O fator Tonynho Rodrigues
Em Caruaru, o Instituto Opinião traz a primeira pesquisa com o ambiente de pré-campanha com um cenário de segundo turno entre o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e o ex-prefeito José Queiroz (PDT). A diferença do tucano para o pedetista é de 11 pontos, mas os demais candidatos somam dez pontos. Para emplacar um novo mandato logo no primeiro turno, Rodrigo tem que adotar uma estratégia que passa pela visibilidade da governadora Raquel Lyra (PSDB) no município.
Pela pesquisa, a gestão de Raquel em Caruaru tem uma aprovação acima da média estadual, em torno dos 56%. Rodrigo, que sucedeu a aliada tucana na Prefeitura, está mais bem situado. É aprovado por mais de 60%. Sua relação com Raquel teve alguns percalços no início, mas já superados. Na reta final para as convenções de ontem, vazou que Raquel queria Tonynho Rodrigues, filho do ex-prefeito Tony Gel, na vice de Rodrigo e que o prefeito teria rejeitado qualquer tentativa de negociação nessa linha.
Leia maisResultado: Tonynho foi confirmado candidato a vice de José Queiroz, trazendo de imediato consequências danosas para o pai. Nomeado para uma diretoria da Copergás, com salário superior a R$ 20 mil, Gel teve que entregar o cargo à governadora e romper o alinhamento automático com a gestão estadual. Um caminho sem volta, porque quem estiver ao lado de José Queiroz em Caruaru, estará, automaticamente, contra o seu governo, adversário nas eleições de 2026, quando a tucana tentará a reeleição.
Aliados de Queiroz já espalham a versão de que a ida de Tonynho e todo o grupo de Tony Gel para o palanque do pedetista foi uma pancada política violenta na governadora, com consequências eleitorais para Rodrigo. O tempo dirá! Mas pela pesquisa do Opinião, isso não se configura, porque, além de aparecer, com apenas 4% na condição de pré-candidato a prefeito, o filho de Gel é o segundo mais rejeitado, atrás apenas de Queiroz, seu novo aliado e companheiro de chapa.
O desafio de Queiroz – A pesquisa do Opinião revela o que já era previsível: a baixa aceitação de José Queiroz nos segmentos eleitorais mais jovens. Seus maiores percentuais de indicação de voto aparecem entre os eleitores acima de 60 anos e com renda superior a dez salários mínimos. Nos demais, leva grande desvantagem para o prefeito, que se situa bem entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, e nas faixas até 55 anos. Queiroz governou Caruaru por quatro mandatos, está com 82 anos e será obrigado a fazer uma estratégia para ganhar a confiança dos mais jovens.

Caruaru antecipa 2026 – Tão logo teve sua candidatura homologada, ontem, numa estrondosa convenção no Clube Português, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), correu para participar da festa da democracia que transformou José Queiroz, ontem, em Caruaru, no principal adversário do prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB). A presença dele na convenção tem tudo a ver com a sucessão estadual, em 2026. Afinal, a capital do forró é o berço eleitoral de Raquel Lyra. Sem dúvida, a eleição em Caruaru será estadualizada. Trabalhando pela vitória de Queiroz, João quer impor uma derrota à governadora.
Risco de primeiro turno – A saída de Tonynho Rodrigues da disputa pela Prefeitura de Caruaru provoca, em contrapartida, um cenário que pode ser ruim para Queiroz: uma possível decisão da eleição logo no primeiro turno. Embora tenha aparecido com apenas 4%, os demais nomes que restaram – Fernando Rodolfo e Armandinho – aparecem abaixo desse percentual e tendem a murchar em razão da polarização Rodrigo x Queiroz. Para quem está na oposição num município com eleitorado acima de 200 mil, como é o caso de Caruaru, a infalível estratégia é a provocação de um cenário de segundo turno para unir todos no campo oposto a quem está no poder.
Linha dura – Nas suas primeiras falas antes e durante a convenção que homologou sua candidatura a prefeito do Recife, sábado passado, Daniel Coelho (PSD) deu o norte da sua campanha: tentar desmistificar a gestão de João Campos mostrando que ele não tem compromisso com o Recife ao escolher para vice um amigo, sem a menor experiência em gestão pública. “Escolheu um amiguinho de prédio para manipular, mas na hora de liderar é incapaz de representar um projeto liderado por mulheres”, disse numa alusão ao espaço da vice, hoje ocupado por uma mulher, Isabella de Roldão, do PDT, que optou pela neutralidade nas eleições do Recife.

Ataques rasteiros – Na coletiva após a convenção que homologou sua candidatura à reeleição, João Campos deu uma resposta indireta ao candidato de Raquel. “Aprendi a fazer política respeitando as pessoas, somando e botando a gestão a serviço das pessoas. Tempo de eleição é o tempo em que chega uma conversa que não é fácil, e quem não vai ter o que mostrar, o que defender, pode partir para um ataque mais rasteiro. Eu vou fazer o que eu faço, que é cuidar, trabalhar, fazer tudo com alegria e respeito”, disse, sem citar o nome de Daniel Coelho.
CURTAS
AS MAIORES – As convenções mais gigantes: João Campos, no Recife; Véia de Aprígio e de Chaparral, em Surubim; Simão Durando, em Petrolina; Rodrigo Pinheiro e José Queiroz, em Caruaru; Lula Cabral e Keko do Armazém, no Cabo; Mano Medeiros e Clarissa Tércio, em Jaboatão; Vinícius Labanca, em São Lourenço da Mata; Gilson Machado, no Recife; a Adilma Lacerda, em Ipojuca; e Gilvandro Estrela, em Belo Jardim, além de Zeca Cavalcanti e Madalena Britto, em Arcoverde.
DESPENCOU – A aprovação da gestão Lula está crescendo feito rabo de cavalo – para baixo. No último fim de semana, pesquisa do Datafolha mostrou que seu governo só tem 35% de aprovação ante 33% de reprovação. Beira a mesma desaprovação do ex-presidente Bolsonaro.
AS RAZÕES – O empresário Guilherme Coelho não quis ser o vice de Júlio Lóssio em Petrolina porque seus projetos estão hoje na área empresarial. Também não participou da convenção do aliado em razão de uma cirurgia que fez recentemente no quadril, estando em convalescência.
Perguntar não ofende: Por que a popularidade de Lula está virando pó?
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