‘Ainda Estou Aqui’ impulsiona casos de desaparecidos na ditadura e STF deve julgá-los no segundo semestre

Do Estadão

Após o Oscar de “Ainda Estou Aqui”, a obra que levou o cinema nacional à premiação inédita pode provocar uma reviravolta judicial sem precedente no ano do 40º aniversário da redemocratização do País. O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar no segundo semestre deste ano as ações que podem rever o alcance da anistia de 1979, concedida aos agentes públicos envolvidos no sequestro e desaparecimento de opositores durante a ditadura militar.

Os casos terão repercussão geral – ou seja, o decidido passará a ser replicado em todos os processos semelhantes em tramitação na Justiça –, e entre eles está o do engenheiro e parlamentar cassado Rubens Paiva. Além disso, na esteira do filme e de sua premiação, casos judiciais foram retirados das gavetas de ministros dos tribunais superiores e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu reformar as certidões de óbito de 404 desaparecidos políticos.

Antes da decisão do CNJ, 20 certidões haviam sido retificadas a mando da Justiça nacional e da Corte Interamericana da Organização dos Estados Americanos (OEA). Os 404 novos documentos agora registrarão a causa como “morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população brasileira como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”.

Nessa nova fase, o primeiro desses documentos devia ter sido entregue à família Paiva, em janeiro. Mas ela não foi recebê-lo, seguindo orientação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP). De acordo com Nilmário Miranda, chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos, 82 atestados – incluindo o de Paiva – tiveram de ser refeitos por causa da ausência de informações, como local e data das mortes e o número de filhos da vítima.

“Esperamos por décadas uma certidão que falasse a verdade, e a grande maioria dos familiares quer tudo certo, mais do que um papel corrigido às pressas”, disse Vera Paiva, filha do ex-deputado. Para ela, houve uma “certa pressa”, cuja intenção até poderia ser boa, de se repetir a “famosa foto” de 1996, em que sua mãe, Eunice Paiva, recebe a primeira certidão de óbito de seu pai – cena retratada no filme. As certidões retificadas devem estar prontas em abril para entrega pelo ministério às famílias em solenidades ainda neste semestre. O plano é completar os demais documentos até o fim do ano.

Cronologia dos processos no STF e impacto de ‘Ainda Estou Aqui’

A Justiça se move

Desde o ano passado, a comoção nacional causada por “Ainda Estou Aqui” reacendeu a discussão sobre a responsabilização de agentes estatais pelos mortos e desaparecidos na ditadura e impulsionou processos que estavam parados há anos na Justiça. Quatro casos emblemáticos, que estavam sob a alçada do STF desde 2015, ganharam tração somente agora.

O caso mais conhecido é justamente o do ex-deputado federal Rubens Paiva, cujo sequestro e desaparecimento são o fio condutor da trama de “Ainda Estou Aqui”.

A ação contra os militares reformados do Exército acusados de envolvimento na morte de Paiva tramita no STF – só dois dos cinco réus originais continuam vivos –, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, desde março de 2021. Mas, como mostrou o Estadão, ela só teve andamento em novembro do ano passado, dois meses após a aclamada estreia do filme de Walter Salles, no Festival de Veneza.

Ainda na esteira do impacto do filme, o caso Paiva foi reconhecido pelo STF como sendo de repercussão geral. Em outras palavras, os efeitos dos votos do ministro serão aplicados a todos os casos iguais e não ficarão restritos aos acusados desse processo: o general José Antônio Nogueira Belham e o major Jacy Ochsendorf e Souza.

Além deles, foram denunciados o tenente-coronel Rubens Paim Sampaio, o primeiro-tenente Jurandyr Ochsendorf e Souza e o coronel Raymundo Ronaldo Campos. Dentre os acusados que estão vivos, o major Jacy Ochsendorf recebe R$ 23,4 mil de salário bruto, sem descontos. Já Belham recebe R$ 35,9 mil brutos.

Há ainda as pensões pagas aos familiares dos réus Rubens Paim Sampaio, Raymundo Ronaldo Campos e Jurandyr Ochsendorf e Souza, que morreram após o início do processo. Considerando-se os dependentes deixados pelos três militares, há oito familiares aos quais o governo federal destina pensões. O custo total é de R$ 80 mil mensais. Somados, os valores relativos a salários e pensões dos réus pelo assassinato de Rubens Paiva chegam a R$ 140,2 mil.

Lei de Anistia

Para além do caso concreto de Paiva, que se debruça sobre a acusação de homicídio, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha dos cinco militares, a Suprema Corte vai decidir se a Lei da Anistia pode ser aplicada em situações consideradas como grave violação de direitos humanos. O processo sob a alçada de Alexandre de Moraes não é o único que se debruça sobre essa questão.

O ministro Flávio Dino é o relator de uma ação que trata da ocultação dos cadáveres dos integrantes da Guerrilha do Araguaia pelo major Sebastião Curió, com o apoio do tenente-coronel Lício Maciel. Assim como no caso Paiva, o STF reconheceu repercussão geral nesse processo, que também discute a aplicabilidade da Lei da Anistia aos casos de desaparecidos políticos sob o argumento de que a ocultação de cadáver é crime permanente, portanto, estaria sendo cometido até hoje, depois da anistia de 1979.

Diferentemente da ação que tramita no gabinete de Moraes, o caso relatado por Dino é mais recente no tribunal, tendo sido protocolado em junho de 2024. Ele teve tratamento mais célere. Em julho, foi recebido o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) e, no mês de dezembro, o ministro emitiu um despacho a favor da repercussão geral do caso, que foi reconhecida pelos demais ministros em fevereiro deste ano.

Dino fez questão de mencionar o impacto do filme “Ainda Estou Aqui” e como a situação ocorrida com a família Paiva se conecta ao processo sob sua relatoria. O magistrado afirmou que a obra cinematográfica atualizou o debate sobre a Lei da Anistia.

“No momento presente, o filme ‘Ainda Estou Aqui’ (…) tem comovido milhões de brasileiros e estrangeiros. A história do desaparecimento de Rubens Paiva, cujo corpo jamais foi encontrado e sepultado, sublinha a dor imprescritível de milhares de pais, mães, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, que nunca tiveram atendidos os seus direitos quanto aos familiares desaparecidos”, escreveu Dino.

O começo de tudo

Antes de chegar às mãos do ministro Moraes e ser usado como exemplo pelo ministro Dino, o caso Rubens Paiva era uma das histórias insepultas da ditadura que de tempos em tempos rondava os tribunais. Ela começou no dia 20 de janeiro de 1971, no Rio. E ficou registrada nos tribunais, livros e jornais, além de documentos secretos da diplomacia americana antes de ir parar na dramaturgia.

No dia 2 de fevereiro de 1971, uma terça-feira, ela apareceu nas páginas do jornal The New York Times, que reproduziu um relato angustiante: “Não sei onde estão meus pais, e os quero de volta para mim e para meus irmãos”. A frase era da jovem Eliana Paiva, filha do ex-deputado federal.

O texto do repórter Joseph Novitski, correspondente do jornal em Brasília, dizia aos leitores americanos que 11 dias antes a jovem de 15 anos havia assistido ao seu “proeminente pai” ser levado encapuzado da casa da família, no Leblon, por agentes do regime militar. No dia seguinte – o repórter contava –, foi a vez de Eliana e sua mãe, Eunice Paiva, serem encapuzadas e também conduzidas pelos agentes.

Eliana foi solta no dia seguinte – a mãe ainda passaria mais alguns dias nas celas do Exército antes de ser libertada. Tudo relatado em uma carta escrita à mão por Eliana com uma letra “quadrada e feminina” e endereçada a deputados opositores.

Novitski alertava que as forças policiais brasileiras haviam “adotado táticas extremas” contra a oposição armada ao regime e relatava a sua estranheza pela ditadura, que censurava a imprensa, ter permitido a publicação do caso pelos jornais. Tratava-se, na verdade, da tentativa de criar uma farsa para justificar o assassinato de Paiva: dizer que o parlamentar cassado havia sido arrebatado das mãos de militares por supostos guerrilheiros.

A encenação da fuga de Paiva contou com um tiroteio forjado – mais de 40 anos depois, militares envolvidos confessaram a farsa em depoimentos ao Ministério Público Federal. O teatro montado pelos militares tinha um motivo: justificar o desaparecimento do parlamentar, morto sob tortura dentro do Destacamento de Operações de Informações (DOI), do 1º Exército (Rio).

O apelo de Eliana retratado no New York Times está anexado ao memorando do diplomata John Wallendahl Mowinckel para o então embaixador americano no Brasil, William Manning Rountree, aconselhando o chefe a cobrar do governo brasileiro a punição pública dos militares envolvidos no crime. “Este é outro exemplo de táticas de força irresponsáveis ​​e trapalhadas das forças de segurança brasileiras. A diferença é que desta vez, quando os fatos se tornarem conhecidos, não será possível varrê-los para debaixo do tapete”, escreveu Mowinckel.

O destino de Paiva não era segredo para ninguém. Apenas os “mágicos” do Centro de Informações do Exército (CIE) acreditavam poder iludir a família, os amigos e o País. Mais de 50 anos depois, o enredo dessa história levou mais de 5 milhões de pessoas ao cinema para assistir “Ainda Estou Aqui”, primeira produção do cinema nacional premiada com o Oscar de Melhor Filme Internacional.

Shibata e Mário Alves: outros casos

A história da família Paiva pode ainda ter reflexo em outros dois processos no STF, que tratam de desaparecidos, assassinados, e do envolvimento de agentes públicos nesses crimes. As ações são relatadas por Moraes e, assim como no processo do deputado cassado, ficaram engavetadas por um longo período até serem retomadas recentemente, também na esteira do sucesso de “Ainda Estou Aqui” e do debate público suscitado pela obra.

Uma das ações mira o médico legista Harry Shibata, que é acusado de assinar laudos necroscópicos falsos de presos políticos assassinados pela ditadura com o objetivo de encobrir que as vítimas foram torturadas e vítimas de homicídio. A denúncia da qual é alvo cita que “omitiu informações com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.

O caso dele está no STF desde 2017, mas só em outubro de 2024, um mês após o lançamento de “Ainda Estou Aqui”, Moraes pediu que a PGR apresentasse parecer sobre o ocorrido. Em fevereiro deste ano, a Corte reconheceu que esse processo também tramitará em regime de repercussão geral.

Por fim, há o caso dos militares Valter Jacaranda, Luiz Mario Lima, Roberto Estrada e Dulene Garcez dos Reis, que são acusados de sequestrar, torturar e matar o jornalista Mário Alves de Souza Vieira em 17 de janeiro de 1970, também nas dependências do DOI do 1º Exército e, depois, ocultar os seus restos mortais.

Também relatado por Moraes, o caso foi autuado no STF em 2015, quando foi distribuído ao ministro Teori Zavascki. O caso foi redistribuído para Moraes em março de 2017 e só teve encaminhamento em outubro de 2024 com um pedido de parecer da PGR. Assim como as demais, a ação acabou com o status de repercussão geral reconhecida em fevereiro deste ano.

Veja outras postagens

O Papa Francisco, de 88 anos, completa 1 mês de internação, hoje. O pontífice deu entrada no Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma, capital da Itália, em 14 de fevereiro para tratar de uma bronquite, mas foi diagnosticado com uma pneumonia bilateral.

Segundo o relatório do Vaticano divulgado na manhã de hoje, Francisco teve mais uma noite tranquila. O papa segue alternando entre ventilação mecânica não invasiva pela noite e oxigenação de alto-fluxo com cânulas nasais durante o dia.

Ainda conforme o Vaticano, o quadro de saúde do Papa Francisco continua estável. Ontem, Francisco completou 12 anos como líder da Igreja Católica. Em celebração ao pontificado, uma missa de ação de graças foi celebrada na capela do hospital onde ele está internado. Profissionais de saúde prepararam um bolo e realizaram uma pequena confraternização para celebrar a data.

Jaboatão - Combate Dengue

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

Deputado federal e vice-líder do Governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PCdoB) declarou, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, que o caminho natural do seu partido é apoiar a candidatura do prefeito do Recife, João Campos (PSB), ao Governo do Estado em 2026.

“2026 ainda está muito longe, os estados irão reproduzir o que vai acontecer no cenário nacional. Nós vamos apoiar a reeleição do Lula (PT) para presidente da República, eu trabalho com a ideia de que ele será candidato à reeleição e vamos estar nos palanques que apoiarem o Lula. Tenho um relacionamento muito forte com o PSB, trabalhei com o ex-governador Miguel Arraes, tive uma ligação política e uma relação pessoal de amizade muito forte com Eduardo Campos, e estamos no mesmo caminho com João, o seu vice-prefeito, o Victor Marques, é filiado ao PCdoB. 2026 ainda não está sendo debatido, mas apoiar João é o nosso caminho natural”, cravou Renildo.

Sobre a possibilidade de ter dois palanques para Lula (PT) em Pernambuco, o de João e do da governadora Raquel Lyra (PSD), Renildo também afirma ser cedo para bater o martelo sobre esse assunto. Segundo o deputado, tudo depende de quem será o adversário de Lula. “Será o Bolsonaro (o adversário)? O Bolsonaro estará elegível? Será um dos filhos do Bolsonaro? O Bolsonaro vai apoiar Ronaldo Caiado? O Bolsonaro vai fazer o quê? Se ele não for candidato, não tiver um filho também candidato, esse espaço vai estar muito desobstruído. Quem será o candidato? Imagine que o Kassab seja candidato a presidente da República, Raquel teria que apoiar a candidatura dele. Por isso eu digo que 2026 ainda está muito longe”, disse o parlamentar.

Ao fazer uma avaliação política da gestão Raquel Lyra, Renildo afirmou não ter nenhum problema pessoal com a governadora, só não apoiou a sua candidatura nem faz parte do seu Governo.

“Nós não apoiamos a candidatura de Raquel. Eu tenho um bom relacionamento com ela, pessoalmente gosto muito dela, tenho uma relação de muito respeito, não tenho nenhuma dificuldade com ela, o nosso problema é de natureza política. Eu apoiei a candidatura do Danilo Cabral (PSB), no segundo turno eu apoiei Marília Arraes (SD), e nós não participamos da frente que elegeu Raquel, nem da frente que governa com ela. Com o João Campos é tudo no sentido contrário, nós o apoiamos, nós participamos da frente, e nós participamos do governo.

Questionado sobre uma possível saída da ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), do Governo Lula ou um remanejamento para o Ministério da Mulher, Renildo acredita que esse movimento não se concretizará e que Luciana seguirá na Pasta em que se encontra. “Pelo andamento das coisas, pelas conversas que nós já fizemos, eu creio que o presidente Lula não mexe no Ministério da Ciência e Tecnologia e ela continuará como ministra. Ele considera que ela faz um excelente trabalho e ela é muito respeitada no ambiente acadêmico pelo que o Ministério da Ciência e Tecnologia vem fazendo”, concluiu o deputado.

Conheça Petrolina

Fiz, ontem, uma visita institucional ao primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, Carlos Veras (PT). Como eu, pajeuzeiro. Tabira e Afogados da Ingazeira, nossas pátrias mães, são cidades irmãs, separadas por apenas 20 km. A ele rememorei meus tempos de presidente do Comitê de Imprensa da Casa, instituição vinculada à Primeira-Secretaria, para a qual fui eleito na gestão de Michel Temer, em 1997.

Fui eleito de forma consensual, sucedendo ao talentoso jornalista José Maria Trindade, da Jovem Pan. Era primeiro-secretário o então deputado cearense Ubiratan Aguiar, um gentleman, que mediou comigo muitos conflitos envolvendo os jornalistas credenciados na Casa com o dia a dia das atividades parlamentares.

Lembrei a Veras que, naquela época, já havia um estudo da mesa diretora para remover a área do Comitê para o local onde funciona hoje. Comprei a briga. Resistimos e tivemos a palavra empenhada de Temer e Aguiar, de que nada seria feito na gestão que viesse a contrariar os interesses dos jornalistas credenciados. E saímos vitoriosos!

O espaço do Comitê era muito amplo, estruturado e estratégico. Ficava colado ao plenário da Câmara, com um acesso exclusivo por uma porta lateral. É lá que funciona hoje o gabinete do presidente. A “invasão” foi feita durante o mandato do ex-presidente Arthur Lira (PP-AL).

Foi uma grande perda para a Imprensa brasileira e internacional. O Comitê tem milhares de jornalistas credenciados, inclusive centenas de veículos da mídia estrangeira. Em coberturas concorridas, como posse dos congressistas, eleições da mesa e votações de matérias polêmicas, o número de jornalistas credenciados de forma provisória quase que duplica e a Imprensa precisa de espaço no Congresso para trabalhar com dignidade.

Uma grande perda!

Dulino Sistema de ensino

Humberto vai comer o pão que o diabo amassou    

Presidente do PT em mandato tampão até julho, quando será eleita a nova composição da Executiva e do Diretório Nacional, o senador Humberto Costa pegou um grande abacaxi. Reitera, em entrevistas, seu desejo de pacificar o partido em torno do nome do ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva. Seu esforço, entretanto, é um caminho de pedras e espinhos.

Ontem, por exemplo, o ex-presidente nacional da legenda, Rui Falcão, depois de fazer uma carta contundente aos filiados com direito a voto, contendo forte desabafo, críticas e orientações que divergem da cúpula do PT, assumiu que será candidato. Quer bater chapa contra Edinho.

No texto, Falcão faz acenos às correntes de esquerda, que podem se unir em torno de seu nome. “A companheira Gleisi Hoffmann, ao me suceder na presidência do PT, a partir de 2017, conduziu com coragem a resistência à extrema direita e a preparação de nosso partido para a sucessão presidencial de 2022. Após a vitória, sempre foi uma referência no enfrentamento ao reacionarismo e no fortalecimento da esquerda dentro do próprio governo”, diz.

O parlamentar ainda defendeu uma alternativa antissistema para se contrapor “à ordem estabelecida pelos bilionários”. “Não pode haver dúvidas de que somente a esquerda e seu maior partido, o PT, expressam uma alternativa estruturalmente antissistema, que proponha a transformação radical da economia, da sociedade e do Estado”, afirmou.

Para Rui Falcão, o processo de renovação do partido não pode ficar restrito à disputa pelos postos de direção. “Não podemos nos aprofundar numa disputa que vise apenas a conquista de cargos e espaços de poder”, acrescentou. De acordo com o deputado, abrir mão da polarização com o bolsonarismo significaria uma transição do PT para o centro.

“Nosso partido deve rechaçar os apelos à despolarização, palavra da moda que significa levar-nos a uma transição efetiva para o centro, com um forte rebaixamento ideológico, programático e organizacional. A construção de coalizões para vencer as eleições e governar não pode ser vista como contraditória com a disputa pública de hegemonia pelos partidos do campo popular. O partido não pode ser reduzido a um braço institucional do governo de frente ampla”, destacou.

RUI FALA EM VALENTIA – Da corrente minoritária Novo Rumo, Rui presidiu o PT entre 2011 e 2017. A CNB, porém, agora tem Edinho como possível candidato. A expectativa é que Falcão tenha o apoio das correntes de esquerda na eleição marcada para 6 de julho. “O processo eleitoral interno que está sendo inaugurado nestes dias é uma chance para elevarmos o PT a um novo patamar, em um cenário interno e externo de conturbações extremas. Desse desafio depende, em grande medida, a reeleição do presidente Lula e a continuidade de nosso projeto histórico. A valentia, a generosidade e a integração de toda a militância são essenciais em mais essa hora da verdade”, disse o ex-dirigente.

Lula alertado sobre movimento contra Edinho – O racha do PT veio a público com o vazamento de conversas de um encontro ocorrido na quinta-feira passada, no apartamento da nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Na reunião, Lula foi pressionado a não apoiar Edinho para a presidência do partido. De acordo com os relatos, revelados pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, o grupo disse ao presidente da República que o ex-prefeito não seria eleito por não contar com o apoio integral da principal corrente petista, a Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual o próprio Edinho faz parte.

Nome do NE como alternativa – Na terça-feira da semana passada, houve uma conversa entre Gleisi e Edinho com o objetivo de esfriar os ânimos. A nova ministra já defendeu um nome do Nordeste para presidir o PT. Durante a tarde, a CNB divulgou uma nota sobre a reunião da semana passada. No texto, defendeu a necessidade de “unidade partidária”, o que foi lido como um recado para que Edinho trabalhe para vencer as objeções a seu nome. Aliados do postulante, por sua vez, encararam o comunicado como uma trégua.

Mandato tampão – Edinho é o nome preferido de Lula para a eleição interna marcada para julho. Estiveram no encontro da discórdia os integrantes da CNB que fazem parte da Executiva Nacional. Na mesma ocasião, Humberto Costa foi escolhido para o mandato-tampão. A corrente admite que houve discussões sobre a sucessão de julho. “Também foram feitas considerações sobre o perfil da futura direção, que seja capaz de conduzir o partido com unidade na defesa do governo Lula e das conquistas para a população, como foi durante toda a presidência de Gleisi Hoffmann”, diz a nota.

Quaquá questiona apoio – O vice-presidente do PT, Washington Quaquá, um dos integrantes da ala que se opõe à eleição de Edinho, disse à colunista Malu Gaspar, de O Globo, que não há apoio de Lula, neste momento, ao nome de Edinho. “Eu acho que, quando o presidente Lula quer alguém, ele fala. Ninguém ouviu do Lula essa defesa do Edinho até agora. O Edinho usa um pretenso apoio para impor uma candidatura que não tem apoio da base nem do comando dos principais estados”, afirmou.

CURTAS

PIORA 1 – Se o governo não aprimorar suas políticas macroeconômicas, especialmente no controle dos gastos fiscais para conter a trajetória da dívida pública, a inflação tende a piorar antes de melhorar. Ex-diretores do Banco Central alertam que, quanto mais adverso for o cenário, maior será a necessidade de um aperto monetário.

PIORA 2 – Na visão do ex-diretor de Política Econômica do BC e chefe de macroeconomia do ASA, Fabio Kanczuk, para gerar efeito de desaceleração e trazer a inflação pelo menos para o redor da meta, de 3%, seria necessário elevar a Selic até 18%.

DOM FRANCISCO – Primeiro-secretário da Câmara dos Deputados e pajeuzeiro de Tabira, o deputado Carlos Veras (PT) assumiu, ontem, o compromisso de convencer os Correios a produzir um selo comemorativo ao centenário de Dom Francisco de Mesquita, ex-bispo da Diocese do Vale do Pajeú. Se vivo, ele teria completado 100 anos no ano passado.

Perguntar não ofende: Humberto seria capaz de unificar o PT como candidato à sucessão de Gleisi Hoffmann?

Ipojuca No Grau

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Faltando mais de um ano para as eleições para o Senado, em 2026, o clima da disputa em Pernambuco já começou a esquentar. Nesta quinta-feira (13), o senador Humberto Costa (PT), que vai tentar renovar o mandato no ano que vem, afirmou que o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (presidente estadual do União Brasil), é um “bolsonarista que mudou de posição”.

A fala foi uma reação a uma declaração de Miguel. O filho de Fernando Bezerra Coelho questionou onde foram aplicadas as emendas parlamentares de Humberto em Pernambuco. Em uma entrevista à Rádio Clube e ao Blog Dantas Barreto, também nesta quinta, Miguel questionou o que os senadores Humberto Costa e Fernando Dueire (MDB) têm feito pelo Estado que os credencie à reeleição em 2026.

A atitude de Miguel Coelho, na opinião de Humberto Costa, “é uma tentativa de antecipar as eleições”. “Não queria fazer essa declaração, mas é um bolsonarista que depois da eleição mudou de posição”, disparou Costa.

Miguel vem se colocando como pré-candidato ao Senado pela Frente Popular, grupo do qual o PT também faz parte. A partir de abril deste ano, ele percorrerá os municípios do Estado para se apresentar, visando uma das vagas na Casa Alta justamente pela Frente Popular.

Mas Humberto Costa também pode sair candidato pela Frente Popular e defendeu sua trajetória. “Pode olhar tudo que já fiz no meu mandato, nos temas nacionais e estaduais, na defesa da Transnordestina, no PAC Seleções”, ressaltou.

A reeleição do senador é uma prioridade para o PT nacional, que tem a estratégia de conquistar mais aliados nas casas legislativas em 2026. As declarações de Costa foram feitas durante uma entrevista coletiva, no início da noite desta quarta-feira (13), na sede do PT no Recife, em Santo Amaro, Zona Norte da capital.

Caruaru - IPTU 2025

O deputado federal Fernando Monteiro (PP-PE) defende a aprovação do Projeto de Lei 4860/24, que propõe a criação da Rota Turística do Cangaço, abrangendo municípios de Pernambuco, Sergipe e Alagoas. A iniciativa busca valorizar a história de Lampião e fortalecer o turismo em cidades como Serra Talhada, onde estão localizados o Museu do Cangaço e o Sítio Passagem das Pedras, pontos fundamentais para a preservação da cultura nordestina.

Além de ampliar a visibilidade das cidades envolvidas, a proposta pretende impulsionar a economia local, atraindo visitantes interessados na história do cangaço e na literatura de cordel. “Contribuirá para dotar as cidades dos instrumentos de fortalecimento do turismo, ao mesmo tempo em que as tornarão conhecidas em todo o Brasil, estimulando a demanda turística por seus atrativos”, afirmou Monteiro. O projeto será analisado pelas comissões de Turismo e de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.

Camaragibe Cidade do Trabalho

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para o dia 25 de março a análise da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas. A análise vai ocorrer de forma presencial. Caso a denúncia seja aceita, Bolsonaro e os demais investigados virarão réus.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, liberou a denúncia para julgamento após a PGR apresentar uma manifestação rebatendo as respostas apresentadas pelas defesas contra a denúncia. As informações são do Jornal O Globo.

Participam do julgamento, além de Moraes e Zanin, a ministra Cármen Lúcia e os ministros Flávio Dino e Luiz Fux.

Será analisada a denúncia referente ao primeiro núcleo apontado pela PGR — a acusação foi dividida em cinco grupos, para facilitar seu andamento.

Além de Bolsonaro, estão nesse grupo quatro ex-ministros do seu governo: Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Também estão no núcleo o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, atual deputado federal, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada.

O julgamento sobre o recebimento ou não da denúncia é uma avaliação preliminar sobre o caso. Os ministros vão analisar se há indícios mínimos na investigação. Caso a acusação seja aceita, os denunciados vão virar réus e será aberta uma ação penal. A decisão sobre o mérito do caso, ou seja, a absolvição ou condenação, ocorre em outro momento.

Cabo de Santo Agostinho - IPTU 2025

O deputado federal Pedro Campos (PSB) criticou a governadora Raquel Lyra pelo aumento da alíquota do ICMS em Pernambuco e cobrou ajustes fiscais para reduzir o impacto nos preços dos alimentos. Segundo o parlamentar, a elevação da taxa de 18% para 20,5% colocou o estado entre os que mais cobram impostos no país. “Raquel Lyra colocou Pernambuco no pódio dos estados que mais cobram impostos no Brasil. Por isso, fazemos um apelo para que a governadora atenda ao pedido do presidente Lula e reduza a carga tributária para ajudar o povo brasileiro”, declarou.

A cobrança do parlamentar ocorre após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçar o pedido do governo federal para que os estados revisem as alíquotas do ICMS sobre alimentos. Como parte das medidas para conter a alta nos preços, o Planalto anunciou, na semana passada, um pacote que inclui imposto zero para importação de itens da cesta básica, ampliação dos estoques reguladores da Conab e estímulo à produção por meio do Novo Plano Safra.

Pedro Campos também lembrou que, em gestões anteriores, Pernambuco havia adotado políticas de isenção para produtos essenciais, como carnes e ovos, além de reduzir a tributação de itens como feijão e fubá para 2,5%. “Cobramos do governo federal medidas efetivas, e agora vamos cobrar do governo estadual para que aja com razoabilidade e contribua para a redução dos preços dos alimentos em Pernambuco”, afirmou o deputado.

Toritama - Prefeitura que faz

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

O senador Humberto Costa (PT) afirmou, nesta quinta-feira (13), que a decisão do PT sobre o apoio às candidaturas de Raquel Lyra (PSD) ou João Campos (PSB) ao Governo de Pernambuco, em 2026, é uma discussão que ficará mais para a frente, porque a prioridade do partido é a reeleição do presidente Lula (PT).

Humberto Costa reuniu a imprensa na sede da sigla no Recife, hoje, para uma conversa após assumir, por aclamação, a presidência nacional do PT.

Sobre Raquel e João, ele comentou: “É uma discussão e uma avaliação para um pouco mais à frente, porque esta é uma eleição (a de 2026) fundamentalmente nacional. A nossa principal meta é a reeleição do presidente Lula. Para que essa reeleição aconteça, nós vamos ter que fazer uma ampla frente nacional envolvendo a centro-esquerda, partidos de centro e talvez até de centro-direita. E a gente sabe que o processo para a construção de uma aliança nacional passa por discussões que envolvem os Estados e por negociações”.

O senador acrescentou: “O tratamento que os Estados vão ter terá que ser harmonizado com a posição nacional. Hoje, com perspectivas de estarem conosco, temos o PSB, o PCdoB, o PV, a Rede e o PDT. Tudo indica que o PSOL e o MDB deverão compor também a chapa em apoio ao presidente Lula. Existe a possibilidade de o PSD e até o União Brasil, que são partidos que fazem parte do governo hoje, se unirem a nós”.

Ainda segundo Costa, qualquer Estado no Brasil terá interesses e demandas para as eleições de 2026. “Eu diria que a discussão aqui vai ocorrer no tempo, no momento em que essa discussão começar a se dar em termos nacionais”, reforçou Humberto Costa.

Teresa Leitão

A senadora Teresa Leitão (PT) também esteve na coletiva de imprensa e lembrou: “Em 2022, Lula teve três palanques em Pernambuco”. Ela se referiu às candidaturas de Marília Arraes (SD), Danilo Cabral (ex-PSB) e João Arnaldo (PSOL). Todos eles abriram os palanques para Lula na disputa estadual.

A governadora Raquel Lyra, que venceu a disputa, no entanto, não apoiou nem Lula e nem Bolsonaro (PL) e reforçava que, para ela, não fazia diferença, embora todo o meio político tivesse noção do tratamento que Pernambuco receberia caso um ou outro ganhasse as eleições nacionais.

Palmares - Outlet

Os ministros Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Renan Filho (Transportes) anunciaram, nesta quarta-feira (13), em Brasília, que a licitação para a retomada das obras da Transnordestina será realizada no início do segundo semestre de 2025, após conclusão do projeto executivo. A intervenção, que visa conectar o estado de Pernambuco ao restante do Brasil, é considerada um projeto estratégico para o escoamento da produção nordestina e a integração regional. O Governo Bolsonaro havia tirado Pernambuco do percurso da ferrovia; prejudicando o estado.

A Transnordestina, com cerca de 1.753 km de extensão, se propõe a interligar o Porto de Suape, em Pernambuco, ao estado do Piauí, passando por diversos municípios e promovendo o acesso a mercados nacionais e internacionais. Com essa ferrovia, o Governo Federal vai aumentar a competitividade dos produtos nordestinos, especialmente aqueles oriundos da agricultura e da pecuária, além de reduzir os custos logísticos e o tempo de transporte.

Os ministros destacaram que a retomada da obra trará benefícios diretos à população local, como a geração de empregos durante a construção e a operação da ferrovia, além de impulsionar o desenvolvimento de cadeias produtivas na região. “O ministro Renan tem, ao lado do presidente Lula, ajudado muito Pernambuco destravando obras no nosso estado, como a Transnordestina, a duplicação da 423; o planejamento e investimento na 232. Obras que serão fundamentais para o desenvolvimento de Pernambuco. Estamos comprometidos em transformar a realidade do Nordeste; e a Transnordestina é um projeto fundamental para alcançar esse objetivo. A licitação que anunciaremos representa um marco para o futuro econômico da nossa região”, afirmou Silvio Costa Filho.

Renan Filho complementou dizendo que a obra também facilitará a integração entre os estados nordestinos, promovendo um desenvolvimento mais coeso e sustentável. “O ministro Silvio é um dos grandes quadros em ascensão na política nacional; representando muito bem o povo de Pernambuco! O Governo Bolsonaro tinha retirado o trecho de Pernambuco da Transnordestina. E o presidente Lula entendeu que não há alternativa para o desenvolvimento do Nordeste excluindo Pernambucano do centro da estratégia. Por isso, nós retomamos o trecho e vamos executar como obra pública. Com a Transnordestina, criaremos condições para que o Nordeste se torne ainda mais forte e competitivo no cenário nacional e internacional”, ressaltou.

A governadora Raquel Lyra transmitiu o cargo para a vice-governadora Priscila Krause nesta quinta-feira (13), em cerimônia realizada no Palácio do Campo das Princesas. Krause ficará à frente do Governo de Pernambuco até o dia 30 de março, período em que Raquel Lyra estará de recesso, acompanhada dos filhos.

O presidente da Câmara Municipal de Garanhuns, vereador Jonhy Albino, será homenageado pelo segundo ano seguido com o Troféu Top Ouro, uma das premiações mais prestigiadas do Nordeste, idealizada pelo empresário Wellington Wagner. O reconhecimento será entregue no dia 15 de março, em cerimônia no Recife.

Ao agradecer a homenagem, o parlamentar ressaltou a importância da parceria com a população. “É uma honra receber esse prêmio, que reflete o nosso compromisso diário com a cidade. Agradeço a todos que confiam no nosso trabalho e nos motivam a seguir em frente”, afirmou.