Uma nova era
Ao anunciar hoje, oficialmente, Victor Marques (PCdoB), seu ex-chefe de gabinete como vice na sua chapa à reeleição, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), abre um paradigma e instala uma nova era na política estadual, pontuada pelo traço da juventude e da ousadia. Vira a página, consequentemente, de um Estado de lideranças históricas, mas que se firmaram no plano nacional já com cabelos brancos.
João e Victor são de uma mesma geração, têm a mesma idade. Se reeleito, João parte para disputar o Governo do Estado, em 2026, com apenas 32 anos, 13 anos mais jovem do que a governadora Raquel Lyra (PSDB), a primeira a romper um ciclo num Estado em que se assistiu, por muito tempo, velhas caras se revezarem no poder, entre os quais Miguel Arraes, Jarbas Vasconcelos, Roberto Magalhães, Eduardo Campos e Joaquim Francisco.
Leia maisTodas essas figuras ilustraram Pernambuco no plano nacional, deram, ao seu modo e num estilo próprio, uma grande contribuição ao desenvolvimento do Estado. Mas os tempos mudam, o calendário da vida política também. Uma pesquisa mais recente do Datafolha aponta que o segmento eleitoral mais identificado com o estilo João Campos é o que está na faixa dos 16 a 24 anos, principalmente os que irão votar pela primeira vez.
Com a “nevada” em seu cabelo, para brincar o Carnaval, o prefeito trouxe para mais perto dele esse eleitorado, que representa um elevado estamento do futuro, do olhar para a frente, a janela, igualmente, da renovação na gestão. Isso não significa que políticos veteranos ainda em atuação estejam a caminho de vestir o pijama, mas é quase um fadário.
A Prefeitura do Recife, com João no comando, já serviu, aliás, como uma espécie de laboratório para os chamados gestores do futuro, a exemplo de Victor Marques, um dos principais responsáveis pelas políticas públicas e a estratégia de gestão, e Marília Dantas, a super secretária de Infraestrutura que esteve à frente da execução das principais obras do socialista.
Caras novas – A nova era não se circunscreve apenas a Raquel e João, mais para João do que Raquel, por ser ele bem mais jovem. Neste universo, estão inseridos também o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que fez uma bela campanha para o Governo do Estado na eleição passada; Silvio Costa Filho, ministro dos Portos, já cotado para o Senado em 2026, e Lula da Fonte, o deputado federal mais jovem do País.

Braço direito de João – Victor Marques, que será anunciado hoje como vice de João Campos, tem uma convivência histórica com o prefeito. Juntos, estudaram Engenharia. Quando João assumiu a chefia de gabinete do ex-governador Paulo Câmara, Victor atuou como assessor e na Câmara dos Deputados foi chefe de gabinete dele, mesma função exercida na Prefeitura. “Victor foi o responsável por tudo o que eu pude andar, que eu pude fazer, que eu pude trabalhar, que eu possa ter a tranquilidade de estar na rua trabalhando e saber que contava com o tempo sendo coordenado e tocado por ele para tocar coisas estratégicas”, disse João, ao discursar na inauguração do Parque da Tamarineira.
PT e PL brigam em 9 capitais – O PT planeja lançar candidatos em 14 capitais, enquanto o PL deve lançar em 15. As duas siglas, no entanto, devem ter confrontos diretos em apenas nove das 26 capitais estaduais. Diferentemente de outras eleições, o PT decidiu priorizar alianças em vez de lançar candidaturas neste pleito. Para conter o avanço do bolsonarismo nas prefeituras e visando construir alianças para as eleições de 2026, o PT abriu mão de lançar candidatos em cidades importantes, incluindo São Paulo, onde apoia o pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos.
Prévia de 2026 – Já o PL entra na disputa com a meta ambiciosa de eleger 1,5 mil prefeitos. Na última eleição, em 2020, a sigla elegeu 348. O partido aposta no lançamento de candidaturas no maior número possível de cidades, com foco nas eleições de 2026. O cálculo político é que, mesmo se o candidato do PL não for eleito, ele ganhará visibilidade e poderá garantir uma vaga na Câmara ou no Senado no próximo ciclo eleitoral. A disputa deste ano é vista tanto por petistas quanto por bolsonaristas como um prelúdio para as eleições de 2026, quando os grupos buscarão fortalecer sua representação no Congresso e disputar a Presidência da República.

Vice, só Marta em SP – Nos grandes centros urbanos, o PT não disputa apenas no Recife, mas também em São Paulo e Rio de Janeiro. Nessas capitais, o partido optou por não lançar candidatos próprios, apoiando em vez disso postulantes de outros partidos com maiores chances de vencer representantes do bolsonarismo. Na capital fluminense, o PT apoia o prefeito Eduardo Paes (PSD) e no Recife João Campos (PSB), mesmo sem garantir a vice nas respectivas chapas. Na capital paulista, por outro lado, a legenda conseguiu emplacar Marta Suplicy (PT) na vice de Boulos.
CURTAS
META – Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, o senador Humberto Costa diz que o partido busca obter um resultado melhor do que o de 2022, quando elegeu 183 prefeitos. Em 2016, o PT conquistou 254 prefeituras, e em 2012, 638. Reverter essa tendência é um dos objetivos deste ano. “Não estabelecemos uma meta numérica. Definir uma meta específica pode ser politicamente desfavorável”, explicou.
O FOCO – Segundo Humberto, o PT vai focar nas cidades com mais de 100 mil eleitores. “Há 215 cidades com esse perfil, representando 48% do eleitorado do País, e teremos 126 candidatos nessas cidades”, disse. Ele acrescentou que a sigla fará um “investimento diferenciado nos vereadores”, buscando aumentar a bancada da Câmara em 2026.
OLHO NO SENADO – A estratégia do PL é avançar com seu projeto de fortalecer sua presença no Senado. O partido visa obter a maioria para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e buscar emendas à Constituição, como possíveis mudanças na duração dos mandatos dos ministros do STF ou uma anistia para os presos do 8 de Janeiro. Para alcançar esses objetivos, o PL aposta em candidatos bolsonaristas que, mesmo se perderem na disputa municipal deste ano, poderão eventualmente vencer a eleição para o Senado daqui a dois anos.
Perguntar não ofende: Quem será o coordenador-geral da campanha de João?
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