O Globo
Governadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não devem comparecer ao evento organizado pelo Palácio de Planalto no dia 8 de janeiro, um ano após os ataques golpistas aos prédios dos Três Poderes em Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou no começo do mês que convidaria todos os governadores para o ato. O evento, segundo ele, tem o objetivo de “lembrar o povo que houve uma tentativa de golpe, que foi debelado pela democracia deste país”.
Com férias, viagens e “compromissos já agendados”, os bolsonaristas devem evitar o ato. Governadores alinhados ao ex-presidente têm sido atacados frequentemente pela base ao participarem de eventos comandados por petistas.
Leia maisO governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não comparecerá ao evento. Tarcísio está na Europa e só deve retornar ao Brasil no dia 9 de janeiro, um dia após o ato. O vice-governador, Felício Ramuth (PSD), também não comparecerá, pois já tem viagem marcada para a China. Com os dois fora do país, o governador em exercício no dia 8, por lei, será o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado (PL). O deputado não confirmou se vai participar do ato em Brasília.
O governador de São Paulo foi alvo de críticas, em janeiro, quando foi a Brasília se encontrar com Lula e os demais governadores após os ataques golpistas. Em julho, voltou a ser alvo da base bolsonarista, ao dar entrevista coletiva ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para defender a reforma tributária.
Nas últimas semanas, a relação de Tarcísio com Lula foi marcada por acenos em Brasília e saia-justa em São Paulo. Principal herdeiro político de Bolsonaro, de quem foi ministro da Infraestrutura, ele protagonizou uma troca de afagos com o presidente em evento no Palácio do Planalto, em 12 de dezembro. Na ocasião, o governo federal anunciou financiamento de R$ 10 bilhões para melhorias no estado. Tarcísio foi escalado pelo petista para falar na solenidade e aproveitou para agradecer e elogiar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais apostas da gestão Lula.
Figura central na invasão da Esplanada dos Ministérios, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também não poderá comparecer. O governador estará em Miami, aproveitando as férias nos Estados Unidos, onde fica até o dia 15 de janeiro, de acordo com o g1. Em 9 de janeiro do ano passado, dia seguinte às ações golpista, o Supremo Tribunal Federal (STF) afastou Ibaneis do cargo por conduta “dolosamente omissiva” em relação ao ataque. Na ocasião, o ministro Alexandre de Moraes afirmou, em sua determinação, que os atos de vandalismo só poderiam ter acontecido com a anuência do governo do Distrito Federal. Ibaneis retornou ao posto dois meses depois, em 15 de março.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), também deve seguir os colegas. Oficialmente, sua assessoria diz não ter sido informada sobre o convite e, portanto, não há posicionamento formal sobre a agenda. Mas o mandatário, avisa, deve ficar no estado para compromissos “previamente marcados” para essa data.
Também do PL, o governador do Rio, Cláudio Castro, é presença incerta. O Palácio Guanabara informa que o governador tem uma reunião com seu secretariado marcada justamente para o dia 8, mas que o martelo sobre a presença no ato em Brasília só será batido após a virada do ano. Nas últimas semanas, depois de um período afastado ao longo do ano, Castro voltou a aparecer em fotos ao lado de Bolsonaro para lançar a candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para a prefeitura do Rio.
Em Minas Gerais, a Secretaria de Comunicação afirma que a agenda do governador Romeu Zema (Novo) “ainda não está definida”. Em meio a negociações envolvendo o pagamento de parcelas da dívida pública de Minas Gerais, Zema trocou farpas com Lula recentemente.
Em Goiás, o governo “ainda não consegue confirmar”, já que Ronaldo Caiado (União Brasil) está em viagem de férias. O governo de Roraima não respondeu ao questionamento da reportagem sobre a presença do governador Antonio Denarium (PP), que teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por abuso de poder político. Ele recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Paraná, a assessoria de Ratinho Júnior (PSD) diz que não chegou nenhum convite oficial solicitando a presença do governador.
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