A pior governadora do Nordeste
Como “presente” de Natal, a governadora Raquel Lyra (PSD) não poderia ter recebido pior notícia: pelo levantamento do Atlas Intel, é a pior governadora do Nordeste e, entre os 27 chefes de Estado, a terceira mais reprovada do país, acima apenas de Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, e de Wilson Lima (UB), do Amazonas.
Raquel tem apenas 33% de aprovação e 55% de desaprovação, enquanto 12% disseram não saber. Quanto à avaliação do governo, 17% consideram ótimo ou bom, 47% regular e 36% ruim ou péssimo. O ranking dos governadores foi produzido a menos de um ano das eleições de 2026, quando Raquel buscará a recondução ao cargo.
A governadora de Pernambuco tem aprovação abaixo da média nacional e distante da do gestor estadual mais bem avaliado do Nordeste, Rafael Fonteles (PT), do Piauí, que tem 69% e é o segundo melhor do País. Ainda na região, João Azevêdo (PSB), da Paraíba, tem avaliação de 59% (ótimo/bom) a 32% (ruim/péssimo).
Leia maisPela ordem, Elmano de Freitas (PT), do Ceará, 55% a 40%; Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia, 51% a 45%; Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, 51% a 44%; Paulo Dantas (MDB), de Alagoas, 41% a 48%; Fábio Mitidieri (PSD), de Sergipe, 39% a 45%; e Carlos Brandão (sem partido), 33% a 51%.
Há um ano, exatamente ao fechar o seu segundo ano de gestão, Raquel apareceu como a segunda pior do País, acima apenas do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que deu uma melhorada depois da operação violenta nos morros cariocas dominados pelo narcotráfico, figurando agora entre os 20 melhores, na décima nona colocação. Foi uma subida significativa, uma prova do acerto na condução da operação, a qual resultou em 121 mortes.
Entrar no quarto e último ano de gestão como a pior do Nordeste e a terceira pior do País abre um cenário de extrema dificuldade para a reeleição de Raquel, que tem como adversário o prefeito do Recife, João Campos (PSB), entre os mais bem avaliados gestores de capitais no País.
O CAMPEÃO – Pelo levantamento do Atlas Intel, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), é o mais popular do País. Lidera o ranking com ampla vantagem. Caiado alcançou a marca de 80%, com apenas 15% de desaprovação. O governador goiano não apenas lidera no índice geral, mas também aparece em primeiro lugar na avaliação de áreas críticas da administração pública. Segundo o levantamento, a gestão de Caiado é a melhor avaliada nacionalmente em Segurança Pública (62% de ótimo/bom), Educação (68%), Agricultura (72%) e Responsabilidade Fiscal (62%).

O fenômeno Rafael – O professor Rafael Fonteles tinha em sua biografia vários prêmios estudantis de matemática, física e química, um bom currículo acadêmico (é mestre em economia matemática), mas nenhuma experiência política quando foi alçado ao cargo de secretário da Fazenda do Piauí em 2015 pelo então governador Wellington Dias (PT). Sete anos depois, em 2022, estreou nas urnas como candidato a governador pelo PT e saiu vitorioso ainda no primeiro turno, com 57,2% dos votos válidos. De quebra, tornou-se o governador mais jovem do País, com 38 anos de idade. Rafael é filho de Nazareno Fonteles, que foi deputado federal pelo PT entre 2003 e 2011. E no levantamento de ontem, do Atlas Intel, é o segundo mais popular, só perdendo para Ronaldo Caiado, de Goiás.
Estado mais competitivo – Qual o segredo para tamanha popularidade do jovem governador do Piauí? Os investimentos públicos da receita corrente líquida (RCL) do Piauí saltaram de uma média de 5% para 18% nos últimos três anos. Isso significa, segundo o governador, capacidade de fazer melhores escolas, hospitais, estradas, equipar melhor as forças policiais e investir em várias coisas que impactam, consequentemente, nesses indicadores que compõem o ranking de competitividade. A edição 2025 do Ranking de Competitividade dos Estados mostrou que o Piauí segue num processo constante de melhoria dos seus índices, conquistando o 7º lugar em potencial de mercado e a 10ª posição em educação.
Choque de gestão – “Estamos apostando num choque educacional e tecnológico. A meu ver, é isso que vai fazer a gente mudar de patamar. Somos um Estado que requer muito investimento no capital humano para que a gente possa estar num lugar realmente desenvolvido”, disse, ontem, o governador piauiense ao comentar o seu desempenho no ranking do Atlas Intel. Sobre a abertura econômica, Rafael destacou que hoje consegue divulgar melhor o potencial do Estado em várias áreas, no agro, na energia verde e no turismo, para que haja investimentos externos no Piauí. “Acredito que o Estado tem que ser ativo nessa promoção das potencialidades, não apenas desburocratizando, melhorando o ambiente de negócio, mas, muitas vezes, atuando diretamente em setores estratégicos”, afirmou.

Fadiga de material – Pesquisa do PoderData, do site Poder360, indica que o eleitor acha o governo Lula melhor do que a avaliação que faz do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A aprovação da administração federal é de 42%. A aprovação pessoal de Lula é 7 pontos percentuais menor, de 35%. Esse dado é relevante porque pode indicar o início da cristalização do que se chama de “fadiga de material” do presidente, que está em seu terceiro mandato e terá 81 anos caso seja reeleito em 2026 para um quarto período de quatro anos no Planalto.
CURTAS
COMPARAÇÃO 1 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega ao fim do seu terceiro ano de mandato com 43% da população classificando seu trabalho como “ruim/péssimo”, segundo pesquisa PoderData realizada de 13 a 15 de dezembro. Essa taxa coloca o petista em posição melhor só que Jair Bolsonaro (PL) e José Sarney (MDB) em período semelhante de governo.
COMPARAÇÃO 2 – Bolsonaro tinha 57% de “ruim/péssimo” no fim de dezembro de 2021, cerca de 10 meses antes de tentar a reeleição e perder para Lula por uma margem mínima (50,90% a 49,10%) em outubro do ano seguinte. A taxa de Sarney era de 65% em março de 1988 — quando ele completou três anos de governo. O emedebista assumiu um mandato de transição no período de redemocratização, em março de 1985. Não pôde tentar um novo mandato. Ficou cinco anos no comando do País.
PODCAST – O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), confirmou sua presença, ontem, no meu podcast Direto de Brasília, em parceria com a Folha, da próxima semana. Na pauta, a candidatura de Flávio Bolsonaro, o cenário nacional e sua provável candidatura ao Governo do Rio Grande do Norte em 2026.
Perguntar não ofende: Quando Raquel vai reagir e sair da condição de pior governadora do Nordeste?
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