Blog do Tavares Neto
Hoje, vamos contar a história de José Bezerra Sobrinho, um homem simples que nasceu em uma casa de taipa na Fazenda Matumbas, zona rural de Taquaritinga do Norte, e que se tornou um dos grandes nomes do comércio caruaruense.
Filho de Manoel Bezerra da Silva e Luiza Maria da Conceição, José foi o primogênito de uma família numerosa com 11 filhos. Em busca de melhores condições de vida, os pais decidiram mudar-se para a zona rural de Caruaru, estabelecendo-se na Fazenda Cacimba, em Jacaré Grande, às margens do Rio Capibaribe.
Leia maisDesde cedo, José Bezerra demonstrou ser determinado e visionário. Aprendeu a ler e escrever, tinha uma caligrafia exemplar e dominava as quatro operações matemáticas – o suficiente para ingressar com ousadia no mundo do comércio.
Ao lado de um amigo da família, Amaro Teixeira, cerca de 20 anos mais velho, José iniciou sua trajetória como mascate, viajando com seis burros carregados de mercadorias. Compravam cordas nas feiras de Santa Cruz do Capibaribe e vendiam em feiras de Toritama, Camocim de São Félix, Bonito, Palmares, Água Preta e Barreiros.
A sociedade, no entanto, não durou muito, já que o parceiro era boêmio e pouco comprometido. Mas antes de se separar, Amaro deixou um conselho que mudaria o destino de José: “O futuro do comércio da nossa região será a venda de tecidos e confecções”.
Seguindo essa visão, José Bezerra conheceu o libanês Coronel Jaime Nejaim, pai do lendário político Drayton Nejaim, e começou a vender tecidos nas feiras da região. Durante suas viagens, conheceu Maria Eulália, filha de um fazendeiro da zona rural de Bonito, com quem se casou em 1941. O casal teve oito filhos, seis homens e duas mulheres.
Após o casamento, José continuou trabalhando como feirante em diversas cidades, como Santa Cruz do Capibaribe, Gravatá de Ibiapina, Vertentes, Frei Miguelinho e Taquaritinga do Norte, viajando em um veículo popularmente conhecido como “sopa”, o que hoje chamamos de ônibus.
Com o tempo, fixou residência em Toritama, onde abriu seu primeiro comércio fixo, e depois se mudou definitivamente para Caruaru, em 1959. Nessa nova fase, contou com o apoio moral dos tios Raimundo e Severino Soares, que atuavam no ramo de estivas. Eles o apresentaram a fornecedores e gerentes de bancos, fortalecendo sua credibilidade no mercado.
Com muito esforço e pontualidade no cumprimento dos compromissos, José Bezerra inaugurou o Armazém Bezerra, na Rua dos Guararapes, nº 71 – a mesma rua onde os tios também eram comerciantes. O estabelecimento vendia gêneros alimentícios e produtos de perfumaria.
Sempre preocupado com o futuro dos filhos: José Filho, Carlos, Gilberto, Severino, Paulo, Roberto, Consuelo e Socorro –, fez questão de envolvê-los no trabalho. Em 1962, Gilberto, José Filho e Severino foram emancipados e se tornaram oficialmente sócios, como era o grande desejo do pai. Pouco tempo depois, a família transferiu a loja para um espaço maior, no número 208 da mesma rua.
O negócio prosperou. Em 1966, com o irmão Roberto já integrado à sociedade, a família comprou a loja do tio Sabino, em Araripina, na divisa com o Piauí, e fundou o Comercial Irmãos Bezerra (CIBEL). Severino foi escolhido para administrar a filial no Sertão.
O crescimento continuou e, em 1976, mesmo com certa apreensão do patriarca, a família decidiu expandir para o Recife, inaugurando o Comércio Pernambucano de Estivas (Compare), na Rua do Brum, nº 286. Severino mudou-se para a capital para comandar a nova unidade, enquanto José Filho ficou à frente da filial de Araripina e Gilberto assumiu a matriz em Caruaru, com o apoio dos irmãos Roberto e Paulo.
A trajetória de José Bezerra Sobrinho é um exemplo de superação, trabalho e união familiar. Ele faleceu em 19 de novembro de 2020, aos 103 anos, e sua esposa Maria Eulália partiu em 12 de junho de 2017, aos 96 anos.
Dessa família exemplar, o grande líder empresarial Gilberto Bezerra, Severino Bezerra e as irmãs Consuelo e Socorro, também já deixaram saudades.
A história de José Bezerra Sobrinho é um verdadeiro orgulho para Caruaru – um homem que, com coragem e visão, saiu da pobreza para se tornar um símbolo de sucesso e dignidade no comércio pernambucano. Em breve, traremos novos relatos sobre essa família que tanto contribuiu para o desenvolvimento de nossa cidade.
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