Evilásio lidera, mas não tem apoio
Maior colégio eleitoral do Sertão do Araripe, com cerca de 60 mil eleitores, Araripina, a 622 km do Recife, traz um cenário inusitado na pesquisa do Instituto Opinião que este blog postou, ontem, com exclusividade: o vice-prefeito Evilásio Matheus, do PDT, lidera com folga, 48%, mas não tem ainda o apoio do prefeito Raimundo Pimentel, do União Brasil.
Faltando praticamente três meses para as convenções, que acontecem em julho, Pimentel não deu nenhuma sinalização quanto ao candidato do grupo que terá o seu apoio efetivo. Pimentel, aliás, tem tudo para se converter num cabo eleitoral em potencial: sua gestão tem amplo apoio popular, algo em torno de 74% dos entrevistados aprovam o seu governo.
Leia maisÉ um percentual extremamente expressivo, maior do que a aprovação do Governo Lula, em torno de 65%. O ineditismo de Araripina se explica por uma outra circunstância: se Pimentel não se convencer em marchar unido com Evilásio, este poderá se transformar no candidato da oposição, cujos nomes atuais – Roberta e Tião do Gesso – aparecem com menos 20% das intenções de voto.
Na verdade, Roberta, do PP, tem 17,8%, e Tião, do Patriota, menos ainda: 13,3%. Mas Evilásio milita ao lado do prefeito há 24 anos, é um dos maiores defensores da gestão municipal e, provavelmente, não se sentiria confortável em romper esse ciclo histórico e debandar para oposição. Sua liderança folgada no levantamento, entretanto, revela que é o nome que está na boca do povo.
Evilásio foi vereador, presidente da Câmara e atualmente é vice-prefeito. Nas eleições passadas, apoiou Socorro Pimentel, esposa do prefeito, para deputada estadual, mostrando que tem lado. Para a Câmara Federal, se alinhou aos Coelho, ajudando a reeleger Fernando Filho, um dos herdeiros políticos do ex-senador Fernando Bezerra Coelho. Na janela partidária, Evilásio trocou o União Brasil pelo PDT e ficou numa posição confortável, deixando de ser refém do UB, partido que anda mais desunido do que unido, contrariando o título da sigla.
A espera de Pimentel – Do vice-prefeito de Araripina, Evilásio Matheus (PDT), recebi a seguinte manifestação após a postagem da pesquisa: “Caro Magno, independente do resultado, reitero meu posicionamento de que recebo com toda tranquilidade a decisão pela escolha do candidato a sucessor do Prefeito Raimundo Pimentel, uma decisão legítima e conjunta dele e da nossa deputada estadual, Socorro Pimentel, líderes maiores do nosso grupo político. Estaremos juntos seja qual for a decisão, pois tenho a certeza de que saberão fazer a melhor escolha para nossa Araripina. Raimundo tem a melhor gestão de todos os tempos, aprovada por 72,8% da população, e tem todo o direito de escolher o seu sucessor, no tempo certo. A hora agora é de continuar trabalhando cada vez mais pelo nosso município”.
Cão de guarda – De última hora, no apagar das luzes do prazo do troca-troca partidário, encerrado no último dia 6, Evilásio Matheus abandonou o União Brasil (ou Desunião) e ingressou no PDT, mas tudo seguindo uma estratégia acertada com o prefeito Raimundo Pimentel, que controla a legenda no município. Mais uma demonstração de que é tão fiel a Pimentel quanto um cão de guarda.
Na boca do povo – Em contato com a coluna, o ex-prefeito de Araripina, Emanuel Bringel, disse que a pesquisa do Opinião trouxe o retrato fidedigno do atual cenário eleitoral no município. “O que a pesquisa mostrou foi o que a gente está ouvindo na rua, da boca do povo. Evilásio tem o respaldo da população, serviço prestado a Araripina e é um político leal e cumpridor de palavra”, afirmou. Além de ter governado o município, Bringel foi deputado estadual e, mesmo sem mandato, faz política 24 horas em favor das grandes causas da capital do Araripe.
Boca livre – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu aliados políticos em um restaurante no Rio de Janeiro no sábado passado, véspera do ato que reuniu milhares de pessoas, ontem, em Copacabana (RJ). O grupo foi abordado por apoiadores. Dentre os presentes, estava o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC); os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Marcos Rogério (PL-RO) e os deputados André Fernandes (PL-CE) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) que é pré-candidato à Prefeitura do Rio, além dos pernambucanos Gilson Machado Neto, Coronel Meira, Fernando Rodolfo e Alberto Feitosa.
A caminho da prisão – A depender do planejamento da Polícia Federal, Jair Bolsonaro e seus aliados terão um indiciamento por mês até o final do primeiro semestre do ano – um em maio e outro em junho. Segundo o site Metrópoles, a PF acredita que até maio, o inquérito sobre a venda das joias da Arábia Saudita será finalizado. Para junho, a corporação prevê o fim do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado por Bolsonaro e seus pares. Nesta semana, uma equipe de Polícia Federal irá aos Estados Unidos para obter mais informações da cooperação internacional com o FBI sobre a venda das joias por Bolsonaro, Mauro Cid e o pai de Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid.
CURTAS
COPIANDO LULA – Lideranças políticas de centro-direita temem que, mesmo inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se registre como candidato ao Palácio do Planalto em 2026. A atitude não seria inédita. Em 2018, quando esteve preso em Curitiba, Lula registrou sua candidatura ao Planalto. Como estava inelegível, foi vetado e escalou Fernando Haddad como seu substituto.
EM QUEDA 1– Quase dois meses após a pesquisa Ipec mostrar que a avaliação positiva (soma de “ótimo e bom”) para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caiu cinco pontos percentuais e chegou a 33%, novo levantamento do instituto, divulgado ontem, revela que o cenário segue desanimador para a gestão de Lula.
EM QUEDA 2 – Além da baixa popularidade, o Ipec aponta que entre as oito áreas da gestão de Lula, apenas uma, a educação, tem mais avaliações positivas que negativas. A população se mostrou preocupada e descontente, especialmente com o controle da inflação e a condução das políticas de saúde e segurança pública.
Perguntar não ofende: Quando Pimentel vai decidir seu candidato em Araripina?
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