Por Ney Lopes
Do Blog do Ney Lopes
Enquanto evoluem os diálogos diplomáticos em torno da trégua entre Estados Unidos e Irã, reviver um pouco da história entre os dois países ajudará na busca de uma paz duradoura. Os dois países estão há décadas em conflito, por força de discordâncias no domínio de artefatos nucleares.
Os Estados Unidos, ao ordenarem um ataque militar ao programa nuclear do Irã, enfrentam uma realidade criada pelo próprio país, quando na década de 1950, por meio de seu programa “Átomos para a Paz”, apoiaram inicialmente o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, incluindo o projeto Eisenhower.
Leia maisOs Estados Unidos também apoiaram em 1953 a queda de um primeiro ministro democrático Mohammed Mossadegh. Igualmente, em 1955, apoiaram o longo e repressivo reinado do Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, que enriqueceu no poder, enquanto muitos iranianos viviam na pobreza.
Liderou uma campanha para abolir a monarquia e proclamar um governo islâmico, que sobrevive até hoje. Demonstrou ser hábil em jogar as instituições estatais iranianas umas contra as outras — a presidência contra o parlamento, o exército contra a sociedade. Assim, tornou-se o árbitro final.
Após afastamento, Pahlavi foi substituído por um movimento revolucionário, que elegeu o aiatolá Ruhollah Khomeini recém-chegado do exílio no Iraque.
Khomeini, outrora humilde vigário, preside uma poderosa teocracia. O seu império empresarial é algo digno de se ver. Controla ativos avaliados em dezenas de bilhões de dólares.
Em 2015 surgiu uma luz para controlar, sem guerra, as ambições nucleares do Irã. O governo Obama empreendeu uma abordagem diplomática direta.
Após negociações secretas, foi aprovado o chamado acordo nuclear com o Irã. EUA, China, França, Alemanha, Rússia, Irã e Reino Unido assinaram o acordo. Porém, a desconfiança e a quebra do acordado geraram tensões permanentes.
Chega-se ao delicado momento atual. Prevalece a instabilidade, mesmo após o anúncio da trégua. As últimas notícias dão conta de que o cessar fogo não está sendo respeitado, por ambos os lados. Assim sendo, a paz continuará distante.
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