Escolhido entre os 16 políticos convidados para avaliar sobre o que representou o ano de 2024 e a expectativa para 2025, o ex-prefeito de Petrolina e ex-candidato ao Governo do Estado, Miguel Coelho, afirmou que Pernambuco pouco avançou sob o comando da governadora Raquel Lyra (PSDB). “Água, segurança pública, geração de emprego e educação continuam como grandes desafios para que nosso Estado volte a ser protagonista”, disse Miguel.
No âmbito da segurança, Miguel fez duras críticas ao descaso de Raquel com a pauta. “O atual governo decidiu extinguir o programa ‘Pacto pela Vida’, mas não aponta soluções ou um plano robusto com metas estabelecidas e claras. É fundamental melhorar o principal ativo do sistema de segurança: os homens e mulheres que estão no enfrentamento à criminalidade. Hoje, por exemplo, o Estado continua sem nenhuma câmera de monitoramento, ou seja, o bandido sabe que não está sendo vigiado”, cravou o político. Confira abaixo a íntegra da sua análise.
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As prioridades para Pernambuco em 2025
Por Miguel Coelho*
O ano de 2024 se encerra com uma sensação de que pouco mudou ou avançou em Pernambuco. Água, segurança pública, geração de emprego e educação continuam como grandes desafios para que nosso estado volte a ser protagonista. Em 2025, será fundamental que esses temas sejam gerenciados com coragem política, inovação e ações concretas.
Falar de água passa por abastecimento, mas também sobre saneamento. O modelo de gestão da COMPESA mostra-se obsoleto e a instituição a cada ano perde mais credibilidade junto à sociedade. Mais de 1 milhão de pernambucanos continua sem água tratada para as necessidades básicas e outros milhões sofrem com o rodízio. Ao mesmo tempo, o saneamento, principalmente, das comunidades mais pobres, segue negligenciado. Um terço dos lares pernambucanos, segundo o IBGE, simplesmente ainda não tem coleta de esgoto, em pleno 2024.
Quando fui candidato a governador e apresentamos um projeto para Pernambuco em 2022, já falava da urgência de mudar o formato da COMPESA, não há mais tempo a se perder. É fundamental que, no início do próximo ano, tire-se do discurso a mudança que precisa ser implementada, seja por uma Parceria Público-Privada ou outro modelo.
O enfrentamento da criminalidade é outra pauta de caráter imediato. O Pacto pela Vida foi um programa exitoso que, em seus últimos anos, mostrou sinais de ineficiência. O atual governo decidiu extinguir o programa, mas não aponta soluções ou um plano robusto com metas estabelecidas e claras. É fundamental melhorar o principal ativo do sistema de segurança: os homens e mulheres que estão no enfrentamento à criminalidade. Há uma necessidade urgente de investir em tecnologia, armamento, e na estrutura das delegacias e demais equipamentos. Hoje, por exemplo, o estado continua sem nenhuma câmera de monitoramento em todo o estado, ou seja, o bandido sabe que não está sendo vigiado. Para além da estrutura, considero mais imprescindível garantir salário digno e políticas de cargos e carreiras para os integrantes das polícias civis e militar. Enquanto não avançarmos nessas questões básicas, Pernambuco continuará, infelizmente, entre os três estados mais violentos do Brasil.
Combater a violência envolve também aspectos socioeconômicos. Costumo dizer que o programa social mais eficiente é garantir emprego, oportunidade para as pessoas trabalharem ou empreenderem. Nesse sentido, Pernambuco precisa avançar na geração de empregos, num programa para atração de empreendimentos e numa política fiscal menos sufocante para quem produz. Segundo o IBGE, apesar de uma queda tímida no percentual, nosso estado ainda é o que tem a maior taxa de desemprego no Brasil. Ainda temos um ambiente de atração de negócios pouco interessante, com muita burocracia e imposto. Também não temos visto uma política para facilitar a vida dos empreendedores de pequeno e médio porte.
Em paralelo à necessidade de promover programas para gerar emprego e renda, o estado terá que garantir mão de obra qualificada e conectada com o novo mercado de trabalho. A inteligência artificial é uma realidade, novas tecnologias estão criando desafios e a urgência de adaptabilidade da matriz de ensino na escola e no ensino técnico. Um dos principais legados de Eduardo Campos foi deixar Pernambuco como uma referência na educação básica.
Estamos ainda bem-posicionados nesse tema, porém, chegou o momento tornar a escola mais atrativa e inovadora. Muitos dos empregos que hoje existem, deixarão de fazer sentido e outras funções estão desocupadas por falta de mão de obra. Investir em uma educação mais atualizada, equipada e com uma mentalidade moderna colocará toda essa juventude em condições não apenas de garantir emprego aqui, como também, de ser mão de obra para outras regiões. Ainda no campo da educação é fundamental que o programa estadual de creches, o que considero um importante acerto, avance mais rápido. Mães e pais de baixa renda dependem muito de uma creche pública para poderem trabalhar.
Água, saneamento, segurança pública, emprego e educação devem ser prioridades para 2025. Esses setores, como aqui mostrado, dialogam entre si e propiciam avanços grandiosos para a qualidade de vida dos pernambucanos. O novo governo estadual está há dois anos estabelecido. Obviamente, é pouco tempo para que possamos fazer uma avaliação definitiva. Mas o tempo de adaptação já foi superado e, assim como todos os pernambucanos, espero ver mudanças e avanços reais que apontem para que nosso estado volte a ser a maior liderança do Nordeste.
*Ex-prefeito de Petrolina
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