Temendo nova derrota, Raquel ignora Amupe
Candidatos que ensaiam disputar a presidência da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), na eleição marcada para fim de fevereiro, de olho no apoio da governadora Raquel Lyra (PSDB), que providenciem tirar o cavalinho da chuva. A tucana vai ficar, literalmente, de fora.
Não por falta de interesse em interferir para ter um aliado no comando da instituição, mas temendo sair arranhada. Afinal, ela tem um histórico de derrotas que a desaconselham a ousar no campo movediço da seara política. Se não, vejamos: é a única governadora da história pernambucana que não conseguiu emplacar um conselheiro do Tribunal de Contas.
Nas duas vagas abertas – Teresa Dueire e Carlos Porto – perdeu as duas. Sucessor de Dueire, o ex-deputado Rodrigo Novaes derrotou o deputado Joaquim Lira, apoiado pela governadora, por 30 votos a 18. A segunda vaga, a de Porto, a tucana sequer se mexeu para fazer alguém, temendo uma derrota mais acachapante. Foi escolhido Eduardo Porto, sobrinho do presidente da Assembleia, Álvaro Porto.
Leia maisRecentemente, a governadora fez de tudo para reeleger Gustavo Gouveia primeiro-secretário da Alepe, mas acabou derrotada por uma aliança fechada pelo presidente do PP, Eduardo da Fonte, com o socialista Francismar Pontes, mesmo este não tendo o apoio oficial do seu partido, o PSB. A governadora, certamente mal orientada, tentou interferir no consórcio dos prefeitos do Pajeú, apoiando o prefeito de Tuparetama, Diógenes Patriota (PSDB), contra Luciano Torres (PSB), prefeito de Ingazeira e candidato à reeleição.
Para não sofrer uma nova derrota, aceitou uma composição, na qual o prefeito de Tuparetama virou vice. E por falar em consórcio, Raquel escalou o prefeito de Surubim, Cléber Chaparral, aliado do União Brasil, para duelar com o prefeito de São Caetano, Josafá Almeida (UB), que é candidato à reeleição. O consórcio é formado por 34 prefeitos, Josafá já registrou a sua chapa, mas não se tem notícia da chapa de Chaparral, que diz ter apoio de 24 dos 34 prefeitos associados.
No quesito eleições majoritárias, a do Recife foi a derrota mais vergonhosa sofrida pela governadora. Escalou e apoiou o ex-deputado Daniel Coelho (PSD) para tentar derrotar João Campos (PSB). Quando as urnas falaram, o prefeito foi reeleito com 78,11% dos votos, enquanto o candidato da governadora sofreu o maior vexame da sua trajetória política: teve apenas 3,21% dos votos, sendo lanterninha entre todos os candidatos da oposição.
Em ano pré-eleitoral, com índices de desaprovação astronômicos, certamente a governadora não quer ilustrar ainda mais esse currículo de frustrações eleitorais apoiando um candidato que venha a ser esmagado na disputa pela presidência da Amupe.
Maquiavel tinha razão: “Todos veem o que pareces, poucos percebem o que és”.
CINCO CANDIDATOS – No sábado passado, surgiu mais um candidato à presidência da Amupe: o prefeito de Petrolândia, Fabiano Marques (Republicanos), ligado ao grupo do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Com ele, sobe para cinco o número de pré-candidatos. São eles: Marcelo Gouveia (Podemos), atual presidente; Paulo Freitas (PP), prefeito de Aliança; Márcia Conrado (PT), prefeita de Serra Talhada; e Marcos Patriota (UB), prefeito de Jupi. Presidente do Conselho Eleitoral da Amupe, o prefeito do Cabo, Lula Cabral (SD), insiste na tese de um candidato consensual, difícil de prosperar.

O mistério Márcia Conrado – Ninguém sabe explicar a decisão da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), de colocar o seu nome na disputa pela presidência. Prefeitos ouvidos pelo blog, no anonimato, dizem que ela quer compor para ser vice de Marcelo Gouveia, que, se eleito, ficaria apenas um ano e pouco no mandato, porque teria que se afastar em abril do próximo ano para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Outros já acham que a petista quer se vingar de Marcelo, que não teria cumprido o acordo pelo qual a candidata seria ela. Procurada, Márcia não atendeu às ligações nem retornou.
João no Globo 1 – Não teve um assunto mais comentado, ontem, nas rodas políticas do Estado, no plano nacional e nos bastidores do que o amplo espaço que o jornal O Globo abriu, na sua edição domingueira impressa e online, para o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Tudo por causa dos pitacos que deu ao presidente Lula e ao novo ministro das Comunicações, Sidônio Palmeira, revelando verdadeiros truques para se manter uma poderosa comunicação pelas redes sociais.
João no Globo 2 – No jornal carioca, João foi batizado de “prefeito Tik Tok”. O repórter diz que ele foi chamado a Brasília e deu pitacos na área em que ostenta números relevantes. “São 2,8 milhões de seguidores no Instagram, o maior montante entre todos os comandantes de cidades do Brasil e quase o dobro da população recifense, que é de 1,5 milhão de pessoas. Integrantes da equipe de João passaram a compor o time do novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, e o estrategista de sua campanha de reeleição, Rafael Marroquim, também desembarcou por uma semana na capital federal para ajudar o Planalto”, informa um dos maiores jornais do País.

Um dos recados a Lula – Entre tantos assuntos que abordou na entrevista ao Globo, ainda na comunicação, o prefeito João Campos ensinou: “O principal é ter conexão e sinergia com o povo, e Lula tem isso como poucos. O desafio é entender que no mundo de hoje é preciso ser mais rápido, mais simbólico, não tem direito a falhas. Estamos falando de um tempo na comunicação digital que tem a força do Reels, de um bumper, uma propaganda de cinco segundos no máximo no YouTube. Se você fizer um pronunciamento de uma hora, ninguém vai ver o que você falou, mas vão ver a falha de cinco segundos que cometeu”.
CURTAS
RECADO – Na entrevista, João mandou recados para Raquel, entre os quais este: “As pessoas querem resultados. Estamos num tempo em que o simbólico é muito importante, mas o concreto também. Não adianta falar e não fazer. As pessoas querem ver o resultado. Isso faz toda a diferença na hora da indicação de voto. Eleição é comparação”.
ALCKMIN VICE – Sobre a manutenção da aliança nacional do PSB com o PT com Alckmin na vice, afirmou: “Isso é uma prioridade do partido. Quando fizemos a aliança com Lula, o maior partido a apoiá-lo foi o PSB. Nenhum dos grandes partidos que hoje têm ministérios apoiou Lula. E tenho certeza de que muitos também não coligarão no ano que vem”.
ZÉ DANTAS – O ex-deputado Tony Gel (MDB) ficou emocionado com a crônica domingueira que escrevi, ontem, focada no personagem Zé Dantas. “Crônica maravilhosa! É para ser lida e estudada”, disse Gel. Segundo ele, Zé Dantas é, por lei, o patrono dos compositores pernambucanos, graças a um projeto de autoria dele quando deputado estadual.
Perguntar não ofende: A governadora vai começar mais uma semana sem secretário de Educação?
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