Por Verones Carvalho*
Até quando o governo de Pernambuco, liderado por uma mulher, vai continuar tratando o combate à violência contra as mulheres como um tema secundário? Essa pergunta ecoa como um grito de desespero diante de uma realidade brutal que se repete todos os dias em nosso estado.
Cada mulher assassinada é uma denúncia contra a omissão do Estado.
Não basta anunciar aumento de efetivo policial sem estratégia. Segurança pública não se faz apenas com números, mas com planejamento, integração de políticas e ações preventivas. Feminicídio não é tragédia, é consequência da negligência e da falta de prioridade governamental.
O feminicídio tornou-se rotina em Pernambuco — nas manchetes, nos bairros, no luto das famílias. O que não se tornou rotina, infelizmente, é ver da governadora, Raquel Lyra, um posicionamento firme, uma política pública robusta e medidas efetivas que mudem esse cenário.
O silêncio e a inércia do governo estadual são ensurdecedores.
Governar sem olhar para a vida das mulheres é governar de costas para a sociedade.
O medo hoje é parte da rotina das mulheres pernambucanas: medo de sair de casa, medo de voltar tarde, medo de denunciar e não ser acolhida, medo de se tornar mais uma estatística.
Enquanto isso, o governo parece mais preocupado em manter uma imagem de gestão eficiente nas propagandas oficiais do que em enfrentar de fato a dor das mulheres e das famílias.
Propaganda não protege. Quem protege é política pública de verdade.
É urgente fortalecer as Delegacias da Mulher, ampliar os abrigos e centros de referência, capacitar profissionais da segurança e da saúde, garantir rede de proteção integrada e campanhas permanentes de conscientização; isso é responsabilidade direta do Estado. A omissão institucional custa vidas.
Enquanto mulheres são assassinadas quase todos os dias, a máquina pública insiste em fingir que tudo está sob controle. Mas a realidade está nos lares despedaçados, nas mães que enterram filhas, nas crianças que crescem órfãs da violência e na dor que ecoa em cada comunidade.
Enquanto o Estado se cala, o luto das famílias grita.
Se o governo de Pernambuco não colocar o combate ao feminicídio como prioridade absoluta, continuará sendo cúmplice, por omissão, da barbárie que destrói lares e sonhos. É hora de transformar o discurso em ação e a propaganda em compromisso real com a vida das mulheres pernambucanas.
Escritor, cientista político e pós-graduado em segurança pública*
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