Clima de terror e perseguição
No sábado passado, tornei público o estado de horror e barbárie implantado na Secretaria de Educação por chefes de setores importados de Caruaru pela governadora Raquel Lyra e a secretária de Administração, Ana Maraíza. Denúncias gravíssimas de assédio moral e psicológico.
Imaginei tratar-se de algo isolado, mas estava enganado. No mesmo dia e ao longo do dia de ontem, recebi vários telefonemas de servidores graduados, de altíssimo nível e carreiras consagradas no serviço público estadual, narrando situações inacreditáveis de perseguição em outras secretarias, como Justiça, Administração, Saúde e Agricultura.
Isso sem falar do segundo escalão. Ontem, uma senhora com mais de 40 anos de serviços prestados ao Estado narrou o drama vivido por ela e vários servidores estatutários do Condepe, partindo de um coronel que não tem o menor preparo para a função nem sentimentos humanitários.
Leia mais“O Condepe virou o corredor da Gestapo”, disse, chorando ao telefone, esta mesma senhora, já idosa, referindo-se à polícia secreta nazista chefiada por Hitler. Pelas redes sociais, um leitor chegou a informar que uma servidora da Educação havia sofrido um infarto e morrido em consequência dos maus tratos pela chefia imediata.
Ouvi de outro servidor que a turma de Raquel, como se refere aos auxiliares que a governadora trouxe de Caruaru, trata os funcionários públicos no geral, em sua grande maioria concursados e que serviram com presteza a governos passados, como se fossem bichos. O modelo é tão desumano que muitos estão adoecendo, trabalhando sob efeito de tranquilizantes. A maioria chorou nas narrativas.
“O problema é que esse povo acha que nós, servidores, temos partidos, somos do PSB, que a governadora odeia. Nada disso! Eu, por exemplo, estou há mais de 30 anos na Educação, faço meu trabalho técnico, mas pela primeira vez perdi minha gratificação, fui rebaixada e escanteada. Tenho uma colega de trabalho que está acompanhada por um psiquiatra”, disse uma outra servidora.
Todo esse pessoal, claro, pede sigilo temendo represálias. E com razão! O que constatei é muito mais grave do que isso. Muitos já prestaram queixas nas ouvidorias e até no Ministério Público, mas, infelizmente, sem ressonância alguma.
ESTADO OMISSO – A postagem relatando assédio moral e psicológico na Secretaria de Educação já foi vista no Instagram do blog por 40 mil pessoas até ontem. Está com quase mil curtidas, mais de 100 comentários e mais de 900 compartilhamentos. Aos que tiverem a curiosidade de darem uma passadinha pelo Instagram do blog, vão se deparar com revelações incríveis de assédio. “Esse tipo de gente prospera por conta da omissão da chefia superior. Mais de 100 denúncias sem a governadora tomar providências”, relatou um dos leitores.

Com a caneta carregada – De férias no Canadá, onde acompanha os estudos do filho primogênito, a governadora Raquel Lyra (PSD) deu carta branca para a governadora em exercício Priscila Krause (PSDB) dar posse, hoje, aos novos secretários de Turismo, Kaio Maniçoba, e de Empreendedorismo, Emanuel Fernandes, o Manuca, ex-prefeito de Custódia. No segundo escalão, também prestigia a posse do jovem Miguel Duque, filho do deputado estadual Luciano Duque, na presidência do IPA. As mudanças têm tudo a ver com 2026. São eleitoreiras. Raquel sonha acordada com a reeleição.
Rabo de cavalo – A chegada do jovem Miguel Duque ao IPA foi bancada pelo Podemos e não pelo pai, o deputado estadual Luciano Duque, segundo o presidente do diretório estadual da legenda, Marcelo Gouveia. “Os quatro deputados eleitos pelo Solidariedade vão se transferir para o Podemos em abril, na janela partidária”, diz Marcelo. O SD é controlado no Estado pela ex-deputada Marília Arraes. Pelo visto, na sua gestão o partido está crescendo feito rabo de cavalo — para baixo.
Quem está com a razão? – A prefeita de Sertânia, Pollyanna Abreu (PSDB), tem batido boca com o ex-prefeito Ângelo Ferreira (PSB) por causa do bloqueio judicial das contas do município. Segundo a gestora, a culpa é do antecessor, que repassou uma herança maldita sem precedentes para administrar e sanear. Já o socialista diz que ela foi advertida sobre o problema e, apesar de gastar R$ 60 mil por mês com escritórios de advocacia, não tomou as medidas corretas em tempo hábil. Na cidade, o tempo fechou e não há mais diálogo entre eles. Aliás, nunca houve, nem mesmo na transição.

Pé na estrada, olho em 26 – Candidatíssimo a governador nas eleições de 2026, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), volta ao Sertão do Pajeú no próximo domingo para participar de um seminário regional do partido. O evento é só o pretexto para o socialista dar o start da pré-campanha no Interior, tendo em vista que a governadora Raquel Lyra, que vai à reeleição contra ele, já ter deflagrado a campanha desde janeiro. O encontro do PSB vai atrair lideranças de outros partidos que andam pelo Sertão reclamando do tratamento a pão e água dispensado pela governadora.
CURTAS
ARREPENDIDO – No segundo turno da eleição para governador em 2022, o prefeito de Afogados da Ingazeira, Sandrinho Palmeira, anfitrião do seminário do PSB, apoiou Raquel, embora seja socialista. Mas se arrependeu e o discurso que fará no evento será de alinhamento à candidatura de João.
COISA DO DIABO – Nomeado como representante da Adepe no Agreste, o ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Fábio Aragão, fechou com o projeto de reeleição do deputado federal Felipe Carreras, umas das principais lideranças do PSB que adora bater nas fragilidades e contradições do Governo Raquel. A política tem dessas coisas. Segundo Roberto Magalhães, o jogo da política é diabólico.
SUJEIRA – Embora o prefeito de Arcoverde, Zeca Cavalcanti (Podemos), tenha feito uma dispensa milionária em benefício de uma empresa importada, a cidade continua suja. Em alguns bairros, o lixo não tem sido recolhido em tempo hábil, provocando uma enxurrada de reclamações.
Perguntar não ofende: Qual será o próximo partido adesista a cair na rede de Raquel?
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