Na seara política, há uma versão de que o hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) não deveria ter sido ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL). Ele exerceu o cargo entre 2019 e 2020, tendo saído após sérias divergências com o então presidente da República. Indagado durante entrevista ao podcast Direto de Brasília, Moro negou arrependimento, já que não teria garantias de que os rumos seriam outros caso tivesse recusado o convite, para o qual precisou deixar a condição de juiz da Lava Jato.
“Não fico pensando muito no que poderia ter acontecido. Quando fui convidado, fui com as melhores intenções, com o objetivo de fortalecer a agenda do combate à corrupção. Vimos que o sistema estava reagindo, e foi impossível conter. Começou a haver derrotas na Lava Jato. Mas fui para combater o crime organizado, um dos maiores males do nosso país, e fiz esse trabalho. Aprovamos leis importantes, fomos para cima do crime organizado, transferimos lideranças do PCC para presídios federais, uma operação de guerra que ninguém tinha tido coragem de fazer. Adotamos políticas eficazes para melhorar o controle de fronteiras, me senti realizado. Me sentiria mais realizado se tivesse ficado mais”, revelou.
Leia mais“Mas não quero voltar nessas feridas abertas do passado. O próprio ex-presidente Bolsonaro já disse que tem que olhar para frente, e eu também acho. Mantenho minhas razões, porque ficou uma situação incontornável. Falam que se eu tivesse ficado teria virado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Será? Depois de tudo, o juiz Marcelo Bretas foi aposentado compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a meu ver erradamente, vimos reações do sistema. A verdade é que não podemos ter essa ilusão, a corrupção é muito forte no Brasil. O sistema ficou quatro anos na defensiva contra a Lava Jato, a Zelotes, o Castelo de Areia e outras operações. Tudo isso acaba sendo anulado e invalidado. É um absurdo hoje vermos Sérgio Cabral solto, Eduardo Cunha, José Dirceu e até Lula presidente. Tudo um absurdo”, disparou Moro.
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