A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no sábado (22), reacendeu dentro da oposição a articulação para tentar retomar o andamento do Projeto da Dosimetria, proposta que altera regras de aplicação de penas e que vinha sendo tratada como alternativa caso a anistia aos envolvidos nos atos golpistas não avançasse.
Deputados e senadores do PL disseram, após reunião, hoje, que pretendem intensificar a atuação para votar o texto ainda neste ano. O movimento ocorre apesar de aliados afirmarem publicamente que a prioridade formal do partido segue sendo a anistia.
Leia maisO senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a oposição não vai “adotar obstrução” (conjunto de medidas regimentais para atrasar votações) e que quer que o Projeto da Dosimetria avance em plenário, mas reforçou que a pauta principal continua sendo a anistia. “Estamos com foco na anistia. Esse vai virar um assunto para 2026”, disse Flávio ao portal G1.
“Sempre deixamos bem claro que tipo de acordo não faríamos. Nosso compromisso não é com a dosimetria, é com a anistia”, disse. O senador também comentou que conversou com Paulinho da Força sobre o tema e classificou a postura do deputado como “transparente”.
PL diz que prisão de Bolsonaro reforça clima de urgência
Os parlamentares afirmam que a prisão preventiva – com base em risco de fuga, violação da tornozeleira e tentativa de mobilizar apoiadores para burlar medidas cautelares – criou um ambiente político na oposição.
Flávio Bolsonaro repetiu críticas à decisão de Moraes:
“Está muito claro para a imprensa que a tornozeleira era o de menos. Quando veio o laudo médico provando quais eram os remédios que ele tinha tomado, o Moraes virou negacionista, ignorou a ciência”.
Ele também afirmou que a vigília convocada na noite de sexta-feira era apenas um ato religioso. “Chamei pessoas para orar e fomos criminalizados. Foi uma vigília pacífica. Ele [Moraes] entendeu que tem um poder sobrenatural de prever o futuro”.
Marinho: ‘Há amadurecimento para votar a dosimetria’
O senador Rogério Marinho (PL-RN), um dos principais articuladores da pauta, afirmou que a base do PL sentiu “amadurecimento” dentro das duas casas do Congresso para colocar o Projeto da Dosimetria em votação.
“Queremos que o Parlamento cumpra seu papel. Queremos que cada deputado possa, de forma livre, colocar o que acredita. Estamos trabalhando para que aconteça o mais rápido possível.”
Mais cedo, Marinho também disse que o PL votará contra a indicação de Jorge Messias ao STF. “Somos contra que um presidente indique advogado ou amigo seu. Claro que vamos votar contra o Messias”.
Sóstenes: ‘É a pauta que temos desde fevereiro’
Questionado se a bancada levará novamente o tema da anistia aos líderes partidários, o deputado Sóstenes Cavalcante disse: “É só a pauta que temos desde fevereiro.”
Saúde de Bolsonaro e presença de Michelle na reunião
Flávio Bolsonaro afirmou que ainda não havia visto o pai desde a prisão, mas que irá visitá-lo com o irmão. “Quero ver com meus próprios olhos a saúde dele”. Sobre a participação de Michelle Bolsonaro na reunião, o senador disse: “Ela deu depoimento de esposa, falou do sofrimento e da rotina de preparar as coisas, da preocupação dela com a saúde dele. A preocupação é essa: ele estar dentro de um local fechado sozinho”.
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