O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dá posse, hoje, à nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, e ao novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em um cenário de dúvidas entre aliados sobre o espaço e a permanência do Centrão na base governista e se o petista vai apostar nos dois últimos anos num governo mais à esquerda.
Gleisi Hoffmann passou os últimos dias conversando com líderes da base aliada, prometendo diálogo aberto e negociação em vez de confrontos e embates. As informações são do blog do Valdo Cruz.
Leia maisHá dúvidas entre aliados, porém, se Lula desistiu de fazer mais acenos aos partidos do Centrão e vai optar por um governo mais à esquerda, que pode incluir inclusive na entrada do deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) na equipe ministerial, o que assusta ministros da Frente Ampla.
Enquanto isso, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, quer deslanchar nesta semana um processo de desembarque de partidos do Centrão do governo Lula. Nesta semana, ele quer reunir a executiva do seu partido para aprovar a saída do governo do ministro dos Esportes, André Fufuca.
Além disso, quer acertar também a federação com o União Brasil também nesta semana. O União Brasil está dividido. Uma ala, comandada pelo senador Davi Alcolumbre, não quer desembarcar. A outra, formada por Ronaldo Caiado, ACM Neto e Elmar Nascimento, quer entregar os cargos.
A equipe de Lula gostaria de manter alas do PP apoiando o governo federal, mas tem uma avaliação de que, se o partido de Ciro Nogueira entregar os cargos federais, não será o fim do mundo.
Motivo: neste ano, o governo não precisa aprovar proposta de emenda constitucional, que exige o apoio de 308 deputados e 49 senadores.
Dentro dessa estratégia, o governo quer manter o apoio de partidos da Frente Ampla, como PSD e MDB, além do Republicanos. Partido de Gilberto Kassab, o PSD não quer desembarcar do governo, mas não estará nesta segunda na posse da ministra Gleisi Hoffmann.
A direção do partido e seus líderes vão para Pernambuco, onde vão celebrar a filiação da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, à legenda. Ela sai do PSDB e vai para o PSD, partido do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que volta ao Brasil depois de um período de férias.
No seu retorno, ele vai definir com Lula seu futuro político. Se entra para o ministério ou não. Se entrar, sua preferência é pela pasta hoje ocupada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o que poderia lhe dar chances de se reaproximar do empresariado mineiro e do eleitorado conservador de Minas.
Lula quer Pacheco no ministério, para que ele se lance candidato ao governo de Minas e seja seu palanque no segundo colégio eleitoral do país.
Já a transferência de Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde tem dois objetivos. Ter um ministro mais combativo e politicamente ativo no ministério mais poderoso em termos de orçamento dentro do governo.
E fazer decolar de vez o programa Mais Especialistas, a grande aposta da gestão de Lula na área, para ser uma das grandes marcas do seu governo nestes dois últimos anos, para ser apresentado como uma grande conquista para população de baixa renda durante a campanha eleitoral.
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