Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Nas deliciosas crônicas que escrevia sobre futebol, o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues tinha uma frase para descrever times ou jogadores que, pela soberba, acabavam perdendo ou complicando jogos nos quais eram os franco favoritos. “Tropeçou nas fitinhas da própria máscara”, dizia Rodrigues.
O alento maior da oposição é que daqui até outubro do ano que vem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tropece “nas fitinhas da própria máscara”. Pessoas que estiveram com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recentemente, apontam que ele parece começar a dar inclinações mais claras de que a Presidência da República tornou-se uma cogitação mais forte. Pelo curso da campanha de Lula.
Leia maisSegundo esses interlocutores, Tarcísio segue negando a hipótese da Presidência. Mas teria havido uma mudança nas suas avaliações sobre o quadro. Há algumas semanas, ele descartava por considerar que seria uma aventura perdida, dado o favoritismo de Lula.
Mais recentemente, no entanto, o governador de São Paulo começou a considerar que a eleição presidencial do ano que vem será apertada. Curioso é que essa mesma avaliação foi feita em entrevista esta semana pelo ministro da Secretaria-Geral, Guilherme Boulos.
Segundo esses interlocutores, a avaliação que Tarcísio começou a fazer é que em todas as eleições que disputou Lula teve, sem dúvida, muitos votos, mas também teve alta rejeição. Nas primeiras vezes que disputou, o discurso mais à esquerda acabou assustando um eleitor mais conservador. Em 2002, Lula moderou esse discurso e colocou um conservador de vice, José Alencar. A opção agora talvez por um posicionamento mais à esquerda, elegendo o Congresso como inimigo, poderia vir a afugentar eleitores. Antes dos eleitores, essa opção já estaria afugentando a possibilidade de alianças políticas ao centro e à direita.
Uma dessas hipóteses estaria no posicionamento do PSD. O partido comandado por Gilberto Kassab falava em uma candidatura própria com o governador do Paraná, Ratinho Jr. Mas poderia se aproximar de Tarcísio. Kassab é, inclusive, seu secretário de governo.
Dificilmente Tarcísio fecharia um apoio formal do MDB. Mas Lula também não teria esse apoio. Uma divisão do partido com estados fechados com Tarcísio ajudaria na composição ao centro. Isso provavelmente aconteceria no Sul, Centro-Oeste e parte do Sudeste.
Em entrevista ao programa Direto de Brasília, do jornalista pernambucano Magno Martins, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), avalia que o quadro de diversas candidaturas, ao contrário de atrapalhar, pode beneficiar a oposição a Lula.
Caiado prega que a oposição tenha “sabedoria”. Na sua avaliação, quando as pesquisas concentram a oposição em um só candidato, Lula vence no primeiro turno. Quando há várias candidaturas, perde no segundo. O caminho seria garantir essa união na segunda volta.
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