A corridinha diária de 8 km, hoje, foi na praia. Na areia, exige mais condicionamento e fiz o percurso em 55 minutos. Ao final, um banho de mar para restaurar o corpo e alma, sentindo cheiro de sargaço.
A corridinha diária de 8 km, hoje, foi na praia. Na areia, exige mais condicionamento e fiz o percurso em 55 minutos. Ao final, um banho de mar para restaurar o corpo e alma, sentindo cheiro de sargaço.
O Comando Militar do Nordeste (CMNE) realizará, na próxima terça-feira (9), a solenidade de transmissão do cargo de Comandante Militar do Nordeste, ato de elevada relevância para o Exército Brasileiro e para o Nordeste. A cerimônia será presidida pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, e pelo comandante do Exército, general de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, reunindo autoridades civis e militares, familiares e convidados. O evento será no Quartel-General do CMNE, no bairro do Curado, e começa a partir das 18h15.
Na ocasião, o general de Exército Maurílio Miranda Netto Ribeiro transmitirá o cargo de Comandante Militar do Nordeste ao general de Exército Francisco Carlos Machado Silva, em um gesto que simboliza a continuidade da missão, da liderança e da responsabilidade institucional assumidas pelo Exército na defesa da Pátria e no fortalecimento das ações estratégicas na região.
A programação terá início às 18h15, com a inauguração do retrato do comandante substituído na galeria de antigos comandantes do CMNE, homenagem que eterniza sua passagem pelo Comando Militar de Área e reconhece sua dedicação, profissionalismo e firmeza de comando. Em seguida, às 19h, será realizada a solenidade militar, marcada pelas honras e tradições que caracterizam os atos de passagem de comando no Exército Brasileiro.
A Prefeitura de Casinhas alcançou um marco importante na gestão pública ao ser certificada com o Selo Ouro de Transparência Pública 2025, conquistando 91,18% de conformidade na avaliação realizada pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (ATRICON). A certificação integra o Programa Nacional de Transparência Pública, que monitora e avalia o nível de acesso às informações oferecido pelos órgãos públicos em todo o país.
O resultado posiciona Casinhas entre os municípios que mantêm alto padrão de transparência, reforçando o compromisso da atual administração com a modernização dos sistemas, a organização dos dados e a oferta de informações claras, acessíveis e atualizadas para a população. Em publicação nas redes sociais, a prefeita Juliana de Chaparral (UB) celebrou a conquista. “Alcançamos mais um marco na nossa missão de tornar a gestão pública mais transparente e acessível a todos. A certificação reconhece o compromisso do município com a divulgação clara e atualizada das informações oficiais, garantindo ao cidadão acesso facilitado a dados sobre despesas, receitas, licitações, contratos, programas e ações da administração”, escreveu.
O empresário e produtor Kaká Mello, fundador da Mello Vinícola, é um dos destaques da edição inaugural da Revista Terroir Nordeste, que será lançada na próxima terça-feira (9), às 18h30, no jardim do Museu do Estado de Pernambuco. Ele estampa uma das capas da publicação, representando o protagonismo crescente do vinho nordestino no cenário nacional. O lançamento coincide com um marco para a vinícola de Garanhuns: o rótulo Alvorecer 2024, Malbec premium produzido em clima ameno e altitude elevada, foi selecionado para serviço de bordo da classe executiva dos voos internacionais da Azul durante dezembro. A previsão é de que mais de 6,7 mil passageiros tenham contato com o vinho pernambucano em rotas que conectam o Brasil a destinos nos Estados Unidos e na Europa.
A reportagem dedicada ao produtor destaca a consolidação de um novo ciclo para o vinho do Nordeste, ressaltando a produção de pequena escala da Mello Vinícola e sua identidade vinculada ao terroir do Agreste. No evento de lançamento, Kaká Mello participa da apresentação oficial ao lado da equipe editorial. Idealizada por Silvio Rodrigues e Dani Gouveia, a Terroir Nordeste nasce com a proposta de valorizar narrativas, produtos e saberes da região, reunindo conteúdos sobre gastronomia, turismo, agricultura, cultura e estilo de vida.
A Assembleia Legislativa do Amapá celebrou, nesta última semana, os 25 anos da Lei da Aprendizagem, marco nacional que abriu portas e formou carreiras. Durante a sessão solene, uma trajetória ganhou destaque no plenário: a de Antônio Souza, representante da Ativa System, homenageado pelo compromisso com a formação de adolescentes e jovens aprendizes ao longo de sua atuação no setor privado. As informações são do portal Casa de Abelha News.
Em discurso, Antônio trouxe à tribuna a perspectiva de quem conhece a lei pela vivência diária. À frente da empresa que construiu com trabalho e persistência, ele abriu espaço para que jovens tivessem sua primeira experiência no mercado de trabalho, garantindo oportunidade, respeito e um ambiente onde o esforço é reconhecido e a dedicação encontra incentivo. Muitos dos que ingressaram como aprendizes seguiram crescendo profissionalmente e foram efetivados.
O sanfoneiro pernambucano Luizinho de Serra viveu um de seus momentos mais marcantes ao tocar na sanfona que pertenceu ao ídolo Dominguinhos. A experiência, que ele descreveu como “sem dúvida nenhuma um dos dias mais felizes” de sua vida, inspirou o chorinho “Dominguiando”, composto em homenagem ao mestre. Luizinho publicou um vídeo nas redes sociais executando a composição, presenteando o público com beleza e virtuosismo. Sua trajetória vem desde a infância, quando aprendeu os primeiros acordes com o pai, Zé Caiçara, e passou a sentir — como gosta de dizer — “a sanfona ainda do ventre de Dona Luza”.
Nascido em Serra Talhada e profissional de palcos desde os 13 anos, Luizinho de Serra já assinou trabalhos como sanfoneiro, produtor e diretor ao lado de nomes como Almir Rouche, Cristina Amaral, Irah Caldeira, Santanna, Maciel Melo e tantos outros. Reconhecido nos estúdios pernambucanos e presença constante em festivais no Brasil e na Europa, ele leva consigo a tradição do forró e a influência de mestres como Luiz Gonzaga, Sivuca, Camarão e o próprio Dominguinhos.
Do jornal O Globo
A recuperação que o governo Lula (PT) vinha registrando na aprovação popular perdeu tração no novo levantamento do Datafolha, divulgado ontem (5), que indica um cenário de estabilidade após semanas de tensão política.
Segundo o instituto, 32% dos brasileiros consideram a gestão ótima ou boa, 30% a classificam como regular e 37% avaliam o governo como ruim ou péssimo — variação dentro da margem de erro em relação à rodada anterior, em que os índices foram de 33%, 28% e 38%, respectivamente. A pesquisa ouviu 2.002 eleitores em 113 cidades entre os dias 2 e 4 de dezembro.
Leia maisO resultado mostra uma estagnação no movimento de melhora identificado no início de setembro, quando a aprovação havia avançado quatro pontos na comparação com julho. Naquele momento, o Planalto surfava circunstâncias políticas externas ao governo: Jair Bolsonaro (PL), principal antagonista do presidente, já cumpria prisão domiciliar e seria condenado pelo STF dias após a coleta dos dados. No cenário internacional, Lula polarizava com Donald Trump, que havia imposto tarifas ao Brasil e tensionado o debate econômico.
Lula também colheu frutos dos atos de 7 de Setembro, que apesar de terem levado milhares de pessoas às ruas em prol de Bolsonaro, ficou marcado por uma bandeira americana gigante na Avenida Paulista, o que ampliou o clima de confronto simbólico e ajudou a aquecer a militância governista.
De lá para cá, o tabuleiro político sofreu abalos. A reaproximação entre Lula e Trump, selada no encontro de outubro na Malásia, derrubou parte das sobretaxas americanas e reduziu o tom de conflito. Enquanto isso, Bolsonaro acumulou reveses: violou a tornozeleira eletrônica, foi preso em 22 de novembro e teve decretado o trânsito em julgado da condenação a 27 anos e três meses pela tentativa de golpe de 2022. Internado na PF de Brasília, viu crescer a disputa interna por sua sucessão política — o senador Flávio Bolsonaro afirmou ter sido ungido pelo pai, mas nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) seguem no radar da direita.
No lado do governo, porém, a agenda perdeu tração. O Planalto acumulou derrotas no Congresso, sobretudo no Senado, onde a crise aberta com Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) — após Lula indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o STF em vez do apadrinhado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) — desencadeou uma série de votações hostis. Messias tem percorrido gabinetes em busca dos 41 votos necessários para aprovação, enquanto Alcolumbre acelerou uma pauta-bomba de forte impacto fiscal logo após o anúncio da indicação. A relação entre governo e Senado segue tensionada.
Lula, ainda assim, comemorou um triunfo no período: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, anunciada em cadeia nacional no último domingo (30). Entre os eleitores de renda entre dois e cinco salários mínimos, a aprovação ao governo subiu quatro pontos, variação ainda dentro da margem de erro do recorte. No plano pessoal, a imagem do presidente continua em patamar mais alto que a gestão: 49% aprovam seu trabalho individual, ante 48% no levantamento anterior; a desaprovação manteve-se em 48%.
Outro fator que atravessou a opinião pública foi a operação policial no Rio que deixou 122 mortos nos complexos da Penha e do Alemão. Lula inicialmente evitou criticar diretamente a ação e o governo Claudio Castro, de olho na preocupação do brasileiro em relação aos problemas de segurança pública, mas dias depois mudou de estratégia e chamou a operação de “matança”, o que expôs divisões internas no governo sobre segurança pública. A repercussão, porém, foi diluída pela falta de mobilização no Congresso, já imerso em disputas próprias.
O retrato final da pesquisa mostra manutenção dos perfis de aprovação: Lula é melhor avaliado por idosos (40%), menos instruídos (44%), nordestinos (43%) e católicos (40%). Já as taxas mais altas de reprovação aparecem entre eleitores de ensino superior (46%), de renda entre 5 e 10 salários mínimos (53%), moradores do Sul (45%) e evangélicos (49%). O cenário atual, embora estável, é distante do auge vivido pelo petista em seus primeiros mandatos — em 2010, ele somava 72% de ótimo/bom nesse mesmo período. Ao menos supera o desempenho do adversário: em 2021, Bolsonaro registrava 53% de ruim/péssimo e apenas 22% de aprovação.
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A primeira noite do Festival Pernambuco Meu País Verão levou um público animado ao Parque de Aldeia, em Camaragibe, numa abertura marcada pela alegria e pela tranquilidade. De acordo com a organização, não houve registro de ocorrência policial. A festa é uma promoção do Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura (Secult-PE), Fundarpe e Empetur, com apoio da Prefeitura de Camaragibe. O prefeito Diego Cabral destacou a importância do município sediar a abertura da temporada de verão ao “fomentar a economia criativa da cidade”, que se consolida no calendário dos grandes eventos do Estado.
“Estamos muito felizes em receber o Festival. Temos uma vocação natural para o turismo e uma cultura muito rica. Receber esses artistas nacionais, numa festa organizada, segura, que está garantindo a mobilidade das pessoas, nos dá orgulho. Esse é um evento para toda a família”, afirmou o prefeito Diego Cabral. A governadora Raquel Lyra também marcou presença na noite de abertura. Para ela, “vai ser uma festa linda”, numa edição que começa em Camaragibe com “uma programação que vai trazer artistas maravilhosos” ao longo de três dias. “É pra gente agregar valor, gerar emprego e renda, numa área que cresce no mundo inteiro, e Aldeia não podia ficar de fora”, ressaltou.
A programação da noite abriu com a Banda de Pífanos Zabumba do Mestre Chimba, seguida pelo projeto “Delas”, com as cantoras Irah Caldeira, Cristina Amaral, Nádia Maia e Larissa Lisboa. O terceiro show ficou por conta de Dorgival Dantas, que embalou uma plateia atenta aos sucessos do sanfoneiro potiguar. Em seguida, Raí Saia Rodada manteve o público em alta com músicas como “Cinco da Manhã”, cantada em coro no Parque de Aldeia. O encerramento ficou por conta do cearense Tarcísio do Acordeon, que transformou o espaço “numa grande sala de forró”.
Entre o público, circularam pela festa o deputado João de Nadeji (PV), o pré-candidato a deputado federal Carlos Costa, além de secretários estaduais e municipais e outras autoridades. A programação segue no fim de semana com shows hoje (6): Coco dos Pretos (18h), Mago de Tarso (20h20), Xamã (21h50), Duda Beat (23h20) e Luísa Sonza (1h20), além do DJ Murilo França nos intervalos. Amanhã (7), sobem ao palco a Banda Getúlio Cavalcanti (16h), o projeto Meu Coração é Brega com Brunessa França, Amigas do Brega e Banda Sentimentos (17h10), além de Banda Kitara (20h10), Michelle Andrade (21h40) e Priscila Sena (23h40), com DJ Kananda PX nos intervalos.
O prefeito de São José do Egito, Fredson Brito, anunciou, na manhã deste sábado (6), durante o programa “De Mãos Dadas com o Povo”, transmitido pela Rádio Cultura FM em rede com a Gazeta FM, o pagamento do 13º salário para todos os servidores contratados, efetivos, aposentados e pensionistas vinculados ao FUNPRESJE.
O pagamento será realizado no dia 10 de dezembro, representando um importante impulso para a economia local. Segundo a gestão, mais de R$ 5 milhões serão injetados no comércio de São José do Egito, fortalecendo ainda mais o movimento econômico às vésperas do fim de ano.
Durante o anúncio, o prefeito destacou o compromisso da administração com a valorização do funcionalismo e com a responsabilidade fiscal do município. “Nossa cidade está em obras, está em festa e está pagando o 13º salário. Isso é organização, compromisso e respeito ao servidor público”, afirmou Fredson. Os Agentes da Cidadania não se enquadram neste pagamento por não fazerem parte da estrutura funcional contemplada pelo benefício.
O Salão de Honra do Quartel-General Forte Guararapes, sede do Comando Militar do Nordeste (CMNE), receberá, na próxima segunda-feira (8), às 11h, a solenidade de outorga da medalha da Ordem do Mérito Capibaribe ao general de Exército Maurílio Miranda Netto Ribeiro, comandante militar do Nordeste. A honraria, a mais importante comenda concedida pela Prefeitura do Recife, será entregue pelo prefeito João Campos.
A Ordem do Mérito Capibaribe representa o mais elevado reconhecimento oficial do Município do Recife. Instituída para homenagear pessoas físicas ou jurídicas (brasileiras ou estrangeiras) que se destacam ou se destacaram por méritos excepcionais e pelos relevantes serviços prestados ao Município, a comenda simboliza a valorização daqueles que contribuem de forma significativa para o desenvolvimento da capital pernambucana.
O general Maurílio Miranda Netto Ribeiro será agraciado por sua destacada atuação à frente do Comando Militar do Nordeste e pelas ações institucionais desenvolvidas em cooperação com o Município. A entrega da medalha pelo prefeito João Campos evidencia o reconhecimento formal da administração municipal e reafirma a integração entre o Comando Militar do Nordeste e o Município do Recife, consolidando uma relação pautada pelo respeito, pela cooperação e pelo compromisso com o interesse público.
Por Luciano Caldas Bivar*
Tudo começou com um governo débil, cujo presidente, chamuscado por laços familiares em “rachadinhas”, se tornou capturado e submisso a todas exigências que partissem da Câmara Federal e com a chancela silenciosa do Senado Federal fez com que permitisse brotar, no coração do Poder Legislativo, o mais terrível processo de corrupção de todos os tempos sobre a áurea da “democracia”.
Primeiro, o sequestro de 50% do orçamento público, distribuído em pequenos projetos eleitoreiros sem qualquer coordenação para o desenvolvimento do nosso país.
Leia maisSegundo: permitiu o nascedouro de alguns blocos políticos e, pior ainda, federações, que se portam, algumas delas, como verdadeira formação de quadrilhas para extorquir governos, presente e futuro, em troca de um número considerável de parlamentares que votem com o governo quando lhes convier, além de projetos que, via de regra, avançam ainda mais nos valores das emendas parlamentares.
Com esses valores sobre a discricionalidade de alguns bandidos presidentes de siglas partidárias, tornou-se uma arma letal para sobrevivência política, principalmente de Deputados federais, que precisam de suas cotas para poderem fazer campanhas e mendigam, a todo instante, recursos para sobreviver, cujos partidos que os integram, há muito perderam suas alma e ideologia.
Terceiro: tais valores de emendas se transformam em Poder Político para barganharem e ameaçar até a nossa própria Corte Suprema com impeachment de seus membros.
Torna-se imperioso que novas ferramentas jurídicas sejam construídas para inibir essa sanha golpista de uma minoria parlamentar e de presidentes de partidos políticos que usam de suas atribuições estatutárias para desvirtuar o verdadeiro sentido da representação popular através da Câmara Federal.
Na origem de nossa Carta Magna, desde a Constituição Imperial de 1824, ela vem se aprimorando para tornar os membros do judiciário a do Ministério Público protegidos contra pressões externas, sejam elas políticas ou de qualquer natureza.
Diante disso, sendo o Direito uma ciência social, e como tal, sujeita as intempéries do corpo social, é justo que preservemos a nossa Corte Superior blindada de qualquer oportunismo inescrupuloso.
A política também é uma ciência social e deve estar em constante aperfeiçoamento para sempre preservar nossa democracia. A nossa constituição deverá estar sempre alerta para impor barreiras inacessíveis ao despotismo, afugentando oligarquias em qualquer que seja a instância plantado a árvore da liberdade, a cuja sombra deve crescer a união, a tranquilidade, a independência e a nossa soberania.
*Deputado federal
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Por Flávio Chaves*
Há um vinho à nossa espera, amor, repousando no escuro de um tempo que ainda não chegou, embalado por séculos de silêncios e suspiros que ninguém ouviu, fermentado pela esperança de um beijo que ainda não aconteceu por inteiro, mas que já arde nos interstícios da alma como um fogo discreto que se alimenta da ausência.
É um vinho que dorme na adega invisível do destino, num bar que ninguém frequenta senão os que carregam a paciência dos que amam com fé cega. Não há nome na fachada, não há endereço fixo. É um lugar entre o ontem e o talvez, onde as garrafas são seladas com promessas e a música toca sempre em tom menor, como se cada nota esperasse uma dança que ainda não se deu.
Leia maisTodos nós, em algum recanto da alma, guardamos uma taça limpa, jamais usada, um cristal intacto de desejo. Tocamos nela às vezes com a ponta dos dedos, como quem desperta memórias de uma vida que ainda não foi vivida. E esperamos. Como esperam os campos pela chuva, como esperam os rios pelo mar.
Há em cada um de nós um ritual adiado. Um brinde que não se fez, um gole que não molhou a boca, um riso que ainda não foi compartilhado à meia-luz, entre o tilintar de duas almas que se reconhecem. E enquanto isso, o vinho espera, pacientemente, sem amargura, amadurecendo sua doçura na solidão do tempo, como se soubesse que o amor verdadeiro não se apressa, apenas se prepara.
É possível que este amor esteja à nossa volta, sussurrando entre as folhas, caminhando ao nosso lado pelas calçadas anônimas, habitando os olhares que se desviam por timidez ou por medo. Talvez ele já tenha passado por nós, em silêncio, como um perfume leve que invade mas não se deixa capturar aos olhos alheios. E jáz esteja passeando por perto, subindo vagarosamente as escadas do tempo, tropeçando nos atrasos do destino, mas vindo, ainda assim, com a obstinação dos astros.
Há um vinho à nossa espera, amor, e ele não será bebido por engano. Quando nossos olhos se encontrarem em definitivo, e o gesto for mais forte que a palavra, saberemos. A garrafa se abrirá sozinha, como um segredo que se rende. E então brindaremos, enfim, não ao início de algo, mas ao fim de todas as esperas.
Porque há amores que chegam com a lentidão dos milagres. Mas quando chegam, reconstroem o tempo. E tornam cada gole uma eternidade.
*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras
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Por Marcelo Tognozzi
Colunista do Poder360
Quando eu era moleque, o futebol-arte era o que fazia a diferença. O time da Copa de 1970, por exemplo, era uma orquestra que tocava praticamente sozinha, como reconheceu João Saldanha, que treinou e consolidou o elenco depois dirigido por Zagalo. As Copas de 1974, 1978, 1982 e 1986 seguiram o padrão daquele estilo de jogo lindo de se ver.
Os campeonatos de 1994 e 2002 foram o canto do cisne de um tempo em que os Ronaldinhos encantaram os estádios e Roberto Carlos era o terror dos goleiros com seus gols de falta. Que saudades dos gols de falta de Zico, Branco, Rivelino e Sócrates.
Leia maisAté que o futebol brasileiro começou a descer a ladeira. Foram tempos difíceis. Aliás, ainda vivemos um pouco estes tempos. Hoje, temos de engolir um técnico italiano, em fim de carreira, treinando uma Seleção Brasileira que perdeu o encanto. Faz tempo que o Brasil precisa de uma novidade. A última delas apareceu há 67 anos, quando o adolescente Edson Arantes do Nascimento botou os gringos para dançar na Copa da Suécia.
Nesta semana, quando o Flamengo se sagrou campeão da Libertadores e do Brasileirão, em um intervalo de só quatro dias, tive a nítida sensação de que nossa autoestima estava sendo resgatada, não pelos craques rubro-negros, mas pela figura discreta e extremamente competente do treinador Filipe Luis Kasmirski, 40 anos, catarinense de Jaraguá do Sul, signo de Leão.
Ele é a grande novidade do futebol brasileiro. A responsabilidade é grande. Chegou pelo mérito, é discreto, não pinta cabelo nem se cobre de adereços e rabiscos. Se impõe pelo que sabe. E ele sabe muito.
Lembro-me da bronca que ele deu no Gabigol no campeonato do ano passado, mostrando quem é que manda. No time de Filipe, não tem espaço para amadorismo. Não basta ser craque, tem de participar.
O técnico do Flamengo faz parte de uma geração de brasileiros que acredita no mérito, no trabalho e no resultado. Sua ascensão não é fruto de marketing, euforia de torcida ou badalação digital: é resultado de método, estudo e uma vida inteira dedicada a compreender o futebol como estrutura, linguagem e ciência.
Para os que teimam em dizer que ele é tático, eu digo que ele é estratégico. A maioria não sabe que Filipe conhece bem a diferença entre uma coisa e outra: estratégia é o caminho e tática é o passo. Por isso, erra quem pensa em Filipe Luis como um tático. Ele é essencialmente estratégico e mostrou isso nos cinco títulos que conquistou comandando o Flamengo.
Em Jaraguá do Sul, ainda menino, já mostrava esse talento observando o futebol com distância analítica, quase como se estivesse de fora do campo. Baita nerd. Desenhava setas, mapas e posicionamentos. Seja por formação familiar ou vocação, ele sempre foi menos drible e mais conhecimento.
Quando chegou ao Ajax, ainda adolescente, encontrou um ambiente que valorizava exatamente isso: a razão como método. Aprendeu estratégia na prática. Depois, na Espanha, amadureceu no Deportivo La Coruña e viveu seu auge no Atlético de Madrid, onde Diego Simeone o transformou numa espécie de engenheiro defensivo, responsável não só por cumprir sua função, mas por compreender a engrenagem inteira.
Com José Mourinho no Chelsea, absorveu o que faltava: a arte de lidar com emoções, crises e egos. Com a Seleção Brasileira, confirmou sua vocação para interpretar o jogo com amplitude tática e frieza emocional.
Quando retornou ao Flamengo, em 2019, já não era apenas um jogador de elite, mas uma mente preparada para exercer o talento de general de campo. Ao voltar para o futebol brasileiro, se deu conta da crise e da nossa perda de cérebros. Quem viveu a era Cláudio Coutinho sabe do que estou falando.
Os estrangeiros chegaram com tudo, Sampaoli, Abel Ferreira, Jorge Jesus e por aí vai. Jorge Jesus desmontou paradigmas em meses. Abel Ferreira, outro grande estrategista, impôs seu talento. Filipe, em vez de rejeitar essa invasão estrangeira, a estudou. Participava de reuniões táticas, corrigia posicionamentos e explicava princípios aos mais jovens. Enquanto isso, os brasileiros da velha guarda seguiam na base do improviso, como Tite, Dorival Junior, Luxemburgo, Cuca e por aí vai.
Filipe Luis transformou a base do Flamengo numa usina de craques quando sentou na praça no sub-17. Fez dali seu laboratório, colocando em prática as anotações dos seus intermináveis cadernos. Levou para aquela meninada um repertório técnico que grande parte do futebol brasileiro simplesmente ignorava. Em pouco tempo, começamos a perceber que algo diferente estava acontecendo: o Brasil tinha, enfim, um treinador capaz de competir intelectualmente com europeus.
Ele fez cursos, ralou, conquistou certificações pela CBF e pela Uefa e não se contentou. Seguiu estudando, analisando, deduzindo. Soube misturar a ginga do futebol brasileiro com o lado racional e metódico dos europeus. E fez tudo isso com suavidade, disciplina, intuição e criatividade. Zero mediocridade. Coisas que até pouco tempo pareciam perdidas. Vamos lembrar o Brasil jogando bola há cinco, 10 anos atrás.
É um prazer ver o time de Filipe Luis jogar. Diferentemente da rigidez estrangeira, propõe um sistema que permite a liberdade dentro da ordem. Ele não tenta copiar Guardiola, Simeone, Bielsa ou Mourinho. Ele entende a lógica que sustenta todos esses modelos e traduz para a realidade do jogador brasileiro.
Temos um novo padrão na praça. Assim como Zagallo, Telê Santana, Cláudio Coutinho, Carlos Alberto Parreira e Felipão, ele está surgindo com toda a originalidade de quem inaugura uma era. Sua trajetória une estudo, humildade e profundidade: três virtudes que andavam esquecidas. O maestro Filipe foi abençoado pelo destino quando voltou da Europa: veio, viu e venceu.
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