Em fevereiro, o Nordeste apresentou um saldo positivo de 37.090 novos postos de trabalho, o que representa 8,6% do saldo de 431.995 novos empregos no País. No acumulado do ano, o Nordeste apresenta um saldo de 34.419 empregos gerados, o que equivale a 6% do acumulado no País. Esse número representa uma média de aproximadamente 17 mil empregos líquidos por mês. A análise é da Sudene a partir dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados hoje.
“O resultado de fevereiro representa uma reversão do resultado negativo observado na Região em janeiro, demonstrando o caráter sazonal dos números do mês anterior”, afirma o economista Miguel Vieira Araújo, da Sudene. Ele destaca que o desempenho do Nordeste acompanha o brasileiro, que criou 432 mil empregos com carteira assinada, o maior saldo mensal registrado na nova série histórica do Caged.
O setor de serviços foi o grande motor dessa recuperação, sendo responsável por 78% do saldo da Região como um todo. Com relação aos estados, a Bahia, com 20.132, representou mais da metade do saldo da Região. Os estados de Pernambuco e Ceará, com 7.588 (20,5%) e 6.488 (17,5%) novos postos de trabalho, respectivamente, também apresentaram um bom desempenho. Na sequência, aparecem Piauí (2.994), Rio Grande do Norte (2.495), Maranhão (1.470), Sergipe (869) e Paraíba (525). Por sua vez, Alagoas apresentou um decréscimo de 5.471 postos de trabalho.
No setor de serviços, destacaram-se, em valores absolutos, Bahia, com saldo de 11.473, Pernambuco, com 6.070 novos empregos, e Ceará, com 3.339 novos postos de trabalho. Em termos proporcionais ao saldo de cada estado, esse segmento foi destaque em quase todos os estados, sendo responsável pela maior parte do saldo positivo em oito estados, exceção feita a Alagoas. Na Paraíba, o saldo do setor de serviços foi cerca de três vezes maior que o saldo total do estado. Algo parecido foi observado em Sergipe, no qual o setor de Serviços apresentou um saldo quase duas vezes maior que o saldo do estado como um todo.
Desagregando-se um pouco mais o setor de serviços, é possível observar que a educação foi uma grande impulsionadora para o saldo positivo, com 10.572 novos postos de trabalho, o que corresponde a cerca de 37% do saldo do setor na Região. Bahia, Pernambuco e Ceará, com 2.254, 2.180 e 1.971 novos postos de trabalho, responderam por cerca de 60% do saldo da educação. Ainda no setor de serviços, as “Atividades Administrativas e Serviços Complementares” também apresentaram um bom desempenho, com um saldo de 7.160 novos postos de trabalho e destaque para Bahia (3.586) e Pernambuco (1.977).
Além de serviços, os setores da construção e de comércio também apresentaram um bom resultado. Eles responderam por 6.081 e 5.752 novos empregos, respectivamente, no Nordeste. Na construção, destacaram-se Ceará, Pernambuco e Bahia, com 1.317, 1.276 e 1.170 novos postos de trabalho, respectivamente. Juntos, responderam por mais de 60% do saldo da Região no setor. Em termos proporcionais, chamam a atenção os estados da Paraíba e de Sergipe, nos quais o setor representou 83% e 81% do saldo total do estado, respectivamente.
No setor de comércio, destacaram-se Bahia e Ceará, com saldos de 2.552 e 1.155 novos postos de trabalho, respectivamente, representando cerca de 64% do saldo do setor na Região. Em termos proporcionais, o setor de comércio foi responsável por 23,5% do saldo de Sergipe e por 22,4% do saldo do Maranhão e do Rio Grande do Norte.
O setor industrial, por sua vez, apresentou como destaque a Bahia, com 2.462 novos postos de trabalho. Ceará (762), Maranhão (420) e Piauí (80) também apresentaram saldos positivos. Por outro lado, os demais estados apresentaram saldo negativo, com Alagoas apresentando um saldo expressivamente negativo de -4.847 postos de trabalho, o que fez com que a região como um todo apresentasse um saldo negativo de -1.976 postos de trabalho na indústria. Para a Indústria de Transformação, o saldo foi ainda mais negativo (-2.426). Em termos proporcionais, os novos postos da Indústria representaram 28,6% do saldo total do Maranhão, 12,2% na Bahia e 11,7% no Ceará.
Por fim, no setor agropecuário, apenas a Bahia, com 2.476 novos postos de trabalho, o Piauí, com 518, e o Maranhão, com 347 novos postos, apresentaram saldo positivo. O Nordeste apresentou um saldo negativo de –1.641 postos de trabalho no setor.
Dessa vez foi um certo instituto “França” de Sergipe, do qual nunca ninguém ouviu falar, que só tem uma pesquisa registrada no Google, essa de Pernambuco, divulgada na última sexta-feira. Traz números divergentes dos institutos com credibilidade. Também apresenta dados conflituosos e questionáveis.
O levantamento foi divulgado amplamente por aliados da governadora Raquel como suposto sinal de crescimento dela. É mais uma pesquisa suspeita, que apontaria um crescimento da governadora Raquel Lyra (PSD) na corrida pelo Palácio do Campo das Princesas.
O Instituto França, de Sergipe, foi o porta-voz de um sentimento que esbarra nos números e deixa a impressão de que é parte de uma estratégia para criar essa narrativa. Sem respaldo na realidade.
O blog submeteu a pesquisa a especialistas no ramo. Conclusão: Apesar de Raquel aparecer com 29,37% das intenções de voto, atrás do prefeito João Campos (43,18%), o levantamento apresenta inconsistências evidentes quando se analisam os cruzamentos por faixa etária e escolaridade, especialmente nos casos dos pré-candidatos Eduardo Moura e Ivan Moraes, cujos desempenhos nesses recortes destoam completamente do resultado final apresentado.
Nos recortes de idade, por exemplo, Eduardo Moura aparece com percentuais altíssimos entre os eleitores mais jovens e de meia-idade: 38,87% entre os eleitores de 16 a 17 anos, 47,61% entre os de 18 a 24 anos, 39,20% entre 25 e 34 anos e 42,53% na faixa de 35 a 44 anos. Mesmo com essa expressiva vantagem em quatro dos principais segmentos etários, o candidato termina o levantamento com apenas 2,78% das intenções de voto no total — uma discrepância estatística praticamente impossível de ocorrer de forma natural dentro de uma amostra de 1.067 entrevistados.
O caso de Ivan Moraes (PSOL) também chama atenção. De acordo com os recortes divulgados, o psolista registra 31,33% de apoio entre eleitores de 18 a 24 anos, 34,07% entre os de 25 a 34 anos, e 39,59% entre os de 60 anos ou mais. Nos cruzamentos por escolaridade, Ivan aparece com 40% entre eleitores com ensino superior completo e 38,6% entre os de nível superior incompleto. Mesmo assim, no resultado geral, ele surge com apenas 1,59% das intenções de voto — outra incongruência que levanta sérias dúvidas sobre a consistência estatística do levantamento.
Esses dados colocam em xeque a credibilidade do estudo, já que não há proporcionalidade entre o desempenho segmentado e o resultado agregado. Para especialistas em metodologia, variações tão extremas indicam problemas de ponderação, erros no cálculo amostral ou falhas na tabulação dos cruzamentos.
Mesmo assim, o levantamento foi amplamente compartilhado por aliados da governadora Raquel Lyra, como indício de um suposto “crescimento” da gestora no cenário estadual — narrativa que, diante dos números conflitantes, parece mais uma tentativa de construção política do que um reflexo da realidade eleitoral de Pernambuco.
Em suma, a pesquisa do Instituto França carece de coerência interna e transparência metodológica, apresentando percentuais que não se sustentam quando confrontados com as próprias tabelas divulgadas. O resultado final, portanto, mais confunde do que esclarece o cenário político do Estado.
Lamentável que esteja ocorrendo isso, de modo sistemático.
A governadora Raquel Lyra se reuniu ontem (18), em Qingdao, na China, com líderes da China Railway Rolling Stock Corporation Sifang (CRRC), maior fabricante mundial de equipamentos para transporte ferroviário. O encontro, realizado na sede da companhia, integrou a missão internacional do Governo de Pernambuco e teve como foco a busca por soluções inovadoras e sustentáveis para o transporte público da Região Metropolitana do Recife. Ao final da agenda, representantes da CRRC confirmaram uma visita técnica ao Estado prevista para novembro.
“Desde 2023 que o Governo de Pernambuco tem colocado o Metrô do Recife como uma prioridade. Já apresentamos ao governo federal a urgência da realização de investimentos, que já estão sendo feitos nas áreas mais críticas. E hoje, fizemos uma reunião com a CRRC, que forneceu material para grandes capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Estamos acompanhando a conclusão dos estudos de concessão pelo BNDES e nosso objetivo é modernizar o Metrô do Recife para melhorar o serviço prestado para todos os usuários”, afirmou Raquel Lyra.
Durante a reunião, a governadora apresentou o cenário atual do sistema metroviário pernambucano e destacou o interesse em uma parceria com a empresa chinesa para garantir mais eficiência ao transporte. “Nós estamos aqui dando as calorosas boas-vindas à delegação de Pernambuco que veio de muito longe, do Recife, até Qingdao. Nos reunimos para poder identificar como podemos oferecer soluções para o estado de Pernambuco. E é muito importante recebê-los para conhecer de perto a nossa fábrica e nossos produtos e conseguir entender quais são as demandas do Estado”, declarou o presidente do Mercado da América Latina da CRRC, Wang Rubiao.
A agenda também incluiu uma visita técnica às instalações da CRRC Sifang, onde foram apresentadas as linhas de produção e o portfólio de inovação tecnológica da companhia. Pernambuco acompanha atualmente os estudos de viabilidade da concessão do Metrô do Recife, conduzidos pelo BNDES, e solicitou recursos no Novo PAC/Seleções para ampliar e melhorar as operações. De acordo com o Blog Dantas Barreto, a expectativa é que o Governo Federal libere R$ 3 bilhões.
Os servidores da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) participaram neste domingo (19) da Corrida dos Servidores Públicos, no Recife, levando faixas e mensagens que pedem diálogo com o Governo de Pernambuco. O ato, pacífico e sem registros de transtornos, teve o objetivo de chamar a atenção para a falta de valorização da categoria e a necessidade de melhores condições de trabalho.
Em nota, os profissionais afirmaram que “seguem comprometidos com a proteção da saúde da população e mitigação de riscos”, mas trabalham “insatisfeitos, sem a devida valorização por parte do Governo do Estado”. Eles também destacaram que a equipe é formada por servidores qualificados, com ampla experiência técnica, e que muitos possuem títulos de mestrado e doutorado.
Os trabalhadores cobram a reabertura de diálogo com a gestão estadual para discutir pontos como a gratificação de fiscalização, melhorias nas condições de trabalho e a realização de concurso público.
Os servidores da agência haviam anunciado uma greve entre os dias 4 e 8 de agosto deste ano, mas o movimento foi suspenso após uma decisão judicial do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
Li, há pouco, sua crônica domingueira sobre Dona Almina Arraes de Alencar.
Mary, minha mulher e sua amiga, tem esse sangue e eu gosto muito do seu caráter, de tudo resolver, de partir na frente, de ser solidária e dura. A sua avó, Dona Cecy Alencar, era vizinha e prima de Miguel, no Araripe. Dona Cecy, mãe do desembargador Belém de Alencar, morreu centenária.
Eu amava visitar Dona Cecy, em Araripina. Certa vez perguntei a Dona Cecy como era o menino Miguel e ela então respondeu que ele era muito safado e que não sabia perder. Aí eu perguntei “como assim, Dona Cecy?”.
Ela então contou que existia uma brincadeira de nome “bobo da calçada”, que era encontrar quem se escondeu, meninos contra meninas. E que Miguel, ao não encontrar as meninas, que se escondiam muito bem, dizia alto e em bom som que sabia o que as meninas estavam fazendo, que elas estavam mijando.
As meninas então partiam para cima dele para matá-lo, isso lá no Araripe. O que a repressão não conseguiu fazer, matá-lo, suas vizinhas e primas do Araripe quase conseguiram.
Eu queria muito bem a Dona Cecy, a quem pouco visitei como neto afetivo. Ela dizia que me queria bem, que felicidade a minha, imagine. Na sua volta ao Brasil, em 79, o primo Miguel visitou Dona Cecy em Araripina.
A sua sensível crônica sobre Dona Almina emocionou até as pedras, que despencaram das montanhas em sincera felicidade. Essa mulher é um patrimônio vivo do Brasil, tão carente de ética, de trabalho, de civilidade, de educação.
Que tristeza em que transformou-se o Brasil. Que alegria saber de Dona Almina, ser de luz e maravilhoso contraponto a essa mediocridade e a quem não tive o privilégio de conhecer.
Em clima de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o ministro Luís Roberto Barroso para um jantar reservado no Palácio da Alvorada, na noite da última sexta-feira (17), em um encontro que durou cerca de duas horas e teve como pauta principal a sucessão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo relatos feitos à reportagem, Lula quis ouvir diretamente de Barroso sua avaliação sobre os nomes que estão sendo considerados para ocupar a cadeira que ficará vaga com a aposentadoria antecipada do ministro. As informações são do jornal O Globo.
O presidente mencionou os três principais nomes que circulam nos bastidores do Planalto, entre eles o do advogado-geral da União, Jorge Messias, tido como favorito, e o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Também foi citado o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.
Barroso, de acordo com interlocutores, evitou se posicionar por um nome específico, mas afirmou considerar todos os cotados como “qualificados”. O jantar entre Lula e o agora ministro aposentado do STF não contou com a presença de outros integrantes da Corte.
A reunião ocorreu no último dia de Barroso como ministro do STF, cargo que ocupou por 12 anos, e após o magistrado proferir o voto favorável à interrupção da gravidez até a 12ª semana de gestação.
O jantar também aconteceu em meio à expectativa de que Lula anuncie nos próximos dias sua terceira indicação ao STF neste mandato — as anteriores foram Cristiano Zanin e Flávio Dino. A escolha será a 11ª feita pelo petista ao longo de seus três mandatos.
Apesar das pressões públicas por maior diversidade na Corte, especialmente pela nomeação de uma mulher — apenas três ocuparam o cargo em 134 anos de história — Lula tem sinalizado que manterá o critério de confiança e proximidade política, como nas indicações anteriores. Em entrevista recente, o presidente afirmou que busca alguém “gabaritado”, sem se comprometer com gênero ou raça.
O jornalismo é feito de emoções. Já vivi muitos momentos de coração pulsante. Estive frente a frente com figuras emblemáticas, como Fidel Castro, em Cuba, na residência oficial do ex-presidente cubano. Já tive o privilégio de almoçar com o poderoso Roberto Marinho, do alto do seu salão oval das Organizações Globo, no Rio, avistando o Corcovado.
Entrevistei Barbosa Lima Sobrinho em sua casa em Laranjeiras, no Rio. De José Sarney até Lula, entrevistei com exclusividade todos os presidentes da República. Na arte, Luiz Gonzaga me deu três entrevistas. Quem tem alma de repórter, faro de pedigree, a notícia é trazida pelo vento.
Curtindo o Crato, ontem, com minha Nayla, o vento soprou e me levou a outro momento inesquecível no jornalismo: uma visita a dona Almina Arraes, de 101 anos, a única irmã viva do ex-governador Miguel Arraes.
A encontrei extremamente lúcida, embora com fortes ruídos de audição. Simpática, através do seu filho Joaquim Bezerra, servidor aposentado do Banco Central, residente no Recife, abriu as portas da sua casa onde já morou dona Benigna, sua mãe e mãe de Arraes.
Dona Almina me levou até o portão da sua casa com o filho Joaquim
Um ambiente aconchegante, pontilhado por imagens históricas da família que a poeira do tempo não tirou o brilho nem o cupim roeu, como a foto oficial de Miguel Arraes prefeito do Recife em 1959. Também Arraes abraçando dona Madalena, sua esposa, ao sair da prisão no Rio de Janeiro em plena ditadura do golpe militar de 64.
Tão logo postei ontem o vídeo da minha visita, a família se manifestou. Emocionadas, a deputada Maria Arraes e a ex-deputada Marília Arraes me enviaram mensagens e fotos da família reunida no casarão de dona Almina.
Que momento lindo! Que recepção carinhosa e vibrante! Dona Almina é uma alma iluminada, uma benção de Deus. Aos 101 anos, ainda escreve no computador, devora livros e pinta. É uma eximia pintora. Suas obras de arte estão espalhadas no terraço da sua casa, na sala, nos quartos e na sala de estar.
Quando fez 85 anos, segundo o filho Joaquim, entrou num curso de Informática de seis meses, e colocou numa “cartilha” tudo o que havia aprendido para distribuir aos amigos interessados “em mexer com computador”. Conseguiu, com isso, fazer uma rede virtual, e ainda hoje se comunica com eles também dessa forma.
Entre os 80 e 90 anos, fez cursos de artesanato pela internet, lia jornais diários, falava com membros da família fora do Brasil, baixava músicas antigas e já “achou” na rede algumas amigas do seu tempo de infância que, como ela, também se integraram à comunicação virtual.
Dona Almina Arraes de Alencar Pinheiro nasceu em Araripe (CE), em 03.08.1924, filha de José Almino de Alencar e Silva e Maria Benigna Arraes de Alencar. Foi a sexta filha deste casal, que teve também Miguel, Maria Alice, Anilda, Laís, Alda e Violeta. Em 1928, a família mudou-se para Crato, a fim de proporcionar uma melhor educação formal aos filhos. Dois anos antes, a Diocese da cidade havia implantado o Colégio Diocesano de Crato (para educação masculina) e, posteriormente, criou também o Colégio Santa Teresa de Jesus, (destinado à educação feminina).
Ambos os educandários proporcionavam o ensino dos primeiros anos do curso médio completo. Foram neles que estudaram os filhos do casal José Almino e Maria Beniga. Dona Almina é uma mulher admirável! Conhecida por sua inteligência e perspicácia, fez o curso primário (hoje o básico) no educandário Santa Inês, pertencente a três irmãs que vieram instalar essa escola no Crato. Iniciou o intermediário no Colégio Santa Teresa de Jesus, também no Crato, mas veio a concluir esse curso na Escola Normal Rural da cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará.
Almina foi a oradora e a aluna com as melhores notas da sua turma. Voltando ao Crato, depois de formada, exerceu o magistério até a chegada dos primeiros filhos, frutos do seu casamento, em 1946, com César Pinheiro Teles. Da união nasceram 6 filhos: Maria Edite, Joaquim, José Almino, Maria Amélia, Maria Benigna e Antônio César. As obrigações com a casa e a criação dos filhos não inibiram a criatividade de Almina.
Esta foi sempre uma característica dela: usar seu pouco tempo livre lendo e pesquisando, como forma de preencher as atividades do seu dia a dia, virtude essa que conservou até hoje. Foi da iniciativa de Dona Almina os manuscritos que proporcionaram o primeiro livro de poesias do consagrado e conhecido poeta Patativa do Assaré. Almina copiava em cadernos os versos ditados por ele. Suas anotações chegaram à editora Borsoi, no Rio de Janeiro, que publicou o primeiro livro de Patativa, em 1953, com o sugestivo título de “Inspiração Nordestina”.
Dona Almina pintou mais de 100 quadros. Lá atrás, ainda bem ativa, sensível à crise no setor da produção das conhecidas redes artesanais do Ceará, dona Almina montou um consórcio para dar saída à produção feita nos teares artesanais, ajudando muitas mulheres “rendeiras”, na obtenção de emprego e renda.
Esta iniciativa foi destacada na edição da revista “Continente”, da Companhia Editora de Pernambuco–CEPE, edição de 01.07.2012. Depois que atingiu os 90 anos, dona Almina passou a dedicar parte do seu tempo pesquisando métodos artificiais de polinização de plantas. Essa prática foi usada no seu jardim doméstico, um dos mais bonitos e bem cuidados do Crato.
Também desenvolveu uma chocadeira adaptando caixas de isopor para multiplicação de codornas, dotada de sensores e termômetros para controlar a temperatura. Pesquisei e encontrei um depoimento muito interessante sobre Dona Almina, de autoria de Jorge Furtado, roteirista da Rede Globo.
Em 2015, o cineasta Guel Arraes, sobrinho dela, esteve com uma equipe da TV Globo no Cariri produzindo uma reportagem sobre o Projeto Casa Grande, na vizinha cidade de Nova Olinda. Jorge Furtado, integrante da equipe, assim registrou a visita que fez a Dona Almina, àquela época com 91 anos de idade. Num artigo que publicou, Jorge Furtado encerrou com a seguinte frase: “Dona Almina ainda não sabe o que vai ser quando crescer”.
Dona Almina é um dos maiores patrimônios humanos do Brasil. Um patrimônio moral, ético, um dos ícones da cultura do Crato, segundo definiu o escritor Armando Lopes Rafael, conterrâneo do Crato, numa homenagem pela passagem do centenário dela, ano passado.
Confira, em vídeo, a visita a casa da dona Almina aqui.
Oito em cada dez oficinas brasileiras são de pequeno porte — e nelas a manutenção preventiva se consolidou como principal motor de crescimento. É o que mostra o estudo exclusivo ‘O futuro da relação: indústria reparador’, da Oficina Brasil. O levantamento também evidencia que a realidade do setor é marcada por operações enxutas: 80% das oficinas são de médio e pequeno porte, geralmente com a gestão concentrada no proprietário.
Nesse cenário, a busca por qualificação técnica é quase unânime. Pelo menos 97% dos reparadores afirmam precisar de atualização contínua para atender à crescente demanda por manutenção preventiva. “É o principal motor de crescimento das oficinas independentes, que hoje respondem por grande parte dos atendimentos no Brasil. Isso mostra como o reparador desempenha um papel central não apenas na rotina dos motoristas, mas também na sustentabilidade econômica de toda a cadeia automotiva”, afirma André Simões, diretor da Oficina Brasil. Quando o tema é a relação com a indústria, surgem sinais de distanciamento. Embora 82% dos reparadores sintam orgulho em indicar uma marca, 60% acreditam que não são ouvidos e 34% nunca receberam apoio relevante de fabricantes.
A fidelização também mostra fragilidade: 67% têm sempre duas ou três opções equivalentes ao escolher peças, e apenas 12% declaram fidelidade real. Entre os atributos mais valorizados, destacam-se a qualidade (65%) e a confiança (48%), que superam preço ou status da marca. Os desafios diários também reforçam o papel estratégico das oficinas independentes. Segundo o estudo, os problemas que mais tiram o sono dos reparadores são turnover (47%), retrabalho (40%) e prazo de entrega de peças (30%). Entre as maiores necessidades, 97% destacam a qualificação profissional e atualização técnica, seguidos por gestão da oficina (54%) e acesso a ferramentas (11%).
Comunidades – O estudo evidencia que os reparadores recorrem cada vez mais às suas próprias comunidades para trocar informações e resolver problemas técnicos. Entre os entrevistados, 70% afirmaram buscar colegas de profissão ou participar de grupos e fóruns, enquanto 50% mencionaram tutoriais em vídeo e 39% citaram materiais técnicos como recursos utilizados. Esses percentuais são complementares e revelam a diversidade de canais acionados pelos profissionais no dia a dia. Os insights revelam que a maior parte dos reparadores que participam de grupos interagem de forma ativa nesses espaços, demonstrando engajamento na troca de informações. Ainda assim, 75% afirmam já ter deixado algum grupo em função de conflitos, excesso de propaganda ou falta de conteúdo útil.
Objetividade – Os dados também mostram que a objetividade é determinante na rotina dos reparadores. O vídeo curto desponta como o formato preferido de aprendizado (60%) e também como a principal alternativa quando estão sem tempo (63%). Além disso, outros recursos complementam essa busca por praticidade: 37% recorrem a materiais técnicos em PDF ou manuais, 34% a vídeos passo a passo e 17% a cursos longos estruturados. Em momentos de maior demanda, além do vídeo rápido, 45% priorizam a troca direta com colegas e 28% a pesquisa na internet, reforçando que o conteúdo técnico precisa ser prático, acessível e adaptado ao ritmo dinâmico das oficinas. A pesquisa teve abrangência nacional e considerou oficinas em diferentes estágios de maturidade. Do total, 45,9% são negócios maduros (11 a 20 anos de operação), enquanto 40% já ultrapassaram duas décadas de atuação.
Versão de entrada Creta fica mais segura – Batizada de Comfort Safety, a nova configuração do SUV médio da Hyundai incorpora recursos importantes de assistência à condução, como o sistema de alerta e frenagem autônoma, o assistente de permanência e centralização em faixa, farol alto adaptativo e detector de fadiga. Os demais itens de tecnologia e segurança seguem conforme especificação da versão anterior, Comfort. O modelo já está disponível na rede de concessionárias Hyundai no Brasil, com preço sugerido de R$ 151.790.
Além das tecnologias de segurança, todas as versões possuem como item de série o Hyundai Bluelink, sistema de conectividade que permite ao condutor monitorar seu veículo remotamente. O uso do Bluelink é gratuito por cinco anos e, entre suas principais funcionalidades, estão o monitoramento do automóvel, rastreamento e imobilização, assistência 24 horas e diagnóstico dos sistemas. Também vem com a Smart Câmera 360°, que permite a visualização do entorno do carro na tela do celular. Complementam o serviço, conforme a configuração da central multimídia especificada em cada modelo, os comandos de voz e a busca de pontos de interesse com informações de trânsito em tempo real.
Novo Jetta GLI custa R$ 270 mil – O sedã médio da Volkswagen chega às concessionárias no dia 8 de novembro. É uma configuração única, sem opcionais. Destaques para o teto solar panorâmico, seis airbags e pacote de assistentes de condução: assistência de faixa, detecção de pedestres, monitoramento de ponto cego etc. O visual foi renovado, trazendo assinatura de iluminação 100% em LED, com faróis e lanternas conectadas, nova grade em colmeia com friso vermelho e badge GLI centralizado na traseira. O motor é um 2.0 turbo, que entrega 231cv de potência e 35,7kgfm de torque.
Dolphin Mini: menos de R$ 100 mil para taxistas e PCD – A BYD está oferecendo desde a semana passada os modelos Dolphin Mini, King e Song Pro, agora montados em Camaçari, BA, para vendas diretas, taxistas e pessoas com deficiência (PCD) com isenção fiscal de IPI e ICMS. Para esses públicos específicos, o Dolphin Mini GL, nova versão de entrada do compacto elétrico, custará R$ 99.990, no caso de PCD, e R$ 98.590 para taxistas. Para microempresa e produtor rural, fica em R$ 107.091. O Dolphin Mini é o elétrico mais vendido do Brasil. De janeiro a setembro, foram 10,3 mil licenciamentos, 25% dos mais de 40 mil carros elétricos vendidos pela BYD no período. As versões GL dos híbridos SUV Song Pro e do sedã King também contarão com os incentivos para vendas diretas. Com a isenção de impostos, o SUV custará R$ 132.990 para taxistas e R$ 147.990 para PCD e o sedã sai de R$ 169.990 por R$ 124.990.
Chega o Geely EX2 – A Geely Auto desembarcou nesta sexta-feira (17), no porto de Paranaguá (PR), o primeiro lote do Geely EX2, segundo modelo da marca que será vendido no país. O veículo foi o mais vendido na China em 2025. A comercialização por aqui começa já agora em novembro. Com propulsão elétrica, o EX2 foi desenvolvido dentro de quatro pilares: design, com visual harmônico e proporções equilibradas; espaço, com soluções inéditas de aproveitamento; economia, com alta eficiência energética e recarga rápida; e performance Inteligente, com uma combinação de desempenho.
Toyota expande garantia para blindados – A marca japonesa acaba de anunciar a ampliação do programa de extensão de garantia Toyota 10 para veículos com blindagem certificada. Dessa forma, os clientes que optarem pela proteção balística terão a mesma cobertura aplicada ao portfólio – que permite a extensão por até 10 anos ou 200 mil quilômetros para modelos a partir de 2020, sem custo adicional.
O programa permite prolongar a cobertura por até 10 anos, sem nenhum custo adicional, e é ativado automaticamente ao serem realizadas revisões programadas na rede autorizada após o término do período inicial de 5 anos de garantia de fábrica. Essa cobertura adicional é renovável a cada 12 meses ou 10.000 km e contempla peças de carroceria, sistema de arrefecimento, componentes elétricos e eletrônicos, motor, transmissão e freios até o limite máximo de 60 meses (totalizando 120 meses quando somados à garantia inicial) e 200.000 km para uso particular ou 100.000 km para uso comercial — o que ocorrer primeiro.
As motos elétricas e a segurança no trânsito – O mercado de motocicletas elétricas vive uma situação inédita no Brasil: no primeiro trimestre de 2025, foram licenciadas 3.452 unidades, mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, quando 1.686 unidades foram emplacadas, segundo dados da Fenabrave. Se, por um lado, o crescimento pode ganhar ainda mais impulso com a entrada de marcas tradicionais do setor, por outro acende o alerta sobre segurança no trânsito. Afinal, a tecnologia exige novas práticas de pilotagem e maior conscientização dos condutores.
Segundo Diogo Figueiredo, gerente de Capacitação e Treinamentos do Cepa Mobility, os riscos estão ligados a características próprias das motos elétricas. “O torque imediato e a aceleração linear facilitam arrancadas fortes, enquanto o silêncio em baixas velocidades reduz a percepção por pedestres e outros motoristas. Isso aumenta as chances de incidentes em áreas urbanas, especialmente atropelamentos”, explica. Outro ponto de atenção é a frenagem regenerativa, que altera a sensação de desaceleração e pode surpreender condutores sem experiência. “Treinar frenagens progressivas e antecipar manobras é fundamental para evitar travamentos e desequilíbrios. O veículo responde diferente da combustão, e o piloto precisa se adaptar”, completa Figueiredo.
Treinamento – Para o especialista, a rápida popularização das motos elétricas precisa ser acompanhada de medidas de conscientização, regulamentação e treinamento. Hoje, a legislação brasileira já enquadra ciclomotores e motocicletas elétricas nas mesmas categorias de habilitação (A e ACC), mas o desafio está em preparar os condutores para as particularidades desse tipo de veículo. Na prática, o Cepa recomenda que o pretendente a uma elétrica leve em conta fatores como perfil de uso, autonomia real, rede de assistência e condições de recarga. Também sugere treinos de adaptação: arrancadas suaves, sinalização antecipada, planejamento de autonomia e prática de frenagens em diferentes condições de pista. “Não é zero manutenção: pneus, freios e suspensão continuam críticos. Já a bateria exige cuidados de recarga e armazenamento, sempre em pontos seguros e com equipamentos adequados”, orienta o especialista.
Nissan em Resende: 100 mil carros para exportação – Com 11 anos de história, o Complexo Industrial da Nissan em Resende (RJ) celebra mais um marco: a exportação de 100 mil carros. A unidade que definiu esse marco foi um Kicks Play Sense com câmbio manual na cor branca destinado à Argentina, país que recebeu mais da metade de toda a produção feita para comercialização em mercados externos desde o início do programa de exportação. Dentro desse total, a Nissan também enviou veículos a países como Chile, Paraguai, Uruguai, Peru, Costa Rica, Panamá e Bolívia.
O primeiro veículo produzido na Nissan do Brasil para exportação foi o compacto Nissan March para a Bolívia. Porém, o primeiro embarque foi de unidades do mesmo modelo para exportação ao Paraguai. Entre os modelos e versões mais exportados pela planta de Resende estão o March S, Versa Sense, Kicks Play Advance e o novo Kicks Advance. Hoje, o Complexo Industrial da Nissan em Resende exporta o novo Kicks e o Kicks Play. E, no futuro, também como resultado do investimento de R$ 2,8 bilhões da fabricante japonesa, a fábrica passará a produzir um novo SUV que será vendido para mais de 20 países, tornando Resende um hub de exportação.
Hyundai lança carros por assinatura – A marca coreana anunciou no meio da semana o lançamento oficial do “Hyundai Assina”, programa de carros por assinatura — uma novidade já disponível nas concessionárias da Grande São Paulo e que será expandida para todo o Brasil até o fim de 2025. Ele permite que o cliente possa ter um Hyundai 0km com todos os custos inclusos em uma única mensalidade: IPVA, licenciamento, seguro, manutenção preventiva e assistência 24h. E elimina preocupações com entrada, financiamento ou desvalorização do veículo, oferecendo mais liberdade e previsibilidade financeira. A empresa garante que, quando comparado às opções de compra à vista e compra financiada, o “Assina” pode representar uma economia de até 20% ao longo de três anos.
Yangwang U9 Xtreme é vendido para um brasileiro – A primeira unidade do Yangwang U9 Xtreme, carro de produção mais rápido do mundo, foi vendida para o brasileiro Leo Sanchez, piloto e dono da farmacêutica EMS. O supercarro elétrico — da BYD — quebrou o recorde mundial, atingindo 496,22 km/h no centro de testes ATP Automotive Testing Papenburg, na Alemanha.
Com produção global limitada a apenas 30 unidades e apenas uma destinada para venda no Brasil, o carro mais rápido do planeta aproveita a arquitetura técnica do U9. A versão inclui uma plataforma atualizada com o sistema elétrico de ultra alta tensão de 1200V (em comparação com 800V), bateria Blade de fosfato de ferro e lítio com incrível taxa de descarga de 30C, quatro motores de ultra-alta velocidade que operam a até 30.000 rpm e produzem um total de mais de 3.000 cv, pneus semisslick de nível de competição e a suspensão DiSus-X revisada, com calibração específica para lidar com as tensões aumentadas em circuitos. A Yangwang é a marca superesportiva premium da BYD.
Carregador elétrico e a manutenção preventiva – Com mais de 480 mil veículos elétricos em circulação no Brasil, a infraestrutura de recarga ganha papel cada vez mais estratégico na consolidação da mobilidade no país. Mais do que instalar os equipamentos, manter os carregadores em boas condições de uso é essencial para garantir segurança, eficiência energética e durabilidade dos sistemas.
A manutenção preventiva atua como um verdadeiro check-up técnico, antecipando falhas e evitando interrupções no funcionamento, em processo que inclui limpeza completa, verificação de ventilação, inspeção de cabos e terminais, reaperto de conexões e, quando necessário, atualização de software.
Segundo Ayrton Barros, diretor-geral da NeoCharge, o intervalo entre as manutenções deve variar conforme o perfil de uso do equipamento. “Para carregadores de uso residencial, o ideal é realizar a manutenção uma vez por ano. Já nos modelos instalados em locais públicos, com alta frequência de recargas, o intervalo recomendado é de seis em seis meses”, orienta.
Para o especialista, o cuidado deve ser redobrado em ambientes abertos — como estacionamentos e rodovias —, onde a exposição à maresia, ao sol e à poeira acelera o desgaste. “Nesses casos, é indicado realizar verificações a cada três meses, especialmente em carregadores DC, que possuem partes móveis e ventilação ativa mais sensível”, acrescenta.
Além de prevenir falhas elétricas e superaquecimentos, a manutenção garante melhor desempenho energético, uma vez que equipamentos limpos e calibrados operam com maior eficiência e estabilidade, evitando desperdício de energia e ampliando a vida útil dos componentes.
Durante a inspeção, também é importante verificar os disjuntores, dispositivos de proteção (DR e DPS) e toda a estrutura elétrica envolvida. Segundo Ayrton Barros, este cuidado reduz o risco de incêndios e falhas graves nas instalações. “Com a limpeza, o reaperto dos terminais e a checagem do resfriamento, é possível evitar problemas e manter o equipamento operando com segurança por muito mais tempo”, explica.
Com a expansão acelerada da frota elétrica no país, o hábito da manutenção preventiva tende a se consolidar como uma etapa essencial para o bom funcionamento da rede de recarga. “Mais do que um procedimento técnico, trata-se de um pilar de segurança e confiança para o crescimento sustentável da mobilidade elétrica no Brasil”, reforça.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.
Na minha passagem pelo Crato, há pouco, visitei um personagem histórico: dona Almina Arraes, irmã do ex-governador Miguel Arraes. Com 101 anos, é a única remanescente da família. Está lúcida, só com dificuldades de audição. Mas lê e entende tudo. Trabalha ainda no seu computador e é uma exímia pintora.
Ela me recebeu em sua casa, na Rua João Pessoa, no centro do Crato, ao lado do seu filho Joaquim, servidor aposentado do Banco Central, residente no Recife. Ele me apresentou a casa, contou detalhes do ambiente e me concedeu uma breve entrevista. Ao final, a presenteei com o meu livro “Os Leões do Norte”, no qual Miguel Arraes é um dos biografados.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou ter feito publicidade no capítulo final da novela “Vale Tudo”, da TV Globo. A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) afirmou neste sábado (18) que a cena exibida na noite de ontem (17) com referências de pró-campanha de Lula sobre soberania “não se trata de ação de comunicação do Governo Federal”.
A resposta da pasta comandada pelo ministro Sidônio Palmeira acontece depois da repercussão de um diálogo em que personagens exaltam qualidades do Brasil. Na cena de quase 2 minutos, Bartolomeu (Luís Melo) e seu filho Ivan (Renato Góes) falam sobre exportação de aviões, comida e energia limpa – temas que coincidem com o conteúdo de propagandas promovidas pelo governo nos últimos 2 meses. O capítulo teve 23,4 pontos de média geral de audiência, segundo dados prévios do Kantar Ibope.
Em julho, o governo lançou a propaganda “Brasil com S”, destacando aspectos como o SUS (Sistema Único de Saúde) – também mencionado no capítulo de “Vale Tudo”. Em 31 de agosto, foi lançada outra peça publicitária em tom patriótico fazendo contraposição ao tarifaço de Trump. O PT usou seu horário de propaganda partidária na mesma linha.
O Planalto passou a usar intensamente o discurso da soberania nacional após 9 de julho de 2025, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Sidônio Palmeira viu uma oportunidade de marketing e apropriou-se da narrativa, antes associada a partidos de direita e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Vale Tudo”
A novela “Vale Tudo” é assinada por Manuela Dias, que já teve encontros documentados com a primeira-dama Janja da Silva e com o próprio presidente Lula. A escritora é responsável pelo remake da trama exibida originalmente de 1988 a 1989.
Parte da equipe criativa do filme “Malês”, Manuela Dias esteve no Palácio da Alvorada em 6 de setembro. “Fomos recebidos de forma inesquecível pelo senhor Presidente Lula e a primeira dama Janja”, escreveu em post em seu perfil no Instagram. Ela compartilhou fotos do dia e demonstrou proximidade com a primeira-dama Janja.
O Poder360 procurou a emissora para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito da pauta. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.
Lula fez post sobre a novela
Em publicação no X (ex-Twitter) ontem (17), Lula afirmou que, “fora das telas”, o Brasil escolheu combater a desigualdade com justiça social.
A mensagem foi acompanhada de um vídeo que elenca projetos prioritários para o governo, como os programas Minha Casa, Minha Vida, Luz do Povo e Gás do Povo. A postagem também fala em “justiça tributária” – mote impulsionado por Lula para aprovar a isenção do IR (Imposto de Renda) para quem recebe até R$ 5.000 mensais, uma das principais pautas atuais da gestão mirando a reeleição em 2026.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou neste sábado (18) que o momento político do país “pede diálogo e maturidade”. Em publicação em seu perfil no X, ele defendeu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amplie o diálogo com o Centrão (grupo de partidos sem coloração ideológica clara que adere aos mais diferentes governos) e com forças democráticas “comprometidas com o país”.
Segundo o ministro, mais do que pensar nas eleições de 2026, é preciso “trabalhar pela pacificação e pela construção de uma agenda de unidade nacional”. “O Brasil precisa de estabilidade, responsabilidade e de líderes capazes de unir e não de dividir em nome do futuro do país. Não tenho duvidas que o presidente Lula quer ampliar cada vez mais o diálogo com todas as forças politicas pensando no futuro do País. É hora de unidade, de fortalecimento da democracia e das nossas instituições“, escreveu.
A declaração ocorre dias depois de o governo fazer um novo pente-fino em cargos indicados pelo Centrão depois que deputados dos partidos votaram a favor da derrubada da MP alternativa ao IOF. Com o revés, a gestão petista deixará de arrecadar R$ 17 bilhões até o fim de 2026.
O Planalto já demitiu 7 pessoas ligadas aos partidos. Entre eles, foram retirados do cargo nomes do PP e do PL na Caixa Econômica Federal, do PSD no Ministério da Agricultura e do MDB no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) de Roraima. Novas demissões ainda devem ser feitas.
Eleições 2026
A 1 ano da eleição, Lula caminha para encerrar 2025 como o favorito na disputa presidencial de 2026. É esse o quadro mostrado em levantamentos divulgados pelas principais empresas de pesquisa — com todos os resultados compilados pelo Poder360 e mostrados em média ponderada.
Os possíveis adversários do petista, testados em pesquisas eleitorais, são: Tarcísio de Freitas (Republicanos), 50 anos; Michelle Bolsonaro (PL), 43 anos; Ratinho Junior (PSD), 44 anos; Romeu Zema (Novo), 60 anos; e Ronaldo Caiado (União Brasil), 75 anos. Também está na lista Jair Bolsonaro (PL), 70 anos, que está inelegível, mas segue se apresentando como postulante à corrida presidencial.
Apesar de terem sido aprovados no primeiro Concurso Nacional Unificado (CNU), os candidatos ao cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT) ainda aguardam a nomeação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O MTE é a única entre as 22 pastas com vagas no CNU que ainda não nomeou os aprovados. Das 900 vagas previstas para o cargo, nenhuma foi oficialmente preenchida até o momento. No total, 5.526 candidatos de outros órgãos já foram nomeados, enquanto os futuros auditores permanecem sem previsão concreta de posse.
De acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação, o processo de nomeação encontra-se em fase final, dependendo da retificação da portaria de homologação, etapa administrativa necessária antes da publicação oficial das nomeações. A indefinição tem provocado grande impacto pessoal, emocional e financeiro entre os aprovados. Segundo relatos, mais de 300 candidatos precisaram deixar seus empregos ou cargos em comissão para participar da segunda etapa do concurso, um curso presencial, com duas avaliações eliminatórias, realizado em Brasília e concluído em 4 de maio deste ano.
Com o prolongamento da espera, muitos desses candidatos enfrentam dificuldades financeiras, tendo comprometido economias e aberto mão de suas fontes de renda com a expectativa de uma nomeação que, até o momento, não se concretizou.
A situação afeta diretamente mais de 800 famílias, que vivem dias de angústia e incerteza diante da ausência de informações oficiais sobre o cronograma de posse. Muitos relatam abalo emocional e insegurança quanto ao futuro, já que não há uma previsão clara por parte do governo federal sobre a conclusão do processo.
Diante da demora, os aprovados organizaram uma comissão de representantes e têm buscado diálogo direto com o governo. O grupo enviou cartas a deputados e senadores, além de realizar reuniões presenciais em Brasília, pedindo agilidade na conclusão do processo.
O cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho é considerado essencial para o combate ao trabalho escravo, infantil e informal, bem como para garantir o cumprimento das normas de saúde e segurança ocupacional. Atualmente, o Brasil enfrenta um déficit histórico de auditores, o que compromete a capacidade do Estado de fiscalizar e assegurar condições dignas de trabalho em todo o território nacional.
Os aprovados reforçam que a nomeação imediata é indispensável para fortalecer a política de fiscalização e assegurar a efetividade dos direitos trabalhistas, pilares fundamentais da proteção social e da dignidade no trabalho.
O governo federal anunciou neste sábado (18) um novo edital da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), que deverá ser lançado em dezembro, contemplando até 500 projetos, com investimento de R$ 108 milhões. O anúncio foi feito em São Bernardo do Campo (SP), contando com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Instituída pelo Decreto 12.410/2025, a CPOP, de acordo com o governo, é um suporte técnico e financeiro para a preparação de estudantes da rede pública em situação de vulnerabilidade social, que buscam ingressar na educação superior pelo Exame Nacional do Ensino Médio.
No primeiro edital, o programa da CPOP selecionou 384 cursinhos populares que preparam estudantes para o vestibular. A medida abrangeu mais de 12,1 mil estudantes em todas as regiões do país, com investimento total de R$ 74 milhões. Cada cursinho contemplado recebeu até R$ 163,2 mil para pagamento de professores, coordenadores e equipe técnico-administrativa, além de auxílio-permanência de R$ 200 mensais para até 40 alunos por unidade.
O ministro da Educação, Camilo Santana, salientou a expectativa de o número chegar a 700 cursinhos selecionados até o final desta gestão. Santana reconheceu que a rede de iniciativas com esse propósito já se mantinha viva muito antes do investimento governamental e que o êxito a ser comemorado reside justamente no apoio dado agora pelo poder público.
Santana acrescentou que o plano, com o estabelecimento da rede de cursinhos é tornar esse suporte uma política pública. Em sua fala, o ministro também citou o acumulado de programas concebidos pelas três gestões de Lula na área de educação, como o Programa Universidade Para Todos (Prouni), o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Outros dois conjuntos de medidas destacados foram os voltados à alfabetização e ao ensino integral nas escolas, assim como o Pé-de-Meia, que, segundo ele, tem trazido bons resultados, freando a evasão escolar, reduzindo-a pela metade.
Todas essas ações, acrescentou, serviram para “dar a oportunidade de a universidade ter a cara do Brasil”, ao nivelar as condições de pessoas das classes sociais mais vulnerabilizadas em relação às oferecidas à classe média e aos ricos, deixando-as menos desiguais.
Santana disse, ainda, que a educação é o único caminho transformador da sociedade e defendeu a valorização dos educadores. “Professor tem que ser a profissão mais valorizada, porque todo mundo passa pelo professor. O médico passa por ele, o engenheiro”, afirmou ele, cujo discurso também salientou a promoção da equidade e inclusão como elementos que norteiam o governo atual, algo que se pode constatar, inclusive, pela criação da Universidade Federal Indígena (Unind), com sede em Brasília .
Também na comitiva do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já foi o titular da pasta de Educação anteriormente, ponderou que, antes, quem fazia o ensino fundamental e médio em uma instituição privada ia parar nas universidades públicas. E que o contrário era correspondente: egressos de colégios públicos só conseguiam garantir uma vaga nas universidades privadas e tinham enorme dificuldade de permanecer nelas, por não conseguir arcar com despesas regulares com alimentação, transporte, entre outras coisas.
O Prouni, pontuou, foi estruturado para ver grupos minorizados, como é o caso da população negra, representados como estudantes e professores.
Haddad contou que uma das constatações de sua época de ministro da Educação foi a de que o governo deveria mexer no bolso da parcela mais rica da população para assegurar a concretização do projeto de uma educação melhor para o país. Ele afirmou saber que isso “é o que incomoda” esse grupo, que tem mobilizado uma campanha contra o aumento de sua contribuição por meio de impostos.
Haddad lembrou que, de 2006 a 2010, a sociedade se opunha maciçamente à reserva nas universidades de alunos que concluíram o ensino básico na rede pública, quadro que mudou nos últimos anos. As cotas dessa categoria contemplam metade das vagas ofertadas pelas instituições.
“Isso equivale a fazer uma reforma agrária inteira no ensino superior brasileiro. É você dividir com justiça. O aluno de escola particular não podia reclamar que ele ia ficar com menos, porque reservar a metade não era tirar nada de ninguém, era distribuir de forma mais justa”, disse.
“Além de reservar vagas para alunos de escola pública, nós decidimos dividir essas vagas entre brancos e negros na proporção de cada estado brasileiro. Na Bahia, é uma proporção. Em Santa Catarina, é outra proporção. Mas o negro ia, sim, entrar em uma universidade pública. Antigamente, a gente só via as pessoas negras trabalhando como funcionários da escola, raramente como professor, raramente como estudante”, acrescentou Haddad.
“Hoje você entra em uma universidade pública e vê que mudou de cor. Ela é mais brasileira, é mais autêntica, é mais representativa. E é mais inteligente. Porque, ao contrário do que os nossos críticos falaram, a qualidade da escola pública melhorou, com a participação da classe trabalhadora na universidade.”