A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann (PR), fez um alerta para seus correligionários sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste sábado, ela alegou que o Congresso poderia “engolir” caso a aprovação de Lula caia, e fez referência à gestão de Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em 2016.
Ministros e integrantes do partido participaram da Conferência Eleitoral de 2024 do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília. No evento, Gleisi chamou atenção para o desempenho da economia brasileira, avaliado por ela como “muito bem sucedido” em 2023.
Leia mais“Precisamos ter recursos, precisamos ter a parte do crescimento econômico como uma meta e um mantra nosso. Gente, se cair a popularidade do presidente Lula, vocês não tenham dúvida sobre o que o Congresso Nacional pode fazer. Fizeram com Dilma. Se acontecer qualquer problema, esse Congresso engole a gente”, afirmou Gleisi aos partidários.
Na quinta-feira, uma pesquisa do Ipec mostrou que o governo é avaliado como “ótimo ou bom” por 38%. As classificações como “regular” e “ruim ou péssimo” empataram em 30%. O levantamento foi feito entre os dias 1º e 5 de dezembro.
Nesta sexta-feira, o partido aprovou o texto-base de uma resolução com críticas ao Centrão, grupo de partidos que fez aliança com o governo e tem ajudado especialmente nas pautas econômicas.
Conquistar 30% os eleitores
O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, afirmou no evento que o governo Lula vai focar em conquistar os 30% da população que considera o terceiro mandato do presidente como “regular”. Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana apontou que 38% dos brasileiros aprovam a gestão do petista, enquanto 30% avaliam o governo como regular e outros 30%, como ruim ou péssimo.
“Nosso objetivo desse fim de ano é fazer com que aquele público do regular abra a porta para ouvir o que a gente tem a falar”, disse Pimenta.
Para cumprir essa meta, Pimenta anunciou à militância uma ferramenta recém lançada pela Secom que divulga dados de beneficiários de programas do governo federal, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e crédito rural, em cada cidade do país.
Propaganda na TV
O ministro também revelou inserções que serão veiculadas na internet, rádios e TVs nas próximas semanas para publicizar ações do governo Lula.
Em uma delas, a personagem chega a dar “glória a Deus” após saber no supermercado sobre a parcela que iria cair do Bolsa Família. A menção religiosa visa a alcançar o público evangélico, que mantém uma forte rejeição ao governo Lula, segundo as pesquisas eleitorais
Em outra peça, uma família que brigou por causa de questões políticas envolvendo a vacina voltam a se reunir e fazer as pazes no Natal.
“No total, 24% das pessoas não participaram da eleição (se ausentaram ou votaram nulo). Agora no fim do ano chegou a hora da união, virar a página do ódio, da intolerância (…) E colher o grande resultado eleitoral para o nosso partido, elegendo uma grande quantidade de vereadores e prefeitos”, disse Pimenta.
Relação com o Congresso
Haddad também estava presente no evento partidário e reconheceu que a agenda econômica tem avançado com dificuldades no Congresso. No momento, o governo tenta aprovar um pacote de medidas para elevar a arrecadação e o ajuste fiscal.
Por outro lado, a equipe econômica está com uma projeção oficial de 3% para alta do PIB e desaceleração para o ano seguinte. O resultado do terceiro trimestre do ano, de 0,1%, foi avaliado como “fraco” por Haddad na última terça-feira.
Em conversa com jornalista após a sua participação no evento, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, comentou a fala de Gleisi sobre o risco a governabilidade de Lula:
“Naturalmente que ela dirige sua palavra para a militância do PT, para os filiados, no sentido de estimular a nossa militância a cada vez mais ter um papel mais ativo e mais participativo”.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT/CE), também foi questionado. Eu disse que a experiência de 2023 com o Congresso está sendo “muito positiva”, com o avanço da agenda do governo.
“Quando perguntam pra mim qual o tamanho da base, eu digo, olha o painel, importante é olhar o painel. Nós não deixamos de votar nenhuma matéria diferente do país e do governo. Eu não vejo nenhum risco (de governabilidade de Lula)”, avalia.
R$ 11 bilhões em emenda
A presidente do PT também criticou o movimento do Congresso nesta semana em aumentar a obrigação de pagamento de emendas parlamentares pelo governo. Ela defendeu a derrubada.
No relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 consta o prazo de pagamento e a quantidade de verbas que deve ser direcionada para a chamada “RP8”: cerca de R$ 11 bilhões.
“Isso é uma barbaridade. É uma transferência da execução orçamentária do Executivo para o Congresso Nacional. Logo o Congresso Nacional que está discutindo e que não quer tanto poder para o STF, está se apoderando da execução. E também um calendário de execução de emendas individuais. Tem que ter bom senso nisso. Eu sou absolutamente contra. Vamos tentar (derrubar). Não sei se vamos conseguir, porque ali há interesse próprio da Casa”, afirmou Gleisi.
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