Desde que sofreu sucessivas derrotas no primeiro semestre no Congresso Nacional, principalmente na Câmara dos Deputados, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem buscado algumas medidas para melhorar a articulação política.
Entre essas medidas, estão mudanças em cargos de comando e de segundo escalão nos ministérios, para tentar incorporar partidos à base aliada. Hoje, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse à colunista do G1 Andréia Sadi que o governo Lula quer incluir PP e Republicanos na base nos próximos 10 dias.
Leia maisA medida é necessária porque – pelos cálculos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) – a atual base do Palácio do Planalto é de cerca de 130 deputados entre os 513 parlamentares.
Quais são os partidos da base aliada e quantos deputados têm?
É possível dizer que a base do governo Lula é formada por sete partidos. São eles:
- PT: 68
- PDT: 18
- PSB: 15
- PSOL: 13
- PCdoB: 7
- PV: 6
- Rede: 1
Se somadas todas as bancadas acima, o governo Lula conta com 128 deputados na base aliada.
O governo precisa de quantos votos para aprovar projetos?
Os projetos em tramitação na Câmara exigem números diferentes de votos para serem aprovados. Por exemplo, são necessários:
- 257 votos para se aprovar projetos de lei complementar – como é o caso do novo arcabouço fiscal
- 308 votos para se aprovar propostas de emenda à Constituição – como é o caso da reforma tributária
De quantos votos de partidos que não são oficialmente da base o governo precisa?
Nessa conta, o governo precisa buscar o apoio de:
- cerca de 130 votos para aprovar projetos de lei complementar
- cerca de 180 votos para aprovar PECs
PP e Republicanos somam quantos deputados?
As duas bancadas somam atualmente 90 deputados em exercício. O PP conta com 49 deputados. Já o Republicanos tem 41.
Esses partidos apoiaram o governo Bolsonaro?
Sim. O presidente do PP, por exemplo, senador Ciro Nogueira (PI), foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
O Republicanos, por sua vez, abriga ex-ministros de Bolsonaro, como o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a senadora Damares Alves (DF), além do ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão, atualmente senador pelo Rio Grande do Sul.
Por que são chamados de partidos do Centrão?
O termo Centrão é usado para identificar aqueles partidos que costumam apoiar os governantes do momento, independentemente do espectro político do qual fazem parte.
O PP, por exemplo, chegou a integrar a base de Dilma Rousseff, mas, depois, apoiou o impeachment da petista. A sigla também teve ministério no governo Bolsonaro e agora pode ter integrantes no governo Lula.
O Republicanos tem atuação semelhante. A legenda teve ministério nos governos Dilma, Michel Temer, Bolsonaro e, agora, pode indicar nomes ao presidente Lula.
O PSD é outro exemplo de partido do Centrão. Foi da base de Dilma, apoiou o impeachment, teve integrantes do governo Bolsonaro e já tem integrantes do governo Lula.
O que Lula dizia na campanha sobre o “Centrão”?
Ainda na campanha eleitoral, na condição de candidato a presidente, Lula já afirmava que, se eleito, não negociaria em bloco com o Centrão, mas conversaria com os partidos do grupo.
Lula também costumava pedir voto para seus aliados políticos que disputaram vagas na Câmara e no Senado, afirmando que teria de governar com o Congresso eleito pela população.
Qual o discurso no governo agora?
Em junho deste ano, ao discursar em um evento no ABC paulista, Lula afirmou que não conseguirá “recuperar o país” sozinho e que é importante que os apoiadores saibam qual é a correlação de forças no Congresso Nacional.
“É preciso que vocês saibam o esforço que é para governar. É importante que vocês saibam que não é só ganhar uma eleição. Você ganha uma eleição e, depois, você precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar alguma coisa. […] Você tem que conversar com quem não gosta da gente. Você tem que conversar com quem não votou na gente”, disse o presidente na ocasião.
Leia menos