Quem pode, manda!
Determinado a mostrar que tem poderes absolutos, o Supremo Tribunal Federal continua mandando e desmandando no parlamento brasileiro. A não liberação das emendas parlamentares, objeto de novo ruído entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente Lula, ganhou um novo capítulo, ontem, para irritar ainda mais deputados e senadores.
O ministro Flávio Dino determinou que o Congresso se manifeste em até cinco dias sobre o relatório da Controladoria Geral da União, que apontou falta de dados que possibilitariam rastrear as emendas parlamentares. Na sexta-feira passada, o ministro mandou a CGU se manifestar, em até 48 horas, sobre a viabilidade técnica de integrar as informações sobre o uso das emendas do relator – enviados pelo Congresso em planilhas de Excel – ao Portal da Transparência, do governo federal.
A CGU argumentou, em relatório ao ministro, que o pedido de integração era inviável. Disse ter verificado uma ausência de elementos essenciais que garantam a rastreabilidade das emendas. “Entre as deficiências apontadas, incluem-se a falta de correlação direta entre os parlamentares patrocinadores e os recursos efetivamente executados, a carência de metadados padronizados e a fragmentação das informações entre diferentes sistemas”, disse a CGU.
Leia maisTambém na sexta-feira passada, Arthur Lira declarou à colunista Andreza Matais, do portal UOL, que só indicará o relator da PEC dos cortes para ajuste das contas do Governo, enviado ao Congresso há dez dias, quando o Governo liberar as emendas parlamentares, cujo prazo, em sua grande maioria, vence no próximo dia 31. Diante da nova manifestação do ministro Flávio Dino, Lula chamou Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e Arthur Lira, no final da tarde de ontem, para tratar do impasse.
Na negociação com a cúpula do Congresso, Lula também tentará destravar a aprovação do pacote de corte de gastos. Dino rejeitou integralmente um pedido de reconsideração da AGU (Advocacia Geral da União) sobre as ressalvas que o magistrado havia feito sobre a lei aprovada pelo Congresso com novas normas para liberar o pagamento dos recursos.
NO IMPASSE, DÓLAR DISPARA – O dólar terminou o dia de ontem a R$ 6,08, alta de 0,18%. A moeda norte-americana atingiu novamente um patamar recorde de fechamento, superando a cotação da última sexta-feira. O maior fator de influência para a movimentação de mercado foi novamente o pacote fiscal do governo. Desta vez, a maior questão é em relação à votação das medidas de revisão de gastos no Congresso. Um impasse por causa da liberação de emendas pode dificultar a tramitação do pacote no Legislativo.
Incerteza no União Brasil – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o deputado Mendonça Filho deu a entender que o controle da nova comissão provisória do União Brasil, consequência da dissolução do diretório estadual feita pela executiva nacional, não fugirá ao seu controle. Já os Coelho, hoje em campos opostos a Mendonça, alimentam a expectativa de que o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, seja escolhido presidente da nova comissão. A decisão final passa pelos novos caciques da legenda, Antônio Rueda, e ACM Neto.
“Não sou marqueteiro”, reage Pimenta – Alvo de críticas públicas, inclusive do próprio presidente Lula, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta, minimizou a declaração dada por Lula em evento do PT na sexta-feira, no qual o presidente criticou a comunicação do governo. “Veja bem: eu não sou um publicitário, eu não sou um marqueteiro. O presidente Lula sempre teve secretários da Secom, mas o governo teve o João Santana, o Duda Mendonça, certo? Que são estratégias de comunicação, que trabalham em campanhas eleitorais”, disse ao site Metrópoles.
A caminho do Republicanos – O presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB), admitiu, ontem, em entrevista à Rádio Folha, que poderá migrar para o Republicanos quando for aberta a janela partidária de 2026, em abril. Desde o início de 2023, ele e a governadora Raquel Lyra mantêm um relacionamento institucional e há maior proximidade com o prefeito do Recife, João Campos. Porto, inclusive, defende que o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), seja candidato ao Senado. “A gente tem tudo para ir para o Republicanos. Tem a liderança do ministro Silvio Costa Filho, com chances de ser candidato a senador. A gente vê o trabalho que ele vem fazendo como ministro tem dado certo e está sendo elogiado por todo mundo”, disse.
O recado de Porto – Na mesma entrevista, Álvaro Porto (PSDB) disse que a governadora Raquel Lyra (PSDB) só tem o ano que vem para recuperar a sua imagem e mostrar as verdadeiras marcas da sua gestão. “Em 2026, as atenções estarão voltadas para as eleições presidenciais e estaduais, será um ano perdido”, disse. Aproveitando o discurso da própria Raquel, o deputado disse que o Governo precisa investir nas obras anunciadas. “Governo não é instituição financeira”, cravou. Porto afirmou que Pernambuco está com dinheiro em caixa e espera que os anúncios que a governadora tem feito se tornem realidade. “As obras precisam chegar à população”, enfatizou, ressaltando acreditar que o Governo tem tudo para mostrar serviço.
CURTAS
UVP 49 ANOS – A União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) faz seu último congresso do ano em Triunfo a partir de amanhã, com encerramento marcado para sexta-feira. Na quinta-feira, haverá uma comemoração especial em homenagem aos 49 anos de fundação da instituição.
PALESTRAS – Também na quinta-feira, farei uma palestra no congresso da UVP. Falarei sobre as eleições municipais deste ano, com a temática “O recado das urnas”. Outros palestrantes darão mais brilho ao evento, como o ex-prefeito de Triunfo, João Batista Rodrigues, que já presidiu a entidade.
PESQUISA – Por um atraso no relatório, deixei para postar daqui a pouco, por volta das 9 horas, a pesquisa do Opinião trazendo a avaliação da gestão do prefeito de Itapetim, Adelmo Moura (PSB), no Sertão do Pajeú.
Perguntar não ofende: Quem ganha na queda de braço o controle do União Brasil em Pernambuco: Mendonça ou os Coelho?
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