O grupo proposto pelos Estados Unidos atuará sob supervisão de um novo órgão internacional, o chamado “Conselho da Paz”, que será presidido por Trump. O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair também deve integrar a estrutura. Não está claro se Israel participará do conselho.
A proposta esclarece que o Hamas teria até 72 horas para devolver todos os reféns israelenses mantidos em Gaza. Confira detalhes do plano mais abaixo.
Em uma coletiva de imprensa, Trump afirmou que se o Hamas rejeitar a proposta, os Estados Unidos apoiarão medidas militares para eliminar o grupo terrorista de forma definitiva.
Ao lado de Trump, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que concorda com o plano e afirmou que Israel irá avançar na ofensiva caso o Hamas não aceite os termos propostos pelos EUA.
“Se o Hamas rejeitar seu plano, senhor presidente, ou se supostamente aceitá-lo e depois basicamente fizer de tudo para contrariá-lo, então Israel concluirá o trabalho por conta própria”, disse Netanyahu.
Atualmente, Israel controla parte do território Faixa de Gaza, onde realiza operações militares terrestres. Enquanto isso, na prática, o governo do enclave está sob domínio de autoridades ligadas ao Hamas.
Veja alguns pontos do plano dos EUA:
Fim imediato da guerra e troca de reféns e prisioneiros
- O cessar-fogo ocorreria logo após a aceitação do plano.
- Israel libertaria prisioneiros, enquanto o Hamas devolveria todos os reféns em 72 horas.
- A troca incluiria também restos mortais de ambas as partes.
Ajuda humanitária e reconstrução de Gaza
- Entrada imediata de alimentos, água, energia, hospitais e infraestrutura.
- Equipamentos para limpar escombros e reabrir estradas seriam autorizados.
- Distribuição feita pela ONU, Crescente Vermelho e outras entidades neutras.
Nova governança em Gaza
- Um comitê palestino tecnocrático e apolítico assumiria a gestão local.
- Esse órgão seria supervisionado pelo “Conselho da Paz”, presidido por Trump.
- Não está claro se Israel participará do conselho internacional.
- O objetivo é preparar o retorno da Autoridade Palestina após reformas.
Desmilitarização e anistia ao Hamas
- Toda infraestrutura militar e de túneis seria destruída sob monitoramento internacional.
- Integrantes do Hamas poderiam entregar armas e receber anistia.
- Quem desejasse sair teria passagem segura para outros países.
Segurança internacional e futuro político
- Uma Força Internacional de Estabilização treinaria a polícia palestina.
- Israel se retiraria gradualmente do território, mantendo apenas um perímetro de segurança temporário.
- O plano prevê caminho para autodeterminação palestina e coexistência pacífica.
Proposta
O plano prevê ainda a libertação de todos os reféns israelenses que estão sob o poder do Hamas em até 72 horas após a aceitação da proposta. Em contrapartida, Israel libertaria mais de 1.900 prisioneiros palestinos, incluindo 250 que receberam penas de prisão perpétua.
Ainda de acordo com a proposta, a ajuda humanitária seria ampliada imediatamente, com entrada de alimentos, medicamentos e materiais para reconstrução. A distribuição seria feita pela ONU, pelo Crescente Vermelho e por outras entidades internacionais.
“Ninguém será forçado a deixar Gaza. Aqueles que desejarem sair poderão fazê-lo livremente e terão direito de retorno. Encorajaremos as pessoas a permanecer e lhes ofereceremos a oportunidade de construir uma Gaza melhor.”
O comunicado indica ainda que o Hamas e outras facções ficariam proibidos de participar do governo de Gaza. Todos os túneis e fábricas de armas seriam destruídos. Uma Força Internacional de Estabilização, com apoio de países árabes, assumiria a segurança local e treinaria a polícia palestina.
A proposta deixa clara que Israel não anexaria o território da Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel se retirariam gradualmente, entregando áreas à força internacional, em um processo condicionado à desmilitarização.
“Os Estados Unidos trabalharão com parceiros árabes e internacionais para desenvolver uma Força Internacional de Estabilização (ISF), a ser imediatamente implantada em Gaza. A ISF treinará e dará suporte a forças policiais palestinas verificadas em Gaza, em consulta com Jordânia e Egito, que têm vasta experiência nessa área”, segundo o documento.
O comunicado indica que a proposta será executada mesmo com a rejeição do Hamas. Neste caso, o plano será implementado em áreas consideradas livres do grupo terrorista. A conclusão do plano indica que a Autoridade Palestina tomaria o poder de forma definitiva, o que consolidaria a criação do Estado Palestino.
Reunião com Netanyahu
Trump se reuniu com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira, na Casa Branca. O encontro também buscou reduzir as tensões entre Israel e Catar, após o bombardeio em Doha, no início de setembro, que teve como alvo dirigentes do Hamas.
De acordo com a Casa Branca, durante a reunião, Netanyahu e Trump ligaram para o premiê catariano, Mohammed Bin Abdulrahman. No telefonema, Netanyahu pediu desculpas “pela violação da soberania do Catar” e disse que Israel não repetirá ataques contra o país.
Sobre a proposta de paz para Gaza, Trump já havia discutido o plano com líderes árabes em Nova York, na semana passada, antes da Assembleia Geral da ONU.
Um integrante do Hamas disse à agência Associated Press que o grupo foi informado sobre a iniciativa, mas ainda não recebeu uma proposta oficial dos mediadores do Egito e do Catar.
O grupo terrorista declarou star disposta a analisar “de forma positiva e responsável” qualquer iniciativa e reiterou a posição de libertar todos os reféns em troca do fim da guerra e da retirada total das tropas israelenses da Faixa de Gaza.
Veja a íntegra do comunicado
Plano Abrangente do Presidente Donald J. Trump para Encerrar o Conflito em Gaza
Gaza será uma zona desradicalizada, livre do terrorismo e que não representará ameaça a seus vizinhos.
Gaza será reconstruída em benefício de seu povo, que já sofreu mais do que o suficiente.
Se ambas as partes aceitarem esta proposta, a guerra terminará imediatamente. As forças israelenses se retirarão até a linha acordada para se preparar para a libertação dos reféns. Durante esse período, todas as operações militares, incluindo bombardeios aéreos e de artilharia, serão suspensas, e as linhas de combate permanecerão congeladas até que sejam cumpridas as condições para a retirada completa e escalonada.
Em até 72 horas após a aceitação pública deste acordo por Israel, todos os reféns, vivos e mortos, serão devolvidos.
Assim que todos os reféns forem libertados, Israel libertará 250 prisioneiros com penas de prisão perpétua, além de 1.700 palestinos de Gaza detidos após 7 de outubro de 2023, incluindo todas as mulheres e crianças detidas nesse contexto. Para cada refém israelense cujos restos mortais forem devolvidos, Israel entregará os restos mortais de 15 palestinos de Gaza falecidos.
Após a devolução de todos os reféns, membros do Hamas que se comprometerem com a convivência pacífica e com a entrega de suas armas receberão anistia. Aqueles que desejarem deixar Gaza terão passagem segura para países que os recebam.
Com a aceitação deste acordo, ajuda humanitária completa será enviada imediatamente à Faixa de Gaza. No mínimo, as quantidades serão consistentes com o acordo de 19 de janeiro de 2025 sobre ajuda humanitária, incluindo reabilitação da infraestrutura (água, eletricidade, esgoto), recuperação de hospitais e padarias, e entrada de equipamentos necessários para remover escombros e abrir estradas.
A entrada e distribuição de ajuda na Faixa de Gaza ocorrerão sem interferência das duas partes, por meio da ONU e suas agências, do Crescente Vermelho, além de outras instituições internacionais não vinculadas a nenhuma das partes. A abertura da passagem de Rafah, nos dois sentidos, estará sujeita ao mesmo mecanismo implementado sob o acordo de 19 de janeiro de 2025.
Gaza será governada temporariamente por uma administração de transição composta por um comitê palestino tecnocrático e apolítico, responsável pelos serviços públicos e municipais do dia a dia para a população. Esse comitê será formado por palestinos qualificados e especialistas internacionais, sob supervisão de um novo órgão internacional de transição, o “Conselho da Paz”, que será chefiado e presidido pelo Presidente Donald J. Trump, com outros membros e chefes de Estado a serem anunciados, incluindo o ex-primeiro-ministro Tony Blair. Esse órgão definirá o marco institucional e administrará os recursos para a reconstrução de Gaza até que a Autoridade Palestina conclua seu programa de reformas, conforme previsto em diversas propostas — incluindo o plano de paz de Trump em 2020 e a proposta saudita-francesa — e possa reassumir o controle de Gaza de forma segura e eficaz. O órgão aplicará os melhores padrões internacionais para criar uma governança moderna e eficiente, que atenda ao povo de Gaza e seja atraente para investimentos.
Um plano econômico de desenvolvimento para reconstruir e revitalizar Gaza será elaborado por um painel de especialistas que já participaram da criação de algumas das cidades modernas mais prósperas do Oriente Médio. Diversas propostas de investimento e ideias de desenvolvimento apresentadas por grupos internacionais serão analisadas, de forma a integrar segurança e governança e atrair investimentos que gerem empregos, oportunidades e esperança para o futuro de Gaza.
Será estabelecida uma zona econômica especial, com tarifas e taxas de acesso preferenciais a serem negociadas com os países participantes.
Ninguém será forçado a deixar Gaza; aqueles que desejarem sair poderão fazê-lo livremente e terão direito de retorno. Encorajaremos as pessoas a permanecer e lhes ofereceremos a oportunidade de construir uma Gaza melhor.
O Hamas e outras facções concordarão em não exercer nenhum papel no governo de Gaza, seja direta ou indiretamente. Toda a infraestrutura militar, terrorista e ofensiva, incluindo túneis e fábricas de armas, será destruída e não poderá ser reconstruída. Gaza passará por um processo de desmilitarização supervisionado por monitores independentes, que incluirá a retirada definitiva das armas de uso por meio de um processo acordado de desativação, apoiado por um programa internacional de recompra e reintegração, tudo verificado por esses monitores. A “Nova Gaza” estará totalmente comprometida em construir uma economia próspera e em coexistir pacificamente com seus vizinhos.
Uma garantia será oferecida por parceiros regionais para assegurar que o Hamas e outras facções cumpram suas obrigações e que a Nova Gaza não represente ameaça a seus vizinhos nem a seu próprio povo.
Os Estados Unidos trabalharão com parceiros árabes e internacionais para desenvolver uma Força Internacional de Estabilização (ISF), a ser imediatamente implantada em Gaza. A ISF treinará e dará suporte a forças policiais palestinas verificadas em Gaza, em consulta com Jordânia e Egito, que têm vasta experiência nessa área. Essa força será a solução de segurança interna de longo prazo. A ISF trabalhará com Israel e Egito para ajudar a proteger áreas de fronteira, junto com as novas forças policiais palestinas treinadas. Será fundamental impedir a entrada de munições em Gaza e facilitar o fluxo rápido e seguro de bens para reconstruir e revitalizar a região. As partes acordarão um mecanismo de prevenção de conflitos.
Israel não ocupará nem anexará Gaza. À medida que a ISF estabeleça controle e estabilidade, as Forças de Defesa de Israel (IDF) se retirarão com base em padrões, marcos e prazos ligados à desmilitarização, acordados entre as IDF, a ISF, os garantes e os Estados Unidos, com o objetivo de garantir uma Gaza segura, que não ameace Israel, o Egito ou seus cidadãos. Na prática, as IDF entregarão progressivamente os territórios ocupados em Gaza à ISF, conforme acordo com a autoridade de transição, até a retirada completa, exceto pela manutenção de um perímetro de segurança até que Gaza esteja devidamente protegida contra uma eventual retomada de ameaças terroristas.
Caso o Hamas atrase ou rejeite esta proposta, o previsto acima, incluindo a operação de ajuda ampliada, será implementado nas áreas livres de terrorismo entregues pelas IDF à ISF.
Um processo de diálogo inter-religioso será estabelecido com base nos valores de tolerância e convivência pacífica, para tentar mudar mentalidades e narrativas de palestinos e israelenses, enfatizando os benefícios da paz.
Enquanto o processo de reconstrução de Gaza avança e o programa de reformas da Autoridade Palestina for implementado fielmente, poderão finalmente estar dadas as condições para um caminho credível em direção à autodeterminação e ao Estado palestino, reconhecido como a aspiração do povo palestino.
Os Estados Unidos estabelecerão um diálogo entre Israel e os palestinos para definir um horizonte político de coexistência pacífica e próspera.
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