Do jornal O Globo
Em seu discurso durante ato em Copacabana, neste domingo, o ex-presidente Jair Bolsonaro se defendeu da acusação de golpe, da qual pode se tornar réu ainda este mês, fez comparações entre seu governo e do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse ter angariado apoios na Câmara dos Deputados para aprovar a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro de 2023. A liberação dos presos é a principal pauta da manifestação de hoje na Zona Sul do Rio, em que o líder do PL reuniu governadores, deputados e apoiadores.
— Há poucos dias, tinha um velho problema e resolvi, com o (Gilberto) Kassab em São Paulo. Ele está ao nosso lado com a sua bancada para aprovar a anistia em Brasília — afirmou. — Todos os partidos estão vindo.
Procurado, Gilberto Kassab não respondeu. Em busca de apoio ao projeto de anistia, Bolsonaro deixou de lado os ataques a Kassab e teve uma conversa reservada com o presidente do PSD, no mês passado. Em março do ano passado, o ex-presidente havia atacado o cacique em uma lista de transmissão do WhatsApp por ter três ministérios no governo Lula. A aproximação entre os dois também tem como pano de fundo a sucessão do governo de São Paulo: caso Tarcísio de Freitas tenha a benção de Bolsonaro para se candidatar à presidência no ano que vem, Kassab, que é secretário de Governo, é um dos cotados na corrida para a vaga.
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Em seu discurso, Bolsonaro citou casos de pessoas presas pelos ataques antidemocráticos de 2023 e levou para o palco a família de Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como “Clezão”, que morreu em novembro de 2023, após um mal súbito no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Sua defesa havia pedido a conversão da pena em prisão domiciliar, mas a análise ainda não havia sido feita pelo STF.
— Quem é ou foi a liderança dessas pessoas? Não tiveram. Elas foram atraídas para uma armadilha — afirmou Bolsonaro.
Em 8 de janeiro de 2023, grupos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro furaram um bloqueio montado pela Polícia Militar na Esplanada dos Ministérios e invadiram as sedes dos três Poderes — Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Os invasores depredaram o interior do Congresso, do Planalto e do STF, em ações registradas e transmitidas pelas redes sociais. No entorno do Planalto, os bolsonaristas entraram em conflito com a polícia e subiram a rampa, uma semana após a cerimônia de posse de Lula no mesmo local.
O ex-presidente também voltou a questionar sua derrota nas urnas, em 2022. Alegou que enchia manifestações “até maiores que essa”, que “estava com o agro 100% fechado” e que aumentou os valores do Bolsa Família para R$ 600.
— Nosso governo fez seu trabalho. Por que perdeu a eleição?
Discursos
Neste domingo, também houve no carro de som com críticas ao STF, ao ministro Alexandre de Moraes e em defesa de Bolsonaro como candidato em 2026. Os discursos eram embalados por efeitos sonoros que tentavam ressaltar a gravidade das falas ou criar um clima emocionante.
Govenador de São Paulo e cotado para substituir Bolsonaro nas urnas, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) afirmou que é “correto garantir a anistia para aqueles que nada fizeram”.
— Qual a razão de afastar Jair Bolsonaro das urnas? É medo de perder a eleição? Eles sabem que vão perder. Estamos aqui para exigir a anistia dos que receberam penas desarrazoadas — disse.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também criticou o STF e citou o ministro Alexandre de Moraes, que, neste momento, foi vaiado pelo público. Ele afimou que o magistrado “não tem um voto” e “tem decidido a vida de pessoas”.
— Esse não é país de ministro do STF, nem é da esquerda — afirmou o deputado, que teve o maior tempo de discurso antes de Bolsonaro.
Já o pastor Silas Malafaia, organizador do evento e pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chamou o ministro Alexandre de Moraes de “criminoso”. Ele disse ainda que o STF “tem sido o supremo tribunal da injustiça e da politicagem barata”
— A partir do inquérito das fakes news, Alexandre de Moraes cria o crime de opinião e estabelece a censura. Ele rasga várias leis. Ele, por exemplo, não pode presidir esse inquérito porque ele é vítima.
Presidente do PL, Valdemar da Costa Neto não tocou no tema da anistia. Ele focou seu discurso na economia.
— Tenho fé que Bolsonaro vai ser o candidato de 2026. A gasolina está cara? A carne está carne? Por isso Bolsonaro tem que voltar.
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