O advogado paraibano Walber Agra foi o responsável pela ação que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou o político por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, tirando seus direitos políticos para disputar eleições por oito anos. Agora, Bolsonaro se vê na possibilidade de ter a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Embora a hipótese venha gerando expectativa na classe política, Agra não crê em desfecho nesse sentido.
“Que Bolsonaro será condenado, não há dúvidas. Agora, sobre ele sair preso na sexta-feira (12), não é assim. A questão, queiram alguns ou não, é que ele tem 70 anos. Gostem ou não, tem problemas de saúde graves. Pegar um homem com esse perfil e botar num regime fechado, não pode. Ele deve ter o mesmo tratamento que o presidente Lula (PT) teve. Não vão colocá-lo na Papuda (presídio), quem diz isso é porque não conhece o processo. Não tenho dúvidas, até seguindo os antecedentes dados a Collor, que Bolsonaro deve continuar na prisão domiciliar. Se não fizerem isso, vai se criar um mártir”, analisou Agra, em entrevista ao podcast ‘Direto de Brasília’.
O advogado ressaltou que o processo no STF é diferente das duas ações pelas quais Bolsonaro já foi condenado no TSE, e que o atual caso tem proporções maiores. “Bolsonaro foi condenado por duas ações, que foram a reunião com embaixadores e o 7 de setembro. Assim como esse processo, com provas robustas. Tanto que ele está inelegível, o que significa que não pode ser candidato. Mas tem seus direitos políticos, pode votar, participar de partido político e receber verbas públicas, como vem recebendo. Agora será uma sanção penal, com efeitos diversos, e será mais dura. Aumentará a inelegibilidade, e ele não poderá receber dinheiro do fundo partidário”, completou.
Apesar dos rumores de que Bolsonaro poderia ser condenado a 43 anos de prisão, Walber Agra evitou falar da pena. “Se eu tivesse essa certeza, apostaria na Sena (risos). Imagine, oito anos para alguém que tem 70 anos e as comorbidades que Bolsonaro tem, quando a idade diminui fator de pena. Tem os antecedentes, ele mesmo tem vários problemas, isso é indubitável. Ninguém pode negar isso. É até uma falta de empatia com o próximo. Bolsonaro tem erros, tem virtudes, é um ser humano. Você vai negar dignidade a ele numa fase da vida como essa? Acho que é muito histrionismo de certos setores da esquerda. Os extremos se atraem porque são os reversos de uma mesma moeda”, concluiu.
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