O centro de Arcoverde foi palco de cenas de tensão, força e desespero na manhã de hoje. Uma operação da Prefeitura, sob o comando do prefeito Zeca Cavalcanti, para remover vendedores ambulantes das vias principais, escalou para um confronto que resultou na prisão e no uso de algemas em trabalhadores, incluindo um pai e uma mãe de uma criança pequena, cujo choro desesperado ecoou em meio à ação policial.
A prefeitura alega que a medida visa cumprir uma recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para organizar o espaço público. Contudo, a recomendação em questão data de 2022, ainda no segundo ano da gestão anterior, de Wellington Maciel. A alegação levanta questionamentos sobre porque o atual governo, após quase um ano de inércia sobre o tema, optou por uma abordagem abrupta e truculenta, em vez de construir uma solução planejada e pacífica.
Testemunhas relataram cenas chocantes, com mercadorias sendo apreendidas e trabalhadores, incluindo mulheres, sendo algemados como criminosos. O momento mais contundente foi a detenção de um casal na frente de seu filho, uma imagem que expôs o drama humano por trás de uma decisão administrativa.
Críticos da operação apontam que a truculência é o sintoma de uma falha maior da gestão, marcada pelo descaso, desorganização e falta de planejamento para lidar com o comércio informal. Em uma cidade que sofre com a escassez de oportunidades de emprego nos últimos anos, a venda ambulante é, para muitas famílias, a única forma de sobrevivência. A ação repressiva, sem a prévia construção de uma alternativa viável, como a realocação para um espaço digno, é vista não apenas como insensível, mas como um ataque direto aos mais vulneráveis.
As imagens de força que circularam nesta sexta-feira contrastam brutalmente com a narrativa de uma “cidade forte e de oportunidades” que a gestão do prefeito Zeca Cavalcanti tenta vender. Para muitos arcoverdenses, as cenas de pais e mães de família sendo algemados não refletem a força de um município, mas a fragilidade de um governo que escolheu a repressão em vez do diálogo e da criatividade para resolver um problema eminentemente social.
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