nada mais novo ou melhor.
Era uma vez um menino do interior que, como milhões de iguais, deu de cara com um livro chamado “Cem Anos de Solidão”, que exigiu a leitura quase que total da extraordinária obra desse gênio Gabriel García Márquez.
O conhecimento do gelo apresentado ao vilarejo de Macondo pela cigano Melchíades; o sangue do filho assassinado que venceu grandes distâncias até chegar aos pés da mãe; os mortos mostrando os ferimentos aos vivos e ameaçados de morrer de novo se não deixassem de assombrações tolas e perigosas, e tantas outras maravilhas de encantamento e magia.
Esse livro foi o elemento de fusão entre o garoto pobre assombrado com a cidade grande e um passado lindo e feliz deste garoto, daqueles que vale a pena ter vivido. Dúvida zero.
Se o menino Gabriel García Márquez preparou-se para ser o maior escritor e jornalista do século XX e de muitos séculos, decerto há três elementos em sua obra ditos por ele mesmo que o fizeram gigante: o escritor americano Faulkner, a Bíblia, que ele leu, trancado, até quase ficar louco (a barba cresceu tanto que o homem virou um eremita) e, não menos importante, o seu avô materno que, ao caminhar com ele de mãos dadas, parava bruscamente e dizia: “Gabo, você não sabe o peso de ter matado um homem”.
Magno, em “Cheiro de Goiaba” o nosso herói Gabo revelou que só mandava o livro para a edição depois que dele emanava o cheiro das coisas, fossem as frutas e até mesmo a merda do coronel nas privadas úmidas e fora de casa. Estou dizendo isso porque as suas crônicas estão com cheiro de goiaba, de manga, de laranja lima e até mesmo da pólvora dos festejos de final de ano.
Em pleno domingo dou de cara (damos de cara) com o Gabo garoto e suas andanças por esse mundo mágico: sua pequena Macondo. “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. Mas o Tejo não é mais belo que o rio (Pajeú) que corre pela minha aldeia. Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”
Você anda gastando seu tempo conosco, seus pobres leitores, que estamos a fazer de cada domingo uma farra, com pão, peixes e vinhos, e armados com o anzol da esperança para ver se pegamos uma simples piabinha na sua gigantesca sensibilidade.
Pode mandar mais, somos comilões desse banquete nuclear que você nos oferece todos os domingos. Vai, Pelé, vai Garrincha, vai Ademir da Guia, pois é isto o que tu és: craque do meu Pajeú das Flores, do meu irredentista Pernambuco, do Nordeste e do Brasil.
Do seu admirador,
Zé da Coruja.
*Diretor operacional da Folha de Pernambuco
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Frei Gilson se apresentou na capital paraibana na noite deste sábado (27), durante o Celebra João Pessoa, evento promovido pela Arquidiocese da Paraíba. Em entrevista à TV Cabo Branco, o religioso revelou que a música serviu como ponte para que ele entrasse para a vida na igreja.
“A música foi o jeito que Deus começou a me atrair para ele. Meu padrasto me ensinou a tocar, tentando me cativar, e ali minha mãe estava inaugurando um grupo de oração, e eu começo a tocar nesse grupo. E foi a música que me levou a conhecer Jesus”, contou. As informações são do portal g1.
Frei Gilson, que é natural de São Paulo, começou a tocar violão ainda na adolescência, aos 14 anos, e aos 18 entrou no convento para se tornar frade. Ele ficou famoso através das redes sociais onde faz transmissões ao vivo com pregações, e disse que sua presença em João Pessoa era uma missão a ser cumprida. “Sempre que eu divulgava agenda, o clamor era muito forte ‘venha para João Pessoa’. Então tenho certeza que é da vontade de Deus que eu esteja aqui”, afirmou, em entrevista à TV Cabo Branco.
Atualmente, o Frei Gilson possui mais de 11 milhões de seguidores somente no Instagram, e durante a Quaresma de 2025, ele chegou a reunir mais de 1 milhão de telespectadores em uma live às 4h da manhã. A organização do Celebra João Pessoa estima que cerca de 300 mil pessoas tenham acompanhado os shows na orla da capital paraibana.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) marcou para amanhã (29) uma audiência de conciliação entre os Correios e os sindicatos, em uma última tentativa de encerrar a greve antes do julgamento do dissídio coletivo, previsto para terça (30). Segundo o TST, a reunião será realizada na véspera da sessão da Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Caso não haja consenso, o tribunal julgará o mérito da greve e definirá as condições do movimento.
O presidente do TST, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, já havia determinado, em decisão liminar, a manutenção de 80% do efetivo em funcionamento, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. As informações são do Brasil de Fato.
Leia maisA paralisação teve início em 16 de dezembro e foi intensificada na noite da última terça-feira (23), após a maioria dos sindicatos rejeitar a proposta de ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) 2025/2026 que estava em mediação conduzida pela vice-presidência do tribunal.
Segundo a estatal, dos 36 sindicatos que representam os trabalhadores da empresa, 12 aderiram à greve. A empresa afirmou que na sexta-feira passada (19) 90% do efetivo trabalhava, garantindo agências abertas e entregas — uma afirmação contestada pela intensificação do movimento grevista a partir do dia 23. “As agências permanecem abertas para atendimento ao público, e as entregas estão sendo realizadas em todo o país”, informou.
Reivindicações
Os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios estão em greve por três eixos centrais:
Entre as demandas específicas estão reajuste com reposição inflacionária, adicional de 70% nas férias, 250% para trabalho em fins de semana e feriados, e manutenção de direitos conquistados. As federações que representam os trabalhadores mantêm a orientação para que a categoria continue em greve.
A categoria defende que essas medidas são fundamentais não apenas para os direitos dos trabalhadores, mas para o fortalecimento da empresa pública e a manutenção de um serviço essencial à população, em oposição ao projeto de desmonte e privatização que a estatal sofreu nos anos anteriores.
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Do Estadão Conteúdo
A atriz francesa Brigitte Bardot, ícone do cinema e da cultura do século 20, morreu aos 91 anos. Polêmica em seus últimos anos, a atriz esteve internada em novembro em um hospital em Toulon, no sul da França, e passou por uma cirurgia. A informação foi confirmada à imprensa francesa pela Fundação Brigitte Bardot. A causa da morte ainda não foi confirmada.
Nascida em Paris, na França, em 28 de setembro de 1934, Brigitte Anne-Marie Bardot ficou conhecida por se tornar um dos maiores ícones culturais do século 20. Sua beleza ajudou a redefinir os padrões de estética e visão feminina no cinema a partir da década de 1950, quando tornou-se um símbolo da mulher moderna por normalmente interpretar personagens emancipadas, libertárias e incontroláveis.
Leia maisVida e carreira de Brigitte Bardot
Brigitte foi iniciada no mundo das artes cedo. Filha de um industrial da alta burguesia francesa e uma ex-artista frustrada que passou anos tentando se tornar uma bailarina, ela teve educação rigorosa e católica na juventude, criada em uma família conservadora e rígida.
Começou a fazer aulas de balé clássico ainda durante a infância, e aos 15 anos foi contratada pela revista francesa Elle para ser modelo de uma coleção juvenil. A capa chamou a atenção do então jovem cineasta Roger Vadim, de 22 anos, que imediatamente apaixonou-se por ela e provocou seu interesse na carreira de atriz.

Alguns anos mais tarde, meses após ela completar 18 anos, em 1952, ela e Vadim se casaram. A união, que durou cinco anos, deu origem ao filme que projetou Bardot ao cinema mundial e transformou sua história radicalmente: ‘E Deus Criou a Mulher’ (1956).
Seu primeiro projeto como atriz, no entanto, veio quando um amigo de seu pai a indicou para uma comédia em que ela poderia ter um papel de destaque. O longa, ‘Le Trou Normand’ (1952), tornou-se uma lembrança amarga, já que sua falta de experiência foi motivo de zombaria entre as equipes de produção. Mesmo assim, ela continuou tentando novos trabalhos, e aos poucos começou a chamar atenção da sociedade e da imprensa da época.
Descontente com o pouco sucesso dos primeiros filmes da esposa, Vadim a escalou para o papel principal de sua nova produção, um flerte com a então insurgente nouvelle vague.
Em ‘E Deus Criou a Mulher’, Bardot interpreta Juliette, uma adolescente com desejos sexuais à flor da pele e que chama a atenção de todos os tipos de homens ao seu redor. Considerado escandaloso pela abordagem dos temas sexuais, o filme chegou a ser condenado pela Igreja Católica e ter cópias censuradas para atender aos padrões do Código Hays.
As aparições frequentes da atriz usando biquíni em seus primeiros filmes, aliás, são consideradas parte instrumental para a transformação da vestimenta em símbolo de glamour e rebelião.
Quando chegou às telas nos Estados Unidos, apesar do choque inicial, o filme foi um estouro de receita. Uma das cenas do longa, em que Brigitte dança descalça sobre uma mesa, é referenciada até hoje entre as mais sensuais da história do cinema.
No ano seguinte ao lançamento do filme, em 1957, ela e Vadim se separaram. Mais tarde, em 1959, casou-se com o segundo marido, Jacques Charrier, com quem teve seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier, uma criança que ela não queria e da qual não teve custódia. Mais tarde, casou-se com o alemão Gunter Sachs, uma união que durou de 1966 a 1969.
Livre do moralismo velado natural às estrelas do cinema americano, a nova sensação francesa chamava atenção pela aparente liberdade natural com que se portava. Durante sua carreira meteórica, atuou em mais de 40 filmes, incluindo clássicos como ‘A Verdade’ (1960), indicado ao Oscar, ‘Vida Privada’ (1962), ‘O Desprezo’ (1963), de Jean-Luc Godard, e a comédia de faroeste ‘Viva Maria!’ (1965). Atuou ao lado de nomes como Alain Delon, Jeanne Moreau e Marcello Mastroianni. Brigitte Bardot decidiu se retirar das telas no auge do sucesso, em 1973, aos 39 anos.
Alvo de polêmicas
Ao longo das décadas seguintes, publicou livros e concedeu entrevistas em que compartilhou opiniões conservadoras, especialmente sobre temas como migração, cultura francesa e pluralidade racial.
Em 2003, publicou o livro ‘Un Cri dans le Silence’ (Um Grito de Silêncio), em que aborda de forma controversa temas como imigração, islamismo e impacto da cultura árabe na Europa. A obra também foi considerada homofóbica, já que a atriz julgava prejudicial a adoção de crianças por casais LGBTQIA+.
Desde então, Brigitte Bardot passou a acumular dezenas de processos por racismo e injúria racial, movidos sobretudo por entidades muçulmanas, e foi acusada mais de uma vez por suposto incitamento racial contra imigrantes na França.
Em 2018, durante o auge do movimento Me Too, chegou a afirmar que as denúncias feitas por algumas atrizes eram “na maioria dos casos, hipócritas, ridículas, sem interesse”.
“Há muitas atrizes que vão provocando os produtores para conseguir um papel. Depois, para que se fale delas, dizem que sofreram assédio… Na realidade, mais do que beneficiá-las, isso as prejudica”, disse à revista francesa Paris Match.
Em 2021, a atriz foi condenada por um tribunal de Saint-Tropez a pagar uma multa de 20 mil euros por insultos racistas, após chamar os habitantes de uma ilha francesa de nativos que “preservaram seus genes selvagens”.
Em sua trajetória marcada por contrastes, Bardot foi musa de cineastas, símbolo sexual, ativista radical e retrato do conservadorismo. Deixa um legado controverso, mas incontestável.
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O presidente da Câmara Municipal de Turilândia, vereador José Luís Araújo Diniz, o “Pelego” (União Brasil), assumiu interinamente a prefeitura do município do Maranhão depois de a Justiça local determinar o afastamento do prefeito Paulo Curió (União) e da vice-prefeita Tânya Mendes (PRD). O político vai comandar interinamente o cargo enquanto cumpre prisão domiciliar e é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
A mudança foi oficializada por meio de portaria publicada na sexta-feira, que reconheceu a vacância temporária dos cargos de chefia do Executivo municipal. A vice-presidente da Câmara, vereadora Inailce Nogueira Lopes, passou a exercer interinamente a presidência do Legislativo na cidade — ela também cumpre prisão domiciliar. As informações são do jornal O Globo.
Leia maisPelego é um dos investigados na Operação Tântalo II. O Ministério Público afirma que uma organização criminosa se instalou no poder de Turilândia, a 157 quilômetros da capital São Luís, para desviar recursos públicos de áreas como Saúde e Assistência Social. O prefeito Paulo Curió se entregou às autoridades e foi preso, assim como a sua vice.
Além deles, empresários, servidores, dez vereadores e um ex-vereador são suspeitos de participar do esquema, que teria tirado dos cofres públicos ilegalmente mais de R$ 56 milhões. Segundo o MP, há indícios do cometimento de crimes como organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro, entre 2021 e 2025.
Pelego e outros vereadores que cumprem prisão domiciliar foram autorizados pela Justiça a só saírem de casa para participar de sessões na Câmara previamente marcadas. Ao g1, o promotor Fernando Berniz, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Maranhão, disse que exercer a vereança é autorizado pela legislação, já que o político não foi afastado de suas funções. Ponderou, porém, que não há autorização judicial para atuar como prefeito.
“Ele não pode. Caso queira exercer as funções no Executivo, precisa pedir autorização à desembargadora. Hoje, ele só pode sair de casa para ir às sessões da Câmara Municipal previamente designadas”, disse.
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Em vídeo publicado há uma semana pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, a colunista relaciona a operação da Polícia Federal contra a chamada “máfia do INSS” ao sigilo de 100 anos imposto pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, sobre visitas de Antônio Camilo Antunes — conhecido como “careca do INSS” — à Casa. Segundo ela, a ação ajuda a esclarecer por que as informações foram mantidas sob segredo.
“A Polícia Federal prendeu o número dois do Ministério da Previdência, [Adroaldo da Cunha Portal], por envolvimento na máfia do INSS e tá mirando também o senador Weverton Rocha, que além de ter muita influência no ministério, é também vice-líder do governo Lula”, afirma Malu. Para a jornalista, além de escancarar a ligação do senador com o esquema, a operação lança luz sobre o bloqueio de dados determinado por Alcolumbre.
Malu lembra que, desde o início da CPI do INSS, em agosto, já se sabia que Antônio Camilo Antunes mantinha relação próxima com políticos de diferentes níveis. “Pra conseguir organizar um esquema de descontos ilegais que desviou mais de 6 bilhões de reais dos aposentados, ele precisava de muita gente operando pra ele em Brasília”, diz. Segundo ela, a CPI buscava saber “com quem o careca falava, com quem ele fazia negócios, pra tentar saber quem ele pagava”, mas o acesso foi barrado pelo presidente do Senado, que decretou sigilo total sobre as visitas.
De acordo com a PF, ainda segundo o relato, “o Everton Rocha era o sustentáculo político e sócio oculto da organização criminosa que roubou os aposentados”. O número dois da Previdência teria sido chefe de gabinete do senador, e o filho dele continuava trabalhando no mesmo gabinete. Malu afirma que o senador também recebia dinheiro da quadrilha e utilizava um jatinho do operador do esquema, além de atuar como braço direito de Alcolumbre no Senado.
O professor, escritor, cientista político e sociólogo Antônio Lavareda será o entrevistado do último podcast do ano Direto de Brasília, na próxima terça-feira. O programa é uma parceria deste blog com a Folha de Pernambuco, com transmissão para 165 emissoras no Nordeste.
Lavareda é pioneiro no Brasil nos estudos teóricos e na utilização de ferramentas de neuropolítica, mestre em Ciência Política e em Sociologia. É também um dos consultores mais bem-sucedidos em campanhas eleitorais no País, craque em pesquisas e análises de cenários eleitorais nacionais e internacionais.
Leia maisÉ também advogado, jornalista, mestre em sociologia e doutor em ciência política, senior fellow do CEBRI, conselheiro do PNUD da ONU, coordenador do Observatório Febraban, conselheiro do COPS da Associação Comercial de São Paulo, diretor Geral do Barômetro da Lusofonia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, presidente do conselho científico do IPESPE, presidente de honra da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais e comentarista eleitoral da CNN.
O podcast tem a participação dos jornalistas José Maria Trindade, da Jovem Pan Brasília; Marcelo Tognozzi, do Poder360; Rudolfo Lago, do Correio da Manhã; Betânia Santana, da Folha de Pernambuco; Heron Cid, do site MaisPB; Arnaldo Santos, da revista Mais Nordeste, de Fortaleza; Felipe Klisma, da Rede de Rádio ANC, do Ceará; Orlando Pontes, do jornal Brasília Capital, e Ângelo Girotto, do jornal O Potengy, do Rio Grande do Norte.
Na pauta, a prisão de Bolsonaro, os escândalos do INSS e do Banco Master, o Governo Lula, as pesquisas de intenção de voto para presidente, o golpe no orçamento da União dado pelo Congresso, através das emendas e do inflado fundo eleitoral, além de outras cositas mais, como a iniciativa do senador Alessandro Vieira de colher assinaturas para investigar o contrato do banco Master com a esposa do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
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Por Betânia Santana – do Blog da Folha
O momento é de reforçar a fé e a tradição com a 67ª Missa do Vaqueiro, celebrada no último domingo do ano, em Floresta, Sertão de Itaparica. Mas o município pernambucano, a 435 quilômetros do Recife, já respira 2026.
Políticos espalharam outdoors para saudar o novo ano e a cerimônia religiosa, que coincide com as homenagens ao padroeiro. A festa do Bom Jesus dos Aflitos começou dia 22 e se estende até o dia 31.
Leia maisRaquel Lyra
E neste domingo vários deles devem marcar presença na celebração. A governadora Raquel Lyra (PSD) já confirmou. O deputado federal e pré-candidato ao Senado, Eduardo da Fonte (PP) chegou a Floresta no sábado à noite. Serão recebidos pela prefeita, Rorró Maniçoba (PP), e pelo secretário de Turismo e Lazer do estado, o deputado licenciado Kaio Maniçoba (PP).
Os anfitriões também devem recepcionar o prefeito de Carnaubeira da Penha, Elizio Soares Filho, o Elizinho (eleito pelo PSDB, mas hoje filiado ao partido da governadora, o PSD); o ex-prefeito de Itacuruba Bernardo Maniçoba; o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco, Marcelo Gouveia (Podemos),e outros líderes políticos da região.

“Neste domingo Floresta estará em festa. Nós temos a maior e melhor Missa do Vaqueiro do nosso estado, que conta com o apoio da nossa governadora, da prefeita Rorró e de todo o nosso grupo político”, destacou Kaio Maniçoba.
A festa teve início com concentração e café da manhã dos vaqueiros, a partir das 6h, ao lado do Parque das Caraibeiras. Às 8h, eles começaram a desfilar pelas ruas da cidade. A missa campal está prevista para as 10h, no Parque de Exposição, e terá participação do Coral de Aboio de Serrita. Haverá programação durante todo o dia.
“A festa começa cedo e vai até meia-noite. Com muita alegria, muito desfile, muita música e muita política. Vai ser um domingo animado”, admite o secretário e deputado licenciado Kaio Maniçoba.
João Campos
Embora apareça em outdoors espalhados pela cidade, a assessoria do prefeito da capital, João Campos (PSB), não confirmou a presença dele ao evento. A agenda em Floresta coincidiu com o início da Virada Recife, o pré-réveillon, com shows gratuitos no sábado (27), neste domingo e na próxima quarta-feira (31), na Praia do Pina, Zona Sul da cidade.
Mas aliados estarão na programação, entre eles, o deputado estadual Fabrizio Ferraz (Solidariedade), que atua na região e recentemente deixou a base da governadora Raquel Lyra para apoiar o projeto de João Campos; e o conselheiro do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) Rodrigo Novaes, filho de Floresta, e que, mesmo sem mandato, mobiliza pelo segundo ano o grupo “Respeita minha história”, prometendo reunir duas mil pessoas.
Também já garantiram presença na festa o ex-prefeito de Petrolina e pré-candidato ao Senado, Miguel Coelho (União), e o deputado federal Pedro Campos (PSB).
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A cerimônia para celebrar os três anos do Memorial da Democracia de Pernambuco acontece amanhã, das 16h às 18h, no Memorial da Democracia Fernando de Vasconcellos Coelho, localizado no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. O evento reúne representantes da sociedade civil e marca a consolidação do espaço como referência na preservação da memória e na defesa da democracia. A entrada é gratuita.
Durante a programação, será lançado o livro “Utopias e Novos Direitos”, coordenado pelos professores Manoel Moraes e Carol Ferraz, e entregue a petição de amicus curiae na ADPF 320, o Caso Rubens Paiva. Elaborado pela Cátedra Dom Helder Câmara e encabeçado pelo Centro das Mulheres do Cabo, o documento destaca a justiça de transição a partir das violações sofridas por mulheres, crianças e adolescentes durante a ditadura brasileira.
Macondo, a cidade fictícia de Gabriel García Márquez, da sua obra-prima “Cem anos de solidão”, é um lugar mítico, com elementos de realismo mágico e eventos que misturam o fantástico com o cotidiano, inspirado em parte na cidade natal dele, Aracataca. Foi em Aracataca que o genial García Márquez viveu a sua infância e adolescência, absorvendo histórias e tradições.
Aracataca nunca saiu do seu imaginário, tampouco do seu coração, como Itabira nunca foi varrida dos pensamentos de Carlos Drummond de Andrade. Se Itabira, para Drumond, foi o retrato pendurado na parede corroendo o seu coração, efervescência da sua alma, Aracataca, para Márquez, foi mais do que o lugar em que nasceu.
Leia maisFoi a fonte vital de suas histórias, transformando suas memórias e a realidade de sua terra natal no universo mágico e universal de suas obras. O escritor colombiano cresceu ouvindo lendas e histórias da sua cidade contadas por seus avós maternos. Borboletas amarelas são vistas por toda a cidade, referência a uma de suas famosas imagens literárias.
A casa em que viveu quando criança foi transformada em um museu repleto de móveis originais, incluindo o berço onde dormiu. Afogados da Ingazeira, encravada no poético chão de vidas secas do lendário Pajeú, é a minha Aracataca, repositório de memórias que nunca se vão.
Estamos bem próximos de celebrar mais uma virada de ano e isso me traz muitas lembranças vivas. No último dia do ano, nos primeiros raios de sol, acordava com a retreta passando na janela do meu quarto. De pijama, corria para a varanda e, emocionado, batia continência para os retreteiros.
Com a sua cultura nostálgica, era a cidade se despedindo do ano que se ia, saudando o ano que chegava. À frente, o maestro Dinamérico Lopes, com seu trompete inseparável. A bandinha era composta de gênios. Guaxinim era um deles, com seu saxofone. Mestre Biu, outro saxofonista de ouro. No carnaval, eles se juntavam a Lulu Pantera, Zé Pilão, Zé Malaia, Chico Vieira e Carrinho de Lica, além de tantos outros para animar nossos quatro dias de folia no Acaí, o Aero Clube de Afogados da Ingazeira.
Isso mesmo! A cidade tinha um aeroclube sem nunca ter ali pousado sequer um monomotor. Festa do dia de ano no Sertão, o réveillon dos sofisticados da capital, era dia de muita labuta para meus pais Gastão e Margarida. Comerciante, papai só fechava a loja perto de meia-noite. O apurado valia a pena.
A matutada comprava de tudo, de perfume quebra no beco a botão e birilo, que se chamava também de friso. Eu e Marcelo, irmão encostado, como se dizia por lá, vendíamos bolas de sopro na movimentada rua defronte a miudeza de papai. De tanto encher as bolinhas soprando, ficávamos de berço inchado.
Depois, papai nos dava um trocadinho para brincar no carrossel, na canoa e na roda gigante. Nosso mundo encantado se completava com as guloseimas vendidas nas barracas em torno do parque: tubiba, cordão doce, cachorro quente e caldo de cana.
Mamãe, por sua vez, se encarregava de nossas vestimentas para entrar o ano bem arrumado. As roupas eram feitas pela tia Zezinha, costureira de mão cheia, cuja casa ficava por trás do prédio da Prefeitura. Tinha piedade dela. Coitada! Afinal, só da nossa prole ela costurava para nove almas vivas — cinco homens e quatro mulheres. Tudo igual. Ninguém podia destoar, ter um traje diferente do outro. Eram os pares de jarro. Os homens, de short até o joelho e camisa marrom. As mulheres, vestidinho branco.
Fim de ano era tempo também dos primeiros amores. Meus irmãos mais avançados no tempo paqueravam em torno do coreto ouvindo Waldick Soriano e Núbia Lafayette num sistema de som instalado próximo à praça, que a gente chamava de difusora. À meia-noite, dom Francisco Mesquita, o bispo vermelho, celebrava a missa do galo, com sermões comunistas, tacando o cacete no governo.
Havia também o pastoril, uma guerra do azul contra o vermelho. O pastoril tem origem em Portugal, ligado ao teatro popular ibérico medieval e aos presépios, sendo trazido ao Brasil pelos jesuítas no século XVI como um folguedo natalino que dramatiza a jornada das pastorinhas a Belém para adorar Jesus, evoluindo no Nordeste brasileiro com danças, cantos, personagens cômicos (como o Velho) e a disputa entre o cordão azul e o encarnado.
Papai e Aderval Viana, empresário rico da cidade, rivalizavam. Era o tudo ou nada. Fatinha e Aninha, minhas irmãs dançarinas do cordão azul, enlouqueciam papai. Ele saía recolhendo vintém por vintém para derrotar Viana, do encarnado. Quando não havia solidariedade por parte dos adeptos do azul, ele bancava sozinho. Era questão de honra derrotar seu Aderval Viana.
Enquanto isso, em torno de uma mesa farta, papai discursava saudando o ano novo. Já cansado do dia longo de trabalho, fazia questão de deixar suas admoestações. Com ele, aprendemos tudo. Embora apaixonado pelos filhos, era implacável: “Enquanto viveres debaixo do meu teto, farás o que eu mando”, dizia. E aí de quem o contrariasse!
Nos ensinou que dinheiro não cresce nas árvores, é fruto do nosso suor. Um pai é alguém para se orgulhar, para se agradecer e, especialmente, para se amar, também nos ensinou. Para nós, papai foi espelho, proteção, benção e conselho. Com ele e com o tempo, compreendi que um pai não é uma âncora para nos prender, nem uma vela para nos levar, mas uma luz orientadora cujo amor nos mostra o caminho.
Em “Cem anos de solidão”, há um trecho no qual Gabriel García Márquez narra que, anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía lembrou-se daquela tarde distante em que seu pai o levou para descobrir o gelo. “As estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda chance neste mundo”, concluiu.
O ano novo vem aí, está batendo à nossa porta. Não vou ver a retreta me acordando em Afogados da Ingazeira com os acordes de seu Dino. Não vou encher bola de sopro nem andar de roda gigante. Mas tudo isso me fez homem na vida, um cidadão humanitário e apaixonado pela vida.
De tudo, fica a lição da Aracataca de Gabriel, a Itabira de Drummond e a minha Afogados da Ingazeira: não importa aonde você vá, nunca vai poder escapar do seu destino. A vida não é o que a gente viveu, e sim o que se lembra e como se lembra para contar.
Não é verdade que as pessoas param de perseguir os sonhos porque elas envelhecem. Elas envelhecem porque param de perseguir sonhos.
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O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu manter a acareação determinada no inquérito que apura irregularidades envolvendo o Banco Master e rejeitou os embargos de declaração apresentados pelo BC (Banco Central). A oitiva esta marcada para a próxima terça-feira (30).
Na decisão, Toffoli afirma que nem a autoridade monetária nem o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino, são investigados no caso e, por isso, não são alvos das medidas em apuração. As informações são da CNN Brasil.
Leia mais“Deixo de conhecer dos embargos, posto que nem a Autoridade Central Financeira Brasileira nem o diretor da Autarquia são investigados e, portanto, sujeitos das medidas já determinadas nos presentes autos”, escreveu o ministro.
Toffoli ressaltou ainda que, como o objeto da investigação envolve a atuação da autoridade reguladora nacional, a participação do Banco Central nos depoimentos e acareações é relevante para o esclarecimento dos fatos.
“Tendo em vista que o objeto da investigação tange à atuação da autoridade reguladora nacional, sua participação nos depoimentos e acareações entre os investigados é de especial relevância para esclarecimento dos fatos”, afirmou.
O ministro destacou também que a investigação apura tratativas relacionadas à cessão de títulos entre instituições financeiras, sob o escrutínio legal do Banco Central, e classificou como “salutar” a atuação da autarquia. “É salutar a atuação da autoridade reguladora nacional e sua participação nos depoimentos e acareações entre os investigados”, escreveu.
A audiência envolve Daniel Vorcaro, CEO do Banco Master, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB (Banco de Brasília).
O Banco Central havia recorrido ao STF alegando falta de clareza sobre a condição em que Ailton de Aquino foi convocado para a acareação — se como testemunha, investigado ou pessoa ofendida — e sobre a possibilidade de acompanhamento por advogado.
Internamente, técnicos do BC avaliam que a decisão pode colocar fiscalizador e fiscalizados na mesma condição jurídica, o que motivou o recurso. A PGR (Procuradoria-Geral da República) chegou a pedir o adiamento da audiência, mas o pedido foi negado.
Daniel Vorcaro chegou a ser preso no curso das investigações, mas foi solto posteriormente por decisão do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).
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Por Djnaldo Galindo*
Esses homens, que inventaram os números, inventaram também a passagem do ano. Puseram no relógio um instante falso em que tudo começa outra vez. Minhas árvores e meu cão não sabem desse conto.
O rei Sol no seu fabuloso ocaso segue o seu caminho sem pensar em antes ou depois. Só a casa, com seu calendário na parede, acredita nessa separação da noite. Mas eu, que sou apenas um a recusar essa ilusão, vejo a tolice e a verdade ao mesmo tempo. Vejo a mentira: o tempo não cai nem nas folhas que se rasgam de um bloco. Vejo o rito: a esperança no peito do homem de que um dia pode ser diferente do dia anterior.
Leia maisE talvez seja. Não porque o céu vire uma página, mas porque um homem, cansado de si, olha para trás como quem deixa um casaco velho e decide, num gesto simples da alma, andar mais leve a partir de qualquer manhã.
O ano não passa. Nós é que passamos. E nessa travessia, que é contínua, há um lugar inventado para respirar, para dizer: daqui em diante, serei mais eu, mesmo sabendo que o sol de amanhã é o mesmo sol que secou a roupa de ontem.
Assim seja. Celebro a ilusão útil. Aproveito a ponte que os homens construíram sobre o rio sempre igual das horas. E cruzo-a, não como quem muda de mundo, mas como quem tira o pó dos sapatos e sente, sob a sola, a terra nova — que sempre esteve lá — esperando por um passo mais consciente.
*Escritor
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